Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

Turbulência política

11.06.21 | asal

Henriques, regressado hoje a casa, o genro está ligeiramente melhor, aí te envio a minha colaboração.   Um abraço, Florentino

Florentino_beirao.jpg

A reorganização da direita

O evento MEL, um modo de dizer congresso das direitas, provocou rios de comentários nos últimos tempos, na nossa vida política e social. As opiniões foram mais que muitas, vindas de toda a parte dos comentadores políticos que se foram copiando uns aos outros. Os prós e os contras não faltaram a este congresso das direitas, em véspera de eleições autárquicas. São elas que têm pontuado a nossa vida política nos últimos tempos.

Durante esta assembleia, promovida pelos partidos da direita nacional, não faltaram discursos elogiosos ao Estado Novo, com generalidades e mais generalidades, sobre tudo e nada, sem o devido contexto histórico. Foi sublinhado ainda o suposto perigo que existe para a vida política do nosso país, a coligação da extrema-esquerda, liderada por António Costa, um hábil engenheiro de políticas moderadas e de equilíbrios políticos. Todas estas arengas eram esperadas e nenhuma delas foram novidade para ninguém. No fundo, quanto a nós, foi uma tentativa, embora pouco conseguida, de se tentar fazer uma polarização do país, entre uma parte que adere à direita, distanciando-se de uma outra que se qualifica de esquerda. Divisão muito antiga na nossa história e que mergulha a sua génese nas lutas entre miguelistas e liberais.

Hoje há quem faça a sua opção política a partir de uma visão da vida mais conservadora e uma outra que se revê em valores de mudança da sociedade, privilegiando a liberdade de pensar e agir, abertos aos desafios do futuro.

Acontece que na nossa sociedade hodierna, bem como nas europeias, encontram-se divididas, com opções políticas divergentes. Constata-se que é ao centro que hoje a maioria dos países europeus continuam com votações esmagadoramente maioritárias, com cerca de 80% dos deputados, a ganhar eleições. Esta é a razão principal que leva os ditos partidos do poder a apostarem fortemente em políticas afetas aos votos do centro.

Como sabemos, é o eleitorado moderado que tem dado maiorias e poder ao PSD e ao PS, os únicos partidos políticos que têm governado o nosso país em democracia, com maiorias ou com o apoio de outros partidos. Este panorama parece a estar a mudar, dado que a direita se vê arredada do poder, caso não se coligue. Foi o que aconteceu recentemente em Israel que, a partir de agora, irá governar à direita, apoiada pela grande indústria e pelos interesses dos grandes empresários.

Segundo alguns comentadores da nossa praça, esta tentativa de misturar as diversas direitas portuguesas criando um só bloco político, parece não ter pernas para andar, pela carência de um projeto político mobilizador. Colocar o PSD de mãos dadas com a extrema-direita do partido Chega, do xenófobo Ventura, é confusão demais para a cabeça dos eleitores. Pugnando por políticas tão diferentes, parece não fazer sentido alianças que o centro político repudia. Será semelhante a misturar azeite com água, com propostas tão antidemocráticas, defendidas pelo Chega e pelos partidos europeus que com ele fazem uma frente comum. Hoje, poucos compreendem como são possíveis programas tão racistas que não têm respeito mínimo pelos valores humanos.

O que se passou na convenção do MEL foi um panorama triste, para esquecer. Uma direita aprisionada a um passado, com uma fixação sebastianista, incarnada em Passos Coelho, que andou por lá a dar nas vistas, tentando assim, pelo seu silêncio falar mais alto para os seus ferrenhos seguidores que o não conseguiram esquecer. Para eles, será um salva – vidas das gentes das várias direitas, unificadas sob a sua liderança. Passos continuará a aguardar o momento mais propício para reaparecer, satisfazendo assim os que vivem em orfandade política.  Sebastianismo é o que na nossa história pátria não tem faltado, quando as soluções não aparecem.

Foi dentro deste contexto que, na referida convenção, não faltou ainda a glorificação de algumas políticas do Estado descontextualizadas, a darem um ar de apego a alguns nostálgicos de tempos imperiais, de prolongado analfabetismo, censura, prisões e mortes de políticos.

Realce para o discurso do líder da oposição Rui Rio nesta convenção. Foi mais um regresso ao passado relativo aos tempos em que o nosso país era governado pelo famigerado despesista Sócrates. Nada que conte.

Mal tinha terminado esta convenção das direitas, o Chega reuniu o seu Congresso onde se desfraldaram as famigeradas bandeiras ideológicas da direita europeia, não faltando Salvini, o inimigo figadal dos emigrantes. Com esta gente estejamos à alerta.

florentinobeirao@hotmail.com

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.

Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.