SILÊNCIO
O PORTEIRO DA VIDA INTERIOR
Nestes tempos modernos, o barulho generalizado e aquele que arrasta multidões, incomoda-me. A falta de silêncio interior e exterior faz falta para o recolhimento pessoal, para tomar decisões e escutar-se a si próprio.
Quando passamos por lugares de culto lemos em qualquer coluna o apelo ao “silêncio”, porque o silêncio também é oração.
E nos meios em que vivemos, nos tempos de hoje, as pessoas não respeitam porque temos muita informação e pouca comunicação. Não se educa para ouvir.
Diz-se que é preciso escutar, calar e ouvir e quando dialogamos é importante seguir esta regra, escutar bem para falar bem e na hora certa.
Mas também há silêncio que incomoda, foge à regra e pode interferir na nossa vida e na nossa saúde, como o recolhimento profundo.
Nas grandes cidades, o barulho é um problema de saúde pública e quantas famílias procuram já residências afastadas dos grandes centros pela necessidade de sossego e para descansar o corpo e a alma.
Porque o silêncio interior é necessário e indispensável às pessoas, para o seu equilíbrio e até para ouvir a consciência. E desenvolvemos este estado de espírito em nós quando temos paz.
Uma paz completa que atinge o corpo e a alma de cada homem e mulher, que ultrapassa tudo o que é externo e nasce de uma experiência interior, de uma forma de encarar a vida e escutarmos as vozes de dentro e de fora.
Jesus, ao ver os apóstolos aterrorizados, com medo e se escondiam depois de verem a experiência traumatizante da cruz, disse-lhes: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração”.
Quando aceitamos o nosso Deus, no interior do nosso coração, nasce a paz, o silêncio e a coragem.
Não basta colocar o dedo na boca e produzir um “psiu” que às vezes até irrita e nada resolve, mas na verdade o “shalom” é a verdadeira paz e a mãe do silêncio.
Não nos deixemos sufocar pelo barulho, entremos no mundo desconhecido da nossa alma, façamos a viagem da mente ao coração e de certeza que encontraremos surpresas agradáveis.
João Antunes