20.03.18 | asal
SÃO PEQUENOS PORMENORES PARA NÃO CANSAR!
Mas são estes pormenores que também nos convidam a uma deslocação prolongada a Portalegre.
HOJE, apresento-vos a SENHORA, que o poeta José Régio tanto admira e evoca neste seu poema.
Deixou de estar ao cimo da escada, mas é uma das peças especiais que adornam o seu museu.
![José Régio 3.jpg José Régio 3.jpg]()
Tenho ao cimo da escada, de maneira
Que logo, entrando, os olhos me dão nela,
Uma Nossa Senhora de madeira,
Arrancada a um Calvário de Capela.
Põe as mãos com fervor e angústia.
O manto cobre-lhe a testa, os ombros, cai composto;
E uma expressão de febre e espanto
Quase lhe afeia o fino rosto.
Mãe de Deus, seus olhos enevoados
Olham, chorosos, fixos, muito além ...
E eu, ao passar, detenho os passos apressados,
Peço-lhe – “A Sua bênção, Mãe !”
Sim, fazemo-nos boa companhia
E não me assusta a Sua dor: quase me apraz
O Filho dessa Mãe nunca mais morre. Aleluia !
Só isto bastaria a me dar paz.
- “Porque choras, Mulher ?” – docemente a repreendo.
Mas à minh’alma, então, chega de longe a sua voz
Que eu bem entendo: -“Não é por Ele” ...
“Eu sei ! Teus filhos somos nós”.