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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

Poema de verão

27.08.18 | asal

Nesta "silly season", pensar leve também diverte. O Pires da Costa, sem plagiar, diverte-se com os plagiadores. Obrigado! AH

 

OS  PLAGIADORES

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Sou um ajuntador de letras,

Palavras não sei escrever.

Meus conceitos são piruetas

Que dão para ensandecer.

São consoantes e são vogais

Para expressar os meus ais.

 

Numa noite quis ser poeta,

Levantei-me p’ra começar,

Logo me senti um pateta,

Sempre disposto a delirar.

Fiz oitavas rimando a esmo,

E fiz nos tercetos o mesmo.

 

Depois, quis ser prosador,

Mas depressa fiquei aflito:

Não ponho vírgulas a rigor,

Palavras erradas que repito.

Apenas profiro banalidades

Como os rufias das cidades.

 

Se tento escrita condigna,

Cruzam-se letras em hiato,

Hoje já nada é paradigma,

Só copiamos ao desbarato.

Gente há que quer escrever,

Mesmo antes de saber ler.

 

Se apelamos à inteligência,

Logo se perdem as ilusões:

Escrever será uma ciência,

Excepto para os aldrabões.

Quem quiser ser escritor,

Terá de jubilar com a dor.

 

Tantos milénios passaram,

Tantos escritos se fizeram,

Tantos juízos expressaram,

Tantos agora desesperam!

Tantos erros se cometeram,

Tantos ecos adormeceram!

 

Ideias novas já ninguém tem,

Juízos novos não tem ninguém.

E, os que se julgam escritores,

Vagueiam em grande ilusão:

Não são mais que plagiadores

Dos pensadores que já lá vão…          

 

Pires da Costa