Os erros do livro
Dizia-me há dias o Florentino que quando um livro sai a público ali está ele para todas as análises, sejam elas positivas ou negativas. E nada já se pode corrigir... Acontece com os outros e acontece também com o nosso "Seminário de Alcains - História e Memórias". Como obra de humanos, por mais que se goste do que nós fizemos em conjunto, sempre haverá leitores que lá descubram erros, que não concordem com as opções tomadas em termos gráficos ou mesmo em termos de mensagem.
Podíamos, por exemplo, ser mais exigentes com a ortografia, pois naquelas páginas encontram-se muitas gralhas que não escapavam a um bom revisor de provas. Gralhas, quer dizer erros, alguns evidentes… Ortografia, sintaxe, mau uso das regras de pontuação, uso de todos os acordos ortográficos(!!!) ao gosto do autor e foram mais de 30 os que ali deixaram impressas laudas maravilhosas de vivências significativas!...
Pessoalmente, habituado a mexer nos textos dos meus alunos antes de os publicar em blogues ou sites, eu sempre corrijo os textos, de modo a não ferirem a sensibilidade dos leitores. E aqueles poucos textos que me foram enviados para o livro também os submeti à lupa da minha prática e do meu saber.
Mas não foi o caso de muitos deles, que só depois de publicados consegui ler… Falhou entre nós uma conversa sobre este assunto. E quando há poucos dias falámos sobre isto, o Florentino disse-me que não mexeu em nenhum texto, respeitando a genuinidade de cada um. Foi uma opção sensata, sobretudo para quem tinha o tempo mais voltado para a investigação do que para a correção de escritos.
Por outro lado, as editoras fogem hoje à tarefa da revisão de provas. Amigos meus já me contaram que são as próprias editoras a dizer que não se responsabilizam pela revisão. E nós também não tivemos revisor de provas.
Pronto, está dito o importante. O livro continua a ser uma preciosidade!
Mas, no meio de todos nós, como dizia há poucos dias o João Lopes num comentário, «há por aí tanta pérola escondida, tantos tesouros de palavras misteriosas, tanto tempo achado e nunca perdido!», o que quer dizer que também temos entre nós um revisor de provas (e muito exigente!), daqueles que passavam a pente fino os romances de Ferreira de Castro, por exemplo.
E já me chegou um conjunto de falhas do livro, que o José Maria Lopes – agora também poeta do nosso ANIMUS SEMPER – coligiu e explicou com palavras claras para todos. Ora, conversando com ele, disse-lhe que ia aproveitar as suas correções para ajudar os colegas a compreender e a aprender um pouco das regras da língua portuguesa.
Não queremos criticar ninguém. Não queremos tirar a força e a beleza aos testemunhos impressos. Mas queremos ajudar alguém a melhorar. Estamos sempre a aprender.
Um dia destes sai texto.
António Henriques