Pelo que nos foi dado conhecer, foi possível verificar que na Domus Carmeli, propriedade dos Carmelitas Descalços, onde o Fórum decorreu, prossegue-se uma tradição austera com corte profundo com o exterior. De facto, não obstante a boa qualidade das instalações e das refeições, causou alguma estranheza a inexistência de um televisor nas áreas de descanso e relaxamento comuns, não os havendo também nos quartos de cada hóspede, sobretudo porque o dia havia sido pesado.
E falou-se, nesse segundo dia, sobre “A Palavra acolhida que se faz vida”, com grande profundidade, um tema que denotou no orador, P. Pedro Ferreira, um profundo conhecimento e sólido testemunho da sua vida contemplativa e apostólica que afirmou que se foi perdendo a reflexão sobre a palavra que o Concílio Vaticano II recuperou, mas pouco.
Invocou S. João Batista que dizia “Eu sou a voz…” que é melhor que a palavra, embora João Batista não fosse ele próprio a Palavra.
Segundo o orador foram três os santos que introduziram a Palavra como essencial:
– São Mateus, (12:22), no episódio em que Cristo dá luz e voz a um possesso cego e mudo despertando na multidão o sentimento de que Ele é o filho de Deus, ao contrário dos fariseus que pensavam que expulsava demónios porque era o seu chefe. “Porque pelas tuas palavras serás justificado e pelas tuas palavras serás condenado” (Mt. 12:37);
– S. João, na sua primeira carta onde afirmou: “… e que se manifestou a nós o que nós vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós estejais em comunhão connosco”. O poder da Palavra é converter-vos em filhos de Deus;
– S. João da Cruz, no Livro 2, capítulo XXII, “Uma palavra falou o pai e di-la sempre em eterno silêncio”.
Na liturgia, que não são as cerimónias que o padre executa lá à frente, acolhemos a palavra que se faz vida e introduziu no tema a Virgem que é o modelo perfeito e acabado da Igreja, como resultado de um enxerto. A leitura da palavra tem muita diferença, pois o conceito de leitura conciliar é muito diferente na prática. É importante que se reze e leia na língua mãe. Por outro lado a palavra é uma coisa e outra coisa é o que o homem faz. A palavra esque

ce-se porque o rito desvirtuou a palavra, embora esta necessite do rito. Contudo, embora por vezes pareça que não faz efeito, de facto faz, tal qual na concepção que só algum tempo depois se manifesta.
E voltou ao silêncio tantas vezes invocado como um bem por muitos oradores, mas o modelo do silêncio é feito pelo Pai, que não fala!
Foi um fim-de-semana em que foi lançada a semente de vida sobretudo pela Palavra rumo à Fé que nos move.
Américo Lino Vinhais
Gabinete de Comunicação