Nós, os de Janeiro de 1963
IN MEMORIAM
MANEL CARRILHO DELGADO
Muito antes do Tio Zuck, meti-me ao caminho, há muitos anos atrás, mapeando montes e vales mas, sobretudo, os postos públicos e estações dos malfadados CTT que agora, vergonhosamente, nos querem roubar, para conseguir chegar à fala com a quase totalidade dos quarenta e dois putos entrados no Seminário Menor de Gavião em Outubro de 1963.
A passagem do século apanhou-nos no Tabor da Ericeira, Março de 2000.
Aí juramos fazer tudo para nunca mais nos desencontrarmos nas nossas vidas uma vez que a Vida, essa, até então, nunca se desencontrou de nós.
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Durante muitos anos, nós, os aniversariantes de Janeiro, dávamos início ao ciclo dos telefonemas parabenizantes.
O Alberto Ribeiro, o primeiro e logo no primeiro dia do ano, o Ramiro Lopes a 10, seguia-se o Zé Maria a 12, eu mesmo a 15, o Xico Francisco Simão a 18 e, finalmente, a 19, tu, meu querido e saudoso Manel Carrilho Delgado (Ana Delgado).
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Eras tu, então, Manel, quem encerrava o ciclo.
Com que alegria viveste o reencontro com todos nós e com que arte passaste a embrulhar as tantas memórias que, tendo perdurado em ti, ousaste partilhá-las e com que mestria, no curto espaço de tempo que pudemos desfrutar da tua presença.
Fazes-me tanta falta, Manel, porque sentia em ti a mão criativa que faltava ao blog que criámos, "animus", de seu nome, primeiro para ser lugar de encontro dos do nosso ano, tendo-se estendido depois ao conjunto de todos os anos dos seminários diocesanos de Portalegre e Castelo Branco.
Tendo o blog terminado os seus dias, estão lá, escritos pelo teu punho, as mais belas páginas das memórias desses tempos iniciais.
(1.Para quem quiser googlar "animus60.blogs.sapo.pt".
2.Honra ao blog/Facebook que lhe sucedeu "Animus Semper" Antigos Alunos e à equipa que dedicadamente assegura a sua dinâmica continuidade em especial ao meu querido
António Henriques.)
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Estou a ver-te, Manel, sentadito aí no canto de uma nuvem fofinha a tricotares em toada alentejana as últimas sobre o que "pensas" da Eternidade ou, antes, se quiseres, a driblá-la como só tu sabias.
Ah! Deixo-te, para além dos parabéns, um abraço para os nossos queridos e saudosos colegas de ano Álvaro Esteves, Armando Severino e Manel Joaquim.
Abraço-te.
António Colaço