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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

Nas Caldas com a cerâmica

04.07.18 | asal

Numa pequena fuga de um dia, apeteceu-nos dar uma volta pelo Oeste, para visitar espaços da memória há muito esquecidos. 

Passámos pela Foz do Arelho, sempre alegre e convidativa, com aquele ambiente pacífico da Lagoa de Óbidos a encostar-se ao reboliço das ondas atlânticas. Desta vez, o que mais me ficou na retina foi aquele extenso e alcantilado areal a querer defender a costa das invasões marítimas. 

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Mas foi nas Caldas da Rainha que mais nos detivemos, sobretudo para apreciar motivos decorativos que já muitas vezes nos encheram os dias, ora por razões de estudo ora por razões de passeio. Demorámo-nos a visitar a Fábrica Bordallo Pinheiro, que depois de passar por um período de crise (2008?), está hoje com grande afã industrial impresso pela empresa Visabeira. Mantendo o património artístico tradicional, a fábrica modernizou-se e criou novos artefactos, que as fotos vos podem mostrar.

Num aparte muito pessoal, há muitos anos atrás, visitámos esta fábrica pedindo licença ao seu dono de então - o Sr. Carlos Bordallo Pinheiro, de quem fui professor no Colégio de Santo António em Portalegre e mais tarde encontrei num Colégio da Sobreda de Caparica, quando ele se apresentava para um reunião de pais com os professores do filho. Foi uma surpresa muito agradável, para ele e para mim. Afinal, eu estava a ser professor de uma segunda geração de Bordallos Pinheiro, nome que ele assumiu depois de ter recebido a herança do Sr. Dinis Bordallo Pinheiro. 

 

De tarde, visitámos ainda o Museu de Cerâmica das Caldas, localizado ali bem perto da fábrica Bordallo Pinheiro, instalado num palacete dos Viscondes de Sacavém, numa zona ajardinada. Certamente por falta de dinheiro, o exterior do edifício apresenta um ar de abandono lamentável, que não se estende ao seu interior, todo ele bem recheado de ricas peças de cerâmica, desde azulejos do séc. XVI ao séc. XX até à cerâmica caldense dos séc.s XVII e XVIII, com relevo para a produção antropomórfica da barrista Maria do Cacos e de Manuel Mafra, em quem muito se inspirou o grande Rafael Bordallo Pinheiro, criando figuras populares bem conhecidas como o Zé Povinho e a Maria Paciência, além da aplicação de muitos motivos vegetais e animais ao exterior das peças (vasos, jarros...). É este que se  torna responsável da parte técnica da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, entre 1884 e 1905, o primeiro nome da fábrica. Este trabalho foi continuado pelo seu filho, Manuel Gustavo, que recebeu muita influência da Arte Nova, dando às peças um ar menos maneirista.

O museu apresenta ainda ricas mostras da Real Fábrica do Rato, criada pelo Marquês de Pombal após o terramoto de 1755.

 António Henriques

 

 

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