LICEU DE ABRANTES
Texto do Mário Pissarra, professor e presidente da Comissão que preside às celebrações...
Os 50 anos do Liceu
Ontem estive na festa da minha escola. Em toda a minha vida docente só não fui professor nela no ano de estágio (Liceu Nuno Álvares de Castelo Branco). Foi um dia cheio de emoções, sobretudo, de alegrias e memórias. Pessoais e institucionais.
A minha vida profissional foi orientada na certeza de que estava envolvido numa luta e num combate peculiar. Normalmente nas lutas, batalhas ou combates há quem ganhe e quem perca. Sempre tive a certeza que esta é a peleja em que os intervenientes ou ganham todos ou perdem todos. Esta é uma das razões porque a torna tão singular. Ganham os alunos porque aprendem e se educam, alargam horizontes e se vão apoderando de ferramentas com que moldarão o seu futuro; ganham os pais ao verem os seus filhos crescer e aprender e reconhecem na escola a continuação do seu trabalho e a materialização do seu desejo; ganham os professores porque se realizam profissionalmente e sentem o seu empenhamento e esforço recompensados. Se algum perder, então perdem os três grandes pilares da educação. Melhor, aos três perdedores, temos de acrescentar a escola/comunidade educativa, a comunidade local de inserção do estabelecimento e o país porque vêem o falhanço de no futuro não poderem contar com cidadãos mais bem apetrechados e de corpo inteiro.
Ontem, dia de emoções fortes pelos presentes e ausentes. Registo. Alguém se me dirige e diz: nunca fui sua aluna, mas bebia as suas aulas que me contava a minha amiga que era sua aluna. Referiu o nome. Não fui capaz de visualizar o seu rosto. Não é importante. Muitas das coisas importantes nas nossas vidas como na história da nossa escola foram e são invisíveis e não ditas.
Foi a última das inúmeras alegrias que a minha/nossa escola me proporcionou, superando as batalhas perdidas e as poucas agruras. Com os meus botões pensei: a maior felicidade do mestre é ser superado pelo discípulo e nem sempre o mais importante é a fonte. Neste caso o importante foi o transporte. Esta simpática senhora que me dirigiu estas palavras deve agradecer à amiga.
O nosso Ego é tramado e aprecia muito os afagos. Esta regra não tem excepções. Todavia, na volta ao dia-a-dia, convém recordar que os afagos são como os condimentos na culinária: qb (quanto baste). Mas o sucesso, estampado no rosto de todos os presentes era uma evidência de não precisou da conclusão QED com que terminam as demonstrações em Matemática (Quo Erat Demonstradum = como se queria demonstrar). A evidência da alegria e da satisfação de todos foi tal que qualquer tentativa de demonstração seria um insulto à inteligência.
O meu obrigado a todos os que, de qualquer forma, contribuíram para podermos dizer: eh, pá, a festa esteve linda e animada!
Mário Pissarra