JOAQUIM NOGUEIRA ESCREVE
FELICIDADE
É comum considerar que FELICIDADE “ é um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude são transformados em emoções ou sentimentos que vão desde o contentamento até à alegria intensa ou júbilo.”
O homem sempre procurou a felicidade, sendo difícil definir, rigorosamente, a sua medida. Pode proceder-se ao estudo da felicidade pela filosofia, pela religião ou pela psicologia.
Urge definir que tipo de comportamento ou estilo de vida leva à felicidade plena. Neste sentido, vou descrever o que foi pensado e escrito, ao longo dos tempos, considerando aspetos filosóficos, religiosos e psicológicos por grandes pensadores, socorrendo-me de estudos contidos na enciclopédia livre - Wikipédia.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS REFLEXÕES SOBRE A FELICIDADE
ZOROASTRO, filósofo iraniano do século 15 a. C. , teria criado uma doutrina religiosa que se baseava numa luta permanente entre o BEM e o MAL. Zoroastro, ao perguntar, à divindade do bem, sobre o que seria a felicidade na terra, a resposta teria sido: “um lugar ao abrigo do fogo e dos animais ferozes”; “ a existência da mulher”; “dos filhos”; e “possuir rebanhos de gado”.
CONFÚCIO defendia que, para ter uma existência feliz, se deviam “cumprir os deveres”; “ser cortês”; “ser sábio“ e “ser generoso”.
A felicidade é o tema central do BUDISMO, doutrina religiosa criada na India por Sidarta Gautama por volta do século VI a. C. , sendo que um dos grandes mestres contemporâneos do budismo, o dalai lama Tenzin Gyalso, diz que felicidade é uma questão mental, no sentido de ser necessário , em primeiro lugar, identificar “os fatores que causam a nossa infelicidade e os fatores que causam a nossa felicidade”.
Identificados esses fatores, bastaria extinguir os primeiros e estimular os segundos para se atingir a felicidade. Aliás, diz o mesmo filósofo, que “nada adianta a posse dos fatores que causam a felicidade, como RIQUEZA, AMIGOS, etc. , sem uma disposição mental adequada para a felicidade, a qual se baseia sobretudo na SERENIDADE”.
MAHVIRA ,filósofo indiano do século VI a.C., enfatizou a importância da “NÃO VIOLÊNCIA” como meio da atingir a felicidade, tendo a sua doutrina perdurado sob o nome de JAINISMO.
Para ARISTÓTELES, que viveu no século IV a. C., a felicidade é “uma atividade de acordo com o que há de melhor no homem”, devendo ser realizada de acordo com a virtude. Aquele que organizar os seus desejos de acordo com um princípio racional será feliz.
A conceção aristotélica de felicidade é diferente da contemporânea que considera a felicidade como a paz de espirito ou um estado durável de emoções positivas. Para Aristóteles um homem feliz é um HOMEM VIRTUOSO.
EPICURO, que viveu nos séculos IV e III a. C., defendia que a melhor maneira de alcançar a felicidade é “ através da satisfação dos desejos de forma equilibrada, que não perturbe a tranquilidade do individuo”.
Os ESTÓICOS, escola filosófica do século IV a. C. advogava a ”TRANQUILIDADE como meio de alcançar a felicidade, devendo a tranquilidade ser atingida através do autocontrole e da aceitação do destino.”
JESUS CRISTO defendeu ”o AMOR como elemento fundamental para se atingir a HARMONIA em todos os níveis, inclusive no nível da felicidade individual.” Esta Sua doutrina ficou conhecida como C R I S T I A N I S M O. Após a morte de Jesus, o Cristianismo dividiu-se em vários ramos, sendo um deles o CATOLICISMO onde pontificaram muitos filósofos famosos, como S. TOMÁS DE AQUINO que descreveu “a Felicidade como sendo a visão beatífica, a visão da essência de Deus”.
MAOMÉ, no século VII, “enfatizou a caridade e a esperança numa vida após a morte como elementos fundamentais para uma felicidade duradoura, eterna”.
ROUSSEAU, filósofo suíço, defendeu “que o ser humano era, originalmente, feliz, mas que a civilização havia destruído essa harmonia original. Para se recuperar a felicidade original, a educação do ser humano deveria ter como objetivo o retorno deste à sua simplicidade original”.
AUGUSTE COMTE, filósofo francês do século XIX, defendeu que “a felicidade seria baseada no altruísmo e na solidariedade entre todo o género humano, formando a chamada RELIGIÃO DA HUMANIDADE”.
KARL MARX, filósofo alemão do século XIX, defendeu “o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes, como elemento fundamental para se atingir a felicidade humana”.
SIGMUND FREUD, o criador da PSICANÁLISE defendia que “todo o ser humano é movido pela busca da felicidade, através do que ele denominou PRINCÍPIO DO PRAZER, acabando por entender que o máximo a que poderíamos aspirar seria a uma FELICIDADE PARCIAL”.
A PSICOLOGIA POSITIVA entende que “ o homem é responsável pela própria felicidade, sem depender dos outros ou de um deus, pelo que se deve condicionar por atitudes como ser positivo, ser grato, FAZER O BEM”.
Finalmente, a ECONOMIA DO EM ESTAR defende que “o nível público de felicidade deve ser usado como suplemento dos indicadores económicos mais tradicionais , como o P.I.B. ( produto interno bruto ), a inflação, etc.”.
“Perdi-me” na descrição da evolução das reflexões históricas sobre a felicidade, não tendo explanado o que se entende por FELICIDADE NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA, sendo certo que só então considerarei completas as reflexões que me propunha expor. Fica a promessa de voltar ao assunto.
Um abraço para todas e todos!
Lisboa, 29 de Setembro de 2017
J. NOGUEIRA.