IMPRESSÕES DE UM ENCONTRO ENTRE AMIGOS
O TESTEMUNHO DO JOÃO LOPES
A reunião dos antigos alunos no Seminário de Portalegre, no abençoado dia 19 de Maio de 2018, vésperas do Pentecostes, vai perdurar por muitos e felizes anos na memória dos nossos afectos. Em cada mão estendida, em cada abraço ou numa simples troca de olhares, ou, de outra maneira, na magnífica execução musical do Stella Vitae, um eflúvio de beleza, encanto e amizade sincera se desprendia com naturalidade, criando aquela atmosfera cordial de simpatia e amor a que se referem no prefácio do livrinho os nossos companheiros Heitor/Nogueira.
Não fomos ali para cumprir uma simples obrigação rotineira ou para não parecer mal. Estivemos ali por prazer, porque gostamos de estar juntos, de falar das nossas vidas e ouvir pedacinhos das vidas dos outros a quem tratamos, já não como meros associados, mas como irmãos que se estimam do fundo do coração. Os psicanalistas ainda têm muito que estudar se quiserem compreender a raiz profunda deste fenómeno. Como explicar o milagre que a simples frequência do Seminário realiza em nós? Terão que dar voltas ao miolo para captarem a especificidade espiritual e cultural da realidade viva e vibrante que o ter vivido “em seminário”, em última análise, significa. Não será demais acentuá-lo: o que vimos fazendo anualmente não se confunde com uma simples romagem de saudade, que tantos colegas do liceu e da faculdade realizam ciclicamente. Antes sugere algo de indefinível, que até nos ultrapassa, inexplicável em termos conceptuais e que corre fundo nas pregas da alma. Um não sei quê de divino e transcendente nos une, com a força dos laços da afectividade, que resiste à erosão do tempo e que não se gasta como as palavras do Eugénio. “Já gastámos as palavras pela rua, meu amor, /e o que nos ficou não chega/ para afastar o frio de quatro paredes”
Sim, amigos. Como ler coisas tão simples, mas radiantes de humanidade, como as do Jana a respeito do Àlvaro: “ Há 50 anos publiquei o meu primeiro texto num jornal, o Reconquista, em resultado do desafio que nos fizera o nosso professor de Português, o Padre Álvaro …. E não mais parei” e o mesmo “ Tenho a clara certeza de que o José Rolo, como lhe chamávamos, nos marcou mais do que temos consciência.” Ou esta luminosa expressão (precisamos “de dar visibilidade ao Ressuscitado” como escreve o Pe Mendonça, citando o Pe. Sebastião. Como ler estas e outras pérolas da mais genuína poesia, que brota da água viva da autenticidade e ficar indiferente?
Meu querido Mendeiros, hoje tenho a consciência plena da grandeza real e simbólica do projecto dos livrinhos PROFESSORES I,II, III. Sem a tua sábia orientação, tua e do António Henriques, e sem a vossa generosidade infinita, nunca teríamos realizado esta proeza literária de 80 pp., recheadas de informação e de afectos, e que merece figurar nos anais da História dos Seminários da nossa querida Diocese de Portalegre e Castelo Branco. E tenho a certeza de que o nosso Bispo, D. Antonino, a saberá acolher como uma grinalda perfumada a coroar o brasão da sua amada diocese, que tão belos e viçosos rebentos gerou.
Este também é um gesto da” santidade ao pé da porta”, enaltecido pelo Papa Francisco, na sua GAUDETE et EXULTATE!!!
João Lopes