Hoje há música
Frei Hermano da Câmara
Quiseram os caminhos da vida que eu me tenha cruzado com ele. Ambos a estudar teologia. Ficámos muitas vezes ao lado um do outro nas aulas. Ele ausentava-se facilmente do que se estava a passar na aula e eu depois emprestava-lhe os apontamentos.
A nossa amizade valeu-me uma experiência de que gostei muito. Fui seu convidado dois fins de semana no convento de Singeverga. Entrei assim no seu mundo: o pequeno estúdio no sótão, os poemas que lhe enviavam para ele musicar, o gravador para o qual começava por cantar, as partituras que o frei Gabriel extraía a partir do gravador e enviava para a Valentim de Carvalho.
Depois de 1973 nunca mais o encontrei. Só o vi na televisão. Mas continuo a senti-lo como um amigo e a gostar de ouvir alguns dos seus trabalhos musicais. Sobretudo este.
Mário Pissarra