Greve climática estudantil
O nosso futuro em perigo
Com a temática do clima quase ausente na luta eleitoral para o Parlamento Europeu (PE), os estudantes juntaram-se numa greve global às aulas, para nos alertar que a guerra contra as alterações climáticas tem de ser vencida, a todos os níveis. Do local ao global, se quisermos continuar a viver no nosso planeta azul.
Depois de 20 mil jovens portugueses se terem manifestado no passado dia 15 de março por esta emergência ecológica, ligados a milhões de colegas de todo o mundo, de novo, na passada sexta-feira, as faixas pela mesma causa desfraldaram nas avenidas, reafirmando que os jovens não se calarão, enquanto os poderes políticos e os cidadãos em geral não tomarem medidas rápidas e eficazes, contra as alterações climáticas e o aquecimento global.
Este redobrado grito da juventude mundial foi mais um alerta para que os políticos e os cidadãos os escutem e desenvolvam comportamentos positivos, em defesa de uma causa que é de vida ou de morte.
Este movimento estudantil mundial nasceu na Suécia, do sonho de uma adolescente de 16 anos, Greta Thunberg, a qual, durante a última Cimeira do Clima das Nações Unidas lançou um veemente apelo aos 197 líderes mundiais, para que, em conjunto, promovessem políticas ecológicas céleres e eficazes, contra o aquecimento global do planeta.
Tempos antes, já o profeta e sábio papa Francisco, no último Encontro Mundial da Juventude, na linha da sua encíclica “Laudato Si” (24. 05. 215) - sobre o cuidado da casa comum - tinha apelado aos jovens para que lutassem e tomassem em suas mãos a luta pela emergência climática.
Como sabemos, só Trump ignora que o nosso planeta se encontra à beira de um perigoso precipício, e que não pode esperar mais tempo, por medidas concretas, rápidas e eficazes, para ser travada a sua já diagnosticada doença mortal. Os alertas têm sido mais que muitos, vindos da parte dos cientistas.
Infelizmente, os países que mais têm sofrido com o efeito das alterações climáticas têm sido os que dispõem de menores recursos económicos e financeiros. As cheias do martirizado Moçambique e os devastadores fogos florestais são exemplos recentes das feridas abertas no planeta, a sangrar a nossos olhos. A fome e a miséria já galgaram tantos campos e povoações, deixando vastas populações a olhar para as suas mãos cheias de nada, a que não podemos fechar os olhos e tapar os nossos ouvidos.
Mas não têm sido apenas as populações que têm sido atingidas. Um relatório divulgado pela Plataforma Intergovernamental de Política e Ciência, sobre Biodiversidade e Serviços do Ecossistema (OBES), divulgado na passada semana, elaborado por 145 cientistas de 130 países, revela-nos o brutal impacto que o nosso planeta tem sofrido, devido às alterações climáticas que, sem precedentes, têm atingido o planeta. Dizem-nos os cientistas que, como consequência destes fenómenos devastadores, já se encontra um milhão de espécies em risco de extinção, à distância de apenas algumas décadas. Perante esta catástrofe, advertem-nos que só uma rápida e abrangente transformação do sistema económico e financeiro poderá salvar do colapso os ecossistemas. E acrescentam que “a essencial e interligada rede da vida na Terra está a ficar mais pequena e cada vez mais desgastada”. O mesmo relatório chega ao ponto de nos apresentar um cenário de tal forma dramático, que “parece que estamos colocados num jogo de vida ou de morte”.
Se este é o dramático e realista diagnóstico, resultante do trabalho destes cientistas sobre tão complexo e multifacetado problema, com que se depara já hoje o ser humano, que não podemos fingir que não temos conhecimento de que a Terra se encontra gravemente doente. Perante esta dramática situação, os mesmos estudiosos propõem algumas linhas de ação, para podermos ainda sair vencedores, deste urgente desafio.
Segundo eles, a solução terá de passar por “uma mudança na organização mundial, optando-se no futuro, por uma nova forma de economia pós-crescimento”.
A nossa civilização consumista, baseada na destruição dos recursos naturais, tem contribuído para uma morte lenta do planeta. Ano após ano, tem estado sujeito a uma contínua degradação, a nível global. Mesmo os pacíficos peixes do mar já se encontram envolvidos nesta desgraça. Em vez de algas, já comem os plásticos que os humanos despejam para o seu vasto território. Só que ”não há planeta B”, advertem-nos os jovens.
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