FELICIDADE E CRISTIANISMO
Perante a falta de textos disponíveis para alimentar diariamente o nosso blogue, fui dar uma volta pelas chamadas redes sociais, concretamente o Facebook, para dele recolher algo de interessante. Topei com a citação de Albert Jacquard e seguinte comentário do Mário Pissarra, que agora ofereço especialmente aos que não usam o Facebook. Ainda há dias um senhor muito importante desculpava os seus dislates referindo o calvinismo como explicação.
Obrigado, Mário Pissarra!
AH
Felicidade e cristianismo
"Com a noção de pecado, o cristianismo procurou desqualificar a felicidade. Como interpreta o facto?
"Foi o catolicismo, não o cristianismo, que condenou a felicidade. O cristianismo original era mais uma religião do amor do próximo, da partilha, do pôr em comum, da procura, pois, de uma harmonia nas relações entre humanos que tornasse possível a felicidade. As Igrejas, como qualquer estrutura humana, tiveram em mente, não a difusão de uma «boa nova», mas a extensão dos seus poderes. Basearam, muitas vezes, esse poder sobre o medo que insuflaram nos espíritos, servindo-se nomeadamente das noções de pecado e de danação eterna.
Não só não há que ter vergonha de ser feliz, como deveria ser motivo de brio. Temos o dever de manifestar a felicidade que sentimos; ser feliz, e mostrá-lo abertamente, dá aos outros a prova de que a felicidade é possível."
Albert Jacquard (1997) Pequeno Manual de Filosofia para Uso dos Não-Filósofos, p. 57.