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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

EM SACAVÉM

23.08.17 | asal

FESTAS DE NOSSA SENHORA DA SAÚDE 

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Sacavém celebra mais um ano as Festas anuais em honra de Nossa Senhora da Saúde, festas religiosas e populares que os sacavenenses tanto nutrem. É a forte crença desta Comunidade em Nossa Senhora da Saúde, cuja imagem, achada em 1599, quando a peste negra dizimava irremediavelmente a população local e das imediações, as gentes de então imploraram saúde e salvação. O desânimo assolava-os a cada momento e o povo andava errante, não encontrava solução para este flagelo.

Esta doença, transmitida pelos ratos contaminados com a bactéria “pasteurela pestis”, passava para os humanos através da picada das pulgas destes roedores e não tinha cura. Estes também eram vitimas da doença. E, ao adquirir a doença, era uma questão de dias para os doentes morrerem, pois não havia solução e a medicina na época era pouco desenvolvida.

A piorar a situação, a Igreja Católica opunha-se ao desenvolvimento científico e farmacológico e os poucos que tentavam desenvolver qualquer espécie de remédios eram perseguidos e condenados à morte e até acusados de bruxaria.  Relatos da época dizem que a doença foi tão grave e dizimou tantas vítimas que faltSenhora Saúde.jpgavam caixões e espaços nos cemitérios para enterrar os mortos pelo que recorriam a valas comuns. Doentes chegavam a ser abandonados pelas famílias nas florestas e locais afastados. O controle veio a verificar-se mais tarde com a adoção de medidas de higiene e o estudo da mesma.

Por isso, Sacavém, Lisboa e arredores sofreram e pagaram o sacrifício da época.

Dizem os registos que a grande peste assolava toda a Europa e entrava-se em desespero com esta terrível doença. Em Sacavém, para enterrar tantas pessoas que haviam morrido por causa da peste, os coveiros tiveram de abrir muitas covas junto à Ermida dedicada a Santo André, onde existia também uma Gafaria para tratamento de peregrinos, pobres e leprosos. Aconteceu que ao abrirem uma cova, acharam uma imagem de Nossa Senhora com o Menino. Todos viram o facto como um milagre, rezaram e fizeram procissões, pedindo o fim da peste. A peste cessou e a Virgem passou a ser venerada sob a invocação de Nossa Senhora da Saúde.

A procissão, iniciada em 1599 quando do achamento da imagem, tem vindo até aos nossos dias em que o povo de Sacavém perpetua este acontecimento e implora saúde e salvação. 

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O primeiro domingo de setembro é o dia em que o povo de Sacavém celebra com devoção e calorosa fraternidade a festa anual e a grande procissão em honra de Nossa Senhora da Saúde. Milhares de fiéis participam na procissão e um grande cordão humano ladeia as ruas por onde o cortejo passa. Nela se integram a confraria de Nossa Senhora da Saúde e outros movimentos religiosos da paróquia que em oração vão percorrendo o itinerário até ao Largo 5 de Outubro, palco central das festas da cidade.                                   

Esta manifestação religiosa marca o ponto alto em cada ano, tendo sofrido algumas alterações, com vista ao seu enriquecimento. Já lá vão os anos em que se procurava o apoio e ajuda da população, através de peditórios públicos de porta a porta. Era rico este contacto com as pessoas, envolviam-se e participavam com os seus donativos, contribuição que era muito importante e significativa para a feitura da festa. Esse tempo já passou à história e hoje é necessário usar de imaginação para se conseguirem receitas que suportem toda a estrutura. Estes últimos anos, foi possível estabelecer uma parceria com a junta de Freguesia de Sacavém e Prior Velho, que se empenhou na ajuda logística e monetária, para a realização das festas da cidade de Sacavém.

Dadas as características do recinto, as inovações são limitadas ao conjunto envolvente nos dias destes festejos.

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Procura-se enriquecer a parte religiosa e diversificar a parte profana com atuações artísticas que agradem à população. Depois, todo o negócio ambulante com as suas novidades atraem gente, enriquecem as festas e dão movimento à cidade.

A procissão foi sempre o ponto alto dos festejos em que a população participa e assiste, revelando a sua Fé e devoção a Nossa Senhora da Saúde e porque ama e acredita na intervenção, no auxílio, no refúgio da Mãe de Deus, pela Fé, que é a nossa maior riqueza, pois com ela podemos “remover montanhas”.

 

 João Antunes

 20/08/2017

 

NOTA: Ainda há gente que trabalha e se cansa nestas tarefas comunitárias. Assim diz o autor do texto. 

«Envio este texto sobre as nossas festas que me têm tirado o descanso, já são 16 anos e, por outro lado, já pouca gente quer trabalhar. Eu vou teimando e aguentando...  Um forte abraço.

 João Antunes»

Parabéns, João! O teu texto e o teu testemunho de vida enchem-nos de orgulho...