Dor da ausência
A pandemia isolou-nos, empurrou-nos para casa e de lá custa a sair. Talvez seja por isso e ainda com medo do vírus covídico que estamos com pouca vontade de irmos até Castelo Branco em 28/05.
A guerra está a perturbar muitas famílias e muitos de nós convivem com casos de gente que fugiu da Ucrânia e ficou sem nada, tentando agora sobreviver em Portugal, com a convicção de que enquanto há vida há esperança!
Estou a escrever agora a pensar em vários colegas que nos deixaram para sempre (na foto, o João Heitor e o Joaquim Nogueira) e alguns outros que passam por momentos mui complicados e não estão em condições de marcar presença no nosso Encontro. Dói muito a vida quando nos vemos limitados... Mas temos de reagir, mesmo quando os médicos começam a fazer parte do nosso quotidiano.
Os que têm saúde é que se podem interrogar: vou ou não abraçar antigos colegas e amigos?
Quem, por exemplo, não vai é o Pequito Cravo, que continua a debater-se com um estrondoso AVC que o derrotou e vai evoluindo muito lentamente. Ou o António Reis, que está em convalescença de problemas pulmonares graves.
E quem também não vai marcar presença é o amigo Francisco Cristóvão, que ainda em Marvão dissertou com muito gosto sobre a universidade do calhau naquele "ninho de águias", onde alguns de nós - os mais velhos - estudaram, antes de haver Seminário de Portalegre. Neste momento, o Chico está no hospital com um choque séptico perigoso, lutando entre a vida e a morte. As últimas notícias recebidas dizem: «Olá, família e amigos. O estado do Francisco continua muito, muito crítico. Hoje fizeram-lhe uma TAC crânio encefálica e ainda fazem na 4ª feira um EEG pois há a suspeita de que tenha tido um AVC muito forte. Acresce a total dependência da máquina que lhe fornece oxigénio». Vamos lembrá-lo ao Pai...
Como elemento que estou a fazer alguma coisa para "reunir a malta", também é doloroso sentir a ausência de amigos, que andam por aí a viver a sua vida, muitos a viver quase ao lado do hotel. Mas que posso eu fazer? E esta incapacidade de fazer melhor também me perturba o sono e os dias, ainda hoje o disse ao Mendeiros. É a dor da ausência...
Mas eu desejo a todos o melhor, o dobro do que me desejam a mim.
António Henriques