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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

Palavra do Sr. Bispo

17.06.22 | asal
AMIGOS QUE VALE A PENA TER E COM ELES CONVIVER

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Toda a gente gosta de ter amigos, muito mais os adolescentes e os jovens. No entanto, se se diz que quem tem um amigo tem um tesouro, é porque eles não andam por aí aos molhos, são raros. Há muita gente conhecida, é verdade, mas amigos amigos....
No dia 21 deste mês de junho, muita gente recorda uma dessas pessoas que muitos jovens e estudantes têm em grande apreço pela ajuda que ela lhes dá pelos caminhos da vida. É uma presença que anima, protege, conforta, estimula, tranquiliza. Quer o leitor saber de quem se trata?... A quem está a patinhar em certos debates, o moderador, impaciente, manifesta-lhe pressa em saber o que realmente interessa para passar à frente. O patinhador, continuando com o seu paleio inútil e sem esclarecer o que é perguntado, costuma afirmar: “lá chegaremos, já lá chegaremos!”... Constata-se, porém, que nunca ou raramente lá chega. Mas eu vou chegar, não estou a patinhar!
Como sabemos, a amizade ajuda à construção da identidade e à definição de valores, ideias e opiniões sobre si próprio, sobre os outros e o mundo, é capaz de rasgar autoestradas para as viagens da vida. Além disso, se em momentos mais complicados se pode contar com a lealdade, a ajuda e a confiança dos amigos, também se conta com eles para conversar, conviver, divertir e partilhar momentos felizes. Embora a traição dos amigos possa doer muito, há amigos que são extremamente leais, nunca falham. Antes de mais, porém, chamo a atenção para o Amigo por excelência. Ele é amigo de todos como se cada um fosse o único, não faz acessão de pessoas, não considera ninguém como número, a todos trata como amigos e a todos chama pelo nome, conhece muito melhor cada um deles do que cada um deles a si próprio, sempre estende a sua mão amiga e não falha, até deu a vida por cada um: é Jesus. Como amigo sincero em busca da nossa amizade, segredou-nos tudo quanto era possível acerca do seu Pai para que a sua alegria estivesse em nós e a nossa alegria fosse completa. E se Ele permanece firmemente fiel, também nos deu um critério para que possamos avaliar a nossa lealdade para com Ele. Disse-nos que seríamos seus amigos se nos amássemos uns aos outros como Ele nos amou.
Frequentemente acontece que os amigos dos nossos amigos se tornam amigos comuns. Ora, os melhores amigos de Jesus são aqueles que aceitaram a sua amizade, a partilharam com Ele e os outros e hoje se encontram no gozo da felicidade eterna. A esses lhes vamos fazendo o cerco para que também sejam nossos amigos. Assim, referimo-nos aos santos como se de pessoas de família se tratasse, contamos com a sua amizade, oração e proteção junto de Deus. É certo que a primeira pessoa que reza por nós é o próprio Jesus que pediu ao Pai que todos fossemos um como Ele e o Pai são um. O que sustenta cada um de nós na vida "é a oração de Jesus por cada um de nós, diante do Pai, mostrando-lhe as feridas que são o preço da nossa salvação", afirmou o Papa Francisco. Mas também o Espírito Santo nos ajuda na nossa fraqueza, Ele próprio intercede por nós (cf. Rom 8, 26-27).
E os santos? Como se traduz a sua amizade para connosco? Os santos “não cessam de interceder em nosso favor, diante do Pai, fazendo com que a nossa fraqueza seja assim grandemente ajudada pela sua solicitude fraterna” (LG49). Esta nossa união com aqueles que adormeceram na paz de Cristo, não se interrompe, antes pelo contrário, é reforçada pela comunicação dos bens espirituais. E embora saibamos que todos os bens espirituais nos veem de Deus por meio de Cristo, todos gostamos de ter estes santos amigos a quem tantas vezes pedimos que se associem a nós, fazendo valer as nossas orações junto de Deus. E eles não regateiam isso. São Domingos, por exemplo, já moribundo, dizia aos seus confrades: “Não choreis, que eu vos serei mais útil depois da morte e vos ajudarei mais eficazmente que durante a vida”. E Santa Teresa do Menino Jesus afirmava: “Quero passar o meu céu a fazer o bem sobre a terra” (CIgC956).
Estes nossos amigos, porém, os santos, não usam a lógica que muita gente usa neste mundo. Eles não servem para meter uma ‘cunha’ a Deus para que Deus nos deixe entrar pela porta do lado, a porta dos interesses e do egoísmo. A lógica deles é outra, eles intercedem por nós e ajudam-nos quando nós queremos ser ajudados a aceitar os critérios da verdadeira amizade para com Jesus, a amizade que Ele nos tem e nos apontou. Assim, quando, por exemplo, falamos em Padroeiro ou Padroeira falamos de um Anjo, de Nossa Senhora ou de um santo ou santa, alguém que está junto de Deus e, por vários motivos e nossa devoção, é declarado ou considerado como nosso protetor e defensor junto de Deus. Ao longo da história, houve muita gente que marcou a diferença e hoje é apresentada como estímulo para todos.
Luís Gonzaga é um deles. Foi o primeiro de sete irmãos de uma família nobre e influente do norte de Itália. Seu pai traçara para ele um projeto de vida militar no qual o iniciou em tenra idade. Dada a sua condição social, Luís frequentava os ambientes ricos e aristocráticos da nobreza italiana. Nas pisadas que dava e nos serviços que ia prestando, inclusive como pajem do filho de Filipe II de Espanha, surpreendia sempre. O seu pensamento e maneira de estar e agir prendiam-se sempre com o saber se isso lhe serviria de alguma coisa para ser verdadeiramente feliz, neste mundo e no outro. Depois de algumas teimas consigo mesmo sobre qual o caminho a seguir, depois de séria reflexão, oração e ajuda de outros ao seu discernimento, foi determinado. Sendo, como filho mais velho, o príncipe herdeiro dos títulos e funções importantes de seu pai, a tudo renunciou e decidiu ingressar na Ordem dos Jesuítas. A sua determinação causou surpresa geral. O pai sentiu que todos os planos que tinha traçado para ele fracassaram, ficou de mau humor, tentou dissuadi-lo, mas foi impossível, ele queria ser padre: “É nisso que penso noite e dia”, disse ele ao pai. A doença, porém, deu vida curta a Luís Gonzaga, foi contagiado na sua constante dedicação aos doentes do tifo, vindo a falecer no dia 21 de junho de 1591. Os seus restos mortais encontram-se na Igreja de Santo Inácio, fundador da ordem Jesuíta, em Roma. Foi beatificado catorze anos após a morte. Mais tarde foi canonizado por Bento XIII e declarado padroeiro dos jovens e estudantes. No século passado, Pio XI declarou-o padroeiro de toda a juventude cristã.
Felizes os jovens que encontram na vida uns amigos de carne e osso, uns ‘santos de ao pé da porta’ que os ajudem a crescer e a discernir o caminho certo nas encruzilhadas existenciais. Mas felizes também aqueles que gostam de ter na roda dos seus amigos os santos que já viveram as turbulências deste mundo e continuamente intercedem por nós, sendo luz e incentivo nos caminhos da vida. Conhecer o currículo de cada um é um desafio sempre enriquecedor e estimulante.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 17-06-2022.

Mais uma história

17.06.22 | asal

Olá António! Já que estamos em maré de histórias, aqui vai um relato de uma das minhas vivências recentes. Não sei se tem algum interesse para publicar no nosso blogue. Um abraço do Alcino Alves

Dendrofobia 

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Medrava no quintal da minha vizinha um imponente e lindíssimo cedro. Fora plantado em 1982, por ocasião de uma campanha de reflorestação de terrenos de pinhais ardidos, cujas novas árvores, doadas pelo Governo, ficaram conhecidas por “pinheiros do Balsemão”, alusão à iniciativa do primeiro-ministro de então.

Por várias vezes a vizinha – a D. Deolinda – exprimiu vontade de abater aquela árvore com receio de que ela viesse a cair, causando estragos na vizinhança, eventualidade pouco provável já que o pinheiro, como ela lhe chamava, tinha um aspeto bastante saudável e estava bem enraizado, considerando o tipo de solo em que se encontrava implantado. Sempre que ela aludia à sua intenção e eu lhe pedia que não cortasse a bonita árvore, ficava muito admirada porque, na opinião dela, os vizinhos nunca gostam de árvores nos quintais ao lado, por lhes fazerem sombra ou lhes sugarem os nutrientes. Não era o caso e nunca acreditei que o abate se viesse a concretizar.

Um dia destes, manhã bem cedo, ouvi o roncar de motosserras no quintal da D. Deolinda. Fiquei alarmado e fui de imediato ver o que se passava. Lá estavam dois carrascos empoleirados no magnífico cedro, num frenesim diabólico, a derrubar pernadas e ramos e a preparar o corte do eixo central.

Interroguei o Gabriel, filho da vizinha, que assistia imperturbável ao medonho espetáculo. Insensível, respondeu, laconicamente, que era esse o desejo da mãe.

Impotente, depois de manifestar o meu grande desgosto por tal ação, regressei a casa.

Ao fim da tarde, no amplo relvado do jardim, que mais parecia um teatro de operações de uma terrível batalha campal, jaziam os restos do que tinha sido um maravilhoso ser vivo. Como se isto não bastasse, fui dar com os obreiros e vizinhos a piquenicar em alegre contubérnio, como que a festejar o acontecimento.

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No dia seguinte, fui abordado pela D. Deolinda, que me perguntou com ar sorridente: “Então, vizinho, não acha que o quintal agora está mais alegre?” Era o cúmulo da insensibilidade pelas coisas belas da Natureza! Limitei-me a responder: “Acho que agora está mais triste. É pena que a paisagem tenha sido mutilada desta forma infame”.

Alcino Alves

NOTA: Alcino, mas este, o da foto, ainda cresce na minha rua!!!

Uma carta - uma sugestão

17.06.22 | asal

António, bom dia. 

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No dia 14 de junho, encontrei num restaurante em Castelo Branco quatro antigos alunos dos Seminários da Guarda. Estavam em conjunto a redigir um texto para pedirem a reserva e garantirem um espaço no Seminário do Fundão, como sede da sua Associação.  
Segundo percebi, a Diocese da Guarda cedeu à Câmara Municipal do Fundão por 25 anos o uso daquele Seminário. Antes que isso se consuma, fazem este pedido. Achei interessante a iniciativa e a sua motivação. Fizemos uma foto de circunstância, que aqui envio. Se achares bem, podes publicar.
Manuel Mendonça 

Memórias da Jamaica

17.06.22 | asal

As memórias do Mário Pissarra provocaram-me. Aqui vão estas letras... Prometi ao Florentino escrever sobre os ciganos, na sequência do seu texto de Maio e cumpri agora a promessa. AH 

A minha Jamaica

Cada um tem a sua visão do bairro da Jamaica, no Fogueteiro, que andou a circular nos jornais e televisões pelas razões mais enviesadas, ao gosto dos interesses políticos.

Na minha história, também este bairro consta, embora fosse mais conhecido como o Vale de Chícharos. Por lá passei muitas vezes, por lá me quedei em conversa com as suas gentes, muitos imigrantes de São Tomé e Príncipe, gente boa, e ainda algumas famílias ciganas. Estávamos nos últimos anos do milénio anterior e uma associação de nome CEFEM - Centro Europeu de Formação e Estudo das Migrações – porfiava em olhar para aqueles fenómenos sociais, ao gosto da Congregação Scalabriniana, que tinha tomado conta da paróquia de Amora.

A verdade é que a mesma associação ia mudando de foco e de abordagem, de acordo com os seus responsáveis. De objeto de estudo e reflexão, de âmbito universitário, passou a centro de ação social quando o P. António Bortolomai (na foto) tomou conta dele. E foi nesse tempo que eu também fui arrastado para a direção da associação, sem saber das tensões internas entre os clérigos que viviam no Seminário. Nestas circunstâncias, manda quem pode e o CEFEM foi atirado para fora dos belos espaços de que dispunha, tendo de procurar casa, que a Fundação Estrada nos outorgou durante algum tempo em Belverde.

E o que é que nós fazíamos? Os voluntários da associação tinham em vista a integração social e o desenvolvimento cultural daquelas gentes, que viviam em prédios abandonados de paredes nuas, sem portas nem janelas, que cada família ia ajeitando ao seu gosto e saber, à falta de uma habitação digna.

Faziam-se cursos práticos de trabalhos domésticos para as africanas poderem servir como empregadas, elas que não conheciam os aparelhos, os produtos e os costumes das nossas casas. Ou concorríamos a cursos oficiais, pagos pela Segurança Social, para que alunos africanos e ciganos ganhassem competências profissionais – cozinheiros, empregados de mesa, pintores, eu sei lá… Horas e horas seguidas de contacto e convivência entre nós e eles e entre eles próprios, uns com os outros, com pensar e modos de viver bem diferentes, talvez tenham ajudado na evolução de muitos.

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Acrescente-se a envolvência religiosa, sobretudo para os africanos, que os ciganos tinham a sua “Igreja de Filadélfia” e alguns até chegaram a «pastores» (sentia-se mudança de comportamentos, sim senhor!). Eu próprio dava catequese num contentor colocado no Vale de Chícharos pela Câmara do Seixal. E havia missa mensal naqueles espaços maltratados, com o apoio de um cafezinho do bairro. Até o Sr. Bispo lá foi celebrar um dia e provar a cachupa que os habitantes prepararam para a festa.

Durante anos, fomos assistindo à alteração das condições de vida de muitos, construíram-se prédios de habitação social ali bem perto da Jamaica, onde ainda hoje vivem os nossos antigos “alunos”, já em casas aceitáveis, sempre assistidos pelo Banco Alimentar contra a Fome, outro serviço que o CEFEM propiciava a dezenas de famílias.

Mas o curso que mais marcou esta etapa do CEFEM foi o de “Mediadores socioculturais” (1999?), que para alguns ciganos foi a base de crescimento social, tornando-se eles intermediários entre a população e os serviços públicos, facilitando as relações, promovendo a proximidade e a compreensão dos próprios serviços, a começar pela escola. Estes mediadores foram assumidos por algumas câmaras, aproximando e explicando diferenças culturais e dando a conhecer as riquezas de cada um. Lembro que podem consultar no Google "Olga Mariano", uma nossa aluna que conseguiu tirar uma licenciatura, ela uma das criadoras da AMUCIP e das LETRAS NÓMADAS.

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Para terminar, lembro ainda uma realização festiva no Pavilhão da Quinta da Princesa (outro bairro habitado sobretudo pelas etnias africana e cigana), na presença da ministra da Saúde de então, a Dr.ª Maria de Belém Roseira, em que se conseguiu apresentar uma dança com africanas vestidas de ciganas e vice-versa, sinal de aproximação e não sinal de fusão ou confusão entre mentalidades. As fotos são dessa festa.

As mentalidades demoram a evoluir. E eu desse tempo lembro o baixo nível cultural de alguns “alunos” (pais de família que não sabiam ver as horas no relógio ou enumerar por ordem os meses do ano!) ou a sua fraca perceção das regras sociais…

Eu sei lá, fiquei desses anos com alguma simpatia por esta gente…

António Henriques

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Aniversário

17.06.22 | asal

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Faz hoje 66 anos o José do Carmo. Segundo a sua página do Facebook, é natural de Mação e vive no Sardoal.  Profissionalmente, está ligado ao Ministério da Educação como professor, se é que não se encontra já em pleno gozo da sua jubilação.Aqui ficam os PARABÉNS sinceros dos teus antigos colegas de Seminário, com votos de muita saúde e felicidade. Quando nos encontramos?