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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

Ucrânia quem és tu? (2)

12.06.22 | asal

 A viragem para Constantinopla

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Já vimos que Vladimir deu à Rússia, da qual a Ucrânia fazia parte, um estado inspirado num modelo imperial. Sob o seu reinado de 1019 a 1054, os territórios da Grande Rússia, onde a Ucrânia se incluía, atingiram o seu apogeu.
Porém, com a sua morte, deu-se uma incapacidade do seu sucessor governar, ficando um vasto território sem rumo, esfacelado entre principados concorrentes, entre guerras fratricidas, que criaram uma situação difícil de governação. Esta situação acabou por se manter vários anos.
Deste modo, durante o séc. XII e XIII o modo de funcionamento da grande Rússia foi muito semelhante ao do Santo Império romano-germânico,  o de um conjunto feudal muito fraco – relaxado no poder – no seio do qual o trono de Kiev, equivalente a título imperial, se tornou objecto de lutas de prestígio.
A ruína do comércio em direcção a Bizâncio, seguida da tomada de Constantinopla e da destruição do Império pelos cruzados em 1204, acelerou o declínio da entidade da Rússia, pondo fim às condições existentes com a chegada dos Mongóis.
Com efeito, o séc. XIII foi marcado pela irrupção dos temíveis cavaleiros mongóis que se foram espalhando até à Polónia e Hungria, massacrando cerca de metade da população de “Grande Rússia”. Só Novgorod escapou a esta grande devastação mongol.
Apenas Alexandre Neski, o famoso cavaleiro teutónico, em 1242, fez reconhecer a sua autoridade sobre os principados vizinhos que dependiam de Moscovo.
Em 1328, a autoridade de Ivan I conseguiu reunir estes povos sob o domínio do grande principado de Moscovo. Em 1380, finalmente, a vitória moscovita a partir da batalha de Koulikovo conseguiu expulsar os Mongóis da Europa.
Sob o o nome de “Nova Rússia”, a Crimeia e a costa do mar do negro, até Deniepropetrovsk foram colonizadas, principalmente por colonos russos da Pequena Rússia, isto é da parte norte da actual Ucrânia. Numerosas cidades foram então fundadas e são hoje as mais importantes da sul da Ucrania: Odessa, Melitopol, Sbastopol, e Simferopol na Crimeia.
No séc. XIX, como fizera Luís XIV em França, com a erradicação do protestantismo, e como o fez na mesma época Bismarck na Alemanha, a monarquia imperial procurou unificar a população com um plano cultural e uma política de russificação e de defesa da ortodoxia face ao catolicismo. Com efeito, depois do fim do séc. XVI nos territórios ucranianos da República das Duas Nações, a Igreja ortodoxa sob a influência da católica Polónia, tinha feito parcialmente uma aliança com Roma e tinha permitido ao catolicismo progredir nestas regiões.
Tenha–se em conta, porém, que, só em 1649, se deu a primeira tentativa de criação de um Estado ucraniano, com total autonomia da grande Rússia. Porém, o Império tomou uma opção inversa, promovendo a ortodoxia russa. Por sua vez, tornou-se a religião dominante da população russa e a força da legitimidade do poder dos czares, soberanos de “Terceira Roma”, depois da queda de Constantinopla. Este combate cultural autoritário implicou uma mudança no calendário e do alfabeto e de fecho de escolas.
 Chegados a 1919, finalmente, a Ucrânia tornou-se uma república autónoma no contexto da revolução russa de 1917, com Lenine no poder.
Em dezembro de 1991, a população da Ucrânia votou, por uma larga maioria a sua independência, face à Rússia. A partir desta data, a Ucrânia tornar-se-ia um país democrático, soberano, livre e independente.
O nacionalismo ucraniano, sendo um dos mais poderosos do território soviético mesmo que os agricultores ucranianos sejam particularmente resistentes à colectivização, a arma da fome foi utilizada para quebrar esta resistência dentro da experiência genocida de Holodomor, que fez em 1932-1933 entre dois a cinco milhões de vítimas. O traumatismo destas perseguições fez ver a um bom número de ucranianos a chegada dos alemães em 1941, como uma libertação. Antes mesmo da penetração das tropas alemãs no território, o chefe dos nacionalistas ucranianos Stepan Bandera proclamou a independência dos Ucranianos em Lviv, mas foi rapidamente destronado pelos invasores. Os nacionalistas ucranianos formaram então uma guerra de guerrilha que se bateu por sua vez contra Wehrmacht pouco depois da guerra contra a armada soviética, a qual resistiu até 1954.
Em 1991 a população da República da Ucrânia votou 92,3% pela sua independência, que foi sempre marcada pela tensão constante da sua dupla herança russa e polono-lituana. 
florentinobeirao@hotmail.com

Aniversário

12.06.22 | asal

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É a primeira vez que anuncio este aniversário e faço-o com alegria. Trata-se do Alcino Ramos Alves, de Oleiros (Orvalho?), que entrou no Seminário do Gavião em 1954/55. E porquê esta alegria? Foi um dos que se atreveu a escrever para o blogue e a levantar questões, que a seu tempo foram abordadas com interesse. Pedi-lhe os seus dados na altura e por isso aqui estou a anunciar mais um aniversário de um colega, do ano do Felismino, do João Farinha Alves, do Manuel Carrilho... Ele próprio disse que ainda colaborou no sentido de juntar malta do seu ano para o Encontro do Gavião em 2011. 

Amigo Alcino, aqui se registam os nossos PARABÉNS e votos de muita saúde e longa vida. Até um dia!