1 - que vai ser celebrada Missa por alma do Francisco Cristóvão no dia 25 de Maio, quarta-feira, às 18.30 h, na Igreja Paroquial de Alfragide, Alfragide Norte, conhecida por Igreja da Divina Misericórdia (não é a do Seminário).
Foram já 16 os colegas que se despediram definitivamente nos anos 2020, 21 e 22. Vamos lembrá-los na missa do Valongo.
2 - que levem para o Encontro o livro já adquirido, se puderem, para que a sessão de apresentação do "Seminário de Alcains - História e Memórias" se torne mais profícua e dialogante, sugiro eu, João Lopes.
3 - que foi em Castelo Branco, em 2016, que iniciámos a publicação de opúsculos de homenagem aos nossos professores, vivos e já falecidos. Cada um deles lá encontra uma página de preito e amizade, pela pena dos muitos voluntários que se ofereceram para testemunhar.
Em conversa com o Manuel Bugalho, chegou-me a hipótese de podermos utilizar o comboio para irmos ao Encontro de Castelo Branco. É possível que alguém esteja interessado e ainda se inscreva. É assim:
- Saída no Inter-Cidades às 8,15h (S.ta Apolónia) ou 8,23h (Oriente), paragens em Santarém (9,04), Entroncamento (9,23), Abrantes (9,45), Ródão (10,43) e Castelo Branco (11,06h).
- Regresso com saída de Castelo Branco às 19,43h e chegada a Lisboa às 22,13h (Oriente) e 22,20 (S.ta Apolónia).
Para quem não quer usar carro, é uma boa solução, até para desfrutar belas paisagens! AH
Veio mesmo a calhar este desbravar do passado para dar mais vida ao nosso Encontro de sábado. Mais uma vez, obrigado, Mário! AH
1.- As viagens de Castelo Branco para Alcains eram um martírio. Para quem se deslocava das suas terras, saindo pela manhã, tinha de esperar pela única carreira para Alcains até às 16.15h. Não é que não fosse agradável passar um dia em liberdade na cidade, mas as malas eram um grande estorvo. Além disso, as empresas de camionagem tinham as suas garagens em lugares distantes e esta camioneta apanhava-se na Avenida do Liceu (Nuno Álvares). Um dia inteiro de guarda às malas, mesmo que rotativamente, era um martírio. Por fim, outro martírio: de malas na mão ou às costas do centro de Alcains para o seminário. Esta situação proporcionou que, por vezes, os seminaristas da raia viessem com as malas dos Escalos de Cima para Alcains.
A alternativa era o comboio. Mas a Estação ficava muito longe de Alcains e o seminário localiza-se no extremo contrário. Havia a carroça do Ti Máximo, mas era preciso pagar e, naquele tempo, os tostões eram bem contadinhos.
2.- Outra lembrança foi a chegada de Dom Agostinho quando veio da primeira sessão do Concílio Vaticano II. As forças vivas da diocese foram esperá-lo aos limites da diocese. A viagem de Roma foi de carro e a entrada por Alpedrinha. A grande receção foi na Sé de Castelo Branco. Todos os estabelecimentos de ensino e organizações de juventude estiveram representados. Houve um Te Deum solene. O Senhor Bispo falou empolgado do concílio, da honra de participar e a de a nossa diocese estar presente.
De tudo, ficou-me na memória a referência à doença do Pe. José Ruivo das Sentieiras. A grande esperança de cura estaria num tratamento com bombas de cobalto iniciado nos países nórdicos. O cancro vitimou, passado relativamente pouco tempo, este jovem sacerdote.
Um belo dia, ao arrumar livros, descobri que estava na minha posse um manual de grego bíblico com a sua assinatura. Passados uns anos uma sua sobrinha foi minha aluna. Enviei-lhe o livro para o pai. Ele devolveu-o, dizendo que não lhe serviria para nada. Andará pelo sótão, essa mistura insólita dos meus livros e das capelas imperfeitas ou inacabadas da minha esposa.
3.- Quando eu frequentava o 3.º ano, o ano do Bonifácio frequentava o 6.º ano. Era um ano muito diferente, iniciava a filosofia e tinha cadeiras estranhas para mim. Foi o último ano em que não se fez o curso liceal. Houve um jogo de futebol com os seminaristas dos Redentoristas. Alguns deles já em teologia, mas o seu número era reduzido. O jogo foi animado e o convívio foi praticamente só com os mais velhos. O melhor jogador deles era um esgravulha e um autêntico piolho elétrico e eletrizante para a equipa. Dos meus registos não consta o resultado, mas o referido jogador com tanta atividade esqueceu-se ou perdeu os óculos. Lá teve de ir alguém levá-los a Castelo Branco. Disponíveis para fazer a entrega havia muitos, ainda que não o confessassem. Não tinham meio de transporte e as ligações com a cidade eram raras …
O seminário e a igreja dos redentoristas localizam-se mesmo frente ao liceu. As minhas fontes garantem, com uma margem de erro mínima, que a frequência do templo, as novenas, as velas e as orações aumentavam substancialmente na época dos exames. A proteção mais invocada era a de São Judas Tadeu. Não é de estranhar! Diz-se que alguns aflitos só se lembram de Santa Bárbara quando fazem trovões… Também os cábulas se lembram e recorrem ao seu santo protetor nas aflições dos exames…
Esta igreja também era muito concorrida nas missas dos cursos Dominique do Pe. Milheiro. Ouvi muitos não praticantes dizer que não faltavam a uma dessas missas. Apreciavam fundamentalmente, diziam eles e os outros não desmentiam, o momento de dar a paz. Dar e receber uns beijos e abraços – se fosse brasileiro diria amassos. Alguns acrescentavam com ironia: beijos e abraços não só permitidos, mas santos e abençoados …
4.- No ano do Boaventura Calvário Antunes, os seminaristas vão pela primeira vez fazer exames ao liceu de Castelo Branco. O facto de o seminário se ter tornado seminário liceal fez com que os livros fossem comprados pelo Seminário à Livraria Semedo. Esta fazia uns descontos e esses descontos financiaram algumas visitas de estudo/excursões no Verão. Além disso, premiavam os melhores alunos com pequenas ofertas.
O seminário, inicialmente, não tinha um corpo de professores preparado, mas muitos dedicaram-se com alma e coração, aperfeiçoando-se quer ao nível dos conteúdos quer ao nível pedagógico. Os resultados das provas escritas foram sempre excelentes. Os das provas orais, inicialmente nem tanto. Erros que rapidamente foram sendo corrigidos. Lembro-me das incorreções de linguagem em matemática. Uma aprendizagem mecânica e com muito treino a fazer todos os exercícios do Palma Fernandes. A Dra. Amélia Chagas e os seus colegas de matemática ficavam esbaforidos quando os seminaristas diziam «corta-se» em vez de «elimina-se» e espantavam-se por não saberem fazer demonstrações. Nos anos seguintes, já havia um compêndio de capa verde com as demonstrações e a linguagem era mais elaborada e rigorosa.
No seminário, havia disciplinas em que no 3.º e 4.º ano se avançava na matéria para o ano seguinte. No 5.º ano, terminava-se a matéria e ficava muito tempo para as revisões e para fazer as coleções de pontos de exame.
5.- Uma outra ligação do seminário de Alcains com Castelo Branco era através do escutismo. Lembro-me de ter participado em várias cerimónias e atividades escutistas. A sede era mesmo ao lado da Sé. Íamos participar com gosto nestas iniciativas. No seminário, superabundava o contacto com a natureza e rareava o contacto social. O contacto com a cidade trazia outros ares e aves raras…
Este texto veio de supetão das esquinas das minhas memórias. Sábado próximo desatar-se-ão os atilhos de algumas vossas e minhas recordações e brotarão em conversas sem fim. Quando os horizontes do tempo minguam, evocar memórias da juventude é uma terapia eficaz.