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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

Palavra do Sr. Bispo

18.03.22 | asal
HÁ 375 ANOS RAINHA E PADROEIRA DE PORTUGAL

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Costuma dizer-se que quem meus filhos beija minha boca adoça. Nestas vésperas da Solenidade de São José, não vou falar dele. Acredito, porém, que também ele ficará de boca doce, muito feliz. Porque se aproxima uma data muito importante para nós, portugueses, vou falar de Maria, sua esposa, mas festejando com os dois o dom das suas vidas e a intervenção de ambos no projeto de Deus para a humanidade. São José é o Patrono universal da Igreja, o pai adorável, o homem justo e bom, estimulo para todos os pais em Dia do Pai. Maria, sua Esposa, Mãe de Deus e Mãe da Igreja, também é Rainha e Padroeira de Portugal, uma nobre e distinta Senhora que até sobressai no jeito de se apresentar. Sem andar pelas passarelas da moda, sem se endividar em compras ou comprar fiado, tem um roupeiro invejável, ao ponto de nenhum outro se lhe puder igualar. Em cada invocação que o povo carinhosamente lhe dá, ela veste um vestido diferente, ao gosto da região, da cultura e da devoção dos seus filhos, mas sempre na moda, sempre ‘in’. Apesar de não ser exigente, apesar do povo a vestir até a fios de ouro, convenhamos que, na sua beleza, qualquer trapinho lhe fica bem. Essa beleza encantadora nasce-lhe do interior, das suas virtudes e santidade. Se o leitor for capaz de alistar as invocações da Senhora existentes em Portugal, ou apenas na sua própria região, apreciará também que, sendo sempre a mesma, veste sempre de forma diferente e bela: Senhora da Penha, da Misericórdia, da Alegria, da Cabeça, das Dores, da Vista, da Rocha, da Lapa, do Minho, da Franqueira, da Peneda, do Facho, do Viso, dos Remédios, da Fé, do Parto, do Ó, do Alívio, da Agonia, de Aires, dos Altos Céus, ... vá, continue, por favor, e não se canse, consciente que é sempre a mesma Senhora e que a lista jamais estará completa...
Servindo-me, com a devida vénia, sobretudo da Wikipédia, aproveito para, nesta efeméride que estamos a celebrar, recordar que, por exemplo, a devoção dos portugueses a Nossa Senhora da Conceição vem de muito longe e está muito ligada aos acontecimentos da independência e da identidade nacional. Histórias da história dizem-nos que, aquando da conquista da cidade de Lisboa, em 1147, por D. Afonso Henriques, foi celebrada uma Missa Pontifical de ação de graças, em honra da Imaculada Conceição. São Nuno Álvares Pereira, após a vitória na batalha de Aljubarrota, em 1385, terá mandado construir a igreja de Nossa Senhora do Castelo, em Vila Viçosa, sendo consagrada a Nossa Senhora da Conceição, cuja imagem que lá se encontra ele teria encomendado em Inglaterra. A devoção popular foi crescendo e criando raízes ainda mais fortes em Portugal. Criaram-se irmandades de Nossa Senhora da Conceição, dedicaram-se-lhe igrejas e muitos altares, sendo a irmandade mais antiga a instituída em 1589 na paróquia dos Anjos, em Lisboa. Após a restauração da independência de Portugal, o rei D. João IV, em 25 de março de 1646, após parecer favorável das Cortes gerais, consagrou os «Seus Reinos e Senhorios» a Nossa Senhora da Conceição, diante da imagem existente no Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Proclamou Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal e coroou a sua Imagem com a coroa real, doravante seria a Rainha de Portugal. A partir de então, em sinal de reconhecimento de que Nossa Senhora é a verdadeira Rainha e Padroeira de Portugal, os reis subsequentes nunca mais colocaram a coroa real na sua cabeça, sendo que a coroa, em ocasiões solenes, era apenas posta sobre uma almofada, ao lado direito do rei. Tal ‘Provisão Régia’ foi confirmada pelo Papa Clemente X em 1671. Docentes da Universidade de Coimbra, desde 1646 juraram defender o dogma da Imaculada Conceição, juramento que foi estendido e aplicado a todos os futuros graduados da Universidade. Só após a proclamação do dogma da Imaculada em 1854, se julgou desnecessário continuar a prestar este juramento. Em 1654, D. João IV enviou a todas as Câmaras Municipais do Império Português uma cópia da inscrição comemorativa, em latim, do juramento solene prestado em 25 de Março de 1646 e ordenou que aquela inscrição fosse gravada em pedra e colocada nas portas e lugares públicos das cidades e vilas portuguesas. O Rei D. João V, em 1717, em circular enviada à Universidade de Coimbra e a todos os prelados e colegiais do Reino, recomendou-lhes a celebração anual da festa da Imaculada Conceição nas suas igrejas, recordando o juramento de D. João IV. Por sua vez, o rei D. João VI, em 1818, fundou a “Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa”. Após a proclamação dogmática em 1854 pelo Papa Pio IX, desenvolveu-se em Portugal um movimento que apoiava a construção de um monumento nacional que comemorasse tal facto. Esse primeiro monumento foi erigido no Sameiro, em Braga, em 1869. Posteriormente, no mesmo local, foi construído um santuário dedicado à Imaculada Conceição de Maria, cuja imagem foi coroada solenemente em 1904. Extinta a monarquia e instaurada a república, nunca este ato e este título de Nossa Senhora foi posto em causa.
Em 1946, no dia 25 de Março, comemorou-se o tricentenário da proclamação da Imaculada Conceição como Padroeira de Portugal, com a consagração de Portugal à Virgem Maria, Mãe de Deus. Na Visita Apostólica do Papa São João Paulo II a Portugal, ocorrida nos dias 12 a 15 de Maio de 1982, ele visitou o Santuário de Fátima, o Santuário de Nossa Senhora do Sameiro e o Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.
O Instituto da Padroeira de Portugal para os Estudos da Mariologia organizou para este mês de março o congresso intitulado: “Mulher, Mãe e Rainha. Nos 375 anos da Coroação de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal”. Terá lugar de 24 a 26 de março, em Fátima. No dia 27 de março, Domingo, e já na véspera, o encerramento deste ano jubilar dos 375 anos da coroação de Nossa Senhora será em Vila Viçosa, no Santuário ou Solar da Padroeira. Presidirá Salvatore (Rino) Fisichella, arcebispo italiano presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. Também serão expostas conjuntamente as três coroas de Nossa Senhora, a de Vila Viçosa, de Fátima e do Sameiro, bem como alguns mantos da Padroeira de Portugal.
Na sua divulgação, lê-se que o congresso, para além de reunir conceituados especialistas em várias áreas do saber, pretende ser um fórum de estudo abrangente, nas temáticas, nas visões e nas abordagens, esperando-se os diferentes contributos relativos ao objetivo em vista. Mas também está aberto à participação ativa de quantos quiseram associar a sua investigação através de comunicações autopropostas, dentro das áreas do Congresso. É inegável que o Povo português tem uma forte identidade mariana, que no Congresso melhor se quere conhecer, nos seus fundamentos e expressões. Além do Congresso, o referido Instituto assumiu “construir um dicionário sobre a Virgem Maria, um dicionário em português, a partir de fontes históricas, mas também das novas realidades contemporâneas”.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 18-03-2022.

O valor de Kiev

18.03.22 | asal

QUANDO PUTIN SE VINGA DE SUA PRÓPRIA HISTÓRIA

por Assaad Elias Kattan 

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No momento em que escrevo, os caças do czar estão atacando a linda Kiev, e as sirenes de ataque aéreo estão ecoando por toda parte. “Quem acreditou em nossa mensagem” declara o profeta Isaías: os combatentes de Vladimir Putin estão atacando Kiev, não Tbilisi, Yerevan, Berlim, Paris ou Istambul, e certamente não Nova York. Na verdade, o czar russo quer se vingar dos ucranianos... e de sua própria história. 

Ele está destruindo o berço de sua própria civilização, nunca o berço da civilização ocidental que lhe causa nojo e náusea. Ele está destruindo a Kiev da antiguidade com sua majestosa laura de cavernas que foi estabelecida no século 11 e é considerada a mãe da igreja russa e seu santuário. Milhares são abençoados diariamente com seus ossos que emanam mirra. Ele está destruindo uma Kiev que se orgulha de sua igreja de Santa Sofia que nos remete para o génio do cristianismo eslavo e do seu profundo enraizamento cultural que vem de Bizâncio, precisamente de Constantinopla, das margens do glorioso Bósforo e dos sóis que lá dançam nas ondas.

Kiev teceu os primórdios da civilização do povo russo. Ali, a partir do cuidado e da diligência dos monges helénicos e seus discípulos abençoados, os russos começaram a lançar as bases de sua civilização: livros, arquitetura e ícones onde a luz mora em seu colorido e o significado transparece. Portanto, o ataque que hoje é conduzido pelo mestre do Kremlin ao seu vizinho, ao seu “ponto fraco”, como alguns tolos gostariam de chamar, não é medido apenas por interpretações políticas e económicas; além disso, assume consequências culturais de longo alcance. De facto, a destruição de civilizações não é uma questão passageira, nem uma consequência inevitável de guerras inexoráveis.

Diz-se que aqueles que destruíram Beirute no início da guerra civil libanesa (1975-1990) eram camponeses que guardavam rancor contra a majestosa cidade por causa de suas riquezas, brilho e ritmo louco, o que causou incómodo e confusão para esses moradores do campo. Diz-se também que a beleza de Paris foi salva quando um oficial nazi rebelde se recusou a seguir as ordens do Führer de queimar a “cidade adormecida no jardim de seu flerte (namorico)”, quando os sinais da derrota nazi começaram a aparecer no horizonte. Certamente, vale a pena perguntar o porquê  àqueles que se quiseram vingar de Homs, Aleppo, Damasco e suas áreas e, portanto, deliberadamente os desfiguraram e semearam a destruição em seus bairros antigos.

Quanto ao novo czar hoje, ele se vinga das fontes de sua própria história. Ele atinge a geografia onde floresceu a civilização de seu próprio povo, apesar de se estar a aventurar numa guerra contra a Ucrânia em nome do próprio nacionalismo russo; mas é um nacionalismo dismórfico, misturado com os velhos sonhos imperiais e a arrogância da ideologia soviética que Putin serviu na primavera da sua juventude. Evidentemente, ele não leu história, pois idiotas impenitentes não lêem. Mesmo que ele tenha lido um fragmento da história de sua nação, seu ódio o impediria de se curvar com reverência perante todos os ucranianos que participaram na criação da mesma identidade russa da qual ele hoje tanto se orgulha. Ele porfiou em acreditar que agarrar-se desajeitadamente a essa identidade podia restaurar as antigas glórias da Rússia ou alimentar os pobres com pão.

Quando o Sr. Tsar anunciou a invasão da Ucrânia de sua torre alta, confiando fortemente em seu gigantesco exército, assustador e ameaçador, ele era como alguém que ansiava por uma era longínqua que produziu a União Soviética e permitiu que um bando de tiranos desprezasse a liberdade das pessoas e pisasse seus sonhos de Irkutsk a Cabul. Putin não percebeu que o Muro de Berlim agora se tornou uma mera atração turística, e que a história não volta atrás. 

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No entanto, o mais importante no caso deste novo czar é que ele parece ser o primeiro tirano que conduz uma guerra contra sua própria história, sua própria civilização e contra si mesmo, golpeando Kiev, a cidade mais autêntica da história do povo Russo, mesmo que ela seja hoje a capital da Ucrânia.


Assaad Elias Kattan é um teólogo ortodoxo libanês e professor de Teologia Ortodoxa no Centro de Estudos Religiosos da Universidade de Münster, Alemanha.

Aniversário

18.03.22 | asal

Desta vez, é o  António Silva Duque a celebrar a vida!

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Caro amigo, com os nosso PARABÉNS, aqui deixamos os desejos sinceros de que continues a desfrutar de saúde, felicidade e muitos amigos, celebrando cada ano com muito gosto pessoal e na companhia dos familiares. 

E nós gostamos de te ver por aí, nos nossos encontros, dando parabéns aos colegas quase diariamente e, servindo-te de uma memória prodigiosa, falando de muitos eventos da nossa juventude, com que comunicas felicidade. Vamos a ver se nos encontramos em Alcains nos finais de Maio ou noutro lugar qualquer, saboreando histórias do livro sobre o Seminário. Já não é sem tempo!

Copiado do Facebook:

«Fernando Cardoso Leitão Miranda

E os mais idosos não esquecem os companheiros mais novos a quem deixámos a nossa carteira de estudo e de aula, o nosso espaço no recreio, o lugar nos bancos da capela...Por isso não vos esquecemos e continuamos a felicitar-vos nos aniversários. Podemos até nunca nos termos cruzado, mas temos elos que nos levam, em sinceridade, a dizer: Muitos parabéns! 
Um abraço de felicitações.»
 
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