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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

SALTEM OS CONTOS!

09.02.22 | asal

Sempre a nossa terra e os nossos vizinhos mais conhecidos... Obrigado, Tó Manel! AH 

Margarida Carpinteiro.jpg

Ontem (07/02) teve visibilidade nacional e quase uma hora de atenção numa brilhante conversa com Manuel Luís Goucha que, além de um especialista no entretenimento, é um dos melhores entrevistadores da nossa praça que fez jus à sua competência e permitiu que a MARGARIDA CARPINTEIRO (MC), para além de brilhante actriz de teatro, de cinema, de televisão, de telenovelas possui elevada craveira como escritora, mostrasse “urbi et orbi” o que realmente é: um ser humano extraordinário pela sua diferença, pela sua bondade e pela sua sensibilidade.
Cinquenta minutos brilhantes não foram suficientes e, em Televisão, o tempo tem outro ritmo e outra dimensão. Gostaria de ter visto desenvolvida a faceta de escritora da MC. E olhem que não fica nada atrás das outras…
Ultimamente a MC tem-se refugiado nos Vales, pensado e escrito alguns contos que ainda não sabe se vai publicar. Além de textos para guiões de programas televisivos, já publicou quatro obras muito interessantes: “Ninguém Morre de Véspera”, “Um Animal Desconhecido”, “Silêncio na Casa do Barulho” e “Um Navio na Gaveta”.
Todas com títulos sugestivos e conteúdos muito interessantes, alguns premiados, mas quero destacar aquele que mais significado tem para a nossa região: “UM NAVIO NA GAVETA”. Foi inicialmente editado pelo Círculo de Leitores, numa edição que esgotou, e depois pela Temas & Debates-Actividades Editoriais, Lda.
A partir de um personagem real, a autora ficcionou uma história que descreve a dureza da vida numa aldeia beirã, durante o século passado, utilizando palavras e expressões populares, hoje já em desuso, mas correntes em tempos anteriores. Margarida Carpinteiro fez a sua pesquisa nos Vales.
“Um Navio na Gaveta” é um livro multifacetado. É um livro de memórias: individuais, colectivas, afectivas e históricas; é uma fonte etnográfica da linguagem e das expressões, das actividades económicas tradicionais e dos rituais comunitários; é um livro de viagens: individuais e colectivas, pelo interior de Portugal, pelo mundo e pelos afectos. Na crista das muitas ondas em que a vida flutua, o navio vai sulcando as águas, umas vezes turvas outras vezes claras, das recordações e da memória. A ida à ceifa no Alentejo e em Espanha, a apanha da azeitona na Borda D’Água, o trabalho nas forjas dos Vales, a ida à I Guerra Mundial, a insegurança da 1.ª República, a penumbra do regime salazarista, a guerra colonial, a tristeza da emigração, a alegria do 25 de Abril, os primeiros amores, tudo, o Zé Marujo, marinheiro viajante pelo mundo, nos mostra no final da sua última e, no fundo, única grande viagem: a viagem de uma vida gasta pelas várias partidas do mundo, mantendo, todavia, a sua morada da aldeia, sempre a mesma.

Tó Manel Silva.JPG

MARGARIDA CARPINTEIRO dedica este livro ao seu pai ABÍLIO e a seu Tio JOSÉ LUIZ, conhecido local e popularmente por “ Zé Marujo”, cujos apontamentos das viagens feitas foram encontrados numa gaveta da sua casa após o seu falecimento.
Já agora que falamos da obra literária: Todos fazemos força para que saltem os contos cá para este lado, MARGARIDA!
 
(Quem quiser (re)ver integralmente a prestação da MC no GOUCHA de 07/02 pode clicar: https://tviplayer.iol.pt/.../video/62016c390cf2cc58e7e1976a
 
António Manuel M. Silva