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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

Questões da língua

03.02.22 | asal

Meu Caro António Henriques

José Maria Lopes.JPG

Li no "Animus" a referência que fazes à conversa telefónica que tivemos e é sempre, para mim, um prazer ouvir as tuas nítidas explicações quanto a temas relacionados com a nossa Gramática Portuguesa. Como te disse, estava, nessa altura, a ler um livro que encontrara na Bertrand com o título "Almanaque da Língua Portuguesa".     

Porque estou à vontade contigo e atendendo a que estamos sempre a aprender, venho "desabafar" de coisas que nunca tinha ouvido ou lido.
É provável, dada a tua formação e ao teu traquejo de professor de português, que não seja novidade para ti, mas que para mim foi, ainda, mais um ensinamento.
Assim, o título do livro "almanaque" fez-me pensar porque entendia que almanaque era, e é, sinónimo de "calendário", mas, consultando o dicionário, os almanaques podem incluir indicações úteis e trechos literários. 
Na parte relacionada com calendário, diz o livro que foi São Martinho de Dume, bispo de Braga no Sec.VI, que, não gostando da denominação dos dias dedicados aos deuses pagãos (lunes, martes, etc), considerou correctas as denominações de domingo e sábado ( o primeiro, cristão, dedicado ao Senhor e o segundo por vir de sabat, dia de descanso dos judeus). Considerando que o domingo era o primeiro, os seguintes eram o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto e o sexto e bastou acrescentar-lhes a palavra latina  "feria"  que deve provir do substantivo feminino " feriae-arum" que quer dizer féria ou dia feriado que, por corruptela popular, chegou até nós "feira".
 
Agora, quanto às novidades gramaticais: refere, então, que continuamos a dizer que na nossa língua só há cinco vogais: a, e, i, o, u, mas não, há vogais enquanto som e são catorze e, ainda, os ditongos que são nove (ea, eo, ia,ie,io,oa,ua,ue, e uo denominados usuais. Quanto aos referidos catorze são: ACtor, ANa, ANtes, Elo, Ele, elE, ENtre, IMagem, India, Óptimo, Olho, Ontem, Universo e UM, (as letra maiúsculas são as tais vogais).
 
Outra curiosidade: todos sabemos que as palavras simples ou conjunto de palavras chegaram-nos por via erudita e popular. A popular sofre, por vezes,  mutações no seu caminho. Vejam-se os ditados populares seguintes:
"Quem não tem cão, caça com gato". Como é possível levar um gato a caçar quando o gato só gosta de caçar sozinho? Então, o ditado deve ser "quem não tem cão, caça como o gato"  Ora se o caçador não tem cão, tem de caçar, imperiosamente, sozinho, como faz o gato.
"Quem tem boca vai a Roma". Mas quem tem boca só pode ir a Roma? Pode ir a toda a parte, até pode ir à minha terra, que é Tinalhas. Então, o ditado correcto deve ser "quem tem boca vaia Roma"(de "vaiar").
"Bicho carpinteiro ou bicho pelo corpo inteiro"? Claro que é a segunda designação.
" Cor de burro quando foge" é um disparate. Correcto tem de ser "Corro do burro quando foge" porque quando foge parece ter o diabo no corpo.
 
Deparei-me pela primeira vez com a palavra GRAFEMA que é sinónimo de LETRA. Nunca pensei que letra pudesse ter um sinónimo, mas, afinal, tem. Conhecemos, sim, FONEMA que é o conjunto de sinais sonoros que podem distinguir ou distinguem significados.
E, por último, esta curiosidade: o português é a única língua internacional que nenhum dos estados que a têm como língua oficial, faz fronteira com outro estado com a mesma língua.
Fico-me por aqui com um abraço do
Zé Maria Lopes
 
NOTA: Gosto muito de trazer para aqui estas considerações sobre vários temas da nossa língua. O José Maria Lopes fez da língua a sua profissão no "Diário de Notícias" e está muito à vontade nestas questões. Como ele, também eu tive de estudar mais e neste momento publico todas estas elucubrações, embora uma ou outra me obrigassem a investigar mais (e neste momento não posso!) para acrescentar algo, nomeadamente sobre vogais.
Pode ser que algum amigo pegue no tema e acrescente novidade, concordando ou discordando. AH

Aniversários

03.02.22 | asal

PARABÉNS A DOIS!José M. Calvário Antunes.jpeg

- O José Maria Calvário Antunes, do Sardoal, nasceu em 1953, estudou Direito em Coimbra, onde vive e cumpriu a sua missão de Juiz-Desembargador, agora aposentado desde 2015. Já não há razões para faltar ao próximo encontro de Alcains, quando o covid permitir. Atenção: no Sardoal encontra-se agora a exposição do Colaço...

Fernando Alv Martins.jpg

 

- O Fernando Alves Martins nasceu em 1952 e vive em Proença-a-Nova. Não temos outras informações, para além de sabermos que profissionalmente esteve ligado à Força Aérea Portuguesa.

 

Aos dois damos os mais sinceros PARABÉNS, COM VOTOS DE MUITA SAÚDE E ALEGRIA.