A arte do Colaço
Estive ontem a olhar para o vídeo da Exposição do António Colaço, inaugurada no sábado no Sardoal, precisamente no dia dos seus 70 anos. Eu já não sei como era quando fiz 70 anos, mas confesso que me surpreendeu a energia deste artista no decorrer do evento, que não foi tão cerimonioso como costuma ser devido às restrições do ladrão Covid, costuma ele dizer... Mesmo assim, o amigo Colaço movimentava-se com uma agilidade visível, para já não falar do mais importante, que é o entusiasmo e o trabalho que ele desenvolveu na preparação dos quadros que enriquecem a exposição no Centro Cultural Gil Vicente do Sardoal.
Também o Covid me prende a casa, mas eu vou fazer de jornalista à distância neste pequeno apontamento, sobretudo a pensar nos colegas que não puderam acompanhar o evento pelo Facebook.
Destaco a intervenção inicial do colega Mário Pissarra e as palavras do Sr. Presidente da Câmara, que a minha notória falta de audição não permitiu seguir a jeito.
O Mário dissertou sobre o fenómeno artístico com o seu toque filosófico, levantando alguns problemas ligados ao mundo da arte. Eis algumas ideias:
1 - A Arte, para o ser, precisa de um ritual de apresentação pública, sem a qual não passa de uma intenção privada do autor. Sem esta relação entre artista e a sociedade, a Arte não se confirma...
2 - Por isso, o artista é alguém que depende muito da confirmação dos seus semelhantes, que, sem o consentimento do artista, valoram mais ou menos a força do seu trabalho. E há intermediários, de nome curadores, empresários, galeristas, críticos, que podem marcar o futuro da arte de cada artista...
3 - E que é preciso para uma obra se chamar arte? Não há características bem definidas, que vão alterando segundo os tempos e os espaços culturais, o que arrasta consigo a grande interrogação: porquê esta arte ganha fama e aquela não sai da mediocridade?
4 - Cada artista tem o seu estilo, que se define na permanência de certas técnicas e expressões, como uma espécie de B.I. que o artista apresenta, mas sempre dependente dos gosto dos outros. O histórico de um artista também é marcado por sucessos e derrotas. O António Colaço também tem a "sua" arte e a sua história, os seus sucessos e as suas derrotas ao longos destes 50 anos de atividade artística. Derrota foi o AVC que o acometeu, mas o trágico não é a derrota, trágico é ficar derrotado! E nem a pandemia o derrotou...
Também o Sr. Presidente da Câmara, António Borges, quis estar presente e dele retiro afirmações como esta, a identificar o artista: "O António Colaço sempre foi assim, conheci-o sempre a fazer muitas coisas". E o que é uma obra de arte? É aquela que nós vemos muitas vezes e nela descobrimos sempre novidade... Uma bela afirmação a valorizar as peças artísticas do nosso artista.
Presente também o Sr. Artur Cortês, que dispensou ao Colaço o velhinho Citroen caligrafado pelo artista.
Para tudo ficar mais claro e poderem corrigir a minha escrita, aqui fica o vídeo (40 ´?) da exposição, onde falam os intervenientes.
Como a Exposição está no Sardoal até finais de Fevereiro, temos esperança de ainda nos podermos deslocar até lá com razoável segurança.
Força, amigo Colaço, continua a viver a vida com intensidade e que os teus projetos tenham o sucesso que ambicionas.
António Henriques
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