Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Caro amigo António Henriques,
O Seminário de Alcains no canal Ecclesia: lugar de serviço à comunidade como espaço de vacinação contra o Vírus.
Acabo de ver na Ecclesia o nosso querido Seminário de Alcains que a nossa Diocese pôs à disposição da sociedade, oferecendo um espaço devidamente preparado para o efeito. Ouvi a explicação do seu Diretor, o P. António Castanheira e os testemunhos do P. Miguel Coelho e P. Martinho. Todos se saíram muito bem, quer do ponto de vista da linguagem quer da imagem. As nossas felicitações!
Vi as pessoas entrando pela porta principal da parte primitiva, renovada com uma elegante pérgola, e a sala de “enfermaria” onde a enfermeira Helena Beirão administrou a vacina às pessoas que iam entrando para uma sala bem aconchegada. Vi ainda a Capela com os seus ricos painéis de azulejos.
A fachada com o pedestal de S. José foi-nos dada em grande plano. Lá está a escadaria solarenga com o seu ar beirão.
Pode o seminário não ter seminaristas, mas a sua existência justifica-se plenamente, como casa de sacerdotes que exercem o serviço pastoral pelas aldeias vizinhas e centro de apoio às iniciativas diocesanas e sociais. É que, muito contrariado, tenho ouvido vozes que perguntam: Para que serve um seminário sem seminaristas? Ora, aqui se prova, com esta e outras iniciativas, a necessidade da sua existência e as muitas funções pastorais, culturais e até sanitárias que, repito, o justificam plenamente, como instituição da Igreja ao serviço de todos. Nada que não estivesse nos planos de Deus quando inspirou o casal Pereira Monteiro a investir a sua fortuna naquela linda e harmoniosa construção. O nosso Florentino está a finalizar a sua História, uma odisseia de amor e generosidade, como ele gosta de dizer.
Amigos que ali passámos os verdes e conturbados anos da nossa adolescência, a idade das crises e do amadurecimento, como as cerejeiras em flor, vamos todos, mas todos, contribuir, nem que seja só com um eurozinho, para a publicação do nosso Livro. Mas, sobretudo, acompanhemos os sacerdotes do Seminário de S. José com as nossas orações. Em família, se possível. E, associemo-nos às intenções do Senhor Dom Antonino para esta quaresma e que a Páscoa seja, entretanto, um grito de vitória sobre o Mal. O vosso amigo do coração,
João Lopes
Sobre o poeta Joan Margarit, falecido há poucos dias em Barcelona(16/02), recorto de "7Margens" um pequeno excerto, que me pareceu muito significativo. Dá para pensar! AH
Numa entrevista concedida ao diário ABC [2], o poeta referiu que há dois tipos de intempéries: a intempérie física, que não é particularmente ameaçadora no mundo ocidental porque a técnica a permite enfrentar, e a intempérie moral. “O que se passa se me abandona a pessoa que amo, se morre alguém querido, se fracassei em algo?”, pergunta Joan Margarit. “A ciência não o resolve, não existe um botão em que se carregue”. A resposta insuficientemente útil impõe outra interrogação: “Que ferramentas tenho para lutar contra a intempérie moral?” Joan Margarit indica-as: “A poesia, a música, a pintura, a filosofia e a religião para alguns. Apenas quatro ou cinco coisas”. E todas elas, acrescenta, têm “uma característica terrível” em comum. É que é necessário tê-las conhecido para que possam ser úteis. É por isso que considera ser imprescindível dar cultura às pessoas. Não entretenimento, mas cultura. A cultura é uma arma contra a intempérie moral. “Para isso serve a poesia. Não é um adorno”.
Joan Margarit, que também era arquitecto (integrou a equipa encarregada de concluir a construção da Sagrada Família, em Barcelona) e professor catedrático jubilado de Cálculo de Estruturas da Escola Superior de Arquitectura de Barcelona, manifesta o seu apreço pelos poemas que contribuem para o fazer melhor pessoa, que o ajudam na procura de um maior equilíbrio interior, que servem para o consolar ou que concorrem para o deixar mais próximo da felicidade, seja o que for que signifique ser feliz.
Misteriosamente feliz é, aliás, o título de um dos seus livros, publicado em Portugal em Novembro passado conjuntamente pela Flâneur e pela Língua Morta [3]. É uma obra excelente. Particularmente memorável é “Poesia”:
“Como para Sísifo, / a vida para mim é esta rocha. / Carrego-a e conduzo-a até ao alto. / Quando cai volto a buscá-la / e, tomando-a entre os braços, / levanto-a outra vez. / É uma forma de esperança. / Penso que teria sido mais triste / se não tivesse podido arrastar uma pedra / sem outro motivo que não fosse o amor. / Levá-la por amor até ao alto.”
Chamo para aqui o texto do José Centeio publicado no 7Margens, pela acutilância com que ele aborda as várias faces das redes sociais (o bom e útil, o perigoso para a democracia e para a liberdade de expressão quando se pensa no controle das mesmas, etc...). O mundo está cada vez mais complicado... AH
In "7Margens" - 13 Fev 21
|Os gigantes da tecnologia, donos das plataformas das redes sociais, têm sido alvo de várias e justas críticas, seja pela fuga aos impostos nos países onde geram valor, seja por comportamentos desviantes face aos normativos e princípios que fundamentam as sociedades democráticas. O facto é que as tecnologias e as comunicações evoluíram de forma muito mais rápida do que a capacidade de adaptação das sociedades à nova realidade. Daí a dificuldade em encontrar normativos jurídicos que enquadrem essas atividades, seja do ponto de vista fiscal e financeiro, seja do controlo do poder que detêm ou ainda no que toca ao controlo dos normativos internos próprios de cada empresa.
É hoje uma evidência que os próprios políticos elegeram as redes sociais como espaço público privilegiado para divulgação da sua mensagem, mas também de comunicação da própria governação ou de quem lhe faz oposição. É uma comunicação direta, sem filtros e não sujeita a contraditório, o que possibilita uma divulgação vertiginosa de meias-verdades, verdades truncadas ou até mentiras (fake news) criando, simultaneamente, uma realidade virtual alternativa.
Apesar de virtual, essa realidade acaba por competir com a realidade quotidiana, tornando-a minoritária ou própria das minorias (elites) mais informadas. A procura da verdade e o questionamento passam a ser secundarizados, cedendo o lugar a uma verdade forjada na repetição da mentira. A verdade é quase sempre menos atraente do que a mentira feita verdade à medida de quem a consome. Esta assenta quase sempre que nem uma luva!
Vivemos em sociedades em que a degradação do espaço público tende a acelerar a corrosão da democracia. Não deixa, infelizmente, de ser curioso que o que se passa nas redes sociais marque, por vezes, a agenda dos próprios media tradicionais. Aliás, são cada vez mais frequentes os programas, nomeadamente televisivos, que recorrem à participação através das redes sociais valorando simples “bitaites” como se de comentários sérios e informados se tratasse, muitas vezes sem verdadeiros critérios de filtragem. Assim, estes programas, sem o perceberem, acabam por promover o lixo que conspurca o espaço público e deturpa a procura da verdade.
Pese embora o muito de bom e útil que podemos encontrar nas redes sociais, é também através dessas redes que se convocam manifestações de movimentos ilegais (o “movimento zero”), que se induzem crimes (decapitação do professor Samuel Paty, em outubro de 2020, nos arredores de Paris), que se planeiam assaltos a instituições democráticas (invasão do Capitólio no início de 2021) e onde também se cultiva o ódio, a intolerância, o insulto gratuito, a falta de respeito pela opinião do outro, as tramas das teorias conspirativas e a imbecilidade como argumento.
Alguns países na Europa (França, em maio 2020, e Alemanha, em janeiro 2018), tentaram, apesar de grandes controvérsias, abordagens legislativas no sentido de um maior controlo sobre os conteúdos das redes sociais. A própria União Europeia, com o projeto de regulação “Digital Services Act” (DAS, apresentado em dezembro de 2020) tenta focar-se na vigilância, em tempo real, dos meios utilizados pelas plataformas digitais, além de introduzir um código de conduta ao qual as plataformas podem voluntariamente aderir.
O DAS propõe ainda uma maior transparência e uma colaboração mais estreita entre as plataformas e as autoridades de cada país que permita uma maior vigilância dos conteúdos ilícitos e a obrigatoriedade de comunicar às autoridades informações sobre utilizadores que possam causar problemas, seja lá o que isso signifique. Por outro lado, as plataformas vêem-se obrigadas a informar os utilizadores sobre as razões da sua decisão e aqueles podem contestar a mesma e até recorrer a uma espécie de tribunal que se pronunciará e terá a palavra final.
O recente encerramento das contas de Donald Trump – a título definitivo no Twitter e temporário no Facebook e You Tube – veio relançar o debate e conferir-lhe maior urgência e pertinência. Sublinhe-se que a situação é diferente na Europa e nos Estados Unidos. Enquanto na Europa existe uma responsabilidade inerente às plataformas, que as obriga a um maior controlo sobre os conteúdos, nos Estados Unidos aquelas desenvolveram-se num regime de total irresponsabilidade e num quadro jurídico (Communications Decency Act, votado em 1996) em que gozam de uma imunidade absoluta. Não podem ser responsabilizadas pelos conteúdos ilegais ou difamatórios, mas podem vedar o acesso a determinados conteúdos sem que daí decorra qualquer responsabilidade. Isto dá-lhes um enorme poder discricionário.
Uma das questões que tem surgido é se uma entidade privada tem o direito de silenciar o Presidente dos Estados Unidos (ou outro) quando este apela à violência ou ao ódio. O foco não está na exigência do encerramento das contas, mas de quem tomou a decisão. Em sentido mais lato, será sensato deixar nas mãos de empresas privadas a decisão do que é ou não contrário aos princípios democráticos e aos valores próprios de sociedades onde a humanidade é um pilar desses mesmos valores? Podem as plataformas arrogar-se o direito de controlarem o espaço público?
Estas são questões para as quais há que encontrar respostas sem atropelar o que defendemos: a democracia, a tolerância e a liberdade de expressão. Políticos há, como Angela Merkel entre outros, que defendem ter as plataformas uma grande responsabilidade e que devem agir perante conteúdos que apelam ao ódio ou de pendor racista, mas que caberá sempre ao legislador definir o quadro sob o qual a comunicação nas redes terá lugar.
Será que em nome da democracia, do direito à liberdade de expressão ou da tolerância, podemos aceitar valores e ideias (pena de morte, racismo, castração química, ódio, apelo à violência) contrárias aos valores que sustentam as nossas sociedades e sejam difundidos impunemente? Não será essa uma forma de silêncio e conluio, que nos torna cúmplices e coloca em risco o futuro coletivo que, estou certo, todos desejamos?
As sociedades evoluíram na sua relação com a humanidade tendo em conta o contexto histórico de cada época. O Direito, nomeadamente o Direito Penal, acompanhou essa evolução incorporando nos seus códigos crimes que o não eram em épocas anteriores. Não será porventura este um tempo de refletirmos sobre o que alcançamos e o que pretendemos realmente para o futuro enquanto coletivo?
Há certamente caminhos diversos para melhorarmos esta nossa relação com as tecnologias da comunicação, mas penso ser urgente e fundamental que nos currículos escolares se introduzam estas matérias e se aprenda a interpretá-las e a criticá-las tal como se faz com o texto escrito.
Sabemos, e do facto alguns terão consciência, que a questão da regulamentação/controlo das redes sociais não é pacífica e livre de controvérsia. Mas assistir de braços cruzados, à espera de que a tempestade passe, faz de nós cúmplices silenciosos da degradação do espaço público e da corrosão da democracia e das suas instituições. Até ao dia em que poderá ser demasiado tarde.
José Centeio é gestor de organizações sociais, membro do Cesis (Centro de Estudos para a Intervenção Social) e da equipa editorial do 7MARGENS
PARABÉNS, JOAQUIM!
Hoje, lembramos o Joaquim Silvério Mateus, que, nos seus 72 anos, cada vez mais começa a querer descansar e olhar para os amigos. E andamos com saudade de o ver, sinceramente. Esperamos que seja em Alcains ainda em data a determinar... Mas o livro sobre o Seminário não vai faltar. Agora estamos a angariar dinheiro para a sua impressão! E ainda só um Joaquim contribuiu...
É pelo blogue ANIMUS SEMPER que estamos a lembrar-te e felicitar-te.
MUITOS PARABÉNS, amigo! Que sejas muito feliz, com saúde e amigos.
Contacto: tel. 968 928 351
Continuam a chegar Contribuições para o Livro sobre o Seminário de Alcains. Até este momento são 46 os que contribuiram, o que já soma a bonita soma de 1.695,00 euros. Ainda falta bastante, mas vamos ter fé. AH
Abílio Cruz Martins
Abílio Delgado
Agostinho Pissarreira
Alexandre L. Nunes
Alvarino Carmo Barata
Aníbal Henriques
António Barata Afonso
António Batista Martins
António Cruz Patrocínio
António Dias Henriques
António Gil M. Dias
António José Pires
António Lopes Luís Alcains 2010
António M.R. Carvalho
Antonio Manuel L. Alves Martins
António Martins da Silva
António Pereira Ribeiro
António Rodrigues Lopes
António Santos Lopes Xavier
Assis Ribeiro Cardoso
Carlos Filipe Marques
Ernesto Jana
Eurico Pires Grilo
Eusébio Silva
Fernanda Maria Barata
Fernando Cardoso Leitão Miranda Alcains 2013
Fernando Farinha
Francisco António Correia
Francisco Luís Moura Simão
Jaime Nunes Gaspar Júnior
João Oliveira Lopes
João Luís Portela
Joaquim Mendeiros Pedro
Jorge Lopes Nogueira
José António Cardoso Pedro
José de Jesus André
José Eduardo Alves Jana
José Henrique Silva
José Manuel Barata Centeio
José Maria Lopes
José Maria Martins
José Ribeiro Andrade
José Ventura Domingos Alcains 2013
Manuel Carreiro Pires Antunes
Manuel Lopes Cardoso
Manuel Lopes Mendonça
NOTAS:
1 - O IBAN para as transferências das quotas (é assim que nomeamos o contributo!) é - PT50 0018 0000 0343 5755 0019 8.
2 - Os emails para onde devem dirigir a vossa colaboração são:
- para comunicar o nome do depositante - António Silva - antonio.m.silva1947@gmail.com
- para receberem por correio o livro logo após a impressão: florentinobeirao@hotmail.com
Mais dois aniversariantes
Nascido em 1960, aí está o Saúl Valente, dinâmico congregador da malta de Castelo Branco, profissional devotado do exército e ativo agricultor a produzir um azeite ecológico de que o colesterol tem medo... Amigo, temos de levar a vida a brincar... Corrija as minhas asneiras!
Aqui estamos a dar-lhe um abraço virtual de PARABÉNS e a desejar-lhe muitos anos de vida, com saúde e alegria. Quando nos voltamos a encontrar? Nesta foto, estávamos na Sertã (Saúl à esquerda e bem acompanhado pelo tenente coronel da GNR Carlos Lameiras, outro responsável pelos jantares da malta de Castelo Branco!).
Contacto: tel. 967 500 292
NOTA: Após contacto, soubemos que o Saúl está a passar um mau bocado devido ao Covid. Daqui lhe enviamos as nossas orações e votos de rápidas melhoras. AH
Neste dia 19-02-1971, nasce o Miguel Cordeiro, com formação em Serviço Social no Instituto Superior Miguel Torga.
Pelo seu Facebook, sabemos que vive em Osnabruque e ainda frequentou o Seminário de Coimbra. Não sabemos mais sobre este colega. Pode ser que ele apareça por aqui um dia a contar coisas. Gostávamos muito!
Aqui deixamos os nossos sinceros PARABÉNS E VOTOS DE LONGA VIDA, MUITA SAÚDE E REALIZAÇÃO DOS SEUS SONHOS...
Contacto: tel. 964 130 777
Mortes vivas
Ao longo do último ano, tempo em que já dura a dolorosa pandemia que nos tem retido confinados, embora pelos piores motivos, muito se tem falado dos idosos que vivem nas residências para idosos. Antes do covid.19, pelo que nos é dado agora saber, uma boa parte dos cidadãos e dos políticos, parece que pouco ou nada sabiam do que se passava nestas instituições, quer nas clandestinas quer nas comparticipadas pelo Estado. Esta realidade tão diversificada, geralmente escondida da sociedade, para muitos, seria completamente ignorada. Menos ainda se sabia como eram ali tratados os seus utentes a viver em residências com falta de espaço, de higiene, de cuidados de saúde e até à míngua de alimentação. Os idosos, ali “descartados” pelas suas famílias, lá permaneciam encerrados, muitas vezes entregues à sua imensa solidão, no mais puro desconforto afetivo, até que a morte os viesse chamar e os libertasse do seu sofrimento. O povo, referindo-se a estes idosos, costuma usar a expressão de pessoas que são como “mortas vivas”. Hoje, com as televisões a revelar-nos quase diariamente muitos casos de puro abandono ou de até de maus tratos aos idosos, salta-nos ao espírito a seguinte interrogação: como é possível acontecer no nosso país situações tão desumanas?
Num dos canais de televisão, na passada semana, foi mostrada uma dolorosa situação de profunda desumanidade num dos lares do distrito da Guarda, em que um dos membros do casal se encontrava a residir no mesmo lar, mas em andar diferente. Perante esta situação, o marido queixava-se à jornalista que vivia doente e prostrado na sua enorme tristeza, pelo facto de nem sequer poder ver a sua esposa. Esta realidade, em alguns lares de idosos, chega mesmo a atingir níveis de profunda insensibilidade. Felizmente, esta situação poderá não ser a norma geral.
O que importa agora, passada a pandemia, com melhor conhecimento dos problemas sociais, relativos aos idosos, é prestar redobrada atenção aos lares de idosos, uma vez que hoje já não podemos ignorar as suas gritantes deficiências. São problemas endémicos cujo acompanhamento a Inspeção da Segurança Social não pode olvidar.
As debilidades neste setor, expostas agora com tanta crueza, jamais as poderemos ignorar, como se não existissem. Não podemos ficar indiferentes a tanta incúria, praticada em algumas instituições, cujo fim não pode ser apenas o lucro fácil.
Os idosos que tanto trabalharam para nos criar e para desenvolver o país, merecem mais e melhor. Como os números revelam, esta geração de idosos é muito numerosa e tende a crescer ainda mais. Segundo a Pordata, entre 2000 e 2019, existiam mais de 596.822 residentes em Portugal, com 65 ou mais anos. E, do total de agregados domésticos unipessoais, em 2019, era de 934,1, sendo 513,2 pessoas do mesmo escalão etário. Segundo notícia da revista “dinheiro vivo”, em 2019, existiam 729 lares privados, com capacidade para cerca de 2200 idosos, representando um negócio de 330 milhões de euros.
Pelo que temos sabido ao longo de um ano da covid.19, em muitas residências para idosos, o lucro egoísta tem-se sobreposto ao cuidar das suas necessidades.
Para lidarmos com esta nova realidade, temos que nos preparar para um novo paradigma societal em que os mais velhos vão superar os mais novos. Os problemas daqui decorrentes têm a ver com o futuro da Segurança Social e do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Como é sabido, o modo como uma sociedade trata a sua população mais idosa, revela bem o grau do seu desenvolvimento civilizacional.
Quanto a nós, o ser velho não devia ser igual a estar condenado a esperar pela sua morte, mas ser considerado e tratado como uma pessoa, com direito a viver os seus últimos dias com a maior dignidade possível. Se bem pensarmos, nenhum de nós teria nascido e aprendido a viver, sem os que hoje são chamados os velhos. Os muçulmanos e os chineses, quando, a este respeito, se referem à civilização ocidental, consideram abjeta a forma como nós tratamos os nossos velhos, descartando-os quando podiam ainda permanecer nas suas casas, com o apoio social, devido a cada situação. Rematamos, chamando a atenção para a nossa problemática situação demográfica. Hoje, em Portugal nascem muito poucas crianças e, uma boa parte dos idosos acaba por morrer sozinho nos lares ou em suas casas, considerados como “mortos vivos”. Temos de virar a página.
florentinobirao@hotmail.com
Hoje, são dois a celebrar mais uma primavera!
Em 17 de Fevereiro de 1944, nasce o João Mendes Gregório, um sportinguista militante. É de Monfortinho (creio eu) e vive no Barreiro. Mas está a passar os anos no Luxemburgo, como acabo de saber.
Qualquer dia vai aparecer, ao menos para recordar os tempos de Alcains. Será? Tu é que dirás... Temos aí a campanha de colaborar na impressão do livro sobre o Seminário onde tu andaste. Não queres ajudar?
Contacto: 939068255
- Nascido em 17-02-1955, também hoje se apresenta o Luís Romão de Matos, de Oleiros e a viver em Lisboa, contactável pelo tel. 962 913 070.
Vemo-lo pelo Facebook. Esperamos encontrá-lo um dia destes, pelo menos em Alcains, a poucos quilómetros da sua terra natal, quando a pandemia o permitir. Olha, faço-te a mesma proposta que fiz ao João.
Aos estes dois amigos, MUITOS PARABÉNS e que a vida vos continue a sorrir por muitos anos em saúde, alegria e amizades.
Acabo de receber esta mensagem do José de Jesus André (Zeca):
Todos bem de saúde? Espero bem que sim, por aqui todos bem felizmente.
Caro António,
Desejo que estejas bem, assim como toda a família. Desejo também que todos os nossos companheiros e respetivas famílias se encontrem bem. Sentindo o desafio lançado no blog e reconhecendo o meu afastamento, aí vai um pequeno texto. Desta vez têm direito a uma espécie de poema (prosa versificada!). Apesar da muito diminuta disponibilidade, tentarei ser um pouco mais assíduo enviando um ou outro texto.
Forte abraço a todos.
José Centeio (Seja Feliz em Seara de Gente)
----------------------------------------------------------
Vivemos um período da nossa vida coletiva, com implicações profundas e porventura ainda não totalmente percetíveis na vida de cada um, que jamais em algum momento imaginámos ser possível. E, contudo, houve quem fosse lançando avisos. As catástrofes, as calamidades, as desgraças, a fúria da natureza maltratada, chegavam-nos através dos media, sobretudo da televisão, com o selo de uma lonjura que nos sossegava no conforto e na proteção de uma sociedade tida e entendida como desenvolvida, mesmo se às vezes fossem bem mais próximos do que a nossa indiferença nos permitia ver. Sem darmos por isso, um dia houve em que a desgraça não só nos bateu à porta como entrou de rompante pela porta dentro, invadindo e abalando a nossa intimidade de boa gente acomodada. A morte aproximou-se demasiado. Não é que ela alguma vez deixasse de estar próxima, mas ganhou visibilidade, impôs-nos a sua presença e obrigou-nos a mudar hábitos empurrando-nos para uma solidão para a qual não estávamos preparados. Mesmo se muitos de nós, na tentativa de ludibriar a morte, vivêssemos sofregamente na vã esperança de condensarmos em cada momento todos os outros que receávamos não poder viver. E assim, no meio dessa vertigem, íamos cavando uma solidão que nos impedia de fruir cada momento como único e com o encantamento de nos ter sido dada essa possibilidade.
Como é natural, essa imposição da morte assustou-nos, tornou-nos irracionais, despertou em nós medos há muito adormecidos, tornou-nos mais frágeis e vulneráveis. Mas revelou também o muito de bom que nos habita, mesmo se soltando em determinados momentos, às vezes com violência, o pouco de mau que em nós também coabita. Contradições da nossa própria e mais íntima humanidade com as quais nem sempre convivemos bem. Este período forçou-nos, mesmo se a contragosto, a confrontar-nos com as nossas fragilidades individuais e coletivas e despertou-nos, mesmo que muitos de nós disso não tenhamos consciência, para a evidência que as sociedades que construímos e que julgávamos robustas e seguras, são bem mais frágeis e inseguras do que a omnipresença do progresso tecnológico e a omnisciência presunçosa do homem nos fizeram crer.
Desnudados, indefesos e expostos à violência do que não conseguimos controlar, tornamo-nos seres vulneráveis que facilmente vão atrás de um qualquer sebastianismo gerado pelo mal-estar irracional e acrítico. Vociferamos contra tudo e contra todos afastando de nós o questionamento sobre o caminho percorrido e o que de bom fomos capazes de construir, apesar do muito que desejaríamos e não fomos capazes por inércia, comodismo, confiança demasiada em quem delegamos o poder, pelo não exercício de uma cidadania criticamente construtiva, pelo silêncio cúmplice ou apenas por cumplicidades ideológicas. O medo torna-nos, agora, prisioneiros dos nossos próprios preconceitos e coage-nos a que nos blindemos numa espécie de bunker interior cujo único horizonte de futuro é a morte precoce e lenta provocada pela gangrena individualista e solitária que nos impede de ver o sol que todos os dias se levanta e se põe, condenados de forma irremediável à pequenez de quem se pensa autossuficiente no amor. Para descanso das nossas consciências tentamos encontrar bodes expiatórios, inventamos teorias que nos servem à medida e incorporamos ideias que, sem que nos apercebamos, são contrárias e desmentem o que ainda ontem confessávamos crer e o que dizíamos ser.
Esta pandemia gerou em nós um desassossego que vai levar longo tempo a aquietar-se, a aquietar-nos. Afastado que seja o tempo das trevas e chegado o momento da serenidade e da paz, espera-se que no meio dos destroços, das feridas abertas, do luto adiado, das despedidas que não o foram, do silêncio sofrido, nos reste ainda a força suficiente para nos acompanharmos uns aos outros, sem olhar à cor da pele, ao lugar de onde vem, ao passado que cada um carrega nas costas, mas apenas com a certeza de que, ao cuidarmos uns nos outros, juntos nos salvaremos.
Tentem ser felizes em seara de gente.
Hoje ao acordar
Hoje, ao acordar
Apeteceu-me beber a vida
Lentamente, gole a gole
Sorver cada momento
Como único, porque o é
Não que noutros dias
Também ao despertar
Não me apeteça beber a vida
Mas hoje, especialmente
Quero bebê-la e saboreá-la
Sem a sofreguidão de outros dias
Talvez um dia, ao acordar
Eu acabe com a pressa de vez
E me proíba de beber a vida
De um único trago
Talvez um dia, ao acordar
Eu me dê o tempo
De sorver cada momento
E que chegado o último dia
Eu possa dizer, ao acordar:
Finalmente saciado.
José Centeio
Em 14 de Fevereiro de 1946, nasceu no Tortosendo esta criança, a quem foi dado o nome de António Eduardo Santos Oliveira.
Aposentado do seu trabalho nos hospitais, vive agora em Odivelas, dedicando-se particularmente aos convívios dos Serviços Sociais da Administração Pública, de que é um grande animador na vertente musical. Como ele sofre agora por ficar em casa!
Nos nossos encontros, o Eduardo não canta, mas marca contínua presença com a sua arte em fotografia, registando planos muito realistas, o que lhes dá um realce especial.
PARABÉNS, AMIGO EDUARDO! Desejamos-te muita saúde e alegria de viver. E continua a unir o grupo, pois só esse propósito vale a pena.
Contacto: tel. 918 302 410
Na Igreja, a Quaresma é, por natureza, um tempo catecumenal, um tempo de descoberta e redescoberta da fé cristã como relação vital de absoluta confiança no Senhor Jesus Cristo. Aliás, a Páscoa, celebração da revelação plena de Cristo para onde a Quaresma nos conduz, só ganhará densidade espiritual e existencial se a Quaresma se assumir como caminho e exercício de descoberta e redescoberta da relação com Jesus Cristo. A condição humana, cada um de nós, surpreende-se, comove-se diante de Jesus Cristo. Ele é, ao mesmo tempo, tão nosso e tão de Deus, tão humano e tão divino, tão histórico e tão do Céu e da eternidade. Antes de nos dizermos, já Ele nos conhece. Antes de lhe pedirmos, já Ele se nos disponibilizou. Com a sua palavra e os seus gestos de proximidade, cativa-nos. Com o mistério da sua Pessoa, colhe o nosso afeto, a nossa inteligência, a nossa vontade. Tocados pela sua humanidade, tornamo-nos, por bênção sua, capazes de tocar a sua divindade. Assim, rendidos e livres, estabelecemos com Ele uma relação vital de absoluta confiança, por onde, doravante, passará a vida toda. D’Ele brota uma força que não deixa ninguém indiferente e cura todos os males.