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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

Chorar

31.01.21 | asal
Obrigado, amigo, pelo teu testemunho sentido. AH
 
Faz tempo que não via ninguém chorar.

José Raposo Nunes.jpeg

Nem tinha pensado nisso, todos nós andamos demasiado distraídos, não fosse a circunstância e coincidência, de hoje, num só dia, ter estado com duas pessoas em lágrimas.
Eu sei que a gente não tem que assistir ao choro de ninguém, cada um de nós chora sozinho, às escondidas, numa espécie de encontro secreto conosco mesmos, com as nossas entranhas. E chorar não é só estar triste, angustiado, infeliz. É isso e mais que isso. É ficar lavado em lágrimas, a escorrer e em abundância pela cara abaixo, a inundar os olhos como se fossem ondas do nosso mar salgado, que ocupa quase a totalidade do nosso ser.
E foi assim que encontrei um amigo que perdeu sua mãe por estes dias. Velhinha, de 98 anos, foi na sua hora, todos o esperavam. Mas era sua mãe, mãe que o gerou, o amparou, o amou. Por isso ele chorou para mim e eu entendi. Também chorei. O choro, como o riso, são contagiantes.
Mais tarde e num outro encontro fugaz, um amigo rejubilava com um sucesso do seu próprio filho. Estava feliz, com um brilho nos olhos e o caso não era para menos. Mas, como em tudo na vida, havia por trás uma história de luta, de sofrimento, de resiliência. E ele contou, descreveu os detalhes, as quedas, os avanços, os recuos e por fim o êxito. E chorou.
Choramos por várias razões. Chorar nunca é um ato forçado, é a expressão mais pura do ser humano. E chorar não é vergonha nenhuma. Esta pandemia também nos está a tornar mais "lamechas".
E tu, há quanto tempo não choras?...
Somos frágeis.
José Raposo Nunes
 

Aniversário

31.01.21 | asal

Aqui estamos a saudar os 39 anos do nosso amigo Tiago PioTiago Pio.jpegUm jovem, muito jovem, com espírito lutador... Pelo Facebook, sabemos que é bombeiro de profissão no agrupamento de Castelo Branco. E estuda...

PARABÉNS, TIAGO! Muita saúde, que é uma preocupação tua! Muitas felicidades, muitos amigos... E que consigas escalar todos os teus objetivos. Abraço deste grupo.

Contacto: tel. 964 522 404

Eutanásia

30.01.21 | asal

Não quero deixar passar sem reflexão a aprovação da eutanásia na Assembleia da República no dia 29/01/2021. Trago para aqui dois textos importantes para quem quiser ler e informar-se mais:

1 - Comunicado da Conferência Episcopal Portuguesa

http://www.conferenciaepiscopal.pt/v1/comunicado-do-conselho-permanente-da-cep-face-a-aprovacao-da-eutanasia/ 

Eutanásia.jpg

 

2 - Texto do P. Armindo Janeiro, Presidente da Direcção da UASP

 

http://www.uasp.pt/do-estado-de-negacao-a-realidade-que-nos-esmaga/ 

Palavra do Sr. Bispo

30.01.21 | asal
JOVENS, SE VOS CALARDES, GRITARÃO AS PEDRAS

D. Antonino1.jpg

 
Cruzes, abrenúncio!... Será mesmo que as pedras agora vão falar?!... Não?!... Mas olham que foi o Papa quem o recordou!... No tempo em que se andava descalço, as pedras nunca falavam, mas faziam falar quem nelas tropeçava, e que galanteios tão bem sonantes!...
Bem, com calma, vamos lá falar de algumas pedras famosas, mais famosas que a pedra de dois olhos em Vila Velha, Brasil. Com certeza que o leitor já alguma vez disse ou ouviu suspirar: “ai se estas pedras falassem!... Quantos segredos não teriam a revelar!... Quantas correções à história não se haveriam de fazer!...”. Até “as pedras das paredes gritarão vingança e as vigas do telhado te reprovarão”, diz Habacuc sobre quem constrói a casa (a vida) com dinheiro e materiais rapinados (cf. Hab 2,14).
Com a sua serenidade de jovem feliz e empenhado, David, com uma pequena pedra na sua funda, fez os filisteus dar às de vila-diogo e defendeu a honra dos israelitas (1Sam 17, 49).
João Batista, em pose de jovem zeloso, bravo e austero, salta do deserto a apelar à coerência de vida: “Porque eu vos digo: até destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão” (Mt 3,8-9). Porque apedrejou, matou e desprezou o apelo dos profetas, Jesus chorou sobre a cidade de Jerusalém (Lc 19, 41-44), pois iria ser de tal forma espremida pelos seus inimigos que não ficaria pedra sobre pedra. E as pedras como que “falaram”, confirmando as palavras de Jesus: Jerusalém foi totalmente arrasada (Lc 21,6).
Aquando da morte de Jesus, a própria natureza associou-se àquele triste mas solene pontifical da Cruz. As pedras do Calvário fenderam-se, como que “falaram” também elas, testemunhando a morte do Salvador. O oficial do exército arregalou os olhos e, boquiaberto, exclamou: “Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus!” (Mt 27, 54).
Julgando-se exceção, os pides ou espiões do comportamento alheio, já de pedras na mão, apresentaram a Jesus uma senhora que, segundo as leis, deveria ser morta à pedrada. Jesus, com delicadeza, levou-os a reconhecer que eles eram muito piores do que ela, largaram as pedras e afastaram-se envergonhados.
Paulo, ainda jovem safadinho, foi quem guardou os mantos de quem arregaçou as mangas para matar Santo Estevão à pedrada (At 7, 54-60). Essas pedras, porém, fizeram acordar muitos para o discipulado de Cristo, inclusive o próprio Paulo.
Infelizmente, a pena de morte, por lapidação, ainda hoje é praticada em alguns países, sem que as pedras sejam capazes de mover os corações de pedra ou inverter a marcha e atingir quem as pedras manda usar.
Entre nós, para exprimir a rudeza da fraca hospitalidade, usamos a expressão: “fui recebido de pedras na mão”! “Fui recebido à pedrada!”. Também há quem saiba “atirar pedras e esconder a mão”, o que, em bom português, de antes e depois do acordo ortográfico, se traduz por cobardia! Outros há que apedrejam com invenções, calúnias, intrigas, deturpações da verdade ou meias verdades, apenas para humilhar e denegrir, pensando que assim se elevam a si próprios. Também há quem manqueje “com pedras no sapato” contra alguém, com ou sem razão. Não falta quem viva na ilusão de colocar pedras sobre assuntos mal resolvidos. Mas muito, muito mais importante e proveitoso, é que haja cada vez mais gente que goste de “sopa da pedra”, isso é que sim, dá cor e genica!.
Na entrega dos símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude aos jovens de Portugal, em 22 de novembro passado, o Papa Francisco disse-lhes: “Queridos jovens, gritai com a vossa vida que Cristo vive, que Cristo reina, que Cristo é o Senhor! Se vos calardes, garanto-vos que gritarão as pedras!” (cf. Lc 19, 40). Mas será mesmo que o Papa fez acordar as pedras e vão falar?
Bem, tudo seria possível. Aquele que tudo criou e pode, bem poderia ordenar que as pedras falassem. Mas não é isso que está em causa. Falar é uma prerrogativa humana, dotada de inteligência, vontade e capacidade para amar, pensar e comunicar. O Senhor criou-nos à sua imagem e semelhança, fez de nós pedras vivas da sua Igreja, uma Igreja edificada sobre a Pedra firme que é Pedro, sendo Cristo a Pedra angular. Chamou-nos, confiou em nós, enviou-nos em seu nome, sem pedras na mão, mas com a certeza da sua presença para nos ajudar a saltar, contornar ou retirar as pedras do caminho! Ele é a plenitude da Vida, assim se apresentou quando mandou retirar a pedra do sepulcro de Lázaro! (Jo 11, 41). As mulheres que queriam ungir o corpo de Jesus morto, pelo caminho perguntavam-se quem é que lhes iria retirar a pedra do sepulcro, pois era grande e pesada para as suas forças. Porque não desistiram perante a dificuldade, o milagre deu-se, encontraram a pedra removida e foi excelente o raiar daquela madrugada (Mc 16,4).
Seguros nas nossas capacidades, nem sempre queremos perceber o amor e os sinais que o Senhor nos dá para nos chamar à pedra!... Facilmente viramos resmungões. O Senhor, porém, deve rir-se destas nossas subtilezas, mas não desiste de nós, serve-se de tudo, às vezes de coisas insignificantes, impensáveis, estranhas até. A título de exemplo, recordo o que aconteceu a Balaão quando teimava em seguir por caminho errado. A sua jumenta - ora vejam lá! -, a sua jumenta viu primeiro do que ele que por aí é que não deveria ir, e não foi, deitou-se debaixo do assanhado Balaão. Acasmurrado com tão asinina atitude, logo pulou, de bastão na mão, furioso, a zurzir nos costados da pobre e fiel burrita. Com ameaças de morte, despejou nela uma forte carga de porrada em três atos de furibunda e intervalada raiva. A façanha durou tanto tempo quanto Balaão precisou para ver e reconhecer os sinais que Deus lhe dava para que mudasse de rumo e não se encaminhasse para a morte. Se fosse hoje, não se esquivaria dos tribunais humanos do bom senso, nem da impertinência dos caçadores de notícias quais abelhas à volta da colmeia com perguntas de lhe moer o toutiço, tampouco faltaria quem dissesse que ele é que merecia um arraial de pancadaria a colocá-lo entre a cruz e a caldeirinha!... (cf. Nm 22, 1-41).
Aquela frase, recordada pelo Santo Padre aos jovens, é uma bonita forma de exprimir a força e a certeza de que a vontade de Deus não pode ser calada. Essa expressão situa-se no contexto da entrada solene de Jesus em Jerusalém. O povo acompanhava e aclamava Jesus, maravilhado com o que Ele dizia e fazia. A multidão, de ramos na mão e capas pelo chão, aclamava-o entusiasticamente. Os fariseus, assaltados por uma terrível dor de cotovelo, ficaram com ciúmes, não viram com bons olhos esse entusiasmo do povo, reconhecendo Jesus como o Messias. No entanto, se incomodados com a aclamação e adesão do povo a Jesus, eles não tinham coragem para agir, sabiam as consequências se o viessem a fazer. Então, com cara de caso e de quem manda, dirigiram-se a Jesus para que Ele repreendesse os seus discípulos e acabasse com toda aquela festiva algazarra: “Mestre, repreende os teus discípulos”. Jesus, porém, respondeu: “Eu vos digo, se eles se calarem, as pedras gritarão” (Lc 19, 35-40). Não era que isso fosse acontecer, mas a sua hora é que tinha chegado e ninguém a poderia silenciar. O entusiasmo do povo era inevitável, tinha chegado a hora de Jesus se manifestar, Ele era o enviado de Deus, o Messias, aquele de quem as Escrituras falavam. Ninguém o poderia esconder, ninguém o poderia calar, nem que fosse necessário que as pedras gritassem.
Essa Hora e Hoje de Jesus é também o nosso hoje. Por isso, caro jovem e menos jovem, não te canses de gritar com a tua vida “que Cristo vive, que Cristo reina, que Cristo é o Senhor!” (cf. Lc 19, 40). “Proclama a Palavra, insiste, no tempo oportuno e inoportuno, refuta, adverte, exorta com toda a paciência e doutrina. Pois virá um tempo em que alguns não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, desejosos de ouvir novidades, rodear-se-ão de mestres a seu bel-prazer. Desviarão os ouvidos da verdade, orientando-se para as fábulas” (2Tm 4, 2-5).
Se, com Deus, até das pedras podem nascer filhos de Abraão, os filhos de Abraão, sem Deus, podem virar em pedras. Tudo o que o homem é e tem, tem-no e é por graça de Deus. Por isso, aquele que se gloria, glorie-se no Senhor, diz São Paulo.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 29-01-2021.

A nossa campanha

29.01.21 | asal

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ATENÇÃO, AMIGOS!

Volto a lembrar a todos os amigos o PROJETO em que estamos empenhados neste momento - a impressão de um livro sobre a história dos 90 anos do Seminário de Alcains. Já sairam duas mensagens que podem ser lidas agora clicando nos dois links seguintes:

 

- https://animussemper.blogs.sapo.pt/um-livro-em-frente-683768?tc=61937831860

- https://animussemper.blogs.sapo.pt/ja-chegaram-respostas-685581 

Brevemente sairá a primeira lista dos contribuintes líquidos para o projeto. AH

Aniversário

29.01.21 | asal

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Faz hoje anos o Abílio  Delgado, do Vergão Fundeiro, um bancário na reforma e a viver com todo o gosto e muita alegria ali ao lado, na turística Ericeira, onde ainda oferece os seus préstimos à solidariedade social na Ericeira Domus.

Hoje estamos contigo, Abílio, nos teus 72, com os nosso PARABÉNS e votos de muita alegria e saúde por muitos anos. Na foto, com a esposa no magusto do Restelo em 2019.

Contacto: tel. 936 273 580

Aniversário

28.01.21 | asal

Hoje é o dia de anos do Celestino Pinheiro, do Vale da Mua, nascido em 28-01-1955.

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Frequentou as Universidades do Porto e Católica, leccionou na Secundária de S. João da Madeira, onde vive, e presentemente goza a sua jubilação, sem ter parado ainda, pois continua ligado à Universidade Sénior da sua terra. Bonita vida! Sim, eu bem o sei...

Meu caro, aqui vão os PARABÉNS DO GRUPO, com votos de muita saúde e alegria de viver... 

Contacto: tel. 967934495.

Aniversários

27.01.21 | asal

Mais dois amigos em festa

Celebra hoje o seu 77.º aniversário o P. Joaquim Martins Valente, Diretor in solidum do Secretariado P Joaquim M Valente.jpgDiocesano das Missões e das Obras Missionárias Pontifícias; Pároco in solidum (moderador) de Alpalhão, Amieira do Tejo, Arez, Gáfete, Montalvão, Nisa (Espírito Santo e Senhora da Graça), Santana, São Matias do Cacheiro, São Simão do Pé da Serra e Tolosa.

No meio de tanto espaço, desejamos ao P. Valente muita energia para cumprir a sua missão. Aqui ficam os nossos PARABÉNS e a nossa amizade.

Contacto: tel. 960 047 412


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MAIS UM ANIVERSARIANTE, O LUÍS COSTA

Colaborador permanente da "Reconquista", trabalhou na Escola Superior de Educação de Castelo Branco, cidade onde reside.

O Luís Costa faz hoje 70 primaveras. Deixamos um abraço de PARABÉNS e votos de muita saúde e felicidade por muitos anos. 

Sem contacto telefónico.

A Palavra

26.01.21 | asal

Meu Querido Amigo

 Junto envio o texto sobre o Dia 24, o domingo da PALAVRA DE DEUS. Agradecia que colocasses imagens do "Bom Samaritano" de Van Gogh, a "Betsabé com a Carta de David " de Rembrandt e "A decapitação de Holofernes  pela Judite" de  Caravaggio, que me parece ter também um belo Bom Samaritano, mas não encontro. Como a Antonieta e tu sois especialistas em HIstória de Arte, peço-vos esse favor. Isto se te parecer adequado. Com um grande agradecimento e um abraço anti-pandémico em Jesus, Salvador. João Lopes

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DIA 24 DE JANEIRO : A Missa do Domingo da Palavra

   Assisti à Missa da Festa da Bíblia através da RAI UNO, às 10.h em Itália e 9.h aqui. O Papa Francisco fez uma pequena alocução sobre o papel da leitura das Escrituras Sagradas na construção da própria identidade cristã. A Bíblia, na sua totalidade textual, é o documento vivo, sempre atualizável, da nossa Fé em Cristo Jesus, ponto de convergência dos textos sagrados  e lugar de encontro com Deus  e com os outros.

   Entretanto, pela coxia da basílica, desfilava o habitual cortejo, em direção ao Altar, junto do baldaquino de bronze, com as suas quatro colunas salomónicas, obra de Bernini (1624-1633), sinalizando o lugar do túmulo de Pedro, que Jesus consagrou como a pedra angular da sua Igreja.  Coube a Mons. Fisichella presidir à Eucaristia, sendo a homilia da autoria do Santo Padre, que o celebrante se limitou a ler.

   Três grandes Bíblias de capa branca são colocadas em lugar de destaque.

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  A 1ª leitura focou-se na pregação de Jonas, o profeta contrariado e rebelde, enviado por Deus a pregar a conversão do Povo de Ninive, capital do novo Império da Assíria, na margem do rio Tigre. Jonas viveu no séc. VIII, no tempo do reinado de Jeroboão II (783-743) e partilhava as ideias nacionalistas do rei, segundo as quais, Israel tinha o monopólio exclusivo da Salvação.  Tentando eximir-se ao apelo de Deus, tentou trocar-lhe as voltas. Deus  apanhou-o, repreendeu-o e obriga-o a dirigir-se a Ninive a pregar a conversão, que foi acatada pelo rei e todo o povo pagão.  A mensagem é clara:  A Palavra salvadora tem uma dimensão universalista e os pagãos também têm direito a inserir-se no plano de Deus.  O texto, escrito pelo século V a.C., já depois do exílio da Babilónia, tem uma ligação íntima com a novidade do Evangelho, que muitos pagãos aceitam com espontaneidade e alegria.

  A 2ª leitura, tirada de 1ª Coríntios(7, 29-32), versa o tópico escatológico do fim dos tempos e a espinhosa questão do Matrimónio e do Celibato. “… o tempo é breve. De agora em diante, os que têm mulher vivam como se a não tivessem; os que choram, como se não chorassem… Porque este mundo de aparência está a terminar.” O Papa evita o processo retórico de Paulo, com as suas antíteses e contradições, à maneira rabínica, e aproveita o motivo da imprevisibilidade do fim (e da pandemia) para inculcar em nós a necessidade da atenção gentil e generosa que nos devemos uns aos outros, o amor gratuito e total que nos define como cristãos, independentemente do estado civil ou estatuto  social -temática nuclear da Fratelli Tutti.

    O trecho evangélico de Mc, 1, 14-22 foi objeto de um comentário sóbrio e simples, de acordo, aliás, com as caraterísticas do texto de Marcos, que o terá escrito antes de 70, reflectindo a catequese de Pedro aos romanos. O Papa Bergoglio surpreende-nos pela sua originalidade e o gosto do trocadilho: Vejam, João está parado num sítio a baptizar, recebendo as pessoas que o procuravam. Jesus, ao invés, vai à procura das pessoas que se encontram na margem, um grupo de pescadores rudes e ignorantes. Chama-os não com argumentos teóricos, mas indo diretamente ao coração. A sua Presença impõe-se, despertando logo uma relação de Fé e confiança total na Sua Pessoa.” Vinde…Deixando as redes, o seguiram.” Desenvolve, então, o tópico da vizinhança de Deus. “ Dio è vicinissimo alla nostra umanità” A sua Palavra consola, isto é, está perto de quem está só.  Esta vizinhança divina cumpre-se inteiramente na Sua Palavra, que se traduz num convite ao diálogo, à comunicação e não ao solilóquio. Seria bom, insiste o Santo Padre, fecharmos a televisão, o “telefonino”, para abrirmos a Bíblia e fixarmo-nos num versículo ou num trecho com atenção.  A Palavra que, através dos textos, se organiza em linguagem humana,   com os seus códigos e géneros literários diversos “ O Verbo se fez Carne”, abarcando todos os âmbitos da vida,  é uma “CARTA” que Deus nos envia para ser lida e compreendida, pessoal e comunitariamente.

  No final, fez-se a Entronização das Escrituras Sagradas, segundo o ritual ortodoxo. A várias pessoas foi oferecida uma Bíblia, incluindo a um cego em Braille.

   No programa À sua immagine, foi dito que a Bíblia é o livro mais traduzido e vendido no mundo. Em cada minuto, se vende uma Bíblia. Nas suas 800.000 palavras (número que, por motivos de ordem linguística,  julgo não poder ser exato), se plasma o plano salvífico de Deus, sendo, ao mesmo tempo, uma fonte inesgotável de inspiração artística. Um ator confessou identificar-se mais com a figura de Noé, porque salvou todos os animais. Podia, ao menos esquecer-se dos morcegos e pangolins! Claro, continuou, o problema não está aqui, mas na ganância e crueldade do ser humano, que, tornando comestível o que, de si, não o  é, provoca desequilíbrios bio–ecológicos insustentáveis e aberrantes. “Laudato SI” impõe-se, como regulador de uma nova ordem mundial.

 Perdoem o meu atrevimento, mas vou indicar alguma bibliografia fundamental:

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* Três bíblias a recomendar pelas suas introduções e aparato de notas: A da Difusora Bíblica, Capuchinhos, Lisboa/ Fátima; A Bíblia Pastoral, 2 vols, Ediclube, Alfragide, 1996, com ilustrações belíssimas de Gustave Doré; La Sainte Bible de Jérusalem. Paris, Du Cerf, 1956 (fabulosa!  Um tesouro para quem a guarda,  desde o tempo de Portalegre);

* A Interpretação da Bíblia na Igreja, Secretariado Geral do Episcopado, Lisboa, Rei dos Livros, 1993 (Uma esplêndida síntese dos métodos e formas de abordagem ao TEXTO BÍBLICO);

* Toda a obra do P. Carreira das Neves: Jesus de Nazaré. Quem és tu?;  Jesus Cristo, História e Mistério, Ed. Franciscanas;   Ler a Bíblia no século XXI. Lisboa, Ed. Presença.

* O Grande Atlas da Bíblia, Difusora bíblica.

 * Quesnel, Michel, Jesus, o Homem e o Filho de Deus, Lisboa, Gradiva, 2005

  * Lourenço. João Duarte, O Mundo judaico em que Jesus viveu, U.C.P. Lisboa, 2005 (O Professor João Lourenço tem orientado cursos bíblicos, de um ano, sistema misto online e presencial, com trabalhos escritos classificados. Frequentei com muito sucesso e felicidade pessoal). Na Universidade Católica, há uma Livraria aberta ao público, com obras atualizadas nesta área de estudo.  Ver Tolentino Mendonça, A Leitura  Infinita, a Bíblia e a sua Interpretação, Paulinas, 2ª ed. 2015;

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* A revista Bíblica dos Capuchinhos, Difusora Bíblica, pedido a Rua de São Francisco, 160, Apartado 208, 2496-908, Fátima (assinatura anual 10 euros);  E os Famosos Cadernos Bíblicos. Traduzidos e elaborados pelos maiores especialistas de Estudos Bíblicos. Cada um, à volta de 7 a 8 euros. 

Se quiserem questionar alguma coisa, estou inteiramente à vossa disposição, pronto para aceitar qualquer espécie de crítica. Com esta idade, já não me zango!!!

  Coimbra, João Lopes

 

NOTA: Meu Bom António

 Muito agradecido pela tua atenção. O motivo pelo qual julgo ilustrativo  o facto da apresentação das imagens indicadas ou outras prende-se com a afirmação tantas vezes repetida de que a Bíblia tem sido fonte de inspiração para as obras de arte visual ou plástica e literária, como  a Divina Comédia. O grande crítico de Literatura que foi Harold Bloom, autor do Cânone Ocidental, e que um dia aqui apresentarei, não cessa de o dizer. Eu  digo isso no texto e ouvi-o repetido no programa à sua immmagine após a celebração no canal do Vaticano da RaiUno.   Um grande abraço, João Lopes
 

Mais um vídeo

26.01.21 | asal
O passado também molda e enriquece o nosso presente. E enquanto o presente nos afasta uns dos outros, vamo-nos unindo e animando com o passado "ante pandemiam". Obrigado, António Colaço. AH
 
QUANDO MENOS SE ESPERA

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Reencontras um antigo colega, um ano mais velho e que não vias desde 1967, de seu nome António Ventura.!!!

Era um exímio jogador de futebol que eu admirava, grande ponta de lança que meteria o Ronaldo a um canto..
Hoje é um apaixonado por Oleiros e descubram as mil e uma coisas que faz!!!
Reencontramo-nos há um ano, neste dia 25/01, na Adega dos Apalaches. Ainda não sabiamos do Cabrão!!!
António Colaço

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COMENTÁRIO OPORTUNO
 
Grande abraço, amigo António Ventura de Oleiros, Castelo Branco.
Melhor esquerdino no futebol de 11 do meu ano de entrada no Seminário em Gavião ano 1962/1963 e não só; grande solista no cantorio, só não batia o Anselmo que julgo igualmente de Oleiros, mas já repetente e se era gago com um timbre de voz tenor ou coisa que o valha. Se faz parte dos vivos entre nós para ele um forte abraço e já lá vão cerca de 60 anos que nos encontramos.

Aniversários

26.01.21 | asal

PARABÉNS A DOIS!

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- Nos Montes da Senhora nasce em 26-01-1946 o P.e Ilídio Alberto Ribeiro Mendonça, meu vizinho (quase que te via do Ripanso!), que, além de Assistente do Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar, é presentemente Pároco de Alcains, Caféde, Escalos de Baixo e de Cima, Lardosa, Lousa, Mata, Póvoa de Rio de Moinhos, Sobral do Campo e Tinalhas.

Deita o coração ao largo, que o que tu não podes fazer nessas tantas terras, será Deus a fazê-lo! 

Contactável pelo tel. 964 800 277.

 

João Inácio.jpg

 

- Vem a seguir o João da Silva Inácio, nascido na Sertã em 26-01-46, a viver em Almada. No seu Facebook, sobressai a sua ligação ao Batalhão de Caçadores e e ainda as suas preocupações ambientais. Mais não sabemos.

Contactável pelo tel. 966 920 927.

PARABÉNS AOS DOIS AMIGOS! SEJAM FELIZES...

Aniversário

24.01.21 | asal

João Bar Serrasqueiro.jpg

Faz hoje 71 anos o João Barata Serrasqueiro, Diácono Permanente a viver em Castelo Branco.

Na pastoral da Igreja, o João é adstrito ao serviço das Paróquias de São Miguel da Sé, São José Operário (Castelo Branco) e Benquerenças. Desempenha ainda a função de Notário do Tribunal Eclesiástico.

A este aniversariante damos os PARABÉNS e desejamos-lhe muitos anos de vida com saúde e felicidade.

Contacto: tel.  966 827 221

Aniversários

23.01.21 | asal

HOJE, DAMOS PARABÉNS A DOIS AMIGOS:

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- Ao Florentino Vicente Beirão, que nos habituámos a ver e ler nestas páginas, sempre muito oportuno nos seus temas, grande investigador, atento à vida da nossa associação e elemento activo desta Comissão que assumiu trabalhar pela animação do grupo dos antigos alunos dos seminários de Portalegre e Castelo Branco. Neste momento, prepara o livro sobre o Seminário de Alcains, com a colaboração de quem quiser escrever episódios da sua passagem por lá. Ele aceita textos até ao fim do mês.

Nasceu em 23-01-44 em Alcains, formou-se e viveu do ensino, gozando a sua jubilação na sua terra natal.

Contacto: tel. 964 819 423

 

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- Também faz anos o Francisco Ferreira Martins, nascido em 23-01-49. Sabemos que trabalhou na Caixa Geral de Depósitos e vive em Oleiros, passeia como benfiquista por aí fora e pertence à Confraria Gastronómica do Cabrito Estonado. Mais não sabemos.

Contacto: tel. 249 311 590

PARABÉNS AOS DOIS ANIVERSARIANTES. Sejam felizes na vida pessoal e familiar e que não vos faltem amigos e muitas razões de viver.

Palavra do Sr. Bispo

22.01.21 | asal
O QUÊ?!... ESTA É A BÍBLIA DO PAPA?!...

D. Antonino1.jpg

 

Mas será mesmo causa de reparo?!... Pois, pois, para que isso fique esclarecido e ninguém fique com dúvidas, hoje, mui respeitosamente, com todas as vénias e cortesias, vou solicitar a sua Santidade o favor de se explicar perante os meus amigos leitores. Embora todos os dias o sejam, ou devam ser, aproxima-se o dia por excelência da Bíblia. Isto é, em cada ano e por iniciativa do Papa Francisco, o III Domingo do tempo comum é o “Dia da Palavra de Deus”. A propósito, e porque não devemos esquecer a sua divulgação, recordo também, a todos, a Bíblia Youcat para os jovens. Faz parte da Coleção Youcat, é notável pela sua apresentação, pela síntese que faz, pelos testemunhos que deixa, pela equipa de peritos internacionais que a elaborou. Pois é aí, no Prefácio dessa Bíblia, que o Santo Padre se explica e nos deixa um belo testemunho sobre a sua relação com a Bíblia. Eis o texto, um estímulo e um apelo, para os jovens e menos jovens:
“Meus queridos jovens amigos,
Se vocês vissem a minha Bíblia, talvez não ficassem muito impressionados. Diriam: “O quê? Esta é a Bíblia do Papa? Que livro tão velho e usado!”. Poderiam também oferecer-me uma nova, talvez uma que custasse 1000 euros, mas eu não gostaria dela. Amo a minha velha Bíblia, aquela que me acompanhou durante metade da vida. Viu as minhas alegrias, foi banhada pelas minhas lágrimas: é o meu inestimável tesouro. Vivo dela e por nada do mundo me desfaço dela.
A Bíblia para os jovens, que acabaram de abrir, agrada-me muito: é tão viva, tão rica em testemunhos de santos, de jovens, que dá vontade de a ler de uma só vez, desde a primeira até à última página. E depois? Depois escondem-na, fazem-na desaparecer numa prateleira de uma biblioteca, quem sabe atrás, na terceira fila, onde acaba por acumular pó. Até ao dia em que os vossos filhos a venderão numa feira de velharias. Não, isto não pode acontecer!
Quero dizer-vos uma coisa: na atualidade, mais do que no início da Igreja, os cristãos são perseguidos; por que razão? São perseguidos porque usam uma cruz e dão testemunho de Cristo; são condenados porque têm uma Bíblia. Então, a Bíblia é um livro extremamente perigoso, de tal forma que em certos países quem possui uma Bíblia é tratado como se escondesse granadas no armário! Mahatma Gandhi, que não era cristão, uma vez referiu: “A vocês cristãos é confiado um texto que tem em si uma quantidade de dinamite suficiente para fazer explodir em mil pedaços a civilização inteira, para colocar de cabeça para baixo o mundo e levar a paz a um planeta devastado pela guerra. Porém, tratam-no como se fosse simplesmente uma obra literária, nada mais do que isso”.
O que é que vocês têm, então, nas mãos? Uma obra-prima literária? Uma seleção de antigas e belas histórias? Neste caso, seria necessário dizer aos muitos cristãos que se deixam aprisionar e torturar pela Bíblia: “Vocês são realmente tolos e pouco sábios: é somente uma obra literária!”. Não, com a Palavra de Deus, a luz veio ao mundo e nunca mais se apagou. Na minha Exortação Apostólica Evangelii gaudium (n.º 175) escrevi: “nós não procuramos Deus tateando, nem precisamos de esperar que Ele nos dirija a palavra, porque realmente “Deus falou, já não é o grande desconhecido, mas mostrou-Se a Si mesmo”. Acolhamos o tesouro sublime da Palavra revelada!”
Portanto, vocês têm nas mãos algo de divino: um livro como fogo, um livro no qual Deus fala. Por isso, recordem-se: a Bíblia não é feita para ser colocada numa prateleira, mas para ser levada na mão, para ser lida frequentemente, a cada dia, quer sozinho, quer acompanhado. De facto, vocês praticam desporto em grupo, vão ao centro comercial acompanhados; porque não ler juntos, em grupos de dois, três ou quatro, a Bíblia? Talvez ao ar livre, imersos na natureza, no bosque, á beira-mar, de noite à luz das velas... fariam uma experiência forte e envolvente. Ou talvez tenham medo de parecer ridículos diante dos outros?
Leiam com atenção. Não permaneçam à superfície, como se faz com histórias de banda desenhada! A Palavra de Deus não pode ser lida com “uma vista de olhos”! Antes, perguntem-se: “O que diz este texto ao meu coração? Deus fala-me através desta palavra? É possível que suscite anseios, a minha sede profunda? O que devo fazer?”. Somente desta forma a Palavra de Deus poderá mostrar toda a sua força; somente assim a nossa vida se poderá transformar, tornando-se plena e bela.
Quero confidenciar-vos como leio a minha Bíblia. Pego nela frequentemente, leio um pouco, depois coloco-a de lado e deixo que o Senhor olhe parta mim. Não sou eu que olho para Ele, mas é Ele que olha para mim: Deus está realmente ali, presente. Assim que me deixo observar por Ele e escuto – e não é certo sentimentalismo -, percebo no mais profundo do meu ser aquilo que o Senhor me diz. Às vezes não fala: então não ouço nada, somente vazio, vazio, vazio... Mas, paciente, permaneço lá e espero por Ele, lendo e rezando. Rezo sentado, porque me faz mal ficar de joelhos. Por vezes, quando estou a rezar, chego até a adormecer, mas não há problema: sou como um filho próximo do seu pai, e isto é o que interessa.
Querem fazer-me feliz? Leiam a Bíblia!
Vosso, Papa Francisco”.
Reitero a sugestão que aqui deixei na semana passada: que cada família, como pequenina Igreja doméstica e primeira escola de fé e oração, no Dia da Palavra de Deus, destaque, lá em casa, em local nobre, a Sagrada Escritura, podendo continuar aí pelo tempo fora, como sinal e presença. Sendo o Evangelho de São Marcos o Evangelho deste ano litúrgico, sugiro, agora e ao longo do ano, a leitura do seu Evangelho. E que bom seria se, de cada um de nós, se pudesse dizer o que Santo Atanásio diz de Santo Antão: ao ler a Sagrada Escritura, nada lhe esquecia, “tudo retinha de tal maneira que a sua memória acabou por substituir o livro”.
No site da Diocese poderá encontra uma sugestão que o Secretariado da Pastoral preparou para uma celebração da Palavra em família. Basta carregar neste link:
 
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 22-01-2021.

O óbolo

22.01.21 | asal

Meu Caro António, hoje, não pude sair. Aproveitei a tarde para ler e escrever sobre o de que mais gosto: as Sagradas Escrituras. A literatura profana que espere! Já lhe dediquei muito tempo. E o que me resta... Indicarei depois os livros mais acessíveis sobre Jesus para quem quiser. João

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Preparando o dia 24… lembrado aqui pelo nosso Bispo.

 

   Segundo Tolentino de Mendonça, Lucas tem como objetivo principal apresentar-nos o longo processo da identificação de Jesus. Quem é afinal este homem ? Era a pergunta que os seus leitores do mundo pagão, romano e helenístico se faziam.

  Aponta alguns pontos altos em que Jesus se revela como homem e pessoa, dotada de uma inteligência e sensibilidade extraordinárias, muito acima do comum. Os fariseus, abertos à novidade, e um dos quatro grupos do panorama judaico menos antipáticos para Jesus (entre os Saduceus, Zelotas e Essénios) gostavam de o convidar para a sua mesa. Vejamos apenas dois ou três episódios focados nas relações de Jesus com esse grupo, empenhado no escrupuloso cumprimento da Lei, pregação e estudo das Escrituras e na Oração.

  O Doutor e Cardeal Tolentino elabora toda a sua tese de doutoramento sobre o comentário de Lc, 36-49, o da famosa pecadora sem nome, que, sabendo da presença de Jesus em casa de Simão, fariseu, irrompe pela sala de jantar, sem pedir licença; reconhece imediatamente o convidado, coloca-se aos seus pés que banha com lágrimas, enxagua-os com os cabelos, ungindo-os com  perfume.  Não diz palavra, mas aqueles gestos da mais elementar hospitalidade, acompanhados de um sentimento de amor profundo, têm um impacto emocional tremendo sobre o ambiente dos convivas.

  O anfitrião sente-se duplamente escandalizado: ela acabara de fazer o que ele não fizera, mas devia, como mandavam as regras. E, se Jesus era o profeta que o povo proclamava na praça pública, porque se atreve a receber, com manifesto agrado, aquela manifestação de carinho por parte de uma mulher impura?  De facto, entre o mundo do fariseu e o de Jesus havia uma distância abissal! E duas concepções de Deus, do homem e da mulher, absolutamente antagónicas. O clímax daquela assombrosa revelação acontece quando Jesus diz ao anfitrião: “Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados porque muito amou.”  E muito amou porque já vinha acreditando na bondade infinita de Jesus. A Fé terá começado quando, pela vez primeira, o viu e ouviu. Lucas omite este facto porque acredita, antes de mais, na inteligência dos seus leitores.

  Um outro episódio relata-nos a discussão com os saduceus a propósito da ressurreição dos mortos. A argumentação de Jesus, própria de um verdadeiro Rabino, Mestre da Lei oral e escrita e especialista nas técnicas da interpretação (MIDRASH  HalaKa e outras de que tratarei noutra altura sobre as caraterísticas da escrita e da leitura especificamente hebraicas) mereceu logo ali a concordância dos fariseus. Lc. 20,27 e ss. Os Doutores da Lei, o grupo mais culto dos fariseus, assombrado com a capacidade argumentativa do Mestre, passaram-lhe logo ali uma espécie de certidão de doutoramento.  “ E já não se atreviam a interrogá-lo sobre mais nada.”  

      Era o fim de um aceso e longo debate começado quando Jesus tinha apenas doze anos! No fim do 2º ciclo de estudos, provavelmente em Séforis, como direi na próxima ocasião.

     Só que o doce e contundente Rabbi da Galileia não se deixou calar pela lisonja e logo ali dispara contra a hipocrisia dos doutores da Lei e a sua pouca vergonha em devorar, com orações, os bens das viúvas. E, como palavra puxa palavra, o evangelista refere, de imediato, a pequenina cena do óbolo da viúva. “ Viu também uma viúva pobre deitar lá duas moedinhas. (21,2.)

   Esta viúva pobre (mas não uma pobre viúva!) deitou mais do que os outros, porque, apesar da sua indigência, o fez com o coração e não por vaidade. E assim ficou um gesto, para sempre gravado na memória dos séculos, até aos dias de hoje.

João Lopes  

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