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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

Há um ano atrás

30.11.20 | asal

Não resisto a transportar para aqui a primeira reação ao nosso Encontro - Magusto do ano passado, realizado faz hoje um ano. Foi nas instalações da Igreja de S. Francisco Xavier, Restelo, onde fomos bem recebidos, graças também aos contactos do Manuel Pires Antunes.

Como se vê, muita coisa nos está a faltar este ano. Temos de resistir, com força e prudência, aos dias da pandemia. Ainda hoje falei com o António Xavier por causa das dúvidas do Facebook e cá por dentro eu fervia com vontade de ir até Sacavém. Que tristeza! Mas depois, ao saber que uma família infetou 15 pessoas numa festinha de aniversário, outra notícia de agora, acho que a prudência é bem-vinda... Abraço virtual aos amigos que passam por aqui com estas poucas notícias. AH

 

Enquanto não chegam mais fotos, fiquem com esta. 

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Saborosa a feijoada, saborosa a sobremesa, saborosas as castanhas... Mas ainda mais saborosa a amizade que nos une. Houve alguns abraços que me comoveram.

Alegria por vermos alguns que há muito não víamos. Alegria e preocupação por vermos outros já trôpegos, seguindo a lei da vida a que todos obedecemos...

Obrigado a todos que quiseram transformar em real a relação virtual que todos os dias vamos alimentando. Cara a cara, é outra coisa. E lembrámos a "Vintóitma" do Chico Cristóvão, e lembrámos as peripécias do P. Milheiro, e desta vez até veio à mesa o perú do Cardeal. Mas essa não se conta a todos...

Boa noite. AH

Estados Desunidos da América

29.11.20 | asal
Amigo Henriques, não podia fugir ao tema que, nos últimos tempos, tem feito correr tanta tinta.
Depois dos tempos do troglodita Trump, rejubilo com os novos tempos que aí vêm. Parece-me, pela amostra, que será gente mais séria e que irá tentar reverter tantas asneiras cometidas, por uma cabeça desmiolada que só via dinheiro à sua frente. Sabendo que não há políticos perfeitos, acredito e rejubilo com esta mudança na Casa Branca. Oxalá, o mundo conheça melhores dias.
Será que em maio nos iremos já encontrar em Alcains? Ao fundo do túnel, parece que já nos ilumina uma bruxuleante Esperança!!!!
Um forte abraço e votos de saúde

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Florentino Beirão
 

 

Eleições não afastam pesadelo

Terminada que está a contagem dos votos das últimas eleições nos Estados Unidos da América, o democrata e católico Joe Biden foi o claro vencedor. Só que, pasme-se, o republicano vencido, o presidente Donald Trump, na sua empedernida casmurrice, não se deu por vencido, acusando os democratas de lhe terem roubado votos. Persistindo nesta falsidade, vai continuando a incendiar os seus fanatizados fãs, sustentando a sua suposta vitória. Com esta falta de sentido democrático, tem procurado arrastar a sua declaração de candidato vencedor. Esta situação acontece porque, quanto a nós, a democracia dos Estados Unidos, o país mais rico e poderoso do mundo, se encontrar doente com o seu corpo fraturado. Negando os resultados das eleições, o candidato republicano - impreparado, boçal, autocrático e fanfarrão, ao longo da sua administração foi espalhando a sua ideologia por alguns países do globo que o têm vindo a imitar. Contradizendo-se continuamente, inventando falsas notícias, encerrado no seu nacionalismo fechado e tacanho, não acreditando na ciência face à atual mortífera pandemia, tem-se vindo a arrastar penosamente, numa confrangedora farsa política. Por incrível que pareça, ainda conseguiu 67 milhões de votos, deixando o seu país num pesadelo e em penosa convalescença. É neste contexto, com os Estados Unidos divididos que o vencedor das eleições, o experiente e pacificador J. Biden, terá que lidar nos próximos anos, como o primeiro responsável da maior potência mundial.

Esta tarefa não lhe será fácil de desempenhar, dado que o seu país contém no seu seio vastas camadas de trabalhadores rurais desfavorecidas e muitos a viver nos subúrbios das cidades, em estado de pobreza, sem fácil acesso aos serviços de saúde. Um vasto campo de pessoas onde os populismos medram facilmente, a tolerância política e social se dilui e a democracia vegeta. Sabe-se ainda que na América existe 1% de grandes capitalistas a controlar 40% de toda a riqueza nacional. Numa sociedade tão desigual, será uma difícil e complexa tarefa para Biden, se quiser alterar esta explosiva situação e tentar resolver com determinação e muita sabedoria política, o mais rápido possível, os graves e concretos problemas com que hoje se debate uma grande parte da população do seu país.

Por outro lado, é bem possível que o derrotado Trump possa ainda querer continuar a andar por aí, ativo politicamente e na televisão, com o seu populismo demagógico, a atiçar os seus devotos, numa onda contínua de elevada emoção popular, junto dos mais pobres e iletrados americanos. Por isso, os seus tiques antidemocráticos, só poderão ser derrotados se a nova Administração da USA, conseguir responder aos principais e concretos problemas dos cidadãos, explicando-lhes, de modo transparente, as razões da sua estratégia que deve nortear-se pelo bem-comum.

 Seria louvável que a atual crise da ferida democracia americana também possa servir de lição para outras democracias, ameaçadas nos últimos tempos, por uma vaga de partidos populistas e xenófobos, a alastrar em vários países.

Espera-se agora que o vitorioso J. Biden, para onde muitos olhares se viram, com a tomada de posse marcada para 20.01.2021, seja uma luz forte, para o nosso ensombrado mundo.

Mas quem é J. Biden, acabado de ser eleito? Foi Vice-Presidente na administração Obama, e politicamente, é considerado uma personalidade moderada. Teimoso nas suas convicções, muito sofrido familiarmente, prometeu unir os americanos e retomar as anteriores grandes linhas políticas e sociais, combatidas ou destruídas no último mandato, tanto na política interna como na externa.

Escolhendo para sua vice-presidente Kamala Harris, uma negra elegante e muito jovem, filha de emigrantes, já deu um claro sinal de que vai tentar virar a página da xenofobia e do racismo, na qual a América vive mergulhada.

A nível internacional, a principal tarefa da nova Administração de Biden deve consistir em encontrar um equilíbrio entre o excessivo intervencionismo e a abdicação dos assuntos mundiais, ajudando a recriar uma nova ordem internacional, dialogando com o maior número de Estados, a começar pelas grandes potências.

O facto de Biden já ter avançado que, com ele, os Estados Unidos iriam regressar ao Acordo de Paris sobre as alterações climáticas e reatar os laços com a Organização Mundial de Saúde, para fazer guerra à Covid.19 e ainda restabelecer relações com a ONU e a NATO, é encorajador. É todo um novo programa que se anuncia, embora o anterior pesadelo não esteja afastado totalmente.

florentinobeirao@hotmail.com   

Ser (mais) humano !

29.11.20 | asal

No fim, quando a pandemia acabar… 
– talvez sejamos capazes de compreender
que o melhor para todos e cada um, é sermos mais humanos;
que dependemos mais uns dos outros do que pensamos;
que as lógicas egoístas não nos salvam e podem deitar a perder o esforço de muitos;
que a defesa e a promoção da vida humana, bem maior de uma comunidade, é missão nobre da política;
que o princípio do bem comum permite defender a vida de todos, sem deixar ninguém para trás;
que a dignidade do ser humano é igual em todos os indivíduos;
que desistir de um ser humano, qualquer que ele seja, é desistir de uma parte de nós mesmos;
que lutar pela vida de alguém ou de alguns, dá sentido à minha, às nossas vidas;
que uma nova oportunidade está a nascer na história da humanidade;
que se mobilizaram, desta vez, mais meios para salvar vidas do que para as destruir;
que o meio ambiente é nosso aliado, se para tanto o deixarmos;
que a ciência e tecnologia podem ser expressão maior da solidariedade humana;
que a harmonia social é possível: tal como a pandemia, também a construção de um mundo melhor nos pode unir;
que os mais vulneráveis, não os interesses de grupos, devem definir as prioridades de uma comunidade;
que nos hospitais e centros de investigação científica se está a escrever uma das mais belas e dramáticas páginas da história recente;
que há heróis ao nosso lado, feitos de resistência e entrega, inteligência e criatividade, dedicação e compaixão sem limites;
que nos lares e casas de idosos se sofre para além do imaginável, na impotência, no isolamento e no medo…

Até chegar esse dia…
– nos limites do possível, somos todos cuidadores da vida uns dos outros,
rompendo a solidão que mata, dos mais novos aos mais velhos,
levando o conforto da amizade e a consolação da esperança;
inspirando confiança e ajudando a suportar a incerteza dos dias que atravessamos.

Vamos iniciar o Advento que nos prepara para o Natal de Jesus!
É Ele que, em tempos de pandemia, nos convida a acolhê-Lo na paz e na alegria.
Sejamos seus mensageiros!

P. Armindo Janeiro (UASP)

Um monólogo interessante

28.11.20 | asal

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A propósito do romance de Elena Ferrante "A vida mentirosa dos adultos", de que falei aqui há dias, lembrei-me de trazer hoje uma página para os meus amigos verem como se entretecem os sentimentos no interior de uma jovem, cheia de confusão e à procura da verdade profunda que lhe diga quem ela é e quem são os outros...

Falta o contexto anterior a esta página, mas mesmo assim consegue-se ler.

A vida mentirosa dos adultos.jpg

Aniversário

28.11.20 | asal

VIVA O MANUEL LOPES CARDOSO! Celebra hoje as 71 primaveras. Manuel L Cardoso.jpeg

E o tempo passa depressa para quem tem muito que fazer, que acho que é o teu caso! Assim, com um forte abraço, damos-te os nossos PARABÉNS e desejamos-te muita saúde e longa vida  na realização feliz dos teus sonhos.

Para quem não sabe, o Manuel Cardoso é de Proença-a-Nova, onde hoje serve com alegria as paróquias de Proença-a-Nova, Peral e S. Pedro do Esteval como Diácono Permanente. Ad multos annos!

Contactável pelo tel. 933 297 465

Palavra do Sr. Bispo

27.11.20 | asal
O PIRELIÓFORO DO PADRE HIMALAIA E O TIO SAM...

D. Antonino (2).jpg

 
Porque já o fiz nesta semana, hoje vou fugir às temáticas habituais para falar dum cientista e inventor que nasceu em Cendufe, Arcos de Valdevez, Viana do Castelo. Chamava-se Manuel António Gomes. Sem recursos próprios e parcos apoios, se os craques da ciência em Portugal não abundavam, ele esteve na linha da frente da investigação científica da época, com reconhecimento da comunidade científica internacional pelas suas visões pioneiras e revolucionárias, como precursor dos atuais equipamentos fotovoltaicos, das energias renováveis, do desenvolvimento sustentável. E já lá vão mais de cem anos!...
Foi um dos sete filhos de uma família de pequenos agricultores de minifúndio em socalcos. Como não podia fugir à sina do tempo, do lugar e das suas circunstâncias existenciais, trabalhou no campo e fez os primeiros estudos na escola local, mais propriamente em Souto. Aos 15 anos, em 1882, ingressou no Seminário de Braga. Sendo de elevada altura, os seus colegas logo lhe tiraram as medidas e o alcunharam de Himalaia, e assim ficou conhecido até hoje. No Seminário, para além das temáticas letivas, a biblioteca, que havia sido recheada pelo Arcebispo de então, era o seu refúgio. Vivia apaixonado por saber o mais possível sobre as ciências naturais, os avanços tecnológicos, magicar e fazer experiências. Era ave rara!... Presumo que o seu abanar de asas produzisse forte ventania nos nervos dos formadores que não lhe terão feito a vida fácil. E vice-versa, pois amor com amor se paga, diz quem sabe!...
Chegou a Padre, foi ordenado em 26 de Julho de 1891. Aos 36 anos de idade, porém, o Padre Himalaia tornou-se uma celebridade badalado por esse mundo fora pelos seus inventos e artigos publicados nos principais jornais e revistas. Correu mundo, visitou algumas das principais universidades, laboratórios e instituições científicas do tempo. Contactou com professores de renome e com alguns dos principais cientistas. Frequentou universidades e tudo lhe interessava: matemática, química, medicina, botânica médica, técnicas de radiestesia, estruturas metálicas, unidades industriais de tecnologia avançada no domínio da metalomecânica e da fundição, fornos elétricos de altas temperaturas, fotometria, radiação solar e faíscas elétricas, temáticas relacionadas com a agricultura e a nutrição, a irrigação e barragens hidroelétricas. Interessou-se por explosivos, como a himalaíte, registou várias patentes, fez prospeção de minérios, dedicou-se à reciclagem no fabrico de fertilizantes derivados do aproveitamento de esgotos. Defendeu o naturismo e as medicinas naturais sobretudo à base da fitoterapia e da hidroterapia, desenvolveu o conceito de ecosofia, defendeu a saúde preventiva, uma espécie de "profilaxia social" à base do ser e não tanto do produzir e ter. Inventou, criou, ensinou, entrou em projetos nacionais e internacionais, apresentou numerosas comunicações, publicou trabalhos, desenvolveu teorias ecológicas, participou em múltiplos debates e proponha ideias inovadoras.
Membro da Academia das Ciências, apresentou comunicações sobre as mais diversas matérias, desde a agricultura, a economia e a política energética até às questões de sismologia e construção antissísmica. Defendia um plano de aproveitamento das energias renováveis com a construção de açudes, represas e albufeiras para irrigação e hidroeletricidade, apontava o lugar para a construção de centrais hidroelétricas, o uso futuro da energia das marés e da energia eólica e o aproveitamento da energia geotérmica dos geysers. O ordenamento do território e a florestação também lhe mereceram atenção. Em tempos de estiagem, chegou a propor o uso de canhões para provocar a chuva e fez experiências, mas, devido aos custos e não sei se também pelos resultados, o projeto ficou pelo caminho. Sempre motivado pelas inovações no campo da energia solar, esteve em Paris quando se preparava a Exposição Universal e se construía a Torre Eiffel, onde também procurava apoios para construir o seu principal invento a que deu o nome de Pyrheliophoro, do grego: pyr (fogo) + helios (sol) + phoros (portador) = o que traz o fogo do sol. “O engenho consistia, num espelho parabólico, com uma superfície refletora de 80 metros quadrados, formado por 6177 pequenos espelhos que refletiam a luz do Sol numa cápsula refratária, que funcionava como um recipiente, e onde se colocavam os materiais a fundir. O conjunto estava montado numa enorme armação em aço de 13 metros de altura, que acompanhava os movimentos do Sol mediante um mecanismo de relojoaria”.
Uma das versões do invento foi apresentada na Tapada da Ajuda, em Lisboa. Foi visitada pela fina flor da sociedade científica de Portugal, pouca, pelos vistos. O próprio rei e os espiões do fracasso, não do futuro, lá se apresentaram com olhos de lince a apreciar a geringonça solar já que a política nem sonhada era. A coisa, porém, não correu bem! E quem não era capaz de nada, não soube apreciar o alcance daquele embrião, logo o desvalorizou com tesouradas viperinas na casaca do seu angustiado autor. No entanto, se o aparelho encaprichou e não trouxe o fogo do sol, o homem não desistiu, bem haja por isso.
Em 1904 carrega com o invento para o Pavilhão Português na Exposição Universal de Saint-Louis, nos Estados Unidos. O aparelho logo se tornou o centro das atenções daquela feira mundial com cerca de 500 pavilhões e visitada por milhares de pessoas. Mais do que isso: mereceu o grande prémio e mais duas medalhas de ouro e uma de prata, com um diploma assinado pelo Presidente Theodore Roosevelt. A imprensa mundial destacou e elogiou o invento, alguns deram-lhe a primeira página. Aos interessados na compra, entre os quais haveria japoneses, Himalaia não quis vender o aparelho, mas também não o trouxe de regresso a casa. Talvez assolapados sob a capa de sérias e boas pessoas, também por lá se passeariam os amigos do alheio que, de dedo em riste, deram jus à frase de James Flagg na nova versão do tio Sam: “I Want You”, eu quero-te, eu quero você!... E foi-se, adeus geringonça!... Não sei se serão os descendentes dessa estirpe aqueles de quem o agora Presidente se queixa de o terem afastado do solário da Casa Branca, ahahahah!...
O pobre Padre regressou triste, nunca mais se dedicou à energia solar e ao Pirelióforo. É de prever que outros o tivessem feito... Li, e vá-se lá saber a verdade!, mas li que, depois da primeira Grande Guerra também correu (boato, com certeza!?), mas correu que os planos do seu invento para “bombardear as nuvens” e fazer chover, também teriam sido “desviados” e usados pelos alemães na construção de armas de guerra para bombardear noutro sentido, um sentido nada agrícola nem ecológico nem sustentável.
Depois de todas estas andanças, com encontros e desencontros, o Padre Himalaia, porque o sonho lhe comandava a vida, ainda se empenhou noutras aventuras. No entanto, doente, sem apoios pátrios e recursos financeiros, em finais de 1932, veio para junto do seu irmão Gaspar, também sacerdote e Pároco na vizinha paróquia da sua terra natal, em São Paio de Jolda, onde ainda se conservam alguns dos seus manuscritos. Finalmente, acabou por aceitar o lugar de capelão do Asilo de Velhos e Entrevados da Caridade, na cidade de Viana do Castelo. E se nasceu a 9 de dezembro de 1868, em dezembro faleceu, no dia 21 de 1933, aos 65 anos de idade. A fama já tinha passado, a sua morte não provocou notícia em que se tropeçasse, e se foi a sepultar no cemitério da sua terra natal, em Cendufe, não houve palmas nem flores da sua lusitana pátria.
Embora haja alguns estudos sobre ele, Jacinto Rodrigues, Professor da Universidade do Porto, publicou, em 1999, “A Conspiração Solar do Padre Himalaia”, um estudo atento que veio trazer ao de cima o talento deste homem, a importância dos seus inventos e aquela verdade que Cristo nos lembrou: um profeta só não é estimado na sua pátria. Um grupo de amigos – a Associação Padre Himalaya - continua a soprar as cinzas do esquecimento a que este cientista foi votado para que surja qual fénix renascida e seja reconhecido o seu génio e transmitida a sua obra. Há também um filme documentário de 2004, “A Utopia do Padre Himalaya”, do realizador Jorge António, baseado na obra de Jacinto Rodrigues. Na vila dos Arcos de Valdevez existe um monumento em sua homenagem da autoria do escultor José Rodrigues, e, na marginal urbana do Rio Vez, um busto, da autoria de Eduardo Tavares. No centenário do seu nascimento, houve comemorações a que presidiu o Arcebispo de Braga, Dom Francisco Maria da Silva, tendo-se inclusive deslocado ao cemitério de Cendufe onde também foi descerrado um busto do Padre Himalaia. São, de facto, os conterrâneos e amigos a bracejar para que este cientista e visionário itinerante não seja esquecido na história pátria. Também estou a dar o meu empurrãozinho para aguçar o apetite do leitor a que, pelo menos, abra a Wikipédia ou outras fontes à mão do teclado, pois irá gostar de ler.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 27-11-2020.

Magusto virtual

27.11.20 | asal

MAIS UM CONVÍVIO VIRTUAL. Daqui a três dias estaríamos no Restelo...

Que pena não repetirmos o que aconteceu no ano passado. Puxem pelo vosso latim, como fez o amigo Mendeiros no pretérito ano.

Venite ad convivium

25.11.19 | asal

CONVIVIUS IN S. FRANCISCUS XAVIER ECCLESIA – SANCTUS MARTINIUS

LISSABONE - 30 NOVEMBER 2019 - MENU

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Carissimi,

Hodie, maxima honor anunciare vobis mihi est, quid ad celebrandum Sanctus Martinius in S Franciscus Xavier Ecclesia, habemus omnia quod imaginare potuerimus. Primum, corporis, deinde spiritus, ut, secundum scripturas, regnum nostrum non erit finis!

 

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Aniversário

27.11.20 | asal

Anos do P. Daniel Santos Almeida!

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Para este jovem sacerdote, de 38 anos (nasceu em 82!), responsável pelas paróquias da Sertã, Cabeçudo, Cumeada, Marmeleiro, Mosteiro e Troviscal, vão hoje  os nossos PARABÉNS, cheios de incentivos (oração, força, desejos?) a que continue a ter saúde e energia para desempenhar a sua missão e a realizar os seus projectos de vida. É que ele é ainda Capelão da Santa Casa da Misericórdia de Sertã e da Associação dos Bombeiros Voluntários de Sertã...

Em Maio de 2019, muito contámos com ele para nos aligeirar os trabalhos de organização do nosso encontro da Sertã. Um obrigado, mais uma vez. Na foto, o P. Daniel com elementos da Comissão.

PARABÉNS em nome deste grupo, com votos de realização pessoal a bem dos que o rodeiam.

Contacto: tel. 964 890 980

Aniversários

25.11.20 | asal

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Hoje, temos dois aniversariantes a quem parabenizamos.

- O João de Oliveira Lopes, 79 aninhos, natural de Alcains, que fez carreira docente na Universidade de Coimbra, onde ainda vive. Também se voluntariou para ajudar a nossa associação como elemento da "Comissão de Voluntários", que tem feito o que pode para unir e colocar os antigos alunos em comunhão uns com os outros. 

São bem interessantes os textos e os comentários que de vez em quando aparecem no nosso blogue com a sua autoria. E sempre esperamos mais.

Responde pelo tel. n.º 963 623 138

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- Depois, temos o P. João Rosa Ferreira, que celebra o seu 65.º aniversário e que, segundo o Anuário Católico, trabalha na Casa do Gaiato em Coimbra.

Na diocese de Portalegre e Castelo Branco, não consta qualquer serviço pastoral para ele.

Contacto: tel. 919 434 863  

Aos dois colegas damos os PARABÉNS, desejando longa vida com saúde e felicidade pessoal.

Há 10 anos

24.11.20 | asal

Eu não fui à gaveta, mas fui ao blogue Animus60! E ao pesquisar Novembro 2010, encontrei esta preciosidade. AH

ESCREVER PARA A GAVETA

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A propósito de mais um repto lançado para a dinamização deste espaço pelos indefectíveis das visitas diárias e também na sequência das questões levantadas pelo Torres sobre as previsíveis desmotivações, eu, que sou das tais visitas que já uma vez ou outra “deu notícia”, declaro que acusei o toque: é que eu, de tão pouco espontâneo em manifestações públicas de carinho (e parece ter sido essa a minha mais notória herança levemente negativa do Seminário) e apesar de “emotivo, não-activo, primário”, não posso ficar indiferente a repto tão directo (o que eu esperei por isto!) e a tratamento tão afectuoso, como o que me dedica o nosso editor...

    Efectivamente, nem para a gaveta tenho escrito. Creio mesmo, que aos professores já não resta tempo para a criatividade e os devaneios literários, salvo algumas raras excepções, como o caso do Tó Manel, meu cúmplice colega de escola, solteirão impenitente e bem-parecido, a cuja barba grisalha ainda a maioria das colegas gostaria de “fazer festas” e que ainda tem fôlego para se desdobrar em múltiplas actividades e nem todas de soco, também muitas de coturno. E é claro que este amontoado de papéis inúteis em que nos atolaram, estes trabalhos duplicados de tornar acessível aos alunos o que já é simples, essas horas intermináveis a discutir o sexo dos anjos e também a provecta idade são convites indeclináveis ao “dolce farniente”.

Claro que ainda nos reserva momentos gratificantes o espaço escolar e a profissão para que, um dia, em Alcains, o querido prefeito, padre Alberto Jorge, me inclinou, com os seus gestos e atitudes de lídimo pedagogo: realiza-me imenso ser saudado nos recreios, mesmo pelos que nunca foram meus alunos, apesar de uma grande parte deles me conhecer de “outros carnavais” bem mais agradáveis que as aulas, já que mantenho um grupo desportivo escolar de futsal infantil, há dezassete anos, nesta escola; é rejuvenescedor e alimenta-me o ego os alunos não quererem acreditar que já passei os sessenta, quando, para eles, ter quarenta é ser “cota”; é gratificante receber um sorriso em troca de outro que se imiscuiu na tristeza solitária de um rosto infantil ou juvenil, num recôndito do recreio.

Essa é uma herança do seminário, de tantos padres sempre atentos aos sinais de abatimento dos seus pupilos. É, reproduzimos, com maior frequência do que imaginamos o que colhemos dos nossos educadores: sempre que digo aos meus alunos que mais importante que os números da avaliação o que conta é o saber, vem-me à memória o saudoso padre Francisco Chaves, que me leccionou História e que chegava a perguntar-me que nota queria antes de ver os testes, a mim que nunca fui “barra” na matéria.

Pois, caro Torres, nem todos têm a genica do nosso editor (que Deus não lhe falte com a sua parte e nós, pelo menos, com o nosso incentivo e compreensão); nem todos têm a coragem de se expor, tantos anos após as inevitáveis espontaneidades, às vezes tão marcantes e inibidoras, como as dos primeiros tempos de seminário; nem todos estão dispostos a sair do seu comodismo e, uma vez saciada a ânsia do reencontro, dar continuidade e manter vivos os laços que nos uniam; nem todos se arriscam ao cotejo com artistas da prosa e da filosofia como o Jana, o Silvério, o Pissarra, o João Oliveira e outros que aqui prosaram, esquecendo-se de que uma prosa correntia, comunicativa e espontânea como a do Colaço, ou íntima como a do Vírgilio, do Ângelo, do Manel Cardoso, para só nomear os que me são mais próximos, nos cativam e nos enquadram ainda mais…

Gil

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A caminho das aulas, no Porto: Gil, Álvaro, Pedro e Jana, de barbicha? 

 

 

 

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Uma das equipas do famoso treinador, padre Álvaro, em Alcains: ( da esquerda para a direita, 1º plano – Catana, Zé Henrique, saudoso Tó Manel, Gil e Zé Ventura; em cima – Abílio, padre Álvaro, Zé Alves, Zé Pedro, João Mendonça, João Henrique e Gavancha

 

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Equipa do Seminário de Valadares  --  Em cima: Tó Ribeiro 1º, à  esquerda; Mendonça e Bonifácio, os dois últimos à direita. Em baixo: Gil, o último, à direita.

 

 

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 Magusto na Serra de S. Mamede

Aniversário

24.11.20 | asal

José Ribeiro.jpgDamos os PARABÉNS ao José Marques Ribeiro, Técnico reformado de Tráfego  e Condução na empresa Carris, que hoje completa os seus 68 anos.  Como fala da Sarnadinha, deve estar ligado a Vila Velha de Ródão, mas acho que agora vive em Setúbal.

Desejamos a este colega que seja feliz, com saúde, longa vida e muitos amigos. Não há encontros por agora. Mas temos vontade de te ver!

Contacto: tel: 966 653 882

Aniversários

22.11.20 | asal

São aniversariantes neste 22 de Novembro dois sacerdotes.

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- Um é o P. Alberto da Silva Jorge, nascido em 1934, e que, devido à sua idade e por questões de saúde, se encontra a viver no Seminário de Portalegre. É Capelão do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria. Ainda no nosso Encontro de Maio ele apareceu, como se vê na foto, ao lado de outro amigo bem conhecido e bem falado por nós - o Francisco Cristóvão.

Talvez possa atender pelo n.º 937 022 594

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- Outro aniversariante é o P. Rui Manuel Antunes Lourenço, nascido em 1963, e que presentemente trabalha na pastoral do Arciprestado de Portalegre, no Arquivo Diocesano e Biblioteca do Seminário, em Portalegre.

Contacto: tel. 967 747 180

Aos dois colegas que estão em agradecimento pela vida que já viveram, damos os PARABÉNS DO GRUPO, desejando-lhes muita saúde e a realização dos seus sonhos e projectos.

Missa a partir de Roma

20.11.20 | asal

Missa da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo

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RTP1 - 9,OO HORAS

Transmissão em direto, de Roma, da Missa da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, presidida pelo Papa Francisco e concelebrada por D. Manuel Clemente e outros bispos portugueses, por ocasião da transferência dos símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude do Panamá para Portugal.

 

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Os jovens do Panamá e de Portugal, passado e futuro da JMJ, se encontrarão no próximo domingo (22/11/20) na Basílica de São Pedro em Roma para a passagem da Cruz peregrina e o Ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani do Dia Mundial da Juventude. A entrega dos símbolos da JMJ será feita no final da Santa Missa celebrada pelo Papa Francisco no altar da Cátedra, no dia da Solenidade de Cristo Rei e encerramento do Ano Litúrgico.

Portanto, no domingo, 22 de novembro, ao final da celebração litúrgica, a Cruz peregrina e o Ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, que há anos acompanham os preparativos para as edições internacionais da JMJ, passarão das mãos da representação da juventude panamenha para a juventude portuguesa.

Palavras de D. Américo Aguiar, bispo responsável destas JMJ:

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«Como se diz no futebol, o pontapé de início é muito aguardado, porque esta celebração estava prevista para o Domingo de Ramos, e para nossa tristeza por razões da pandemia não foi possível concretizar. Assim, quer da parte dos panamenhos, quer da parte dos portugueses que ansiávamos muito este momento da passagem dos símbolos, de uma maneira formal, com a bênção do Santo Padre e com a força do Espírito para podermos então iniciar a preparação da Jornada Mundial da Juventude, com fé, esperança, caridade, com coragem...»

Palavra do Sr. Bispo

20.11.20 | asal
DO VATICANO PARA A CIDADE DE LISBOA

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 Somos uma espécie de obra inacabada sempre em busca de acabamentos e também eles inacabados. Por isso, toda a pessoa se pergunta sobre a vida e o seu sentido, deseja ser feliz e saber como é que isso se há de alcançar. Mesmo que as realidades terrenas que a envolvam, realidades socias, laborais, económicas, políticas, sanitárias, etc., mesmo que essas realidades sejam difíceis e tantas vezes incómodas e obstáculo, ninguém consegue desanimar ou desistir de rasgar horizontes para a sua vida e dar resposta às perguntas que esse desafio lhe coloca. E se a vida é um dom belo e gratuito, viver é uma delicada arte, uma nobre tarefa. Mas também não é o grande sucesso dos negócios ou a concretização e êxito dos projetos sonhados que fará com que as perguntas sobre o sentido da vida deixem de existir. Como sabemos, neste mundo, mesmo que tenhamos tudo aquilo a que possamos aspirar, só a graça e a fidelidade ao Senhor nos satisfará, e, para além deste mundo, só a visão beatífica nos realizará plenamente. É por isso que muita gente sem grandes êxitos nesta vida e até com muitos dissabores, vive feliz e transmite felicidade, alegria e paz. São vidas alicerçadas na fé, não à espera de milagres, mas, sem descurar o seu esforço de procura e trabalho, sabem ter, concomitantemente, outras prioridades, sabem optar pelo caminho que, na verdade, dá sentido à vida e às coisas da vida, seja ela qual for e como for.

E se toda a gente procura a felicidade, muito mais os jovens. Na primavera da vida, eles procuram perguntar-se e entender qual será o verdadeiro caminho para lá chegar. Jesus Cristo, que veio para evangelizar os pobres, não só apontou o caminho para que isso acontecesse, mas também nos garantiu que Ele próprio era o caminho: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Mostrar e ensinar esse Caminho, essa Verdade e essa Vida é o que chamamos evangelizar. E podemos perguntar: mas quem são esses pobres perante os quais Cristo se apresentou a evangelizar? Se hoje há multidões de rostos, muita espécie de pobreza e miséria no mundo, toda ela tem como grande suporte aqueles que ignoram ou tentam, na prática ou na teoria, não aceitar esse Caminho, essa Verdade, essa Vida que nos faz sentir irmãos e solidários. É por isso que, mesmo que a Igreja jamais tenha interrompido o caminho da Evangelização, precisamos duma Nova Evangelização para que a descristianização não aumente, os valores humanos e cristãos essenciais não sejam atirados às malvas e se dê resposta à eterna pergunta que continua de pé: como viver, como ser feliz, individual e socialmente? É a esta pobreza, a esta fome e desejo de amor e de justiça, a esta fome de felicidade, que Cristo veio dar resposta. E os jovens foram os seus primeiros e principais entusiastas, basta recordar a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.
Ao celebrarmos, neste Domingo, a Solenidade litúrgica de Cristo Rei do Universo, recordamos tantos e tantos leigos e consagrados que, tendo estabelecido amizade sincera e profunda com Cristo, oferecem à Evangelização o contributo da sua ação e do seu próprio sofrimento, membros de comunidades, associações e movimentos de ação apostólica, pais e mães que se consagram à educação dos seus filhos na prática das virtudes humanas e cristãs, tantos jovens que dão o melhor de si a anunciar Cristo jovem, Rei e Senhor, para que todos encontrem o verdadeiro sentido para a vida, a felicidade, a alegria de viver. É também neste dia de Cristo Rei do Universo que os jovens portugueses vão receber das mãos do Santo Padre e dos jovens do Panamá que acolheram a última Jornada Mundial, os símbolos que sempre acompanham as Jornadas Mundiais da Juventude. A cerimónia será transmitida pela RTP, diretamente da Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Se a Nova Evangelização precisa de todos, não pode dispensar os jovens nem eles querem ser dispensados nesta gesta de ir e anunciar, querem e são protagonistas da Evangelização.
A Igreja, mesmo que não seja muito claro, há muito iniciou a Nova Evangelização. Poderemos dizer que se iniciou com João XXIII que abriu as portas e as janelas da Igreja em busca de ar mais fresco e saudável. São Paulo VI foi um mártire persistente dessa renovação conciliar. João Paulo I, com o seu sorriso inesquecível e de curto pontificado, deu-nos motivos de esperança num mundo melhor e mais risonho. São João Paulo II batizou esse movimento como Nova Evangelização e, sem se poupar a esforços, deu-lhe mais um forte empurrão que Bento XVI e Francisco não deixaram de abraçar e continuar. As viagens pastorais destes Papas por todos os continentes, as Jornadas Mundiais da Juventude, os Encontros Mundiais da Família, os constantes Sínodos dos Bispos sobre temas diversos e pastoral de continentes, os vários Congressos Internacionais da Pastoral das Grandes Cidades, a proclamação e vivência de vários anos santos, as imensas iniciativas na passagem do milénio, a formação e responsabilização dos leigos, o surgimento de novas associações, grupos, movimentos e comunidades de vida consagrada, o Pátio dos gentios, as iniciativas ecuménicas e inter-religiosas, a reforma litúrgica, os encontros, simpósios e congressos internacionais e nacionais, os Documentos do Magistério, os esforços diocesanos nessa viragem, etc. etc. etc. Os próprios escândalos dentro da Igreja, se a todos nos humilham e envergonham, foram e continuam a ser motivo de paragem para aprender a escutar, a ver, avaliar, julgar e agir, para purificação e renovação atenta, para tomar consciência de que não há pessoas impecáveis e que todos caminhamos em pés de barro, para compreender melhor que a Nova Evangelização começa a partir de dentro.
Alguém dirá que nada tem resultado, que nada é palpável, que nada se vê. Embora muita coisa já tenha mudado, é possível que sim, que não sintamos grande alteração e que desejaríamos que tudo acontecesse mais rápido. No entanto, não podemos esquecer que se a tarefa de semear é nossa, a dinâmica do seu germinar e crescer é semelhante à do grão de mostarda que, sendo a mais pequenina das sementes, vai crescendo até se tornar em árvore frondosa. A lógica de Deus não é a nossa lógica e só Ele sabe quando e como a semente crescerá e dará fruto. No entanto, se o êxito é d’Ele e não nosso, também é certo que a sementeira do Reino que nos compete fazer tem exigências, exigências que se depreendem a partir de Cristo, missionário do Pai. Cristo foi enviado pelo Pai, veio em nome do Pai, estava em comunhão com Pai, não falava em seu nome mas em nome do Pai. O Espírito que o animava e nos enviou também não falava nem fala de si mesmo mas do que ouviu. Assim também o verdadeiro evangelizador, é um enviado de Jesus Cristo, não fala em seu próprio nome, vive em Cristo, escuta e dialoga com Cristo, faz-se voz e pés de Cristo, e, pela ação do Espírito, anuncia o que deve anunciar, com paciência e humildade, com alegria e esperança, sabendo que Cristo está com ele, vai à sua frente e é manso e humilde de coração.
Todos os métodos, iniciativas e entusiasmos serão vazios se cada um ceder à tentação de falar em seu nome pessoal e transmitir as suas ideias, se cada um pensar que o êxito se deve a si próprio, se a cada um faltar a formação, a oração e se esquecer que toda a vida de Jesus foi um caminho em direção à cruz. Se assim for, tudo soará a oco. Faltará a conversão de quem a anuncia e o dom de viver na comunhão com Jesus e com os outros, sem autojustificações, sem comparações, sem toques de mundaneidade, sem pieguices ou caprichos, mas caminhando com coerência de vida e alegria e criando comunidade de caminho já que uma conversão meramente individual não faz sentido nem terá grande consistência.
Que a Jornada Mundial da Juventude de 2023, em Portugal, comprometa cada vez mais os jovens nesta alegria de incendiar o mundo com o amor de Cristo. Eles são a alegria e a paz em movimento! Deixemo-nos contagiar por eles e caminhemos todos ao encontro de Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida.
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 20-11-2020.

A vida mentirosa dos adultos

19.11.20 | asal

Novo livro de Elena Ferrante

 

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Desta vez, após ter lido elogios à riqueza literária de Elena Ferrante, decidi-me ir atrás das modas e adquirir “A vida mentirosa dos adultos”, uma novidade desta autora, que há vinte anos tem entusiasmado leitores e críticos com a sua escrita desenvolta a perscrutar o íntimo das suas personagens, preferentemente mulheres.

Sinceramente, este romance ocupou-me com agrado durante este mês de pandemia, em que a casa passou a ser o único lugar para todos os devaneios. As suas 300 páginas foram lidas quase à pressa, tal não era o gosto e a vontade de ver como se iriam desenvolver os dias desta adolescente napolitana, Giovanna, que corporiza o centro da ação como narradora participante a viver uma história cheia de ligações frágeis a outras personagens, também elas carregadas de vivências pessoais que enriquecem sobremaneira estas páginas.

Elena Ferrante é um pseudónimo de mulher ou homem italiano, de Nápoles, que ninguém conhece verdadeiramente, mas que desde 1991 tem produzido obras de ficção cheias de histórias que parecem reais. Em entrevistas escritas, a autora defende o seu anonimato como um meio para usufruir de inteira liberdade criativa e não fazer autocensura, escrevendo sem constrangimento pessoal as vivências mais íntimas ou mais cruas das personagens.

Em resumo, para não retirar novidade aos futuros leitores, a história acompanha a passagem de Giovanna - a protagonista - da adolescência para a vida adulta. Ao escutar os pais sem o conhecimento destes, ouve dizer que ela está a ficar feia como uma tia não falada em casa. Isto perturba-a a ponto de começar a olhar mais para o espelho e a querer saber da tal tia Vitória.

As amigas e o ambiente tranquilo da infância deixam de contar e surge a descoberta de um mundo novo com outras figuras do mundo suburbano, pobre e industrial de Nápoles, onde mora a tal tia Vitória, renegada pelo pai e que fora apagada das fotos de família (classe média-alta de professores).  

Abre-se à protagonista um mundo diferente, de relações promíscuas, pouco recomendáveis, mas acompanhadas de sentimentos humanos profundos. E ouve outras histórias que a levam a olhar para os pais com desapontamento, pois eles não eram assim tão puros e perfeitos.

Surgem assim experiências confusas, onde se debatem os comportamentos numa tensão entre o bom ou o mau, permitido ou inconveniente na sociedade, igual aos outros ou diferente. Descobre-se que a mentira mascara muitas vidas, o que leva a protagonista a buscar a sua verdade, usando também a mentira, tentando experimentar novas relações para construir a sua personalidade. Mas, no meio destas descobertas, há um desmoronar de convicções que levam ao desapontamento.

Que comentários posso fazer?

- Já li e aceito que nesta obra domina o mundo feminino, em que a mulher se mostra forte, corta a direito, rompe relações e domina os ambientes. Mas também se nota entre elas a concorrência, a luta, o domínio, o ciúme, ou a amizade e a colaboração desinteressada. E até sentimos a história envolvida em elementos físicos mágicos, como sejam certos espaços de encontro, as casas, as roupas, e ainda uma pulseira, capaz de exalar beleza e arrastar maldição para a sua utente.

- As personagens surgem tão reais que nos cativam a atenção, ora pela nobreza ora pela vileza de caráter, ora porque são solidárias ou porque se enchem de ódio, egoísmo, ciúmes; ao fim e ao cabo, todos estão manchados!

- O fim da adolescência é mesmo tormentoso. O carinho dos pais já não enche o coração da filha, pois ela descobre falsidades, vida tortuosa nos seus adultos e começa a isolar-se, a autonomizar-se, assumindo posturas imprevisíveis, desde o desleixo pessoal ao desprezo pela escola ou mesmo vida sem regras, em busca de um ideal de mulher muito pessoal.

- Atenção: cada página é uma mistura de narração, descrição e diálogo interior em que Giovanna se discute a si mesma de uma forma perfeita. Admiramos o texto, mas temos de ver a criatividade da autora por detrás de cada palavra, que uma adolescente não consegue falar e escrever assim…

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- Esta “história” está marcada de atualidade. Casais que se descasam e continuam amigos uns dos outros, mulheres que acham normal que o amor que sentem por um homem casado é razão para o tirarem à vizinha, mas que, após a morte do homem, são capazes de se juntarem as duas para tratar dos filhos de uma…

- Finalmente, a protagonista vai-se desprendendo de pessoas, da família, dos amigos e de espaços e, no final, até da cidade se desprende. À procura de uma libertação? É o que todos queremos!

Últimas palavras do livro: «… prometemos uma à outra tornarmo-nos adultas como nunca acontecera com nenhuma».

António Henriques

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