Hoje envio-te um documento inédito (?) que encontrei ao examinar papéis que havia guardado desde o falecimento de meu pai. Já reparaste que é uma Circular/Informação relativa à admissão nos nossos seminários. Esta é a da minha admissão em 1949. Não sei por quantos anos terá sido assim. Tínhamos que levar uma mala, daquelas com tampa em cima e com chave. Depois era guardada no sótão. Ainda te lembras?! A minha acompanhou-me até Portalegre. Achei interessante, pois não sei se esta exigência ainda apanhou os mais novos antigos colegas e, assim, ficariam a saber os costumes mais antigos. Tenho ideia que o enxoval ainda ficava caro e criava dificuldades nas famílias. Um abraço.
Manel Pires Antunes
NOTA: Publico com muito gosto o doc. seguinte, que o Manel Pires Antunes descobriu. Tenho na memória que também o Joaquim Nogueira, no seu livro, fala deste enxoval, ainda em anos anteriores, que obrigava até a maiores exigências, pois exigia que os pais levassem mesmo um colchão.
Também o Alves Jana reproduz no seu livro o enxoval que lhe exigiram no Seminário do Gavião. Mas esta fotocópia reproduz mesmo o original.
Diz o Manel, no seu email, que a roupa dele tinha o n.º 174. Pois eu já não tenho memória para muitas coisas, mas ainda sei que o meu número era o 35.
A simplicidade deste documento, com uma escrita bem antiquada em contraste com os nomes que hoje usamos, faz-nos rir... Mas este enxoval era bem oneroso para as famílias, que não gozavam da abundância disparatada que hoje existe nos nossos roupeiros. Curiosamente, publico este documento no Dia Mundial da Poupança!!!
Hoje, voltamo-nos para o José Raposo Nunes, nascido em 30-10-1956 em Salgueiro do Campo, que celebra mais uma primavera em plena actividade profissional no Instituto Politécnico de Castelo Branco - Escola Superior Agrária.
Hoje também o Sporting está à vista na foto, és dos nossos! Vamos lá com força...
PARABÉNS, AMIGO JOSÉ RAPOSO NUNES! QUE SEJAS MUITO FELIZ E A VIDA TE SORRIA...
Contactável pelo tel. 963 043 166
NOTA: Sabemos que outro amigo faz anos hoje por indicação do Fernando Leitão. É o António Martins Ferreira de Matos, que vive na Costa da Caparica. Aqui lhe deixamos os Parabéns e votos de felicidade. Penso que se trata de um colega de Oleiros, do ano de 54/55, companheiro do Felismino Prata, do João Farinha Alves e do Joaquim Raposo. Muito prestavelmente, o Fernando Leitão escreveu-me a dizer:
«Este menino vai fazer 78 anos a 30 deste mês. Está na lista dos alunos entrados em Alcains em 56/57. Depois de sair daí, foi funcionário da Câmara e bombeiro. Cumpriu serviço militar como enfermeiro e esteve nessa qualidade em Cabinda num dos períodos mais conturbados da guerra do Ultramar. Regressado, foi bancário na CGD e reside na Costa da Caparica, lutando sem desfalecimento contra problemas de saúde que o afligem. Contacto-o diariamente por esta via. Um bom dia e um abraço».
E vejam como um desconhecido se torna tão próximo! Obrigado, Fernando! Força, amigo António de Matos!
Tentando fugir à tão badalada e omnipresente Pandemia, virei a direção para um período da nossa história tão mal conhecido. O Liberalismo, defendido pelos maiores intelectuais do nosso conturbado séc. XIX.
Creio que revisitar esse período tão fascinante, após 200 anos da nossa longa História Pátria, pode-nos ajudar a compreendermos alguns aspetos da nossa sociedade.. Nomeadamente a nossa eterna dependência dos outros para nos sabermos governar. Se então foram os ingleses que nos "colonizaram e governaram", hoje é a União Europeia que nos protege, em horas de grande carência. Mas há mais lições a reter, como veremos.
Do Amigo, farto de estar confinado, um forte abraço, alargado a todos os nossos companheiros de jornada. Valha-nos o ANIMUS...SEMPER...
Florentino Beirão
Fuga da corte para o Brasil
Ao longo deste ano, estão a decorrer as comemorações do bicentenário da Revolução Liberal de 1820. Como vem sendo anunciado, têm como finalidade assinalar a importância deste acontecimento histórico para o nosso país, bem como dar a conhecer o contexto em que este evento ocorreu. Os seus múltiplos efeitos, como veremos, chegaram aos nossos dias, misturados com vitórias e derrotas.
Iniciemos por tentar compreender a conjuntura desta Revolução, partindo da forçada saída da Corte Real portuguesa para o Brasil, em 1807.
A França, como se sabe, alguns anos após a sua Revolução de 1789, com a chegada de Napoleão Bonaparte ao poder em 1804, lançou-se na aventura de pretender dominar toda a Europa, a fim de lhe impor os grandes princípios iluministas da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Portugal, como alguns países europeus, acabou por se encontrar também envolvido nesta ambiciosa deriva, uma vez que se recusou a aderir ao “Bloqueio Continental”, imposto pela França à Inglaterra, nossa velha Aliada. Bem tentou o Governo do príncipe Regente D. João adiar esta medida através da diplomacia portuguesa. Porém, os resultados revelaram-se infrutíferos.
Esta jogada francesa, em relação a Portugal, revelou-se muito exigente e arriscada. Caso não aderíssemos ao seu Ultimato, as consequências podiam ser dramáticas. Ficar sujeitos a perder o nosso lugar no comércio europeu e intercontinental e mesmo o do Brasil poderia vir a passar para a influência britânica. Tenha-se em conta que esta nossa colónia, de tão valiosa importância económica, devido aos seus recursos, contrabalançava a nossa diminuta influência, face à política europeia. Por tal motivo, fomos forçados a ter de nos colocar ao lado da Inglaterra, para fazer face à imposição francesa.
Esta opção irritou de tal modo o ambicioso general Napoleão que decidiu, em novembro de 1807, invadir o nosso país. A esta, mais duas violentas invasões se seguiriam, em 1809 e 1810.
A razia dos bens e a violência geradas nas populações acabou por deixar o nosso país de rastos, entregue aos militares ingleses, ficando eles, praticamente, a tomar conta do governo de Portugal.
Regressemos então à primeira incursão dos soldados franceses, chefiada por Junot. O seu grande objetivo consistia em chegar o mais rápido possível a Lisboa, onde se encontrava a Corte Real, dominar o seu porto marítimo, de máximo valor intercontinental e, deste modo, servir os interesses comerciais da poderosa França.
Face a esta primeira investida pelas Beiras, o Rei ordenou aos seus habitantes que não colocassem forte resistência, para se tentar evitar piorar a situação das populações, à passagem das tropas invasoras. Em Castelo Branco, por exemplo, até o Bispo teve de oferecer comida e aposentos aos chefes militares napoleónicos. Quanto aos habitantes da cidade, foram gravemente espoliados dos seus bens. A pilhagem e os distúrbios morais foram de tal monta que algumas mães tiveram que fugir com as filhas para os campos.
Enquanto as tropas não chegaram a Lisboa, com os soldados a pé e famintos, ao Rei de Portugal sobrou tempo para preparar os seus valiosos haveres e fugir para o Brasil, sob proteção dos ingleses, um pouco antes de chegarem as tropas invasoras à capital.
Nesta altura, valeu ao nosso país o apoio britânico que acabou por chegar no primeiro de agosto de 1808, para ajudar a derrotar as tropas invasoras, nas batalhas de Vimieiro e de Roliça. Finalmente, Lisboa pode ter novos governadores, após terem sido embarcados para Espanha as derrotadas as tropas francesas.
A partir desta altura, a governança do Reino passou a ser controlada pelos ingleses, ficando o país, com a ausência da Corte no Brasil, muito abandonado, entregue a mãos alheias. Esta situação provocou consequências económicas negativas, devido sobretudo à falta de mão-de–obra. E, a nível financeiro, foram de tal modo também graves, que não foi possível aplicar qualquer verba na recuperação do país. Entretanto, no Brasil, em 1807, com 40 anos e regente há 15, por demência de sua mãe D. Maria, D. João, homem tímido e indeciso, foi aclamado Rei de Portugal em 1815, formalizando assim a criação do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve. Entretanto, foi crescendo o mal- estar entre a população, dominada pelos ingleses, a viver em más condições. Deste modo, se foram criando condições favoráveis para a Revolução de 1820, à qual aderiu a população portuguesa.
- O mais velho é o Francisco Cristóvão, de Castelo Branco, ou melhor, da Carapalha. E já faz 87 anos, uma rica idade, de quem já passou por tantos e diferentes eventos que tem mesmo de agradecer à vida, a Deus, à natureza por tantas alegrias, por tantas vicissitudes humanas que nos provocam mesmo um íntimo espanto. Hoje, já não diriges a Vintóitma, a tal orquestra que em Portalegre servia para reduzir o stress da nossa existência e que deixou tão gratas recordações... Agora, até te deixas dirigir por outros, mas o que é preciso é estar de bem com a vida, com a família, com os amigos. Continua a ser feliz! PARABÉNS ao Francisco Cristóvão! Uma bonita idade, que nós desejamos se prolongue ainda por mais uns bons aninhos, com saúde e muita alegria.
Vamos a ver quem nos dá o seu contacto telefónico.
- O Manuel Lopes Dias nasceu em Alcains em 28-10-48, passou pela tropa e em Moçambique perdeu a visão no rebentamento de uma mina. Os seus olhos hoje são os da sua esposa dedicada, a Maria José. Mas o nosso amigo não para, é dirigente da ADFA (Associação dos Deficientes das Forças Armadas).
Amigo Manuel Dias, OS NOSSOS PARABÉNS no teu aniversário e que continues a viver com gosto, saúde e felicidade.
Contacto: tel. 914 334 422
- Finalmente, o Rui Filipe, o mais jovem!
O Rui Filipe nasceu em 28-10-72 e trabalha nos negócios imobiliários em Póvoa de Santa Iria, Odivelas e Miraflores. No seu Facebook, diz que é de Castelo Branco e vive em Lisboa. Um dia havemos de nos ver. Não era bom voltar ao ambiente do seminário, no meio de amigos que sentem o mesmo?
MUITOS PARABÉNS, amigo Rui Filipe, e que este dia seja um dos muitos da tua vida com saúde, felicidade e concretização de sonhos.
Contacto: tel. 919 683 517
Para reflexão:
“A vida é um eco. Se você não está gostando do que está recebendo, observe o que está emitindo.”
O Colaço vem lembrar etapas lindas na vida dos colegas que com ele entraram no Seminário do Gavião no longínquo 1963.
GAVIÃO 1963 . CINQUENTA ANOS DEPOIS...
MEMÓRIAS DA MEMÓRIA
Já passaram 55 anos!!
CINQUENTA ANOS DEPOIS....
QUE VENHAM MAIS CINQUENTA.
MEMORÁVEL.
Não me ocorre nenhuma outra palavra nos pouco minutos que disponho para evocar, AQUI mesmo, nesta ânimo, lugar de encontro, o REENCONTRO de metade dos 42 de nós que, em Outubro (14 como parece) de 1963 deixámos o bem-bom dos lares e de malas aviadas lá fomos para o Seminário Menor de Gavião, voando a caminho de uma sacerdotal vocação.
Cinquenta anos depois, apenas um de nós chegou ao fim.
Mas ontem, no Hotel Olissipo (obrigado, DISTINTO DIRECTOR e querido amigo
Fernando Carvalho
pela alta QUALIDADE mas, sobretudo, AFECTIVIDADE dos trabalhadores que colocou ao nosso serviço- obrigado, André, Marta e um outro senhor cujo nome nos falta ) desde as 17 horas e até à meia-noite, pudemos concluir que, afinal, somos todos sacerdotes de um OUTRO SACERDÓCIO.
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Independentemente de uma edição especial no nosso blog e página de Facebook, quero afirmar aqui neste "meu" terreiro, o privilégio que sinto pelos companheiros com quem, AFORTUNADAMENTE, continuo a fazer caminho - relembrámos os nossos queridos companheiros Manuel Carrilho Delgado, Armando Rosa Severino, Manuel Joaquim e Álvaro Esteves, que já partiram, ou, se quiserem, estão PRESENTES de uma outra e eterna maneira, para além de desejarmos rápida recuperação a outros surpreendidos pela ternura dos 60, Serrano, Adelino, João Rui que desejariam estar connosco e não puderam.
Aqui, permitam-me destacar o pedido feito pelo nosso colega Joaquim Alberto, de querer ver editada a obra do nosso Manel Carrilho Delgado um exímio artesão da palavra e das emoções que elas despertam, pedido a que todos nos juntamos. Veremos. O pedido já seguiu para o seu filho
Gui Delgado
que, tanto quanto sabemos, também alimenta esse sonho.
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No final, o Alberto Ribeiro, foi quem teve a sorte de ficar com uma prenda sorteada, duas caixinhas/algarismos com o nº 50 - e que contém no seu interior uma garrafa de licor de amora mas.....para ser aberta, apenas e só, daqui a cinco anos, altura em que voltaremos a REENCONTRAMO-NOS TODOS!!!!
Assim seja!
António Colaço
NOTA: Atrevo-me a sugerir que alguns amigos façam eco deste texto e digam mais para o blogue, falando mesmo do presente feito depois de 57 anos. AH
- Hoje há festa em Lisboa, na casa do António Pequito Cravo, meu colega de curso, com quem eu briguei e brinquei. Mais um filho de Proença-a-Nova...
Depois do Seminário, cursou Direito, tornando-se um ilustre advogado, um especialista em patentes. Agora, jubilado, continua a jogar ténis, a fazer reuniões, a ler, a estar com a família e amigos...
Que ricos 82 anos tu já viveste... Pois, PARABÉNS DO GRUPO, e que continues a ser feliz por muitos anos!
Contacto: tel. 966 237 349
- Também ao Luís António Nunes Lourenço estamos aqui a dar os nossos sinceros PARABÉNS por mais um aniversário neste 27 de Outubro. E desejamos que cresças em felicidade, saúde e sucesso na realização dos teus sonhos.
O Luís trabalha na Universidade da Beira Interior como professor e investigador e ainda se dedica a algum trabalho autárquico no concelho do Fundão como membro da Assembleia Municipal, se não me engano. E agora começa a ver melhor, já sem cataratas!
Contacto: tel. 964 087 278
Para reflexão:
Confie em si mesmo
Confie em si mesmo. Um pássaro, enquanto repousa em uma árvore nunca teme que o galho se quebre, pois sua confiança não está no galho, mas em suas asas.
Apresento-vos hoje mais um vídeo da nossa escapada de poucos dias pela zona do Oeste, em que, por imperativos da pandemia, privilegiámos a visita dos ambientes menos povoados.
É o caso do DinoParque, perto da Lourinhã, onde num dia de semana não havia mais de 20 pessoas durante as horas em que por lá nos fomos distraindo.
Este é um empreendimento de vulto, que nos faz olhar com espanto para aqueles 180 modelos em tamanho real, onde a variedade e grandiosidade das figuras não são nada iguais ao que no Museu da Lourinhã já tínhamos visto. Soubemos que só na Alemanha é que há outro igual ou maior.
Passeando por aquele pinhal sem fim, pudemos visitar períodos da terra muito antigos, com nomes esquisitos e sobretudo com uma povoação de seres que até metem medo! É a variedade, é o volume de alguns bichos, são as formas mais esquisitas, são ainda as cores abundantes daqueles dinossauros, muitos motivos que nos distraem e até nos fazem esquecer a horrível pandemia que nos tolhe os movimentos.
As crianças devem passar ali belos momentos. E nós também podemos ser crianças!
Também podemos visitar lá uma zona de trabalho sobre fósseis, almoçar sem riscos num espaço coberto e passar naturalmente pela zona dos "recuerdos".
Ofereço-vos umas cinco dezenas de fotos para uma visita virtual. Acho que vale a pena!
Faz anos hoje o Virgílio Moreira. Nascido em 24 de Outubro de 1952 na região de Proença-a-Nova, cresceu, passou pela escola, frequentou os seminários da diocese de Portalegre e Castelo Branco com vontade de descobrir o melhor para a vida, empregou-se, correu seca e meca (até andou pelo estrangeiro a ganhar a vida!) e presentemente vive em Proença-a-Nova, já reformado do trabalho na Biblioteca Municipal.
PARABÉNS, VIRGÍLIO! Aqui fica o nosso abraço de amizade! Continua a fazer anos com alegria e muita saúde, na companhia de familiares e muitos amigos.
Contactável pelo n.º de telefone: 917 851 760
Para reflexão:
“Que as tuas ações não desmintam as tuas palavras, para que não aconteça que, quando tu pregares na igreja, alguém comente no seu íntimo: ‘Então por que é que tu não ages assim?’” (São Jerónimo). Ser coerente é aproximar o máximo possível o que falo do que faço. Isso me torna transparente e confiável. Por isso, hoje, peço ao Senhor: Pai, tantas vezes peco e não sou fiel ao que Tu me propões. Mas no íntimo do meu coração quero ser a pessoa que sonhaste para mim e colocar em prática todos os dons que me confiaste. Ajuda-me a ser tua testemunha e a não ser causa de escândalo aos meus irmãos.
Termino hoje a divulgação dos jovens citados pelo Papa Francisco na Exortação Apostólica Cristo Vive. Embora haja por lá outros nomes de gente boa e santa, estes são treze, contei pelos dedos. Porque foram jovens que marcaram a diferença, ao apresentá-los tive duas intenções: rasgar horizontes no coração daqueles que andam à procura de vida com sentido e reiterar que, de facto, a santidade, sendo tarefa que não se pode delegar, é possível a todos, crianças, jovens e menos jovens, cada um pelo seu caminho e nas suas circunstâncias existenciais. Pier Giorgio Frassati (Pedro Jorge) nasceu em Turim, em 6 de abril de 1901. Aí viveu e cresceu, a maior parte da vida, no seio de uma família abastada e da alta burguesia. Seu pai, Alfredo Frassati, era jornalista, fundador e dono do jornal "La Stampa". Foi embaixador em Berlim, demitiu-se quando Mussolini assumiu o poder. Sua mãe, Adelaide Ametis, era uma pintora famosa. Embora fosse educado cristãmente, a vivência da fé em família ficava muito aquém do que ele desejava. Sua mãe animava-o a comprometer-se nas dinâmicas da paróquia. Aí foi fazendo o seu caminho, em vida feliz e socialmente comprometida. Embora o pertencer às estruturas eclesiais não seja sinónimo de santidade e a maior parte dos batizados se santifique sem qualquer ligação a elas, Pedro Jorge, porém, espevitou nelas o seu crescimento espiritual e a sua ação apostólica. Conheceu a Ordem Terceira dos Dominicanos, a Ação Católica, o Apostolado da Oração, a Liga Eucarística, a Associação dos jovens adoradores universitários, os centros da Juventude Mariana Vicentina e a Conferência de São Vicente de Paulo. Tinha como passatempo favorito visitar os doentes e os casebres das periferias de Turim. Por isso, o ruído menos saudável dos seus amigos e familiares era música que ouvia mas não lhe desafinava os acordes da sua vida. E dizia: “Ao redor dos pobres e dos enfermos eu vejo uma luz particular que nós não temos”, ou: “Jesus faz-me visita cada manhã na Comunhão, eu restituo-a no mísero modo que posso, ou seja, visitando os pobres”. Porque levava às casas dos mais necessitados as mais variadas coisas, desde lenha e roupas a alimentos e móveis, porque gastava a mesada que a família lhe dava nestas atividades caritativas, os seus colegas chegaram a denominá-lo como a “Empresa de Transportes Frassati”. A sua determinação neste compromisso social da caridade brotava da Eucaristia diária, da frequente adoração ao Santíssimo Sacramento, da palavra evangélica e da devoção a Nossa Senhora, cujos rosários ele oferecia a seus amigos e outros. O Papa Francisco comentou assim: “Pedro Jorge era um jovem que compreendera o que significa ter um coração misericordioso, sensível aos mais necessitados. Dava-lhes muito mais do que meras coisas materiais; dava-se a si mesmo, disponibilizava tempo, palavras, capacidade de escuta. Servia os pobres com grande descrição, não se pondo jamais em evidência (...) Imaginai vós que, no dia anterior ao da sua morte, gravemente doente, ainda se pôs a dar orientações sobre o modo como ajudar os seus amigos necessitados”. Pedro Jorge, porém, tinha uma máxima: “A Caridade não é suficiente: precisamos de reformas sociais”. E para explanar os ensinamentos sociais do Papa Leão XIII, foi um dos fundadores do jornal “Momento”. Chegou a ter polémicas acesas com adeptos do Partido Fascista e esteve inscrito no Partido Popular Italiano. Na escolha do seu curso académico pesaram os objetivos que ele tinha para a sua vida. Como desejava trabalhar perto dos operários pobres, decidiu estudar Engenharia Industrial Mecânica, em Turim, com especialização em mineração, pelo facto de os mineiros serem os operários mais pobres de entre os explorados. Quando esteve em Berlim, em tempos que seu pai era Embaixador, conheceu, pessoalmente, o Padre Karl Sonnenschein, o "São Francisco alemão", e pôs a questão de vir a ser sacerdote. Logo deixou a ideia, achava que não tinha vocação. A sua irmã Luciana era com quem ele partilhava a sua vida, sobretudo quando seus pais queriam exigir dele mais alguma coisa do que ele aparentava querer. Seu pai chegou a classificá-lo de “homem inútil” e à deriva, acompanhando pessoas que não estavam à sua altura. Pedro Jorge sorria, aceitava as repreensões de modo sereno, sabia lidar com os seus familiares, com os necessitados e com os da sua classe social. A todos amava e ajudava por igual. Gostava do teatro, da poesia, da arte, da música, da ópera, de visitar museus, recitava versos de Dante Alighieri de cor, escrevia com beleza e profundidade, amava o desporto, sobretudo o esqui e o montanhismo, escalou os Alpes e o Vale de Aosta, adorava as montanhas, extasiando-se a contemplar o ar puro e a beleza do Criação. Entre os escaladores, conheceu uma jovem pela qual mantinha uma paixão que não chegou a anunciar publicamente, quer para não embaraçar a jovem quer para não afrontar a sua família que não aceitaria bem este namoro por ela ser de classe social inferior. A brevidade da sua vida, porém, não lhe deu tempo para nos mostrar quais seriam os passos seguintes. Nesta sua maneira séria e divertida de estar na vida, chegou a fundar a “Sociedade de Tipos Estranhos” ou dos “arruaceiros”, cujos membros, “desonestos e vigaristas”, recebiam apelidos engraçados. O dele era “Robespierre”. Faziam excursões, contavam piadas, mas, sobretudo, aspiravam à amizade mais profunda fundada na oração e na fé. São João Paulo II, junto do seu túmulo, testemunhou: “Também eu, na minha juventude, senti o benéfico influxo do seu exemplo e, como estudante, fiquei impressionado pela força do seu testemunho cristão”. Como Arcebispo de Cracóvia, e a propósito duma exposição que sobre Pedro Jorge ali havia sido levada a cabo, ele desafiou os jovens a ir ver e observar como aquele jovem das oito bem-aventuranças carregava consigo a graça do Evangelho, a alegria da salvação em Cristo. Aliás, na homilia da sua beatificação, voltou a destacá-lo como o “homem das bem-aventuranças” capaz de comunicar amor e paz e de testemunhar que “a santidade é possível a todos”. De facto, “a revolução da caridade pode acender no coração dos homens a esperança de um futuro melhor”. No dia do enterro da sua avó, Pedro Jorge, com uma forte dor de cabeça, nem conseguia levantar-se da cama. Foi atingido por uma meningite fulminante. Faleceu cerca de quinze dias depois, em 4 de julho de 1925, com apenas 24 anos de idade. Milhares de pessoas participaram nas exéquias. Familiares e amigos ficaram estupefactos com a presença de tantos pobres de Turim que ele havia ajudado, material, social e espiritualmente. Seu pai ficou inconsolável e arrasado pelo vazio que a morte de Pedro lhe causara, ficou impressionado com a multidão presente, reconheceu que só compreendeu bem quem era o seu filho no momento em que o perdeu para sempre: "Não reconheço meu filho!", murmurou. Aos poucos, foi-se aproximando da fé numa conversão maravilhosa que muitos consideraram ser o "primeiro" milagre de Pedro Jorge. Seu pai veio a falecer em 1961. Os restos mortais de Pier Giorgio Frassati, foram transladados do túmulo de família para a Catedral de Turim. As suas relíquias estiveram presentes na Jornada Mundial da Juventude, em Cracóvia, em 2016, como já tinham estado na de Sidney, em 2008. É amado e venerado em todo o mundo, desde a Patagónia à Polónia, das Filipinas à França, dos Estados Unidos à Austrália. Os testemunhos sobre ele são extraordinários, os sites a divulgar a sua vida são inumeráveis e dos quais também me servi par divulgar mais um pouco a sua vida.
Antonino Dias Portalegre-Castelo Branco, 23-10-2020.
Faz hoje 43 anos o Carlos Rodrigues, natural de Oleiros. Adepto do desporto, correndo em PTT ou em trilhos por aquelas zonas montanhosas, por ali vai vivendo este jovem, o que inclui a bonita cidade de Castelo Branco, onde acho que mora.
Saudamos-te vivamente, Carlos, damos-te os PARABÉNS, DESEJANDO-TE O MELHOR DA VIDA E A REALIZAÇÃO DOS TEUS SONHOS...
Esperamos-te pelo menos no Encontro de 16 de Maio em Alcains.
«Há três realidades - entre outras, é verdade - que nos distinguem sobremaneira das demais criaturas, e que são alavancas que elevam o mundo: o pensamento, a palavra e a acção. As três estão interligadas: o pensamento bom enobrece-nos, e o pensamento mau rouba-nos a dignidade; a palavra boa, gerada pelo pensamento bom, tornando-se comunicação e partilha, edifica os outros, enquanto a palavra má, a todos prejudica; por fim, a acção boa, em coerência com o pensamento concebido e com a palavra gerada, enriquece-nos e enriquece os outros, ao passo que a acção má a todos empobrece: empobrece as pessoas e empobrece a sociedade. Assim, quem pensa o bem, quem fala do bem e quem actua o bem transforma o mundo que não queremos e constrói sobre alicerces firmes o mundo a que aspiramos. As pessoas que pensam o bem, que comunicam o bem e actuam o bem aguentam o mundo em pé e impedem o seu desmoronamento.»
Ainda a propósito do livro do P. Adelino Américo - Autosde Memórias de Entre Duas Idanhas
O António Henriques publicou aqui no Animus um excelente estudo, em cinco partes, sobre esta obra, a vários títulos, assinalável. Expôs, de forma clara, fluente e profunda, o seu conteúdo histórico, social e religioso. Eu proponho-me, agora, dar umas pinceladas sobre a superfície do texto, sua organização, oralidade e fonética, transcrição ortográfica e determinadas formas literárias que, na sua variedade linguística, enriquecem o discurso, prestigiando sobremaneira o seu duplo autor, P. João Affonso Soares e o P. Adelino Américo Lourenço. No decurso desta reflexão, ver-se-á a forma como partilham fraternalmente a autoria desta obra sobre a paroquialidade da sua Idanha em dois tempos distintos: 1891-1914 e desde 1972 até ao presente, passando pelo ano emblemático de 2005, na celebração dos 800 anos da povoação que cresceu ao abrigo de um castelo, edificado por Gualdim Pais, Grão-Mestre dos Templários, em 1187. Foi por esta altura que tudo terá começado, tornando-se as suas campanhas, arroteadas pelo labor incansável dos freires desta ordem, o celeiro da Beira-Baixa.
A questão ortográfica. É sabido que, por portaria de 1 de Setembro de 1911, o governo da República decidiu fazer alterações profundas no estado de uma grafia, eminentemente etimológica, que, remontando à Idade Média, atravessara a época moderna desde o sécs. XVI ao XX. Alegava-se, então, a premente necessidade de simplificar a maneira de escrever de modo a torná-la mais acessível ao Povo e facilitar o Ensino nas Escolas. Havia, pois, que reduzir as consoantes dobradas, eliminar os dígrafos de origem greco-latina th,ph…,suprimir o y em palavras como abysmo, deixar cair as consoantes mudas de “anedocta” Escripto”…
Não se pense que esta reforma, de inspiração republicana, foi aceite pacificamente. Com efeito, um coro de vozes se levantou contra o que consideravam um atentado contra a substância fono-gráfica de uma Língua nobre, multissecular, “última flor do Lácio”, que, na sua mesma visualização, ostentava a solenidade e a “gravitas” da representação escrita. Fernando Pessoa, revoltado, descarrega a bílis contra a vulgaridade republicana da nova ortografia. No seu Livro do Desassocego(sic) dispara contra “essa ortografia sem ípsilon,” como se um “escarro” fosse. Ouçamos o poeta que, neste contexto de acesa polémica, proclamara a língua portuguesa como o seu lar e a sua pátria. “Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.” p. 229-230, ed. R. Zenith (2011)
Vem todo este arrazoado, não para fazer bocejar os meus queridos leitores do Animus, mas para enaltecer o singular senso linguístico do P. Adelino que resolveu marcar a expressão gráfica do seu belo livro, fazendo largo uso de uma dupla ortografia, a etimológica e a dita nova ou republicana. E fê-lo, decerto, não por acaso ou mero capricho. De facto, tendo recebido, como precioso legado, um maço de laudas manuscritas e numeradas de 18 livrinhos (p.31), versando as várias matérias da vida paroquial, copiadas e redigidas em 1ª mão pelo seu antecessor, P. João Soares, (p.262) o actual Pároco podia, ao dar a lume esta obra, simplesmente uniformizar a ortografia, segundo o padrão imposto pela República. Como, aliás, era costume e mais cómodo fazer-se. Não o quis assim o nosso P. Adelino e ainda bem, que, desta guisa, nos oferece uma ortografia ilustrada pela patine do tempo.
Ao mesmo tempo, dá provas do respeito que lhe merece a “transcrição” de todos os documentos do cartório paroquial, constantes até 1910, e que o seu antecessor de há 100 anos, prevendo acertadamente que todo aquele precioso espólio ia parar às mãos dos governantes do novo regime, de cariz anticlerical e abusivamente intrusivo, se deu ao trabalho hercúleo de o copiar, num curto lapso de tempo, e de o guardar numa caixa bem aferrolhada, como se um rico tesouro fosse. E, de facto, era! Ouçamos o testemunho do próprio P. Adelino, até para aquilatarmos do grau da sua elevada sensibilidade humana e espiritual: “ Estremecendo-me a alma e as mãos, desatei a fita…Religiosamente…fui decifrando e meditei em cada lauda já amarelecida, testamentos de sensatez e humanidade, paz e sofrimento, dor e esperança” (p.262) (As reticências traduzem visualmente o silêncio e a concentração.)
Agora, o ponto: o texto d´Os Autos da Memórias apresenta-se em dois estratos gráficos claramente distintos: o primeiro, em ortografia antiga, marcado a negrito, de cariz documental, num formato linguístico jurídico-formal, burocrático e administrativo, como é próprio de uma acta, um requerimento, um inventário patrimonial ou uma cerimónia litúrgica em latim, contrato de alienação de património, de acordo com as leis liberais da desamortização dos bens da Igreja, as capellas e os seus terrenos anexos tão cobiçados… O segundo, em ortografia ditada pelas novas normas de 1911, em tipo de letra normal, ( há, no entanto algumas excepções como se verá) em que a linguagem se solta, cedendo a primazia à voz do narrador que, de uma forma viva, fluente e particularmente comunicativa, conta em 1ª pessoa, num registo autobiográfico, a história da sua experiência pastoral, impregnada de cultura, inteligência e bom senso, e um amor entranhado às pessoas, que conhece pelo nome e morada. Trata-se de um homem feliz com a sua missão, próximo e prazenteiro, irradiando alegria e jovialidade, cumpridor exemplar dos seus deveres, como o confirmam os testemunhos recolhidos pelo actual Pároco, que a eles se junta “com merecida justiça e fraternal admiração,” p.252-256. Com um texto poético retirado do Livro da Sabedoria, 7,1-7, repassado de humanismo realista, termina o cap. ”Termo de Encerramento”. p.257 O nosso Padre Adelino faz-nos partilhar do grande sonho do seu heroí, o Pároco da Idanha de 1891 a 1914: que , ao menos, cada família tenha umcourela como a do ” ti Jarólmo”. Para ser Pessoa, para ser Família, que saiba guardar as suas catchopas para a dignidade do casamento e não para a triste condição de amásias (p.231) “Toda a gente vinha a dezer, à saída da Igreja: quando o Senhor Vigário está a ler os pragões dos sposados, a voz do Senhor Vigário é uma voz mais alegre.” (233)
Há aqui muito material linguístico que carece de ser desbravado, como se vê na citação acima. Ele são lintcheiras e lapatcheiras, “fiz-me de alonso”, pragões, ele são Jarólmo, sendes Mãe do claro sol, “andar a dar ó fatcho.. . toda uma riqueza lexical e prosódica a invadir um texto, numa santa hora publicado. Apenas acrescentarei que fora dos textos administrativos, também se usa o negrito, sinal textual de destaque, como nos eloquentes intróito e epílogo do actual Pároco, não podendo passar em claro o facto de que, na apresentação das actas das sessões da Junta Paroquial, o Pe Soares aqui e ali escreve à maneira antiga, em textos escritos a partir de 1920, como se vê nesta nota informativa:
Administração do Estado
“ Não perdi tempo( a respeito do pedido de ajuda para as obras da Igreja) com representações a Ministros e Reis. Essa gente não sabe onde fica a Idanha. Talvez duvide se acaso pertence ao seu império… ou se se tratará de um outro reino, com fronteira em S. Gens!
Procurei um filho da nobre Villa de Idanha a Nova, com influência política. O resultado não podia ser mais rendoso. (texto de 1920) Segue-se o agradecimento protocolar, em negrito e ortografia da época, dirigido ao III.mo Ex.mo Snr D.or António Augusto de Senna Bello, datado de 1907. (p.165) Dois tempos, duas ortografias, mas nem sempre é assim. O nosso vigário, de quando em vez, neste campo, parece gostar de transgredir a norma republicana vigente, apreciando sobretudo as consoantes dobradas (Veja-se o capítulo “Para o Vigário do anno 2000” pp.261-293, em que o texto introdutório, redigido por Soares de 1920, antecede o texto das actas, assinadas pelos elementos da Junta de1870 a 1880, sendo Vigário o P. Xisto, seu antecessor. Como aprendi a respeitar as esmolas dosparochianos… Assinado Soares. Segue-se a acta de 1870, em grafia antiga, a negrito, assinada por Xisto.)
Para já, admira-se a frontalidade do P. João Affonso, alvejando o desprezo a que os governantes votavam o Interior raiano e, por extensão, todo o território apenas uns poucos quilómetros afastado da faixa atlântica. Como se vê, mal antigo que, com o passar do tempo, se foi agravando…
Convida o actual colega a comparar os tempos de 1920 e 2020 (p.293). Pode dizer-se que, no essencial, se passou de um proletariado rural, numeroso e abandonado à sua sorte para a desertificação demográfica e a esterilidade dos campos, como, neste blogue, bem observou o João Pires Antunes, de Penha Garcia. Certo é que o ideal se encontra no equilíbrio dos extremos, como o anuncia, com veemência evangélica, o P. Adelino Lourenço na homilia das celebrações dos 800 anos da fundação da nobre Villa de Idanha a Nova. “No meio das desordens dos tempos e das confusões sociais, o Senhor Jesus andou por aqui a gritar os direitos e o respeito da pessoa humana” (p.368).
Continuarei pelos inóspitos campos da etimologia na área geográfica do modo de falar raiano. Pouco direi de novo, mas é sempre bom espanejar as preciosidades antigas.
Nasceu em 1936 e faz 84 anos. É o Manuel Carrilho Bugalho, alentejano da Escusa, concelho de Marvão, onde ele foi presidente da Câmara por alguns anos. Trabalhou no Ministério da Segurança Social e agora goza a sua aposentação.
Caro amigo, aqui ficam os PARABÉNS DO GRUPO, com votos de muita saúde por longos anos, na companhia de familiares e amigos. Gostava de estar contigo, mas como?
Contacto: tel. 965 866930
Para reflexão
«só o homem que aceita aproximar-se das outras pessoas com o seu próprio movimento, não para retê-las no que é seu, mas para ajudá-las a serem mais elas mesmas, é que se torna realmente pai».
Neste apontamento, começo por dizer que não estou à procura de novo ofício, que nem sequer me ficava bem com a idade que tenho. Também não ando a disputar as fotos dos trabalhos agrícolas de que o nosso amigo António Colaço já é especialista, aliando campo, arte e imaginação para quase diariamente nos dizer que existe.
A primeira realidade que constato é a pressão que sobre nós exerce a pandemia vírica. Andamos todos a fugir uns dos outros, com medo de pegar o bicho (que não é bicho!) ou ser apanhado por ele. Então, até o foco das nossas caminhadas ou viagens tem de desviar-se para outro lado. A natureza aí está para encher os nossos olhos, quer na forma de paisagem natural ou de terrenos cultivados pelo homem para deles extrair o sustento.
Aconteceu este ano nos poucos dias em que frequentámos a praia da Consolação em Peniche. Deixei-me tocar pelas imagens do campo em redor. E fui registando cambiantes em fotos que hoje trago para vosso leitura.
Fujo, para já, a questões importantes como é o caso de se tratar de agricultura intensiva, contestada por muitos e de que eu não tenho conhecimento. Também não estou preparado para falar do tipo de adubos usados ou da quantidade de água que se gasta.
O que me levou a fotografar foi simplesmente o gosto de olhar para aqueles campos em situações diversas de tratamento. Já os vi verdejantes com outras culturas, curgetes nomeadamente, mas este ano eram as couves que mais ocupavam os espaços. E dei por mim a pensar nos muitos trabalhos que estas explorações exigem. Lavrar, desterroar, alisar a terra, abrir leiras com medidas exatas para passar a máquina que automáticamente deixa cair e enterra os pequenos rebentos de couve dois a dois, distribuir pelo campo um sistema de rega que sacie a sede daquelas couvinhas, ora por aspersão ora por gotejamento, é um trabalho contínuo e muito esforçado.
As fotos que apresento acompanham o estado dos campos na sequência dos trabalhos agrícolas até à maturação final, com estes legumes prontos para chegar à nossa casa. São as máquinas e é o trabalho braçal, continuado por uma organização social adequada, pois estes produtos seguem para uma empresa (muito conhecida é no local a "Horta Pronta") que os prepara para embalamento e distribuição pelo diversos mercados. Não tirei foto, mas passámos por um local onde estavam expostas muitas centenas de abóboras que pacientemente foram retiradas da terra para serem vendidas. E também comprámos algumas por pouco dinheiro!
Vejam bem o que eu ando a ver! Vejam também vós estas nove fotos em ecrã completo.
Neste dia 20 de Outubro, o José António Castiço Marquês celebra mais uma primavera.
Assim, meu caro José Castiço, queremos dizer que estamos a celebrar contigo este aniversário, a dizer que vale a pena viver... Por isso, te damos muitos PARABÉNS e te desejamos ainda uma vida longa com saúde, alegria e amigos!
Para contactá-lo, tel. 966 393 347.
Para reflexão
"Só vemos as coisas em que nos focamos. O resto do mundo está escondido", in "12 regras para a vida", de JORDAN, B. PETERSON
As minhas saudações amigas.Gostei muito das desafiadoras reflexões do teu Bispo - que muito admiro - no Santuário de Fátima, colocando o papel da Mulher na vida da Igreja, dando-lhe mais responsabilidades pastorais, aos diversos níveis, é de louvar e bater palmas.
Olha, António, desta vez trago para reflexão algumas palavras do Papa Francisco, rebuscadas na sua última admirável Carta Encíclica.
Um documento que, nas palavras de alguém, pode ser já o seu Testamento, uma vez que junta nele todas as grandes linhas do seu extraordinário e original Pontificado. Luz que deve iluminar este nosso mundo, repleto de tantas incertezas e crueldades.
Num abraço forte e até sempre. Saúde em abundância.
Florentino Beirão
Globalizar a Fraternidade Social
Na sua Carta Encíclica “Fratelli Tutti” dada a conhecer no dia quatro deste mês, o fecundo e desafiador Papa Francisco veio mais uma vez lançar um forte apelo aos católicos e aos homens de boa vontade, para a urgente necessidade de se construir, globalmente, uma humanidade fraterna.
A nova Encíclica começa por chamar a atenção para os obstáculos que hoje se colocam à humanidade, nomeadamente, os ideológicos que hoje grassam em vários países, onde os nacionalismos de exclusão, bem como os populismos desbravados, tentam impor-se aos cidadãos, para chegar ao poder.
As consequências destas correntes de pensamento têm implementado medidas políticas que tentam excluir todos aqueles emigrantes que procuram outros países, para fugirem dos seus, mergulhados em pobreza extrema e em permanentes guerras mortíferas.
Face a esta constatação, esta Encíclica exorta os poderes públicos para a construção de uma sociedade onde a inclusão dos excluídos seja potenciadora de uma mais - valia para os países que acolhem os emigrantes e refugiados. Pois estas populações, segundo este documento, são também portadoras de valores culturais e económicos, que trazem consigo. Deste modo, a riqueza e a singularidade de cada pessoa e de cada povo pode ser salvaguardada neste mundo global, onde todos devem ter o seu lugar na construção de uma fraternidade universal.
Reforçando este desafio, o Papa apela a todos para que aprendam “a olhar para si mesmo, do ponto de vista do outro, de quem somos diferentes”. Deste modo, adverte para que “cada um poderá reconhecer no outro as peculiaridades da sua própria pessoa e cultura, as suas riquezas e os seus limites”.
O documento refere ainda as causas e consequências do complexo fenómeno das migrações, presentes em todo o mundo, mas sobretudo em África e no Médio-Oriente, fruto dos seus longos conflitos, que têm espalhado o terror e a miséria nas populações. A este propósito, a Encíclica Papal reflete sobre a perspetiva da Justiça Social, à luz do princípio do destino universal dos bens, tantas vezes ensinados no conjunto de toda a Doutrina Social da Igreja, sobretudo, desde o Papa Leão XIII.
Com ênfase, o Papa Francisco mais uma vez deixa bem claro na sua Encíclica “o princípio do destino universal dos bens, como um direito natural, primordial e prioritário, primeiro princípio de toda a ordem ético-social”.
Sobre este aspeto, é claro ao afirmar que “os bens de um país não devem ser negados a quem provém de outro lugar, uma vez que cada nação é corresponsável pelo desenvolvimento de todas as pessoas que habitam esse determinado país (…) não só proporcionar as necessidades básicas, mas dar todas as condições possíveis para que, cada habitante se possa realizar plenamente como pessoa, dotada de dignidade humana. Sujeito de direitos, como da propriedade privada, e dos respetivos deveres e corresponsável por toda a sociedade envolvente”(nº 124).
A temática da pobreza, sempre tão cara ao Papa Francisco, não podia deixar de estar incluída nesta sua Encíclica de “uma coragem ilimitada”. A este propósito, relembra que os subsídios aos que vivem num estado de pobreza ou miséria devem ser sempre “um remédio provisório, para enfrentar situações de emergências sociais (…) uma vez que, o objetivo é o de conseguir uma vida digna, através do trabalho de cada um”. É que, ensina o papa, “os subsídios devem ser sempre um remédio provisório uma vez que o trabalho é uma dimensão essencial da vida social porque não é só um modo de ganhar o pão, mas também um meio para o crescimento pessoal, para estabelecer relações sadias, expressar-se a si próprio, partilhar dons, sentir-se corresponsável do mundo e, finalmente, viver como povo” (n.º62). O documento coloca ainda em relevo a importância social dos empresários, destacando a sua atividade, na medida em que eles criam oportunidades de trabalho para outros e contribuem para o destino universal dos bens. Por outro lado, não se deixa de criticar a especulação financeira que condiciona o preço dos alimentos, tratados como qualquer mercadoria, provocando deste modo a fome de muitas pessoas, fome que, segundo a Encíclica, é “criminosa”.
Por último, Francisco, o Papa do diálogo e lançador de pontes, não se esqueceu ainda de nos lembrar, nesta sua tão desafiante Encíclica, o valor do diálogo, entre todos os povos, de modo a se criarem condições favoráveis, à construção de uma Global Fraternidade Social.