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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

Aniversários

30.06.20 | asal

São dois os aniversariantes de hoje:

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2 - Primeiro é o Rui Lourenço, da Sertã, a celebrar mais um aniversário. É da sua página do Facebook que retiro informação, pois ainda nada constava nas nossas listas... Nascido em 1978, é um jovem Técnico superior de Desporto na Câmara da Sertã, onde vive. 

Caro amigo, PARABÉNS deste grupo dos antigos alunos dos seminários de Portalegre e Castelo Branco, e votos de longa vida com saúde, sucesso e felicidade.

Contacto: tel. 965 873 669

 

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Vem depois o caro amigo Alexandre Ramos Rodrigues Pires. Natural de Penha Garcia, vive em Carnaxide a sua aposentação do ensino público e é assíduo frequentador dos nossos encontros.

Aqui se registam os PARABÉNS DO GRUPO, com votos de uma vida longa e feliz. Basta seguires o exemplo da tua mãe, que ultrapassou os 100 sem qualquer sobressalto... E aqui está ele todo sorridente, com a esposa.

Contacto: tel. 969 019 316

Recordações avulsas

29.06.20 | asal

Mário Pissarra.jpeg

De vez em quando, perco-me a lavrar o chão duro da minha memória. Por vezes, preciso de fazer algum esforço, mas também acontece, mais raramente, é certo, que as recordações se me impõem com tal vivacidade que é difícil estancá-las. Foi o que me aconteceu num destes dias.

1.- Quando chegámos ao seminário do Gavião para o exame de admissão, todos queríamos avisar a família que tínhamos feito boa viagem e dar notícias. Alguém descobriu onde se vendiam bilhetes-postais. A maioria dirigiu-se ao local e comprou um. Depois começaram os problemas. Qual era a direcção e onde e como se escrevia no rosto do postal? Depois, o postal não tinha linhas e o espaço era pequeno. As letras iniciais eram grandes e, pouco a pouco, foram diminuindo. Havia mesmo frases na vertical ascendente e descendente. Houve até quem invadisse os espaços livres do rosto do postal.

2.- Nessa tarde, sentados num banco à sombra das árvores do recreio, um menino sardento e com cabelo cor de cenoura, visivelmente irrequieto e traquina, virou o banco onde eu e outros estávamos sentados. Mal caí no chão, levantei-me e enfiei-lhe uma grande biqueirada. Como eu era mais corpulento e mais velho, ele encolheu-se. Um seminarista mais velho que estava por ali e observou a cena, comentou para um colega: este não se aguenta cá muito tempo! Enganou-se redondamente. Foram só 12 anos.

3.- Um belo dia, O Sr. Pe. Emílio chamou-me ao seu quarto. Não via razão para tal, pois ele não era prefeito. Só me dava aulas de matemática. Começou com uma conversa enrolada, tudo porque eu tinha o teste todo certo, mas havia um motivo para suspeita: o caderno era novo. Insinuou que eu teria ido ao quarto dele, trazido o caderno velho, realizado os exercícios e colocado lá o caderno novo. Fui à sala de estudo e trouxe-lhe o meu caderno velho de exercícios. As suspeitas e a sua teoria foram acuadas, caíram por terra. Afinal, quem tinha feito esta marosca tinha sido o tal menino sardento, com cabelo cor de cenoura, o meu grande amigo Cipriano Pires. Tive oportunidade de falar nestas e noutras peripécias gavionenses numa viagem de Expresso entre Lisboa e Abrantes em que ele me promoveu a guia ou cobrador. Uma viagem saborosíssima. Combinámos tomar um café pelos três Globos em Castelo Branco, mas o dito café teima em não sair da agenda.

4.- Uma vez num exercício de Latim, o Sr. Pe. Agostinho Beato apanhou-me a dar um papel ao Manuel Lopes Dias. O papel era a resolução do exercício. Disse-lhe imediatamente que a iniciativa tinha sido minha e que o meu colega não me tinha pedido nada. O exercício estava todo certo, mas tive zero. O único na minha vida de estudante. Mas foi o ano em que o Latim mais despertou em mim interesse. Ele era professor de Francês e estava a seguir um curso dessa língua em Gramofone. Então tentou traduzir os diálogos desse curso para Latim. E foi assim que aprendi em Latim "Bom dia, como estás, bem, obrigado", etc.

5.- Numa aula de Matemática, o Sr. Pe. Álvaro perdeu a paciência e chamou-nos burros. O Abílio Delgado, levantou-se e disse-lhe que não lhe admitia isso. O Pe. Álvaro ficou espantado e começou por dizer que não nos queria ofender, acabando por nos pedir desculpa. Quando chegámos a Portalegre, com a reformulação do curriculum, tivemos aulas de matemática com o Dr. Plínio Serrote. Foi o ano em que se lançou experimentalmente o programa de matemática moderna (Sebastião e Silva), que começava pela lógica. O reitor do Seminário de Portalegre, também ele professor de Matemática, ficou com a turma experimental. Então o Dr. Plínio Serrote foi oferecer-se para dar gratuitamente a Matemática ao seminário. Chegou à nossa primeira aula de 6.º ano e começou a fazer a chamada: Senhor Pe. Abílio Delgado. Toda a turma desata numa risada pegada. O Dr. Plínio Serrote, com muita calma, vira-se para nós e diz: não é lá muito delgado, não senhor!

6.- A nossa turma já tinha um episódio de risada grave. No quarto ano, o único professor leigo era o de Desenho e era um engenheiro que trabalhava na fábrica Branca de Neve. Esse ano tinha vindo para a nossa turma o João Manuel das Benquerenças, que faleceu no Ultramar. O João Manuel era um cómico nato. Assim que entrámos na sala, sobe para o estrado e começa a imitar o professor de Desenho. Lembro-me de falar no colarinho das suas camisas, do modo como rezava e que enquanto rezava estava sempre a levantar os calcanhares, etc. O professor de Desenho entrou e a caricatura do João Manuel batia 100% certa. Alguém começou a rir e a turma desata numa risada pegada e sempre que havia uma fracção de silêncio, alguém rompia a contenção. Esta cena durou alguns minutos e o professor estava exasperado e não escondia o seu desagrado. A vítima foi o João Peres. Numa dos momentos de silêncio ele desatou a rir, tentando abafar o riso e escondendo-se atrás do que estava à sua frente. O João era baixo e franzino e acabou expulso da aula e teve de ir ao reitor.

7.- Há dias, em conversa telefónica com o Florentino Beirão, falei-lhe de algo que sempre estranhei muito e nunca encontrou morada sossegada no meu espírito. Quando estávamos em Alcains não íamos de férias pelo Carnaval. Nesse período em que as pessoas se divertiam, havia o hábito de rezar durante todo o tempo em desagravo. Havia sempre um grupo a rezar na capela para reparar os pecados que se cometiam nos divertimentos no mundo. Este tipo de piedade suscitou sempre em mim a incompreensão, o riso e o desprezo, ainda que o não manifestasse, mais do que a simpatia ou a adesão. 

Muitas outras vieram nesta enxurrada, mas ficam para outra ocasião.

Mário Pissarra

NOTA: Agora digam lá vocês: não tiveram casos destes? Porque é que essas memórias não passam para o papel? E, se foram em Alcains, o nosso livro está à espera... O Florentino está exasperado! E muitos de nós também. Nunca mais chegam os vossos textos. AH

Aniversários

29.06.20 | asal

Mais dois aniversariantes!

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- É o Nuno Santos Silva, de Cardigos, com quem tivemos o prazer de conviver no Encontro da Sertã. Nasceu em 1956  e é do mesmo ano do Carlos Tavares...  Trabalha como professor numa das escolas de Santarém, onde se esforça por alargar os gostos dos gaiatos, atirando-lhes remos para as mãos e não só!

Caro amigo, com muita alegria te abraçamos, te damos PARABÉNS e te desejamos uma vida cheia de saúde e felicidade. 

A foto é da Sertã! O Nuno aqui, de vermelho, à esquerda. Eles todos estão lindos!

Contacto: tel. 912133262

 

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- Também hoje faz anos o Pedro Machado, de quem não tínhamos informações. É de Alcaravela, ainda andou em Portalegre, formou-se em Engenharia Civil e o resto não sabemos. Com o tempo, vamo-nos conhecendo melhor. 

PARABÉNS, amigo, e votos de muita felicidade.

Não dispomos de contacto telefónico.

Aniversário

27.06.20 | asal

Nascido em 27-06-68, faz anos o P. José António da Cruz Afonso, que em 2013 foi nomeado Pároco P. José Afonso.jpgde Álvaro, Madeirã, Pedrógão Pequeno, Sobral e Carvalhal, Arciprestado da Sertã. Com a chegada do malvado Covid-19, o nosso amigo tornou-se presente diariamente nas nossas casas com as celebrações pela Internet a partir das suas paróquias. Uma nova forma de evangelizar...

Aqui deixamos os PARABÉNS do grupo a este amigo, desejando-lhe muito sucesso no seu trabalho, muita saúde e alegria no serviço.

Contacto: tel. 967 092 726

Palavra do Sr. Bispo

26.06.20 | asal

SEMPRE HOUVE DESMANCHA-PRAZERES!...

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As Festas fazem parte da natureza humana. Espontâneas ou programadas, elas assinalam o ritmo da vida dos povos, das sociedades, das comunidades, das famílias, das pessoas. As causas que lhe estão na origem são imensas e diversificadas. Quer aconteçam a nível mundial ou nacional, quer a nível local, familiar ou de sectores, elas fazem parte da vida social, religiosa, cultural, desportiva, política, laboral e outras. São momentos de rutura com o quotidiano e marcam a diferença, na comunhão e na alegria. Fomentam uma maior consciência de pertença, solidificam a unidade entre todos, assinalam as opções fundamentais na caminhada de cada um, refrescam e renovam a vida e a esperança no futuro. Muitas vezes potenciam projetos comuns, outras vezes são ponto de partida para iniciativas de capital interesse.

Ora, se a festa é parte estruturante da vida humana, estranho seria que houvesse pessoas incapazes de se converterem à festa, inclusive às festas da vida para se rejuvenescerem a si próprias e aos outros. No entanto, mesmo que seja exceção, encontramos gente que não gosta de festas. Pior, é contra as festas, implica, complica, nunca desintrinca nem se aplica. Em jeito de zangados com a vida, se as celebram, fazem-no de forma avinagrada, azedos. Não são capazes de dar um ar da sua graça, parece que trazem o mundo às costas e vivem eternamente voltados para o cantar às almas, tristes, sempre com ares de luto e xaile pela cabeça. Nem um bom vinho desta minha terra páscoa, o Alentejo, os consegue alegrar. Tampouco um “Muralhas” ou um “Alvarinho” da minha terra natal os cativa.
E cá para nós, caro leitor, cá para nós que ninguém nos ouve e me perdoará esta alusão, até porque lhe tornará mais leve a leitura deste texto: acredito que um bom vinho alentejano, sem se abusar, sem se perder o equilíbrio, sem que ele faça cair da prancha ou prestar culto a Baco, acredito que será uma boa companhia para ajudar esses alguns a se desembrulharem para a festa. É um mero palpite meu, mas um palpite muito mais certeiro do que o de saber quem vai ganhar o campeonato de futebol ou quando é que acabará esta pandemia que a todos espreita! E não haveria grande dificuldade em escolher se fossem muitos, todos os vinhos alentejanos são bons. Ou, então, a única alternativa honrada e muito mais eficaz, digo eu, claro está, acho que seria um “Alvarinho”, pois é mais que bom e sempre tem ajudado a viver as festas da vida e a fazer da vida uma festa, que o digam os meus conterrâneos, e não só...
Passeando pelas páginas da própria Bíblia, encontramos, a título de exemplo, o escriba Esdras, o qual, no dia consagrado ao Senhor, em que o povo israelita chorava, comovido, ao escutar a leitura da Lei, aconselhou os presentes a que não ficassem tristes nem chorassem, mas que fossem para casa, fizessem uma boa refeição, bebessem um bom vinho, fizessem festa (Ne 8,10). São Paulo aconselhou Timóteo a que não continuasse a beber só água, mas que tomasse um pouco de vinho, e diz porquê (1Tim 5,23). Perante o embasbacado chefe de mesa, o vinho bom das Bodas de Caná foi fonte de alegria para a nova família, é o vinho novo da aliança de Cristo com a humanidade (Jo 2,1-11). Ben Sirá interrogava-se sobre que sentido teria a vida se faltasse o vinho e afirmava que o vinho foi criado para alegrar as pessoas, pois, se bebido na devida altura e na medida certa, sempre traz gozo ao coração e alegria à alma (Ec 31, 27ss).
Pois, pois, se bebido com moderação!... Se assim não for, também lá se diz que os responsáveis esquecerão as leis e o direito dos pobres, fará esquentar a briga dos arrogantes, arruinará quem se excede por vício ou desafio, fará sofrer muita gente, fará com que alguns façam a figura de Noé, Lot ou Nabal, que adormeceram com uma bebedeira de se lhe tirar o chapéu. Sim, se a moderação pode ajudar à festa, o excesso pode-a estragar e trazer amargura... ah ah ah ah... Até parece que estou a fazer a apologia do vinho... Mas não, estou apenas a falar da necessidade da festa e da alegria na vida, mesmo no meio das tormentas existenciais, assim como nos testemunham os músicos do Titanic.
O nosso Deus é o Deus da Alegria e da Festa. A sua alegria é a nossa força. Ele quis que a sua alegria estivesse em nós e a nossa alegria fosse completa. Jesus participava nas festas do seu tempo, iniciou a sua vida pública numa festa, provocou várias festas, falou da grandiosa festa das Bodas do Cordeiro, quis que, em comunhão com Ele, fizéssemos da vida uma festa.
No entanto, se o leitor escutar bem o som dos martelinhos do seu sótão pensante, constatará que sempre houve gente a esbodegar a alegria dos outros, a esfrangalhar a festa. Também na própria Bíblia, donde menos se haveria de esperar tal coisa, aparecem-nos atitudes dessas. No entanto, elas transmitem-nos uma mensagem, colocam-nos em alerta, denunciam a fraqueza humana, são lições para a vida. O rei Saul, por exemplo, em vez de se associar, não suportava as festas do povo pelos êxitos de David, ficava abespinhado ao ponto de o querer matar, a inveja dominava-o. O irmão mais velho do filho pródigo não entrou na festa que o pai organizara aquando da chegada do filho mais novo. Não foi capaz de enxergar a alegria do pai e até resmungou e bateu o pé, não entrou, não quis associar-se, mostrou-se amargurado com a atitude do pai, reivindicava que ele e só ele é que era merecedor duma festa assim. Aquele outro que, por preguiça, negligência ou falta de respeito para com os convidados, entrou na festa das bodas do filho do rei sem se preparar convenientemente para a festa, sem vestir o traje próprio, perturbou o ambiente e a alegria, não colaborou na festa de todos. E se a festa continuou, continuou sem ele, e ele ouviu o que não tinha necessidade de ouvir. As cinco jovenzinhas imprudentes, na sua indolência ou falta de entusiasmo, também não entraram na alegria da festa do noivo. Descuidaram-se, as suas lâmpadas acabaram por dormitar, secas e mui tristes. Eram loucas, coitadas, se em alguma coisa pensaram pensaram em tudo menos no que deviam. Os fariseus, sempre de olhar pesado e vesgo para a alegria de tantos que gostavam da vida e de viver, opuseram-se à festa da entrada do Senhor em Jerusalém. E o próprio Senhor os criticou, a eles e aos doutores da lei, porque se assemelhavam à pequenada que, sentada na praça, se dirigia aos seus colegas como que a perguntar-lhes o que é que afinal eles queriam, pois já tinham tocado flauta para eles e eles não foram capazes de dançar, já tinham tocado músicas tristes e eles também não foram capazes de chorar... De facto, as festas são parte integrante da natureza humana, mas têm as suas exigências, sobretudo não devem ser festas de fachada, a alimentar hipocrisias, falsidades e excessos, de vinho e outros. Devem servir para que todos se encontrem e não para dar encontrões.
Porque este tema das festas é um tema importante e vasto, voltarei a ele, sobretudo para falar das festas religiosas das nossas comunidades e das festas da família cristã: festas do Padroeiro, do Batismo, da Primeira Comunhão, da Crisma, do Matrimónio, das Celebrações Jubilares e outras.

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 26-06-2020.

Aniversário

26.06.20 | asal

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Mais um aniversariante bem conhecido!

É o teu dia, José Ventura Fernandes Domingos! Mas com 71 ao lado dos amigos que já andam pelos 80 e 90, isso quer dizer que tens muita vida para viver...

Assim, damos-te os PARABÉNS por mais uma primavera e alegramo-nos com a tua alegria e por seres um de nós, não te cansando de estares a enriquecer o grupo com o teu trabalho, ora dando à luz as nossas caras, ora convivendo com a malta nas mesas de repasto que se armam à nossa frente, ora ainda dedilhando as teclas do órgão quando é necessário.

Hoje apresento-te em foto da Parreirinha, onde tantas vezes vais cultivar a amizade. Que a Vida continue a sorrir-te com saúde e felicidade.

Contacto: tel. 962 311 894

A máscara

24.06.20 | asal

A máscara e o jogo da sociabilidade

José Centeio 22 Jun 20 | in "7Margens"

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Começo este texto com um pequeno episódio que vivi há anos e que, apesar da sua importância relativa, me tem acompanhado em várias tiradas reflexivas. Uma manhã, ao iniciar a rotina de mais um dia de trabalho e na correria para o próximo metro, dou de caras com um rosto que me parecia familiar. Fiz um pequeno aceno, mas o outro continuou indiferente na certeza de que não lhe era dirigido. Aquele rosto não me saía da cabeça, mas por maior que fosse o esforço, e durou vários dias, a memória havia decidido fazer greve e negar-me a mínima ajuda no relacionar o rosto com uma qualquer situação que tenha vivido. Desisti. Talvez a memória, alimentando-se dos dados fornecidos pelos nossos sentidos, não gostasse de se sentir pressionada.

Tal como os sentidos, é preciso tempo e descontração para que cada um deles tenha o seu espaço e oportunidade de nos revelarem o que de melhor eles fazem, o que de melhor eles nos proporcionam. Ninguém pode saborear um prato a correr ou escutar música como se estivesse de fugida. Muito menos tatear passando a mão ou ficar inebriado pelo cheiro de uma rosa passando apenas por ela ou não dedicando o tempo necessário a admirar a sua beleza.

Pois é, os nossos sentidos detestam ser apressados, é preciso dar-lhes tempo. O que muitas vezes dizemos não ter. A memória, enamorada pelos sentidos, gosta de pormenores e não de vistas aéreas, exige-nos tempo. Byung-Chul Han, no seu livro A Sociedade do Cansaço, escreve: “Ao desaparecer a descontração, perde-se o ‘dom da escuta’ e desaparece a ‘comunidade capaz de escutar’.”

Um belo dia, sem que nada o fizesse prever, a memória decidiu dar-me a resposta. Afinal, a proximidade daquele rosto era apenas fictícia e o enquadramento do registo era o de dois bancos de autocarro colocados frente a frente. Imagino que a viagem de que não me recordo tenha durado o tempo necessário para que a memória registasse os pormenores e transformasse aquele rosto desconhecido em algo aparentemente próximo. A vida é também tecida destes pequenos milagres de gente que, sem o saber, nos vai transformando e, quiçá, revelando-nos a nossa humanidade.

Este episódio mostra o quanto o rosto de alguém pode ser identitário e fonte de proximidade ou de afastamento, de empatia ou repulsa para cada um de nós. Ao pensar na utilização obrigatória e cívica das máscaras no tempo que hoje vivemos, veio-me à memória o episódio e dei comigo a pensar que implicações terá em nós, nos nossos sentidos, o seu uso ou que pormenores privilegiará ou deixará de registar a nossa memória?!

Os sentidos, se lhes concedermos o tempo devido, não deixarão de nos surpreender, mas como poderemos nós ver o que o outro nos revela? O rosto torna-nos mais autênticos, desnudados, correndo o maravilhoso risco de expormos através das muitas expressões do rosto o que os nossos sentidos captam. O rosto é para o outro uma espécie de visor dos nossos sentidos. Pelo rosto somos reconhecidos, nomeados, julgados, amados ou detestados, o que o transforma num suporte essencial de comunicação e de aproximação entre seres. É verdade que no oriente a parte superior do rosto, olhos e movimentos das sobrancelhas, são muito mais reveladores de sentimentos que a parte inferior, códigos que para nós ocidentais, por uma questão cultural, serão muito mais difíceis de decifrar.

Se no teatro grego, ou até no carnaval, um dos objetivos da máscara seria o de reforçar a identidade de uma personagem, acentuar-lhe os traços, neste caso, ao uniformizar os rostos, esconde-nos a identidade, rouba-nos a singularidade, torna-nos anónimos, afasta-nos do outro. Ao escondermos do outro as expressões dos nossos sentidos, podemos transformar-nos numa outra personagem sem corrermos o risco de sermos descobertos. David Le Breton, sociólogo e antropólogo, escrevia há dias no jornal Le Monde: “Esta banalização da máscara que induz o anonimato generalizado é uma rutura antropológica muito mais forte de sentido que o aperto de mão ou o beijo. Nem o sorriso os substituirá, porque não haverá provisoriamente rosto.” E acrescentava que o uso da máscara é propício à transgressão e transferência de personalidade.

Havia consciência de que, saídos do confinamento, não seríamos mais as mesmas pessoas, algo em nós se foi transformando sem que nos déssemos conta. Mas que será de nós no final deste ciclo pandémico? Se por um lado recuperámos, mesmo se provisoriamente, a sociabilidade das janelas e das varandas nas relações de vizinhança, por outro lado, a vivência desta pandemia e o medo em crescendo que a cada passo fomos interiorizando, viciaram definitivamente o jogo da sociabilidade. O grande risco, enorme diria, é que a partir desse viciamento se construa uma narrativa que confine a nossa liberdade de viver.

José Centeio é gestor de organizações sociais e membro do Cesis (Centro de Estudos para a Intervenção Social) e da equipa editorial do 7MARGENS

Aniversário

23.06.20 | asal

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Celebra hoje o seu aniversário o Manuel Roque Lourenço, nascido em 23-06-1950 e a viver hoje em Lisboa. Está reformado das tarefas bancárias e dedica o tempo à família.

Herculano, dá lá um abraço ao teu irmão e diz-lhe que não nos esquecemos dele...

PARABÉNS e que seja muito feliz.

Contacto: tel. 964 159 924

Alfazema

22.06.20 | asal

Há mais de um mês, fui acompanhando as mudanças operadas na alfazema do nosso quintal.

O confinamento permite estas bênçãos, como diria o meu amigo, Sr. Cón. A. Assunção, ou ainda o Manel Mendonça (P.), outro amigo que ainda há poucos dias deixou um lindo comentário no blogue.

A natureza não demora muito a evoluir, a operar transformações que nos deixam espantados. Mais morosas e complicadas são as nossas transformações pessoais, sem saber se levamos uma boa vida ou uma vida boa, como diria o amigo José Maria M. Martins, filosoficamente falando. 

«José Maria Morgado Martins Pois é! Uns defendem e fruem uma BOA VIDA. Outros preferem e tentam praticar uma VIDA BOA. E a "velha" e sempre actual problemática ética é muito mais complexa do que a simples colocação do adjectivo, antes ou depois do substantivo.... Eis um ótimo ponto de partida para uma análise psicanalítica. O bichinho assassino não nos mata apenas, também incentiva a nossa fértil imaginação. Penso eu...»

Olha, Zé Maria, o bicho assassino mata-nos mais depressa ainda que qualquer mudança no meu quintal. Mas foi o tal "bicho" que, aprisionando-me, me levou a olhar para esta natureza circundante, tão cheia de vida, de cor e de beleza.

À falta de novidades, estou mais uma vez a abrir a porta de casa e do quintal, para os amigos poderem ver o que por aqui se passa. É o que posso oferecer-vos. Cada um faz o que acha que é melhor para ajudar os outros. E como eu não tenho nem o recheio imagético e respetiva criatividade, nem a abundância de livros e de filosofia do bem conhecido Mário Pissarra, fico com esta prenda. Ele, sim, é que diariamente traz imagens bem capazes de nos fazer esquecer o ar de prisão, provocando o riso, criando boa disposição... É assim que ele se justifica:

«Mário Pissarra Se reparares, isto começou com a pandemia. E tem termo previsto. Quando muitos massacraram com as maiores tragédias ao virar da esquina, com cenários deprimentes, com previsões aterradoras, que felizmente não se concretizaram, eu achei que devia remar contra a corrente desta forma. Uma opção. Certa, errada? Êxito fácil? Nisto estou como no jornalismo: quero factos. A minha opinião sou eu que a construo a partir dos factos. Não quero que me dêem a opinião deles em vez dos factos.» 

Diariamente o Mário aparece e o amigo Zé Maria complementa o pensamento ou amplia-o ou discute e, por dá cá aquela palha, cria belos momentos de entretenimento. Obrigado aos dois!

O que eu quero, afinal? Tão simples como isto: vou mostrar-vos as fotos de crescimento da nossa IMG_20200616_173505.jpgalfazema bem cheirosa, que este ano prolonga a sua existência por obra da vizinha Felicidade; ela ensinou a Antonieta a fazer umas maçarocas para encher da sua fragrância os roupeiros da casa. Aqui estão uns rolinhos já feitos e mais espigões e corolas à espera de mãos modeladoras para completarem o trabalho.

A alfazema, toda ela bem cheirosa, também chamada Lavanda, é bem conhecida pelas suas propriedades calmantes. Nem eu sei quanto este grande mouchão do quintal me tem ajudado a suportar irritações adventícias, que não chegam à superfície. Ora aqui está: bicho invisível maldoso versus bicho visível beneficente.

Vejam aonde chegou este discurso! Passem bem e defendam-se. E olhem as fotos...

António Henriques

Aniversário

22.06.20 | asal

Bruno Cordeiro.jpgMais um jovem a fazer anos hoje...

Trata-se do Bruno Cordeiro, de 39 anos, casado, a viver em Coimbra e a trabalhar e estudar arduamente no Doutoramento em Gestão de Empresas, ele que trabalha no Instituto Miguel Torga. Olha lá, tu podias dizer umas coisas sobre o impacto da pandemia, que vocês abordaram...

Nascido em 22 de Junho de 1981, aqui lhe deixamos os PARABÉNS do grupo e desejamos muito sucesso na realização dos seus propósitos, o que inclui boa saúde, muita alegria e amizade.

Contacto: tel. 965 879 664

Aniversários

21.06.20 | asal

Carlos Diogo.jpgEstá hoje de festa o meu colega Carlos Diogo, um Sr. Professor a viver em Mação e que não falta aos nossos Encontros. Aqui está ele com a esposa a saborear o rico almoço do encontro da Sertã.

Fazes agora 80 anos, sempre a alcançar-me na meta, mas dentro de pouco tempo eu volto a ultrapassar-te.

Acho que posso dizer que tens sido um sortudo, com saúde e muita felicidade. E cá estamos nós a dar-te os PARABÉNS pela vida e a desejar-te ainda muita saúde e alegria por longos anos. Sê feliz...

Contacto: tel. 965357497

 

Tiago Xavier1.jpg

Também hoje faz anos o Tiago Xavier, um jovem de 35 anos, de Castelo Branco e a viver em Ponta Delgada, Açores.

Engenheiro mecânico de profissão, aqui está esta cara linda, que pertence com gosto ao nosso grupo.

Meu caro, PARABÉNS neste teu aniversário. Deixamos um abraço e votos de muita felicidade e saúde. Um dia temos de te encontrar...

Contacto: tel. 926 048 181

Palavra do Sr. Bispo

19.06.20 | asal

E MATARAM-NO POR DÁ CÁ AQUELA PALHA!...

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“No tempo de Herodes, rei da Judeia, havia um sacerdote chamado Zacarias, que pertencia ao grupo sacerdotal de Abias. Isabel, sua mulher, também era descendente de Arão. Ambos eram justos aos olhos de Deus, obedecendo de modo irrepreensível a todos os mandamentos e preceitos do Senhor. Mas eles não tinham filhos, porque Isabel era estéril e ambos eram de idade avançada. Certa vez, estando de serviço o seu grupo, Zacarias exercia o sacerdócio diante de Deus. Ele foi escolhido por sorteio, de acordo com o costume, para entrar no santuário do Senhor e oferecer incenso. Chegando a hora de oferecer o incenso, todo o povo rezava do lado de fora. Então, um anjo do Senhor apareceu a Zacarias, à direita do altar do incenso. Quando Zacarias o viu, perturbou-se e o medo apoderou-se dele. Mas o anjo disse-lhe: “Não tenhas medo, Zacarias; a tua oração foi ouvida. Isabel, tua mulher, dar-te-á um filho, e tu lhe darás o nome de João. Ele será para ti motivo de alegria e de júbilo e muitos se alegrarão com o seu nascimento, pois será grande aos olhos do Senhor. Ele nunca beberá vinho nem bebida embriagante, e será cheio do Espírito Santo desde o seio de sua mãe. Fará voltar muitos dos filhos de Israel para o Senhor, seu Deus. (...) Zacarias perguntou ao anjo: “Como posso ter a certeza disso? Sou velho, e minha mulher é de idade avançada”. O anjo respondeu: “Eu sou Gabriel, aquele que está diante de Deus, e fui enviado para te anunciar esta boa nova. E eis que ficarás mudo e não poderás falara até ao dia em que isso acontecer, porque não acreditaste nas minhas palavras, que se cumprirão no tempo oportuno”. Enquanto isso, o povo esperava por Zacarias, estranhando a sua demora no santuário. Quando saiu, não era capaz de lhe falar e compreenderam que ele tivera uma visão no santuário. Zacarias fazia-lhes sinais, mas permanecia mudo. Quando terminou o seu tempo de serviço litúrgico, ele voltou para casa. Depois disso, Isabel, sua mulher, engravidou e durante cinco meses não saiu de casa” (Lc 1, 5-24).
“Ao se completar o tempo de Isabel dar à luz, ela teve um filho. Os seus vizinhos e parentes ouviram falar da grande misericórdia que o Senhor lhe havia demonstrado e alegraram-se com ela. No oitavo dia, foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias, mas a sua mãe tomou a palavra e disse: “Não! Ele será chamado João”. Disseram-lhe: “Não há ninguém na tua família que tenha esse nome!”. Então, fizeram sinais ao pai do menino, para saber como ele queria que a criança se chamasse. Ele pediu uma tábua e, para admiração de todos, escreveu: “O seu nome é João”. Imediatamente a sua boca se abriu, a sua língua se soltou e ele começou a falar, louvando a Deus. Todos os vizinhos ficaram cheios de temor e por toda a montanha da Judeia se divulgaram estas coisas. E todos os que ouviam falar disso, perguntavam-se: “O que irá ser este menino?” De facto, a mão do Senhor estava com ele (Lc 1, 57-66). João cresceu, fez-se homem, viveu no deserto. No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, “quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia; Herodes, tetrarca da Galileia; seu irmão Filipe, tetrarca da Itureia e Traconítide; Lisânias, tetrarca de Abilene; Anás e Caifás, sumo sacerdotes”, a palavra do Senhor foi dirigida a João, no deserto, e logo percorreu toda a região à volta do Jordão, a proclamar um batismo de conversão para o perdão dos pecados, como está escrito no livro do profeta Isaías: "Uma voz clama, no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas...” (cf. Lc 3,1-4). “Toda a região da Judeia e todos os moradores de Jerusalém iam ao encontro de João. Confessavam os seus pecados e João batizava-os no rio Jordão. Ele vestia-se com uma pele de camelo, usava um cinto de couro e comia gafanhotos e me silvestre” (Mc 1, 4-6). Denunciando a inutilidade de uma fé meramente teórica e apelando à mudança radical nas atitudes e ações, as multidões, e certos grupos de pessoas em particular, deram ouvidos à pregação de João, reconheciam a justiça de Deus e perguntavam o que é que deviam fazer (cf. Lc 3, 1-14).
Porque aguardavam a vinda do Messias, os judeus estavam intrigados com a pessoa, o estilo e a pregação de João. Por isso, mandaram sacerdotes e levitas ao encontro de João Batista para que ele os esclarecesse sobre quem era ou pretendia ser, se era, de facto, o Messias. “Perguntaram-lhe eles: «Quem és tu?» Ele confessou e não negou: «Eu não sou o Messias». Eles perguntaram-lhe: «Então, quem és tu? És Elias?» «Não sou», respondeu ele. «És o Profeta?» Ele respondeu: «Não». Disseram-lhe então: «Quem és tu? Para podermos dar uma resposta àqueles que nos enviaram, que dizes de ti mesmo?» Ele declarou: «Eu sou a voz que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías». Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram: «Então porque batizas, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?». João respondeu-lhes: «Eu batizo na água; mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias” (Jo 1, 19-27). “Ele batizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo. Tem a pá na sua mão para limpar a sua eira e recolher o trigo para o seu celeiro, e queimará a palha num fogo que não se apaga” (Lc 3, 16-18). “Nesse tempo, veio Jesus da galileia ao Jordão até João, a fim de ser batizado por ele. Mas João tentava dissuadi-lo, dizendo: ‘Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim?’. Jesus, porém, respondeu-lhe: ‘Deixa estar por enquanto, pois assim nos convém cumprir com a justiça’. E João consentiu. Batizado, Jesus subiu imediatamente da água e logo os céus se abriram e ele viu o Espírito de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele. Ao mesmo tempo, uma voz vinda dos céus dizia: ‘Este é o meu filho muito amado, em quem me comprazo’ (Mt 3, 13-17).
Herodes, embora respeitasse João, não morria de amores por ele. Não só pela força da sua pregação, mas, sobretudo, porque ele o tinha repreendido por viver com a mulher de seu irmão. Quando a verdade incomoda os grandes e os instalados, eles tentam destruir quem a proclama com vigor. E foi o que aconteceu, João foi encarcerado. “De facto, o próprio Herodes mandara prender João e acorrentá-lo na prisão, por causa de Herodíade, a mulher de seu irmão Filipe, que ele desposara. Pois João dizia a Herodes: «Não te é permitido ter contigo a mulher do teu irmão». Ora, Herodíade guardava-lhe rancor e queria matá-lo, mas não podia, pois Herodes temia João, sabendo que era um homem justo e santo, e protegia-o. Quando o ouvia, ficava muito perturbado, mas ouvia-o com gosto. Entretanto chegou o dia oportuno, quando Herodes, no seu aniversário, realizou uma ceia para os seus nobres, oficiais e principais personalidades da Galileia. Tendo entrado a filha de Herodíade, dançou e agradou a Herodes e aos que estavam reclinados à mesa. Disse o rei à jovem: «Pede-me o que desejares e eu to darei.» E jurou-lhe muitas vezes: «Aquilo que pedires, dar-te-ei, até metade do meu reino.» Ela saiu e perguntou à mãe: «Que hei de pedir?» Ela respondeu: «A cabeça de João Baptista.» E, entrando imediatamente e correndo para o rei, fez o pedido, dizendo: «Quero que me dês agora mesmo, numa bandeja, a cabeça de João Baptista». O rei ficou muito consternado, mas, por causa dos juramentos e dos que estavam reclinados à mesa, não quis recusar-lho. E imediatamente o rei enviou um guarda, ordenando-lhe que trouxesse a cabeça de João. Ele foi, decapitou-o na prisão e trouxe a sua cabeça numa bandeja; deu-a à jovem, e a jovem deu-a à sua mãe. Quando os seus discípulos o souberam, foram buscar o cadáver e depositaram-no num sepulcro” (Mc 6, 17-29).
Aproxima-se o dia da Solenidade do nascimento de São João Batista, o Precursor de Jesus, “o maior entre os filhos nascido de mulher”. O seu modo de falar, a sua pregação, as suas opções de vida, a sua coerência na verdade e a coragem de profeta deixaram marcas, mas não o levaram a colocar-se na ponta dos pés nem a exigir reconhecimento e aplausos, antes pelo contrário. Nele se cumpriu o que Jesus a todos haveria de aconselhar: “Quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: somos servos inúteis, apenas fizemos o que devíamos ter feito” (Lc 17,10). João Batista, tendo batizado e preparado os caminhos do Senhor, apresentou-o ao povo como o Cordeiro de Deus, o que tira o pecado do mundo. Depois disso, na sua grandeza e humildade, retirou-se, afirmando: “É necessário que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30). Os que se julgavam donos e senhores de tudo e de todos, acabaram por o matar, era voz incómoda demais!. Que ele interceda por todos nós! Que o amigo leitor, obedecendo aos caprichos ditatoriais do covid-19, se poupe das marchas populares e encontre nas sardinhas um bom pretexto para que a Festa seja maior e mais familiar, mais Festa em honra de São João Batista!

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 19-06-2020

ANIMUS SEMPER escreve antónio henriques

19.06.20 | asal
Na secura das horas e na vacuidade de notícias com que vamos vivendo estes dias, voltei hoje ao passado e fui olhar para o que se passava em Junho de 2016, quando ainda éramos animados pelo "ÂNIMO" do animado Colaço. Dei com um texto de reflexão que este menino escreveu e trago para aqui. Pode ser que interesse a alguém. AH

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Meu caro Colaço, embora o ambiente de férias em que me encontro a tratar das minhas maleitas não seja o mais propício a grandes tiradas vivenciais e a argumentos definitivos sobre o passado e o futuro da nossa história associativa, não quero terminar este período final de existência da Animus sem uma opinião pessoal acerca deste momento. Assim, passo a expor:

1 – Habituei-me nos últimos anos a viver a amizade entre os alunos dos nossos seminários sobretudo através da Animus e dos testemunhos pessoais e relatos de encontros realizados, ora com muitos ora com poucos colegas, dentro e fora da diocese… Não acompanhei o blogue desde princípio por não me ter chegado a notícia da sua existência, sabendo “a posteriori” das muitas querelas que tiveste de suportar com ânimo e espírito de humildade colaborante nos bons e maus momentos. A tua veia criativa e entusiasmante sempre me animou a colaborar também, o que agradeço, em meu nome e no de muitos com quem converso, deixando aqui o testemunho da minha admiração pelo teu trabalho, mesmo naqueles “interlúdios” em que te sentiste sozinho e não tinhas colaboradores. Mas bastavam os teus apartes para nos “obrigares” a visitar a página.

2 – Agora, há que preencher o tremendo vazio que nos vais deixar e, naturalmente, apontas para a Comissão que se voluntariou em Abrantes (19/05/2015) para continuar a dinamizar as relações dos colegas dos nossos seminários. Para quem havia de ser?

No entanto, que fique bem claro que assumimos a Comissão sem o compromisso do blogue. Estando a ser arrastados pela corrente, os elementos da Comissão sentem que não podem deixar de assumir mais este encargo, embora nos faltem as capacidades do Colaço e as competências técnicas para mexer na informática de um blogue. E o pior é que, pelos vistos e pelas conversas havidas entre os membros da Comissão, vai ser o António Henriques a tentar assumir esta tarefa!...

Digo a todos, para que não haja dúvidas, que não tenho qualidades para substituir o Colaço. Sou um curioso da Informática, sem cursos específicos, e logo nos primeiros momentos vou precisar do abc das questões mais comezinhas para mexer num blogue. Com a ajuda do Colaço, talvez consiga…

Pessoalmente, embora na Comissão não se tenha ainda discutido este assunto, preferiria iniciar o blogue com outro nome, por exemplo “Animus semper”, até para desresponsabilizar o autor anterior e haver passagem de testemunho. É muito de elogiar a disponibilidade do Colaço para continuarmos todos a usufruir do acervo histórico que ali enriquece os nossos passos.

3 – Ao ler o tremendo contributo do José Centeio para estas questões num dos últimos trabalhos inseridos no Animus com o título O RESPEITO NÃO SE DECRETA, CONQUISTA-SE E MERECE-SE, eu sinto-me ainda mais empurrado para a acção, reconhecendo que entre nós, mesmo que haja dissonâncias (algumas graves), há muita gente que quer partilhar vivências, renovar amizades e criar novas, partilhando com todos os ex-alunos pedaços das suas vidas. E quanto mais frequento estes ambientes, mais me capacito da muita qualidade que cada um de nós tem para animar o grupo, criticar também, mas sempre com espírito construtivo, como quem é capaz de criticar os próprios pais mas os respeita e admira sobremaneira, reforçando os laços de amizade.

Como o José Centeio, penso também que o blogue «deve ser o principal canal de partilha de reflexão e não é por acaso que nele encontrámos belíssimos textos. E só não lê quem não quer ou está interessado em questões menores.»

 4 – A minha última palavra vai no sentido de dizer a todos que faremos o que pudermos para alegrar os nossos leitores, confiando no contributo de muitos de vós para alimentar o nosso blogue. Mas, digo com sinceridade, temo assumir uma tarefa que me traga ansiedade a mais e me complique os dias em vez de os animar. Ajudem-nos todos a viver em alegria, façam favor! Para já, até ao fim do mês, continuarei a tratar das minhas artroses e bicos de papagaio. Depois algo vai acontecer.

Boas férias a todos. 

António Henriques  (25/06/2016)

Aniversário

18.06.20 | asal

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É hoje o aniversário do Eurico P. Grilo, nascido em 18-06-60. Trabalha como jurista na Câmara Municipal de Lisboa na gestão de recursos humanos.

Já o vimos nos jantares de Natal em Castelo Branco e contamos com ele nos almoços da capital.

PARABÉNS, caro amigo, por mais uma primavera, com votos de longa e feliz existência.

Contacto: tel. 919 095 987 

Novo Presidente da CEP

17.06.20 | asal

José Ornelas - novo presidente da CEP: Bispos escolhem renovação absoluta para a liderança e manutenção no resto

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Texto de "7Margens" - António Marujo | 17 Jun 20

 

Quis estudar Bíblia, a sua “raiz”, para aprender a “sujar as mãos com a realidade de cada dia. Já se manifestou ao lado dos estivadores de Setúbal ou dos moradores do bairro da Jamaica no apelo a uma vida com condições mais dignas. Pela primeira vez, um bispo de Setúbal foi eleito para presidente da Conferência Episcopal. E quer uma atitude de “diálogo com a sociedade” de que a Igreja Católica faz parte.

 

O bispo de Setúbal, José Ornelas, 66 anos, foi eleito na manhã desta terça-feira, 16 de Junho, para o cargo de presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), substituindo o patriarca de Lisboa. Virgílio Antunes, 58 anos, bispo de Coimbra, foi eleito para vice-presidente. Ambos integravam já o conselho permanente da CEP, como vogais, no mandato que agora cessou.

A escolha dos dois lugares de liderança é inovadora, já que é a primeira vez que neles não está representada nenhuma das principais dioceses do país (Lisboa, Porto, Braga, Leiria-Fátima e Évora, esta última por ser sede “metropolita”, ou seja, funcionando como tribunal de recurso às dioceses do Sul em casos de justiça canónica). É também a primeira vez que o presidente da CEP é um bispo oriundo de uma congregação religiosa – os Sacerdotes do Coração de Jesus, ou dehonianos.

Nas suas primeiras declarações, o agora presidente da CEP afirmou, à agência Ecclesia, que os bispos devem ser o “primeiro sinal da união da Igreja em Portugal” e que pretende promover uma atitude de “diálogo com a sociedade” de que a Igreja Católica faz parte. Acrescentou que os bispos estão unidos nos “temas fundamentais”, mas admitiu que é necessário “coordenar” as atividades conjuntas “mais solidariamente”.

Se a eleição dos dois lugares de topo trouxe novidades absolutas, já nas restantes votações os 28 bispos presentes e votantes decidiram manter o essencial: no conselho permanente, a escolha recaiu sobre nomes óbvios (à excepção de um); nas sete comissões sectoriais mudaram apenas os dois presidentes que tinham cumprido dois mandatos seguidos (limite máximo permitido pelos estatutos).

Veja-se ao pormenor: para vogais do conselho permanente, além do patriarca de Lisboa que tem lugar por inerência, foram escolhidos os bispos do Porto, Leiria-Fátima, Évora e Bragança. Ou seja, os responsáveis da segunda diocese do país (primeira em população), da “capital” religiosa (Leiria) e da sede metropolita do Sul. O único “intruso” é o bispo de Bragança, José Cordeiro, que já era vogal no mandato anterior.

Os desequilíbrios regionais do país sentem-se também na configuração hierárquica da Igreja: as dioceses com mais “peso” são fundamentalmente as do litoral entre Braga e Setúbal.

Numa altura em que se prepara a sucessão do arcebispo de Braga, José Cordeiro e Virgílio Antunes são dois dos nomes que têm sido referidos como prováveis candidatos ao lugar. A eleição de ambos para o conselho permanente confirma esse sinal – com a ligeira “vantagem” para D. Virgílio, votado para vice-presidente (sendo que não são os restantes bispos que escolhem o futuro arcebispo, mas têm uma palavra a dizer nesse processo).

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