Celebra hoje o seu 64.º aniversário o Joaquim Antão, do Estreito, Vilar Barroco, terra de gente boa... De Vilar Barroco era também o falecido P. Peres, meu pároco durante muitos anos.
O Joaquim foi bancário, deve perceber muito de contas e, acho eu, já registou na agenda o dia 18/05/2019, data do nosso Encontro anual na Sertã, ali ao lado!
Aqui estamos a dar-te os PARABÉNS, AMIGO! E que sejas muito feliz, com saúde e amigos por longos anos.
Ainda em aquecimento para a entrada, em breve, na nova época do grande desafio de levar a Boa Nova a todos com novo entusiasmo, novas motivações e sincero fair play, hoje, porém, não posso deixar de dar um palpite sobre uma questão de supina elevação literária. Ora vejam só!... Um amigo leitor do facebook, a propósito do meu escrito de há duas semanas sob o título “Podem mandar-nos para o chilindró”, insinuou-me, com amizade, que era xilindró e não chilindró. Agradeci a amabilidade e expliquei que, em português, há, na verdade, as duas versões: com ch ou com x. Agora lá saber bem porquê, isso não sei, mesmo que o dicionário abra pistas ao nos apresentar uma abada cheia de sinónimos, e qual deles o mais sonante!... Mas, jogando sério com essa bola, vou dar um palpite sem esgarafunchar muito no sótão: pensar dá muito trabalho!... Cochicha-me a musa que a dualidade da escrita da referida palavra, chilindró ou xilindró, não deve ser por causa da maior ou menor qualidade de tal alojamento presidiário, nem pela divisão interna dos utentes: ricos e importantes aqui, pobres e desgraçados acolá. Seja qual for a categoria desses locais, para o povo que tem um forte sentido da desonra e da justiça, isso não deixa de ser uma pildra que humilha e envergonha. Envergonha e humilha tanto os engravatados que falam desde o alto dos poderes e das sacadas da república, como os de pé descalço ou da patuleia, como os que, de credo na boca, gastam a vida a dizer aos outros que se devem comportar bem. Como sabemos, as pessoas respeitam-se e amam-se. Os erros, porém, têm de se combater e rejeitar. A correção ou a reparação do mal feito, porém, implica, por vezes, e por tempo mais ou menos longo, a hospedagem, contrariada mas gratuita, nesses lugares de repouso, de sonhos desfeitos, de sol aos quadradinhos. É verdade que, não raro, encontramos pessoas que nunca estiveram lá dentro, sempre viveram em liberdade, mas numa liberdade verdadeiramente encarcerada atrás das grades dum sofrimento amargo e terrível que as marcou, persegue, tortura e esmaga. As que, injustamente, de forma profusa e abusivamente reiterada, de forma leviana e sem dados credíveis, foram, por invejas, vingança, preconceitos mesquinhos ou para sacudir a água do capote de alguém, foram publicamente acusadas de crimes ou coisas que nunca cometeram ou fizeram. O Papa Francisco diz-nos que isso “é terrorismo”, são “bombas” que se atiram com efeitos devastadores. Mesmo quando julgadas e absolvidas como inocentes, os efeitos da calúnia não têm reversão. Por mais desmentidos que se façam dificilmente se consegue anular os danos pessoais, familiares, profissionais e sociais causados a essas vítimas. E quem propagou a calúnia, se era isso o que pretendia, também não estará disposto a retratar-se, a pedir perdão e desculpa, a reparar o mal feito. Já o Livro da Sabedoria alude com veemência a estes detratores da fama alheia, cegos que estão pela terrível doença da sua maldade: “Armemos ciladas ao justo, porque nos incomoda e se opõe às nossas obras…” (Sb 2, 12). Mas se isso, infelizmente, acontece, também é capaz de haver gente que está lá dentro, mas já ou até devia estar cá fora. É por esses meandros que passa o meu inspirado e científico palpite. Para essa gente, qualquer desses abrigos, seja um hotel altamente estrelado ou um boteco por onde a zelosa ASAE nem passa, é sempre um aborrecimento, um enfado, uma adversidade!... Talvez um chilindró, uma chatice chata, chatíssima, com ch, pois!... Chilindró!... Outras pessoas haverá que sob a certeza ou a possibilidade de virem a estar lá dentro, andam por aí, dando ares de xilofone marimbas. Será com x. Xilindró!... Dão música, sabem usar bem as baquetas no teclado, trabalham bem e de forma bastante elaborada a sua melodia musical. As portas dos grandes palcos são lhe facilmente escancaradas para que deem espetáculo, provem a sua arte e valia e desmontem os esquemas de que dizem estar a ser vítimas. O auditório, porém, logo se vê a escabichar os ouvidos porque a melodia é rasca, soa a teatro de robertos desafinados. Ao executar a peça, ao manejar as baquetas, ao tocar esse xilofone marimbas, deixam transparecer que se estão mesmo marimbando para tudo e todos, continuando contentes em ouvir os aplausos do ridículo. Dostoevskij afirmava que “quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras, chega a pontos de já não poder distinguir a verdade dentro de si nem ao redor…” (Os Irmãos Karamazov, II, 2). Fazem lembrar a americana Florence Foster Jenkins e a portuguesa Natália de Andrade que se tinham como grandes divas. Não se apercebiam que os aplausos que recebiam das plateias que se enchiam, para, por diversão e gozo, as ouvir, afinal não passavam de gargalhadas e troça humilhante. Em tempos, a jornalista Catarina Mendes, a propósito do filme sobre a vida de Florence Foster Jenkins, escreveu assim, no jornal Público, falando da portuguesa Natália de Andrade: “Fora do ambiente protegido da sua casa foram poucos os que disseram a Natália a verdade cruel, a de que a fama que obteve não vinha do talento musical. Pelo contrário, a convicção da sua pretensa qualidade foi sendo estimulada”. E de tal forma que, quando já decrépita, “era só o som de Puccini que conseguia que Natália abrisse a boca para comer a sopa”. Há vítimas estimuladas no seu ego por bajuladores hipócritas. Sem coragem para lhes dizer a verdade, tudo fazem a pretexto de amizade e admiração: adulando, manipulando, mentindo, exaltando. Dizem-lhes e fazem o que não sentem nem pensam para logo se rirem ao vê-las cair no ridículo e enxovalho. Incapaz de bajular era a Senhora Anastácia em relação ao seu marido, o Senhor Manuel dos andaimes, um trepante bajulador de alto gabarito. Essa sim, uma grande mulher, verdadeira, transparente, merecedora de uma grande estátua e de uma elevada peleja parlamentar em busca de unanimidade para uma esquininha num panteão nacional: - Manel, veio cá o Sr. Joaquim da Encosta da Serra para levar o burro... - E tu que lhe disseste? - Ora, que lhe havia de dizer, disse-lhe que tu não estavas, que viesse mais tarde.
Mais um almoço convívio na Parreirinha de Carnide. Faltam uns, aparecem outros, e lá vamos continuando. Também não faltaram os figos das figueiras da Adelina (não está na foto, mas esteve no almoço) e do Mendeiros que estão a beneficiar deste calor de verão no outono. Na próxima sexta, por ser feriado, não vai haver almoço. Ninguém almoça,...... claro, na Parreirinha. Neste domingo, dia 30, teremos festa na “aldeia” de Carnide. Haverá procissão da Senhora da Luz que percorrerá as ruas desta “aldeia”, abrilhantada por banda de música. Muitas Associações e outras Agremiações se farão representar nesta manifestação religiosa que, muitas vezes, é presidida por Bispo. Quem estiver interessado apareça por lá na tarde de domingo. Eu não perderei esta interessante manifestação. Com este acontecimento dá-se for finalizada a Feira da Luz que, há um mês, tem assentado Arraial no Largo da Luz. Não conhecem? É altura para se deslocarem e apreciarem ...
Manel Pires Antunes
Um acrescento no Facebook:
Joaquim Mendeiros Pedro; Hoje, voltámos a ter figuinhos frescos que eu colhi de manhã, para voltar a ter o prazer de satisfazer os nossos apreciadores da Parreirinha. Foi uma delícia como facilmente se adivinha ! Falámos sobre o próximo São Martinho e foi sugerido pelo Pires Antunes um bom local para esta habitual festividade, e que ele próprio vai tentar concretizar por estes dias. Estejam atentos porque a notícia pode muito bem ser divulgada daqui a alguns dias. Há sempre um reencontro à nossa espera...
Desta vez é só um! E mesmo em férias, aqui deixo o anúncio:
Faz hoje 37 anos (viva a juventude!) o P. Alberto Jorge Porfírio D. Tapadas, que é pároco de Longomel e Ponte de Sor e, ao mesmo tempo, é o Assistente Diocesano do Renovamento Carismático Católico, que arrasta muita gente com o seu dinamismo espiritual.
Sabemos também que ele manifesta uma relação próxima com as aparições da Senhora em Medjugorje, no seguimento da fé do nosso querido P. Álvaro, que muitas vezes ia à Bósnia e falava destas aparições.
Aqui registo, em nome dos antigos alunos, os PARABÉNS DE ANIVERSÁRIO ao amigo P. Alberto, desejando-lhe muita saúde e a realização dos seus projectos.
Com muita piada, o António Rodrigues fala da minha praia... Agora, nem brasileiras há. Só seniores!... AH
ÚLTIMO DIA DE FÉRIAS NA PRAIA DE ALVOR
Pelas 8 horas, sou acordado pela Senhora que dorme todas as noites comigo e que, como sabem, gosta mais da praia do que da família toda. - Vá levanta-te para ires comprar o pão para irmos para a praia porque hoje está um dia espetacular. Eu finjo que ainda estou a dormir, mas não adianta e mesmo ensinado lá vou à padaria. - Por favor, quero 10 papo secos bem cozidos, um rissol de camarão e um pão com chouriço. Tomado o pequeno almoço e preparado o farnel para o dia todo, estamos prontos para seguir viagem e cantando o "vamos à lá playa oh oh oh oh oh". Agora que já chegamos, vamos montar a " barraca": 2 chapéus de sol, 2 cadeiras, 1 tapa vento se necessário, 1 geleira e mais 1 saco com o resto da tralha. Neste momento, começa um bebé a chorar. Depois das besuntices, resolvo ir avaliar a temperatura da água. E devagarinho para não sofrer um ataque de hipotermia, neto na água o dedo grande do pé e asim os outros dedos e por tamanho até ao calcanhar. Entretanto, vejo chegar ao meu lado, com cara de quem vem apertadinha para fazer xixi. Põe as mãos na cintura e disfarçadamente vai andando até ter água pelos joelhos e, alguns instantes depois, nota-se a sua cara de aliviada. Dirige-se para junto do seu marido, quando este está admirando um monumental topless, mesmo à sua frente. - Você, está olhando prá onde, pergunta a mulher que o topou. - Eu estava apenas admirando como você nada muito bem, meu amor. - Eu nadando, seu safado?! Quase que nem molhei meu maiô e você me gingando seu cafageste! E pumba...com um chapadão nas focinhas do marido, terminou esta cena de um casal que deve ser brasileiro e que pelo sotaque penso que será da zona de Goiânia. E o bebé cada vez chora mais. Há outro casal de idosos que, além da toalha de praia, trouxeram também um toalhete para limparem a cara depois do banho, um par de barbatanas também os acompanhou, talvez para arejarem apenas porque não saíram do sítio. E assim vamos passando o dia, ora apreciando os "cromos", uns mais engraçados do que outros e tomando umas valentes banhocas e uns bem quentinhos banhos de sol. Agora está na hora de comer a sandes e beber uma bejeca, mas o bebé não pára de chorar. Mais ou menos pela hora do lanche, aparece o vendedor das bolinhas de Berlim e cujos slogans são os seguintes: " olhá bolinha do Alvor que é recomendada pelo senhor doutor"; "há também bolinhas de chocolate que são tão boas que é um disparate": e ainda: " olhá bolinha algarvia que dá pouca saúde, mas muita alegria, durante todo o dia". Depois de chorar o dia todo, finalmente o bebé pronuncia as primeiras palavras: "pôla mamã, vamos embola pôqueu já estou fato da meda desta aleia". Depois de desabafar com a saída deste palavrão que lhe estava atravessado na garganta, o bebé finalmente deu uma sonora gargalhada de plena e verdadeira felicidade. E nós aproveitámos para dizer adeus à praia até para o próximo ano.
- Neste dia 28/09, é o João da Conceição Roque que celebra mais uma primavera, completando os 68 anos. Não tenho mais informações.
Caro amigo, aqui deixamos os PARABÉNS DE TODO O GRUPO, desejando-te muita saúde, longa vida e felicidade, na companhia de familiares e amigos. Gostávamos de te ver...
Contacto: tel. 919 630 677.
- Faz hoje 39 anos o Samuel Martins Gaspar, que pertence à geração dos mais novos. O Samuel é um apaniguado das coisas do Porto, onde vive; pelo menos é isso que se vê no seu FB.
Pois bem, aqui estamos a felicitar o SAMUEL GASPAR, dar-lhe os PARABÉNS e desejar-lhe longa vida cheia de saúde e muita felicidade.
E já agora, porque não nos contas um pouco da tua história aqui no ANIMUS SEMPER?
- Faz hoje 72 anos o nosso amigo e antigo professor, P.Fernando Manuel de Jesus Farinha, natural das Cimadas Fundeiras. Também esteve connosco no último Encontro em Portalegre, de onde retivemos esta foto, ao lado de outro grande amigo - o João Portela.
Trabalho não lhe falta e nem sei se pode celebrar os seus anos em tranquilidade, pois, além de Arcipreste e Director do Secretariado da Mobilidade Humana: Migrações, Turismo e Minorias Étnicas, é Pároco de Alegrete, Arronches, Degolados, Esperança, Mosteiros e Reguengo.
Contacto: tel. 966 333 353
- Temos depois o António Raimundo, nascido em 1941, alentejano de gema (da Alagoa?!), que correu seca e meca, professor universitário no Brasil e em Portugal e Director de Escola em Campo Maior... Como vive a sua jubilação em Queijas, não faltou ao Magusto e contamos com ele (e esposa...) para os próximos encontros.
Meu colega no Seminário, agora vai conhecendo colegas mais novos, que essa é uma razão para a nossa convivência - amigo do meu amigo...
Contacto: tel. 962 332 149
- Finalmente, temos o Fernando Mendes, nascido em 1974 na Isna, trabalha presentemente na Clínica Affidea em Castelo Branco e lá tem também a sua residência.
Benfiquista ferrenho (?!), esperamos que ele, como fazem os dois anteriores, apareça nos nossos encontros para respirar um pouco da alegria dos nossos tempos de juventude. E também cá vai encontrar muitos benfiquistas...
Contacto: tel. 969 253 569
AOS TRÊS ANIVERSARIANTES DAMOS OS PARABÉNS E DESEJAMOS LONGA VIDA, MUITA SAÚDE E FELICIDADE NA NOSSA COMPANHIA.
Abri agora o Facebook e dou com a informação de que faz anos hoje o José Cardoso, do Peral, a viver em Proença-a-Nova.
Não constava da nossa lista, pois ele não nos enviou as poucas informações que pedimos (email, n.º de telefone e data de nascimento).
Ele nasceu em 26 de Setembro de 1957.
Embora um pouco atrasado, aqui registo os PARABÉNS DO GRUPO, desejando ao meu vizinho longa vida com muita saúde. Esperamo-lo na Sertã em 18/05/2019. Não pedimos muito, pois não, José?
Mais novo que eu, este amigo nasceu em 1942. Frequentou os 12 anos do Seminário e cedo fez crescer uma costela germânica que o marcou ao longo da vida. Hoje, dia 25, faz 76 anos.
Serviu a Diocese e foi mesmo laureado com o título de cónego. A saúde é que não ajudou e presentemente vive jubilado na zona de Portalegre, a abraçar com dor as agruras da vida. Assim tenho ouvido, e peço desculpa se estou a errar. Ainda tentei telefonar-lhe ontem, mas ele não atendeu o telefone.
Aqui deixo os PARABÉNS dos colegas do seminário, desejando ao Sr. Cónego saúde, felicidade e boa disposição. Deus te abençoe!
Hoje, pela manhã, passei pela zona comercial da cidade. Entretive-me, alguns minutos, a observar uma criança a jogar à bola no seu interior. De vez em quando, a bola ia bater nos expositores de venda e nos produtos expostos. A mãe limitava-se a dizer: cuidado! Mas ele continuava a jogar. Não se pense que foi a primeira vez que observei tal comportamento. Aconteceu que, em certas ocasiões não me contive, e chamei a atenção dos pais. Nem sempre fui bem recebido.
O não contrariar a criança, o elogio da espontaneidade e a condenação da repressão --esse diabo à solta, esse papão sempre pronto a atacar e a mãe de todas ameaças infantis --, o não saber dizer não e a divinização do «é proibido proibir», etc., tem as consequências que todos conhecemos na educação, nos comportamentos em sociedade e na submissão futura dos pais aos caprichos e frustrações dos filhos. Mesmo que os pressupostos possam ser discutíveis, as consequências estão à vista.
Ao dirigir-me para casa, dei comigo a pensar na tirania do desejo. A criança que não é contrariada, que não aprende os limites do viver com os outros e na sociedade, tende a viver sob o império do desejo. No império do desejo só há uma lei: a sua satisfação aqui, agora e já! Tudo o resto, não existe. Neste império, ensinou-nos Freud, não há superego (conjunto das imposições sociais), nem tão pouca a actividade racional do ego. Reina a tirania do princípio do prazer, pois o princípio da realidade está ausente ou é expulso pela complacência e passividade dos pais. Não há censura.
O toxicodependente é também uma pessoa que vive no império do desejo. Na fase inicial pelo prazer que as drogas proporcionam. Como o desejo é, por natureza e como os gregos nos ensinaram, insaciável. Assim nessa busca de prazer o caminho lógico é aumentar a quantidade ou a qualidade para manter ou fazer crescer o efeito. Numa segunda fase, em que a vontade já é por si só impotente para reverter a situação, o ciclo reverte-se, as drogas são tomadas para impedir a dor da ressaca e os sintomas da carência.
A dúvida chegou quando cheguei ao Don Juan. O estudo do filósofo dinamarquês, S. Kierkegaard, ensinou-me que o estado estético da vida consistia em viver a saltar de prazer em prazer e era tipificado na personagem de Don Juan. Era uma forma inferior de vida, segundo ele, ao estado ético, ilustrado por Sócrates e incomparável ao comportamento de Isaac, exemplo do estado religioso. Aparentemente, a nossa sociedade, que apelidamos de hedonista, faz a apologia do estado estético. Este borboletear de prazer em prazer, pelo prazer do prazer, está pouco aberto a imposições sociais. Regras, constrangimentos ou ideais.
Como à criança, muitas vezes, o que lhe interessa é a compra da coisa e não a coisa, o D. Juan não lhe interessa a mulher conquistada, mas a conquista. Com os pensamentos ensarilhados e as ideias assanhadas, sob a ameaça da pergunta « no nosso tempo e na nossa sociedade, seremos todos Dom Juan?», cheguei a casa.
Eram horas de fazer o almoço. Não pude continuar. A cozinha é um lugar onde, frequentemente, é difícil resistir ao princípio do prazer. Desenvencilhar estes pensamentos e ideias, naquele lugar, é um sacrilégio.
No dia 04 de Agosto de 1578, nos campos de Alcácer Quibir, D. Sebastião tinha milhares de mouros armados e zangados prontos a “tratarem da saúde” aos cristãos que rodeavam o seu rei. No dia 18 de Setembro de 2018, os cristãos tiveram a ajuda, a recepção no salão nobre da autarquia e direito a um sublime e refrescante chá quente de hortelã. Há 440 anos os cristãos foram a cavalo e a pé, agora chegaram de autocarro com ar condicionado e até poderiam ter ido de comboio. Na época, o chão era deserto. Agora, com água chegada nos canais, a agricultura vai-se fazendo. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades… E as tecnologias. Afinal, talvez mesmo em tempos de antanho a inimizade entre os povos mouros e cristãos não fosse tão estrutural como agora se diz. E se fosse apenas a ambição das elites a levarem os povos para as guerras? (Tal como agora…)
Aos dezoito dias do mês de setembro de 2018, finalmente no sítio da batalha de Alcácer Quibir! (Afastado da cidade de A. Quibir.) Custou, mas foi! Em vez dos exércitos “mouros”, as autoridades locais, com muita criançada, desta vez brindaram os “cristãos infiéis” com simpática recepção, com chá de hortelã, no salão nobre do município. Ao chegar, veio-me à lembrança a letra da conhecida canção de José Mário Branco: “Eu vim de longe, de muito longe. O que eu andei pr’aqui chegar!” Brevemente mais notícias …
Olha, estávamos 13! Para não haver qualquer azar deixámos ficar o prato do lugar 14!
O Mendeiros levou os figos. Mas que ricos figos.... bem escolhidos, melhores que os anteriores.
O Manel Pereira teve que se ausentar antes de terminado o repasto, por isso não está na foto que foi tirada pelo João Lucas..
Também teve que se ausentar antes da foto o Zé Duque que hoje apareceu "desfardado".
Pode ser que o Mendeiros ainda te envie um texto. Das fotos que enviei, escolhe uma que te pareça melhor. O Fotógrafo é que pôs contra a luz.
Um grande abraço.
Manel Pires Antunes
Sim, fico à espera de outro texto. AH
E aqui vai o texto prometido:
Joaquim Mendeiros Pedro: Comi uma massada simplesmente deliciosa que uma pitada de piripiri me embalou para mais um copinho de tinto. Foi um belo almoço para comemorar os 60 anos de casados da Margarida e do Heitor que por razões de saúde não puderam estar connosco em carne e osso. O espírito, esse, esteve lá. Depois da festa fui ter com o Armindo Dias, recentemente aposentado, a Carnaxide, e dali seguimos para Alfragide, ao encontro do Pe Daniel no seminário dos Dehoneanos, para vermos as hipóteses de ali celebrarmos o São Martinho. As instalações são ótimas, mas têm a lotação esgotada para os dias que nos interessam. Vamos ver o que se poderá arranjar em data próxima. Há por aí outras sugestões?
Nesta semana, em Portalegre, ouvimos o Senhor Presidente da República, sempre presente e oportuno, e muitos outros especialistas falar de coisas e loisas nobres deste interior alentejano. Foi todo o dia e sem intervalos, já doía a cadeira. À falta de um dos três Ministros anunciados, ironizou-se, delicadamente, que tinha ido promover a agricultura a Angola. De facto, foi anunciar o apoio de 60 milhões de euros de fundos comunitários aos agricultores angolanos. Acreditamos que não seria por sentimentos de paternalismo ou de proteção nem pelo facto de os considerar pobres e desgovernados. Mas que a alta política tem lógicas, mecanismos e procedimentos que a nós, cá na província, é preciso fazer desenho para se explicar bem e fazer entender, lá isso é. Não é fácil de enxergar. Na prática mais prática, este interior faz acrobacias para atrair verdadeiramente quem o possa estimular e ajudar a dar volta ao texto. Sabe que está esquecido, não sei se abandonado. Tem a consciência de que, cada vez com menos votos, por mais otimista que seja, dificilmente irá ver a luz ao fundo do túnel. Em discursos e debates, porém, não há rincão deste país que lhe passe a perna. É sempre muito aplaudido e elogiado pela diversidade dos seus recursos, potencialidades e beleza por todos quantos querem mostrar saber e fazer figura por estas bandas! Mas pobres de nós os alentejanos por nascimento ou adoção!... Sei que não foi por mal, mas foi uma frase que me fez saltitar as vísceras e pular na cadeira. Alguém citou, com certeza sem querer dar ares de sabido nem nos querer dizer que somos os grandes preguiçosos de Portugal, alguém citou o que John Kennedy havia dito aos americanos: “Não perguntes o que a tua pátria pode fazer por ti. Pergunta o que tu podes fazer por ela”. Embora entenda o positivo de tal afirmação, naquele contexto em que até alguns aproveitaram para fazer propaganda política, foi, no meu pensar, mais um caneco de água fria a esmagar silenciosamente o entusiasmo inicial dos presentes, gente empreendedora, empenhada e sacrificada sem necessidade de grandes lições neste campo, mas com necessidade de se sentir reconhecida, estimulada e apoiada. Estavam também ali os autarcas concelhios e de freguesia do distrito, gente empenhadíssima e persistente no cuidar da qualidade de vida das suas gentes. Não se tratava de saber o que cada um pode fazer pelos outros e pelo país. Ali tratava-se de saber o que é que o governo que tudo centraliza, tem centralizado e não tem pressa em descentralizar, o que é que o governo pode e tem planeado fazer por esta gente, para que não desapareça, para que possa viver com esperança e dignidade, para que possa associar-se com gosto e determinação às tarefas que o futuro aponta e exige. Era um auditório de elite e de calos nas mãos há muito comprometida no desenvolvimento da região apesar de tantos cardos e espinhos, dificuldades e burocracias. Felicito todos os intervenientes pelo seu testemunho e pelo rasgar de horizontes, embora, como é natural, me revisse mais numas do que noutras comunicações. Fosse qual fosse o ponto de vista abordado, fosse qual fosse o entusiasmo com que era exposto e apontado o caminho a seguir, houvesse ou não discordância mais ou menos determinada, todos tinham um objetivo comum: um melhor Alentejo. Foi de aplaudir! Não seria tanto para isso, mas é verdade que nada de concreto e substancial saiu dali, quer como resposta ao que os alentejanos, desde há muito e por muitas vezes reiterado, têm como necessidade premente para um maior desenvolvimento da região, quer como incentivo à resistência destes alentejanos que se sentem escoados de massa crítica, da traquinice e sonho juvenil e de braços para o trabalho. A maior parte da gente que rodeia os que enchiam o auditório está já no render da guarda. Trabalhou muito, sofreu muito, não se divertiu muito, não se aposentou cedo, vive sem reservas e de economias apertadas, está cansada e a precisar de descanso, apoio e paz. Além disso, como toda a gente sabe e os jovens não ignoram, ninguém tem vocação para mártir. O martírio pode acontecer se tiver de acontecer. Não se provoca, não se procura, não se aguarda pacientemente. Por isso, embora com pena, se não há perspetivas de futuro, os jovens vão em busca de novos poisos e possibilidades. Quem o não faria, o não faz ou virá a fazer?.. Parabéns ao “Movimento de Cidadania Melhor Alentejo” pela reiterada e primorosa organização e pela elevada qualidade da iniciativa. Renovaram a nossa confiança no adágio: água mole em pedra dura tanto dá até que fura! Não há no país, com certeza, muitos movimentos destes a provocar o debate com nível e a fazer crescer a cidadania de que tanto precisamos. Na verdade, é preciso dizer e gritar bem alto que estamos vivos, somos gente, estamos aqui. Sobretudo quando a comunicação social de influência e a gente da esfera do poder estejam muito ocupadas com outros afazeres ou tenham outros centros de interesse. Embora entendamos que, por vezes, não há qualquer outra alternativa, as solicitações são muitas, achamos que não é muito curial que os responsáveis convidados e a constar no programa venham apressadamente falar de cima para baixo e logo se ausentem dos debates que lhe dizem respeito em virtude das áreas a que presidem. A sua presença, mesmo que sem soluções para as coisas tratadas, o que é normal, é sempre manifestação de comunhão junto do povo e de interesse na busca comum do melhor para o país. E lá pelos intervalos sempre haverá espaço para umas selfies a fazer memória da efeméride.
Amanhã, sexta-feira, 21, temos Parreirinha com figos para delícia dos apreciadores. Vamos ter oportunidade de falar sobre o futuro almoço de enguias ali para os lados de Sarilhos, também para apreciadores e do São Martinho que já está aí à porta e vamos felicitar a Margarida e o Heitor pelos 60 anos de casados!
Aqui deixo um desafio ao A. Henriques para alegrar a festa no Blogue e no Facebook comemorando este aniversário de casamento com especial carinho !
60 anos de casamento é obra! Até amanhã, companheiros.
Joaquim Mendeiros
Pois é, a Margarida esconde-se um pouco na sua humildade, mas mesmo assim consegui colocar os noivos a olhar um para o outro, pois não tinha foto dos noivos em conjunto. Como diz o Mendeiros, sessenta anos de casamento é obra... Vamos alegrar-nos com a festa deste casal, que há mais de 50 anos acompanham e animam o Grupo dos Antigos Alunos da diocese de Portalegre e Castelo Branco, ele sempre na primeira linha, convocando os colegas, preparando todos os Encontros... Agora, a provecta idade já não lhes permite estar à frente, mas mesmo assim, com sacrifício pessoal não deixam de estar presentes. A Margarida passa por uma fase difícil, com as quedas que partem pernas... Desejamos-lhe rápida recuperação...
E aos dois aqui deixamos os nossos PARABÉNS NA SUA BODA DE DIAMANTE. Sejam muito felizes ainda por muitos anos.
NOTA: E a festa acontece logo no dia em que eu não posso estar na Parreirinha. Prometo ver-vos em breve.