Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

Migrações na Europa (4)

21.08.18 | asal

Vêm aí novos europeus

Florentino1.jpeg

 

Cada vez mais, vamos tomando consciência de que uma nova Europa se encontra num profundo e complexo processo de transformação, graças à chegada de milhares de migrantes/refugiados que, todos os dias, oriundos de várias partes do mundo, procuram um futuro melhor para as suas martirizadas vidas. O medo, a fome e a guerra têm sido os grandes responsáveis por esta dramática situação. Sobreviver, pondo em risco a sua própria vida, tem sido o desafio para muitos desesperados seres humanos.
Afeganistão, Síria, Turquia, Iraque, Médio-Oriente e alguns países africanos e asiáticos, encontram-se entre as principais regiões do mundo de onde têm vindo estas populações errantes, à procura de uma opulenta Europa. A maioria tem-se deslocado para os países do sul, como Itália, Grécia, Espanha, Malta, França e Alemanha. Aos milhares têm viajado em barcos sem condições, transportando numerosas crianças e grávidas. Muitas das vezes, esta aventura tem terminado no cemitério das sangrentas águas do Mediterrâneo. Quanto aos sobreviventes, ora têm sido acolhidos de braços abertos ora, numa atitude de rejeição. Os números são avassaladores. Nos últimos dois anos, mais de três milhões de refugiados chegaram ao velho continente europeu. A entrada de tão volumoso surto migratório tem trazido para os membros da UE uma mão cheia de problemas a necessitarem de uma solução coordenada dos seus membros, eficaz e duradoura. Se já vai havendo algumas tentativas, os resultados têm sido escassos.
Nos últimos tempos, os países xenófobos mais radicais, como a Hungria, Polónia, Bulgária, Áustria têm optado por trancar as suas portas, colocando barreiras nas suas fronteiras. Outros têm aplicado fortes restrições à sua entrada, como Malta, Alemanha, Itália, Inglaterra. Quanto a Portugal e Espanha têm vindo a adotar uma política ativa de acolhimento solidário. A Alemanha, por sua vez, após gestos acolhedores, nos últimos tempos, pressionada pelo partido da coligação, tem chutado os problemas para a Turquia, em troca de contrapartidas financeiras. Como é notório, a vaga migratória tem posto à prova a tolerância e a identidade cultural de uma Europa frágil e desunida. Na realidade, os problemas migratórios e a saga da identidade têm-se convertido num fator decisivo de definição das diversas forças políticas no espaço da UE.
Simplificando, podemos dizer que tem havido duas atitudes para encarar este bicudo problema. Para os xenófobos, o influxo migratório tornou-se uma fonte de gastos de recursos volumosos para alojamentos, saúde, alimentos e roupas. Acrescenta-se ainda que o emprego destas populações pode retirar trabalho aos residentes, aumentando o desemprego e fomentando políticas de baixos salários. A continuar assim, apregoam os populistas, com uma visão restritiva e pessimista, a Europa poderá caminhar para a sua própria destruição.
 Num polo oposto, os países solidários têm optado por abrir as suas portas, com regras bem definidas, às populações migrantes e refugiadas. Além de ser um gesto humanizador, a realidade europeia tem revelado que a sua população tem vindo a diminuir muito, devido à taxa de natalidade, em acentuado declínio. Por outro lado, acrescenta-se ainda, que para a UE poder manter o seu nível de crescimento económico e produção industrial, necessita de uma injeção de jovens trabalhadores. Até 2.060, segundo a OCDE, vai ser necessário acrescentar à população europeia mais 50 milhões de pessoas. Este aumento será também necessário para se poder pagar as pensões às futuras populações idosas, sempre a crescerem e com uma auspiciosa esperança de vida. Os migrantes, em vez de um fardo, poderão vir a tornar-se, a longo prazo, numa bênção. Deste modo, segundo o missionário Bruno Neto, ao serviço da Caritas Internacional, “receber migrantes de outras culturas é uma oportunidade única para evoluirmos como seres humanos”. E remata “cabe-nos a nós decidir que tipo de humanos queremos ser. “Quanto mais arrogantes formos, menos sentiremos e menos cresceremos como pessoas”.
Por seu lado, António Vitorino, o futuro diretor – geral da Organização Internacional das Migrações, adverte “que os surtos migratórios vão continuar a aumentar e os países vão-se fechar cada vez mais. Ninguém se iluda, não há soluções mágicas. O desafio é contínuo”. Como um país de emigrantes, cabe-nos seguir o caminho da solidariedade e do multiculturalismo. Deste modo, os novos europeus devem ser recebidos mais como uma bênção do que como uma maldição.

florentinobeirao@hotmail.com

Notícias de verão

21.08.18 | asal

Eu2.jpg

VISITA À FEIRA MEDIEVAL DE SILVES

 

Enquanto espero pelas vossas notícias, deixo-vos as nossas.

 

Mais uma vez, vocês nem calculam o prazer que me deu mexer em imagens, legendas, música, gravação de palavras e fazer um videozinho de 3,25 minutos, que aqui deixo como prenda dos meus anos.

Divirtam-se.

AH

 

 

Quem faz anos? - Sou eu!

20.08.18 | asal

Eu2.jpg

É minha incumbência servir de "APP Aniversários" para este blogue e, por isso, venho anunciar aos quatro ventos que hoje, dia 20/08, sou eu a fazer 79 anos, graças a Deus. 

Sou o António Henriques, do Ripanso, Sobreira Formosa. Vivo há 34 anos na Amora, onde completei os últimos 20 anos da minha actividade profissional na Escola C+S Paulo da Gama. Também posso dizer que estou reformado há 18 anos e foi neste tempo que mais me dediquei à actividade associativa.

É muito o tempo de vida se olho para trás: ena, pá! Já fizeste tantas coisas, já passaste por tantas situações diferentes, já te alegraste tanto e também já sofreste a tua parte de amargura que a vida debita a todos... Mas sobretudo és um privilegiado, contente com a vida, com a família, vivendo em serenidade...

É pouco o tempo de vida se olho para a frente: mesmo que chegues aos 100, já são mais os vividos que os vindouros! Assim, vou-me habituando a dosear os projectos a desenvolver, embora me irrite levantar-me sem saber o que vou fazer naquele dia... Sobretudo, vou-me adaptando às minhas deficiências, cada vez maiores, mesmo que as recauchutagens da medicina tentem consertar os tecidos rotos... 

E vou lutando contra o stress e a angústia de ver que tenho pouco tempo para viver, embora espere fazer como os meus colegas mais velhos, que eu vejo serenos, felizes, alegres, em paz com a vida, que nos deu já tantas benesses. Por isso, apresento-me sobretudo como alguém muito grato com os meus familiares, com os meus amigos e com todos aqueles com quem me cruzei e vou cruzando neste longo caminhar. Que Deus me dê sobretudo saúde mental...Deixo um abraço a quem me lê!

António Henriques

Notícias de verão

18.08.18 | asal

Tó Manel.jpg

SARDINHADA DE S. JACINTO

 

Não se sabe se S. JACINTO gostava de sardinha. Como polaco que era, talvez preferisse salmão ou arenque. Se tivesse vindo a Portugal, certamente teria afinado o paladar e aprendido a gostar de bacalhau e sardinha. Assim… Talvez nunca tenha chegado a ter esse prazer. É por isso que, nos Vales… de S. Jacinto, a malta todos os anos come por ele…
Hoje – 18/08 – repetiu-se o ritual e mais de uma centena de comensais se reuniu e conviveu na tradicional “SARDINHADA DE S. JACINTO”.
Entretanto saúde-se a “boa forma” do mestre ZÉ FERNANDES, totalmente recuperado das mazelas que o e nos assustaram e PARABÉNS ao “ti” “JAQUIM” NUNES que hoje festeja as suas oitenta e oito primaveras. Olhando para ele, quem diria?
Mais logo, ao princípio da noite começa a “bailação” e o frango de churrasco faz a sua aparição.

António Manuel M. Silva

 

 

Palavra do Sr. Bispo

17.08.18 | asal

FAMÍLIAS DE CANÁ EM MOGOFORES, ANADIA, AVEIRO

1.jpg

 

 

Tendo já falado do Movimento de Shonestatt, do Movimento das Equipas de Nossa Senhora e do Movimento dos Casais de Santa Maria, hoje vou tornar presente um outro Movimento eclesial de espiritualidade familiar. Um Movimento que tem vontade e pernas para andar. Nasceu em Portugal, em 2013, em Mogofores, Anadia, Aveiro, no seio de uma família cristã, a família Power: é o Movimento Famílias de Caná.
Nall Power, irlandês de Waterford, e Teresa, portuguesa de Lisboa crescida em Castelo Branco, conheceram-se na Alemanha, em 1992, quando, universitários, ali faziam “Erasmus”. Ele é o sétimo duma família de dez irmãos. Ela, a mais velha de três irmãs. Ele foi escuteiro e participou, desde sempre, na vida paroquial, em família. Ela, integrada também na vida paroquial, fez parte dos Convívios Fraternos, participou em muitos encontros do Renovamento Carismático Católico e peregrinou a lugares de relevo, inclusive no estrangeiro. Ele, hoje, Professor na Universidade de Aveiro. Ela, Professora de Inglês, na Anadia. Na primavera da vida, uniu-os a fé católica e um grande amor a Nossa Senhora, a quem se consagraram no dia do casamento, em Fátima. São pais de sete filhos: Francisco, Clara, Tomás (falecido), David, Lúcia, António e Sara. Vivendo integrados na vida paroquial, foram “crescendo na fé em família e construindo, pouco a pouco, filho a filho, os fundamentos da espiritualidade do Movimento Famílias de Caná”. 
Pedindo ajuda ao seu Pároco para melhor discernirem sobre o que iam pensando e vivendo em família, foram dando corpo a uma forma de vida familiar que, acabaram por concluir, se divulgada e vivida em fidelidade ao carisma fundacional, muito útil poderia ser a outras famílias na sua caminhada em direção à santidade. Firmes neste propósito, confiaram o Movimento a Maria Auxiliadora venerada no Santuário de Mogofores, Anadia, Aveiro.
O texto evangélico das Bodas de Caná (Jo 2, 1-11), foi-lhes abrindo horizontes pela riqueza do seu conteúdo e a oferta de “imensos níveis de leitura e de meditação”. O texto apresenta Maria sempre atenta e de presença eficaz no seio daquela família nascente. Ela revela aos noivos e a toda a comunidade ali presente, Jesus Cristo como o Filho de Deus, cuja presença na Boda antecipa toda a força e beleza do sacramento do matrimónio, santifica a nova família e aponta para as Bodas do Cordeiro anunciadas ao longo de toda a Bíblia. É a celebração da família que se abre ao amor infinito de Deus. É a celebração do amor único e eterno entre Deus e cada um dos esposos desafiados a viverem em constante clima de Bodas. É o fazer da vida, e em especial da vida familiar, uma festa divina, celebrando alegremente a amizade, a solidariedade, a partilha com toda a comunidade. Neste convite a Maria e a Jesus para a festa da família, Maria colabora na tarefa humilde e grandiosa de a família fazer tudo o que Jesus lhe for dizendo.
O atual Bispo de Aveiro, tendo tomado conhecimento da existência deste Movimento Familiar - as Famílias de Caná -, apoiou-o desde logo. Na Quaresma de 2015, orientou-lhes um retiro, onde lhes propôs que os diversos pontos de espiritualidade do movimento fossem repartidos por seis talhas. Tantas talhas quantas as referidas no texto das Bodas de Caná. Entusiasmada, a família Power acolheu a proposta e dedicou-se imediatamente à tarefa de estruturar as seis Bilhas de Caná, apoiadas na oração, na evangelização e no serviço, significativamente estruturadas e com conteúdos de relevo, assim enunciadas: Comunhão - Nós, Jesus!; Vida sacramental; A Bíblia; O canto de oração; A Visitação; Consagração e Rosário. 
Às palavras de Jesus, as talhas vazias encheram-se de água e o milagre aconteceu. Cada Família de Caná é convidada a oferecer a Jesus seis pequenas “bilhas” esvaziadas de tudo o que é mundano e, à Sua Palavra, a enchê-las de “água” até transbordarem, numa obediência pronta e generosa. Logo experimentará a abundância do amor de Jesus, que, por intercessão de Maria, não permitirá que o “vinho” da fé, da esperança e do amor acabe no seu lar. Em 29 de junho de 2016, por Decreto do Bispo de Aveiro, é aprovado, nesta Diocese, o Movimento Famílias de Caná, segundo o seu carisma, espiritualidade e missão tal como está publicado na sua Carta Fundacional.
A família Power tem vindo a ser convidada a dar o seu testemunho em vários pontos do país. Em seu tempo, criou também o blogue “Uma Família Católica” onde, ao longo de alguns anos, partilhava “o quotidiano da sua vida a partir da Palavra e sob o olhar de Deus”. Deste testemunho, deste passar a palavra, têm nascido muitas famílias de Caná constituídas em Aldeias de Caná, que são, por sua vez, berços fecundos de novas Famílias de Caná, através do seu testemunho e do seu entusiasmo. Constrói-se uma Aldeia de Caná quando, pelo menos duas ou três famílias de Caná, se reúnem com regularidade para, juntas, aprofundar e partilhar a sua vivência do carisma, da espiritualidade e da missão. As aldeias são locais pequenos, onde todos se conhecem e entreajudam. Numa aldeia, a festa é a festa de todos, a dor é a dor de todos, toda a gente se estima e solidariza. Foi de aldeia em aldeia que Jesus percorreu toda a Galileia, a Judeia e a Samaria anunciando a Boa Nova. De povoado em povoado, os Apóstolos continuaram esta missão. Assim, o cristianismo chegou até nós sendo agora a nossa vez de fazer passar a mensagem. 
Podem pertencer a este Movimento as Famílias que, por inteiro – pais e filhos em conjunto – se comprometam a viver de acordo com o carisma proposto. Nem todas as famílias estão fundadas sobre o sacramento do Matrimónio, mas todas precisam de sentir sede deste sacramento. Assim, há, no Movimento, famílias de divorciados que vivem numa nova união e que correspondem ao perfil traçado pelo Papa Francisco na Exortação Apostólica “A Alegria do Amor”. Embora o Movimento possa e deva acompanhar as famílias resultantes de uma mera união de facto para que também elas venham a beber do “vinho novo” de Jesus, estas famílias, as famílias “resultantes duma união de facto, que não apresentem nenhum impedimento para a receção do sacramento do Matrimónio, só poderão ser Famílias de Caná depois do seu Matrimónio, pois a união de facto não sugere sede de vida sacramental”. Podem também pertencer ao Movimento as famílias “que vivem todo o tipo de situações problemáticas, como mães solteiras, pais cujos filhos abandonam a fé, e outras, bastando que um dos membros da família se queira comprometer”. Além disso, também podem pertencer ao Movimento os Jovens, os leigos consagrados e os sacerdotes diocesanos, todos quantos, bebendo das seis Bilhas de Caná, queiram prosseguir este caminho de santidade ou se sintam chamados a servir a sua família e a dos outros. 
Para fazer nascer uma Aldeia de Caná é preciso muito pouco! Basta que uma família sinta o desejo de fazer o bem, se coloque em linha com os responsáveis do Movimento e o pároco, salte do sofá e saia como “Família Servente” duma Aldeia de Caná a constituir com famílias da mesma área geográfica, do mesmo grupo de amigos, ou da mesma paróquia. Não são necessárias estruturas complicadas, nem regras rígidas, nem “pessoas importantes”. Basta querer amar e adorar em família de famílias. 
Convido os leitores a buscar na Internet o Movimento Famílias de Caná. Irão conhecê-lo melhor e melhor ficarão a saber como funciona. Foi de lá que tirei estes apontamentos. 
Sabendo que nesta Diocese de Portalegre-Castelo Branco já existe, pelo menos uma Aldeia de Caná a reunir no Seminário do Preciosíssimo Sangue, em Proença-a-Nova, faço votos para que o Movimento cresça e se fortaleça cada vez mais. 
A Família tudo merece!

Antonino Dias 
Portalegre, 17-08-2018.

Parabéns aos dois

16.08.18 | asal

Neste dia 16 de Agosto, celebram o seu aniversário os amigos:

Álvaro Martins.jpg

 

-  Álvaro Conceição Martins, a viver na Sertã, a quem, nos seus 69 anos, desejamos longa vida, muita saúde e muitos amigos.

Contacto: tel. 933 424 447

 

 

Américo Peres.jpg

 

- E ainda outro aniversariante: o  Américo Nunes Peres, do Estreito, a quem desejamos também muitos anos de felicidade, com saúde e muitos amigos.

 Contacto: tel. 916 254 761

 

PARABÉNS AOS DOIS! Sejam felizes... E  vejam lá se aparecem!

Estamos de férias!

15.08.18 | asal

Até que enfim!

Férias.jpg

 

Sempre conseguimos juntar pais e filhos neste nosso remanso algarvio. É a primeira vez…

Vão ser poucos dias, mas dá para voltar aos tempos de meninos, rirmos com as peripécias de então, brincar com a mãe a ver se o riso lhe tira a dor de costas, irmos juntos à praia, visitar algum lugar mais interessante… Sim, as obrigações profissionais e as distâncias não nos dão muitas possibilidades de conviver deste modo…

Hoje, dia 15, também fomos à missa na Igreja Matriz de Portimão, numa homenagem e devoção à Virgem, Nossa Senhora da Assunção, que aqui é representada por uma vistosa Nossa Senhora da Conceição, cuja imagem domina todo o retábulo da capela-mor. Dá gosto olhar para esta imagem e para este conjunto de talha dourada, perdendo-nos ainda a observar aquelas lindas colunas retorcidas, onde predominam símbolos eucarísticos,Férias2.jpg mormente os cachos de uvas bem esculpidos naquele conjunto barroco bem elaborado e bem restaurado, assim como toda a Igreja. Mesmo os altares laterais apresentam belos retábulos e um deles já com a imagem do Santo João Paulo II.

É oração, sim, estar uns instantes com os cristãos de todo o mundo e é também turismo, encher os olhos de coisas belas que consolam os nossos dias diferentes.

Este escrito é também um convite a todos vocês para nos enviarem as vossas impressões de viagem. Façam o favor de colaborar!

António Henriques

 

Férias3.jpg

Férias1.jpg

 

Capazes de ler as diferenças

15.08.18 | asal

Pissarra.jpg

Reflexão pessoal

Ao ouvir os nossos políticos e os doutos «opinadores» sobre os fogos e a realidade vêm-me à memória as doutas palavras do teólogo Reinhold Niebuhr:

“Meu Deus, concede-nos serenidade para aceitar as coisas que não podemos mudar, a coragem para mudar as coisas que podemos mudar e a sabedoria para ver a diferença entre umas e outras.”

Já perdi a esperança de os ver mudar de discurso.
Já não tenho ilusões sobre a objectividade, a verdade, a coerência, ... do que dizem.
Estou farto de fazerem de mim uma pessoa estúpida ou incapaz de pensar pela sua própria cabeça. Será que pensam que os portugueses ainda não saíram da menoridade? Há séculos que Kant proclamou o abandono dessa menoridade …
Já não há pachorra …

O grave é que este estado de espírito é mau. Mau para mim e para a democracia. Ela desacredita-se e desacredita os agentes políticos presentes e futuros; permite generalizações abusivas porque são esses políticos e «opinadores» que ocupam o espaço público; abre caminho ao populismo e faz suspirar muitos saudosistas; sobretudo, minimiza o desejo e o empenhamento na construção de uma democracia participativa e obstaculiza o exercício de uma cidadania responsável. E, ainda mais grave, cria a ilusão de que a política e os políticos são dispensáveis.

Como rezava o teólogo, precisamos de serenidade e de ter sabedoria para ser capazes de ler as diferenças entre as coisas.

Mário Pissarra

Pena de morte? Prisão perpétua?

14.08.18 | asal

Anselmo B.jpg

O não de Francisco à pena de morte e à prisão perpétua

 

1.Em Setembro do ano passado, por ocasião da celebração dos 150 anos da abolição da pena de morte em Portugal, realizou-se na Universidade de Coimbra um colóquio internacional sobre o tema. A convite do ex-provedor de Justiça José de Faria Costa, fiz uma conferência subordinada ao título "Teologia e Pena de Morte".

Critiquei então veementemente o Catecismo da Igreja Católica pelo facto de nele, no tristemente célebre número 2267 (número de morte), continuar ainda a defesa da pena de morte. Manifestei ao mesmo tempo a firme esperança e até a certeza de que o Papa Francisco acabaria por mudar esse número ("pior do que o 666 do Apocalipse", transportando consigo "a carga de milénio e meio de pacto da Igreja com um tipo de poderes estabelecidos, como se não bastasse Jesus e a Igreja tivesse de apoiar-se num duvidoso "direito natural", como se ela pudesse ditar a sua moral aos Estados e tivesse de renunciar à "libertação" de Jesus e à presença do Reino, permitindo meter na prisão e matar os "maus", para que os outros, os "bons", pudessem viver tranquilos", escreveu o biblista Xabier Pikaza.

Não há dúvida nenhuma de que o Novo Testamento está na base do movimento abolicionista moderno. Pense-se nas bem-aventuranças, no preceito de Jesus que manda amar os inimigos, no seu procedimento com a adúltera... E não está o cristianismo no fundamento da dignidade inviolável da pessoa humana, como é reconhecido pelos grandes filósofos Hegel, Ernst Bloch, Jürgen Habermas? E como pode a Igreja ser incondicionalmente a favor da vida, como mostra a condenação do aborto e da eutanásia, e ao mesmo tempo justificar a pena de morte?

2. O que dizia o número 2267? "A doutrina tradicional da Igreja, desde que não haja a mínima dúvida acerca da identidade e da responsabilidade do culpado, não exclui o recurso à pena de morte, se for esta a única solução possível para defender eficazmente vidas humanas de um injusto agressor. Contudo, se processos não sangrentos bastarem para defender e proteger do agressor a segurança das pessoas, a autoridade deve servir-se somente desses processos, porquanto correspondem melhor às condições concretas do bem comum e são mais consentâneos com a dignidade da pessoa humana. Na verdade, nos nossos dias, devido às possibilidades de que dispõem os Estados para reprimir eficazmente o crime, tornando inofensivo quem o comete, sem com isso lhe retirar definitivamente a possibilidade de se redimir, os casos em que se torna absolutamente necessário suprimir o réu 'são muito raros, se não mesmo praticamente inexistentes'."

No passado dia 2 deste mês, Francisco veio reafirmar o que já declarara no discurso aos participantes no encontro promovido pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, 11 de Outubro de 2017: "A Igreja ensina, à luz do Evangelho, que a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e a dignidade da pessoa e empenha-se com determinação a favor da sua abolição em todo o mundo." Assim, o número 2267, revisto, agora diz: "Durante muito tempo, considerou-se o recurso à pena de morte por parte da autoridade legítima, depois de um processo regular, como uma resposta adequada à gravidade de alguns delitos e um meio aceitável, ainda que extremo, para a tutela do bem comum. Hoje vai-se tornando cada vez mais viva a consciência de que a dignidade da pessoa não se perde, mesmo depois de ter cometido crimes gravíssimos. Além disso, difundiu-se uma nova compreensão do sentido das sanções penais por parte do Estado. Por fim, foram desenvolvidos sistemas de detenção mais eficazes, que garantem a indispensável defesa dos cidadãos sem, ao mesmo tempo, tirar definitivamente a possibilidade de se redimir. Por isso, a Igreja ensina, à luz do Evangelho, que a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e a dignidade da pessoa, e empenha-se com determinação a favor da sua abolição em todo o mundo."

É de sublinhar a afirmação: a dignidade é inerente à pessoa humana e não se perde nunca, nem sequer depois de ter cometido os mais graves crimes. Fica, pois, eliminada qualquer possibilidade de aprovação da pena de morte. Numa carta enviada aos bispos de todo o mundo pelo prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, cardeal Luis Ladaria, Francisco vai citando papas anteriores, concretamente, João Paulo II e Bento XVI, que já tinham dado orientações neste sentido, constatando que, independentemente das modalidades de execução, ela "implica um tratamento cruel, desumano e degradante" e sublinhando ainda "a possibilidade de erro judicial".

"A nova formulação do número 2267 do Catecismo da Igreja Católica", diz ainda a carta, concluindo, "quer ser um impulso para um compromisso firme, inclusive através de um diálogo respeitoso com as autoridades políticas, para que se favoreça uma mentalidade que reconheça a dignidade de cada pessoa humana e se criem as condições que permitam eliminar hoje a instituição jurídica da pena de morte onde ainda está em vigor".

Há no mundo 57 países que ainda aplicam a pena de morte. O Catecismo agora modificado quer ser uma autoridade moral a favor da tese abolicionista.

3. Neste contexto, põe-se a questão da prisão perpétua. Na linha da esperança e da regeneração, que a todos devem ser concedidas, percebe-se que o Papa Francisco se lhe oponha. Sobre isso, pronunciou-se explícita e claramente no livro de conversas com Thomas Leoncini, "Deus é jovem": "Nunca se pode castigar sem esperança"; é por isso que sou contra seja a pena de morte, seja a prisão perpétua interpretada como sendo "para sempre". Existem países onde a pena de morte é legal e a tortura habitual. Gostaria de dizer aos chefes de Estado de todo o mundo e a todos nós que reflitam e nunca cessem de fazê-lo: privar um ser humano da possibilidade, ainda que mínima, de ter esperança, significa matá-lo duas, três, quatro, cinco vezes. Significa matá-lo todas estas vezes, cada dia da sua vida. Na verdade, isto é muito triste, tudo maneiras de mostrar às pessoas, desde crianças, que a esperança não existe. Quando se termina nos braços da morte, não há esperança; se se condena alguém a prisão perpétua, não há esperança, e isto é profundamente errado: deve sempre haver esperança na nossa vida, e, por conseguinte, em cada punição.

4. Aqui, tem lugar uma pergunta imensa e dramática: que pensará Francisco sobre o inferno? A pergunta tem sentido, ao pensar na inscrição que, segundo A Divina Comédia, de Dante, na linha do "dogma" católico, se encontra à porta do inferno: "Lasciate ogni speranza, voi ch'entrate" ("Abandonai toda a esperança, vós que entrais").

Anselmo Borges

Padre e professor de Filosofia  - in DN

É mais um filme pouco esclarecedor…

13.08.18 | asal

 

Nada a perder.jpgNuma tentativa de fazer o dia diferente, resolvemos um dia destes ir ao cinema aqui bem perto de casa. A escolha do filme não é fácil, dadas as razões comerciais que assistem à empresa. Para além dos infantis, restam quase só os filmes de espionagem ou de mirabolantes histórias com metralhadoras a funcionar do princípio ao fim, o que os nossos ouvidos rejeitam com muita razão.

Optámos por uma biografia autorizada do bispo Edir Macedo, intitulado “NADA A PERDER”, realização de 2018. O que nos interessava? Havia um desejo íntimo de saber como tudo começou, como foram os primórdios deste poderoso movimento que criou já um potentado económico e tem arrastado multidões em muitos países, apelando a uma fé pessoal e a uma amizade entre pessoas que foge ao discurso frio, pouco ligado à vida real dos crentes, que muitas vezes constatamos nas nossas igrejas.

Logo de início, surpreendemo-nos com a fila de gente a comprar bilhete, ao contrário dos outros dias, que não arrastam tantos para o cinema. Quase todos com um voucher de desconto na mão, comprámos bilhete e lá fomos andando para a sala. O filme tinha começado e na escuridão do ambiente foi difícil acomodar tanta gente nos seus lugares.

A história apresenta uma criança teimosa, com vontade firme de querer singrar na vida, educada assim pela própria mãe, que nele acredita piamente.

Não vimos naquele jovem grande preparação religiosa, fruto do estudo ou de cursos de aprofundamento da fé, coisa que é bem visível noutras formações religiosas, nomeadamente em Lutero.

Um jovem que vive a sua fé criticando as procissões a transportar um Senhor morto, quando Ele está vivo, ressuscitado… Um crente com a sua fé simples, amigo dos pobres a quem chega a dar o seu blusão…  Começa nele a vontade de criar um movimento à sua medida, à semelhança de outras pequenas associações religiosas que ele também frequenta no Brasil, mas onde ele é rejeitado, sobretudo por querer sempre andar à frente, sem preparação…

Com pouca ajuda, lá consegue o primeiro espaço, bem pobre e desajeitado, que com o tempo foi substituído por outros espaços melhores e maiores.

Tem uma relação pouco normal com a família e com a esposa, pois vive demasiado aturdido com as suas coisas, sem ouvir ninguém… E é esta fé pessoal de crescimento contínuo que vai conquistando novos objectivos, arrastando outras pessoas, sofrendo também muito com as opções que toma, especialmente quando se compromete a comprar a falida TV-Record, o que o leva à prisão e a grandes divergências com o governo brasileiro.

O filme muito pouco diz sobre religião, como se pode ver no trailer que apresento no fim. É sobretudo a história de um homem com um querer pessoal muito forte, o que falta a muita gente. Será fé? Ou será antes uma visão pessoal comprometida, a arrastar sempre a pessoa para novos cometimentos? 

 

O melhor veio no fim. Não é que o próprio Edir Macedo aparece a dirigir-se aos espectadores a incitá-los a viver a sua fé e a servir-se de um “lencinho” para afastar as doenças e o mal? Ora, muitos dos presentes já levavam o tal lencinho e levantavam os braços a invocar as bênçãos do alto. Eu senti-me a passar do cinema para a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), o que me deixou malvisto aos olhos dos outros. Assim pensei eu, pois ninguém me reprovou por não levantar os braços com o lencinho da salvação. Há cada maneira de extorquir dinheiro!…

NOTA: qualquer dia vai aparecer o “NADA A PERDER-2”. Nessa altura é que ficaremos a saber como é que o menino e jovem pobre se transformou no maior pedinte do mundo para viver agora no reino da riqueza incomensurável…

António Henriques

 

Ai, Gavião da nossa memória...

12.08.18 | asal

Foto de António Colaço.

Reproduzo o texto e o vídeo do nosso amigo sobre o desmoronar dos espaços que foram o Seminário do Gavião. AH

 

GAVIÃO - RUÍNAS DE NÓS!

Pe Alberto, a sua sala dos "cachaços" já não existe. Quem vier saberá algum dia da importância que eles tiveram para a nossa formação?
O que vale é que nenhum caterpillar pode deitar abaixo as nossas memórias. 

Já foi abaixo a sala onde nos davam as sebentas, os lápis,os tinteiros...
Ninguém pode apagar o rasto desses deslumbrantes cheiros.

António Colaço

https://www.facebook.com/animo.diasmaisleves/videos/p.2151454874927244/2151454874927244/?type=2&theater&notif_t=video_wall_create&notif_id=1534096938364759 

 

Parabéns em duplicado

12.08.18 | asal

P. Carlos Almeida.jpg

SÃO DOIS OS ANIVERSARIANTES DE HOJE:

 

- O  P. Carlos José Cardoso de Almeida,  nascido em 1970 e ordenado em 1997; presentemente é Pároco de Alferrarede, Rio de Moinhos, Sardoal e Valhascos. 

Aprecia música e aproveita as redes sociais para espalhar a mensagem cristã e os seus pontos de vista. 

Aqui estamos a apresentar os PARABÉNS DESTE GRUPO ao amigo e a desejar-lhe muita saúde e forças para conseguir atingir os seus objectivos. Ele próprio nos lembra, no seu Facebook, que até o descanso é importante para o trabalho render. Vejam esta sua citação:

«Se existimos para amar e ser amados, como cumprir este desígnio de Deus para nós se não descansarmos, se não dermos tempo ao tempo, se não estivermos equilibrados, saudáveis, livres, disponíveis, entregues? Podemos mesmo ir mais longe: o lazer é indispensável à nossa santidade.
Manuel Mota Freitas»

Para falar com ele, contactem tel.  966 878 424

 

- Também hoje faz anos o  Francisco Alves Lopes Ruivo, que nasceu em Alcains em 1942. Profissionalmente, desempenhou a função de professor quer em Portalegre e Proença-a-Nova (nos colégios diocesanos) quer depois em Lisboa, nomeadamente no Colégio Portugal, da Parede, de que ele assumiu a gestão e direcção durante muitos anos. Agora, goza a sua jubilação na Parede, onde vive.

A nossa associação não esquece os favores que o Francisco Ruivo nos concedeu, até no empréstimo das carrinhas do colégio para as nossas actividades.

Aqui lhe deixamos uFrancisco Ruivo.jpgm abraço de muita amizade, com os PARABÉNS DO GRUPO e votos de saúde e felicidade por muitos anos. E olha, Francisco, gostávamos muito de te ver nos nossos encontros. 

 

Como não temos foto recente e o Francisco não frequenta o Facebook, descobrimos uma foto dos tempos de Proença, quando ele era um jovem professor junto dos seus alunos e do Director, Sr. P. Sousa.

 Contacto: tel. 917 237 660

Palavra do Sr. Bispo

11.08.18 | asal

1.jpg

RIBATEJO VENCEU PARIS E SCHOENSTATT

 

Há semanas, aqui, falei de um importante e muito querido Movimento familiar nascido em Schoenstatt: o Movimento de Schoenstatt. Mais para cá, falei de um outro nascido em Paris, também muito conhecido e muito frequentado: o Movimento das Equipas de Nossa Senhora. Esta semana, porém, quem venceu este espaço, aqui, no meu facebook, foi um outro Movimento não menos interessante. Nasceu no Ribatejo e pede para ser mais conhecido e amado: é o Movimento dos Casais de Santa Maria. 
Tudo o que é nacional é bom, costumam publicitar os patriotas que sentem o dever de dar o peito às balas. Mesmo que haja exceções, aquilo que é bom só o será, digo eu, se não se estragar, se não o banalizarmos, se for útil e aproveitado para construir algo de novo e de bem-estar social. É o caso do Movimento familiar «Casais de Santa Maria», fundado em 1957, na região do Ribatejo, e que tanto bem tem feito a tantas famílias. Foi seu fundador o Cónego José Mendes Serrazina, sacerdote do Patriarcado de Lisboa, muito dedicado à pastoral familiar e falecido em maio de 2010. O Movimento teve, ao início, ligação com a Ação Católica, sobretudo nos meios rurais e no meio operário e independente. No entanto, manteve-se sempre como Movimento autónomo. As primeiras bases do Movimento foram aprovadas pelo Episcopado Português em 1963. É um Movimento de Igreja, constitui-se em grupos de casais amigos que, apoiados pelo Assistente Eclesiástico, procuram a entreajuda em ordem à espiritualidade conjugal, ao apostolado de família a família, à consciencialização e ajuda na missão educativa, à promoção de iniciativas de preparação para o matrimónio, e ainda com particular atenção aos problemas sociais. “Através da espiritualidade mariana e a vida em casal, o movimento visa fortalecer os laços matrimoniais, sobretudo através da entreajuda, com vista à educação dos filhos segundo a vontade de Deus e com vista à difusão dos valores cristãos junto de outros casais e famílias”.
Independente em cada diocese, o Movimento depende apenas do Bispo diocesano que aprova os Estatutos. A nível Nacional, o Movimento é uma Federação e é coordenado e apoiado por uma Equipa Interdiocesana com Estatutos próprios. Em Portugal, está presente em nove Dioceses: Aveiro, Beja, Coimbra, Évora, Lisboa, Portalegre-Castelo Branco, Porto, Setúbal e Viana do Castelo, envolvendo 62 grupos, cerca de 400 casais. Por ocasião dos 60 anos deste Movimento dos Casais de Santa Maria, em 2017, o Papa Francisco enviou-lhe a sua Bênção Apostólica. 
Regra geral, os grupos dos Casais de Santa Maria são constituídos por seis casais e um assistente. “Alguns grupos terão sete ou oito casais, outros cinco, mas a norma são os seis casais e um assistente, que preferencialmente será o pároco, mas pode ser um outro sacerdote, um diácono, um religioso ou uma religiosa. Mas cada grupo de casais terá que ter um assistente”.
O esquema da reunião mensal é comum a todos os grupos. O encontro “começa com a leitura do Evangelho do Domingo seguinte à reunião. É uma reflexão sobre o que aquela Palavra nos diz nos dias de hoje. E aqui, cada um, cada casal, conforme achar bem, com a espontaneidade que entender, vai pondo as suas dúvidas, as suas questões. No final deste pequeno diálogo, o papel do assistente é crucial para centrar na mensagem do Evangelho. Referem os responsáveis: “Para nós, casais cristãos, a presença assídua do assistente nas nossas reuniões, a sua orientação espiritual, o seu testemunho como homens, como padres, como pastores da Igreja, são estímulo para a nossa caminhada com eles e em Igreja”. Segue-se um tema de trabalho, preparado antecipadamente a partir de um caderno comum de temas para todas as reuniões do ano. Cada casal prepara, reflete entre si o tema e depois partilha na reunião o que entendeu sobre o referido tema. Há ainda um espaço para os casais, um espaço a que se vai chamando o espaço de entreajuda, de partilha de situações mais pessoais. A reunião termina com a oração final, de petição e ação de graças.
O Movimento tem uma raiz muito paroquial. Os grupos são constituídos preferencialmente por casais da mesma paróquia e quem participa também testemunha: “A nossa vida cristã seria completamente diferente se não fosse o grupo de casais. E a nossa vida como cidadãos, como pessoas, como casal, também era muito diferente, porque efetivamente, cria-se um grupo de amigos que está connosco em todos os momentos, nas alegrias e nas tristezas, nas dificuldades e nas coisas boas. E isso é imprescindível, criando-se ali quase que uma segunda família”.
Alguns grupos têm na sua constituição casais que não celebraram o sacramento do matrimónio. O facto de receber e poderem partilhar, com naturalidade, todas as alegrias e dificuldades da vida à luz do Evangelho, muitas vezes permite-lhes fazer uma caminhada cristã no sentido de, percebendo a verdadeira riqueza do matrimónio cristão, virem a desejar celebrar o sacramento do matrimónio. É uma característica do Movimento estar aberto a casais em situação conjugal diferente da do matrimónio cristão. Sendo cristãos, pretendam fazer uma caminhada, com outros casais, no crescimento da fé e na partilha da vida a dois.
Os responsáveis nacionais, apelando aos responsáveis diocesanos, afirmam que “o movimento precisa de crescer”. Precisa de “partilhar com mais famílias a graça que é fazer a caminhada cristã desta forma, em casal, em família”. Mas estou ciente de que o Movimento só crescerá quando houver casais que o procurem conhecer e, como protagonistas da evangelização, abracem a sua implementação com empatia e convicção contagiante. Sendo nacional, podem crer, é bom!
Fundada no sacramento do Matrimónio, a família é atuação particular da Igreja, comunidade salvada e salvadora, evangelizada e evangelizadora. É chamada a acolher, irradiar e manifestar no mundo o amor e a presença de Cristo, como afirmava Bento XVI

Antonino Dias
Monção, 10-08-2018

Aniversário

11.08.18 | asal

Joaquim Nogueira1.jpg

QUEM FAZ ANOS HOJE?

 

É o nosso grande amigo Joaquim Dias Nogueira, que nasceu em 1933 na Várzea dos Cavaleiros e presentemente vive em Lisboa. Com longas deambulações profissionais pelo Congo Belga, estudou e exerceu o ofício de licenciado em Direito.

Colaborador entre os principais da nossa associação quer no tempo (é do princípio, com o João Heitor...) quer na intensidade do trabalho (presentemente, é Vice-Presidente, encarrega-se de toda a contabilidade e é um activo colaborador do "ANIMUS SEMPER". (Ah! Ainda superintende aos almoços na Parreirinha de Carnide)...

Por isso, temos muitas razões para estarmos presentes no seu dia de anos, dar-lhe osPARABÉNS e desejar-lhe muita saúde e muita alegria por tempos infindos. 

Um grande abraço da malta e um OBRIGADO!

Contacto: tel. 919482371

Migrações na Europa (3)

08.08.18 | asal

Meu Caro, envio-te mais uma reflexão na procura das nossas ancestrais raízes. Donde vimos e onde nos encontramos, por vezes as diferenças não são de monta. Excepto as tecnologias. A substância permanece. Pelo menos nas zonas do interior, menos expostas às mudanças. De Celtas ainda há por aqui muitas memórias. Há que descobri-las e valorizá-las. Quando achares oportuno, coloca lá, no nosso indispensável Animus Semper, esta minha despretenciosa reflexão. Bem hajas.
CordialmenteFlorentino1.jpeg
f. beirão 

 

Os nossos avós Celtas

 

Após a longa caminhada dos humanos, do paleolítico ao neolítico, em terras da velha Europa, este vasto território foi sendo povoado por migrantes de um povo pertencente à família linguística indo-europeia, portador de uma avançada civilização, os Celtas. A sua provável origem situa-se entre 1.900 e 1.500 a. C., fruto da fusão de povos descendentes de agricultores neolíticos danubianos – junto ao rio Danúbio - e de povos de pastores, oriundos das estepes, grandes formações de vegetais, com poucas árvores.

A movimentação destas populações dirigiu-se primeiro para a Europa, e, só depois, para a Península Ibérica, por volta do ano 1.000 a. C., pressionadas por uma situação de esgotamento de recursos agrícolas nas suas regiões de origem ou por alterações climáticas. A movimentação destas tribos, portadoras de traços culturais peculiares, como cremar os mortos e oferecer sacrifícios humanos, deu-se sem significativos confrontos com as populações autóctones.

Segundo os historiadores, este povo era já portador da técnica de lidar com o cobre e com o bronze, uma liga de cobre e estanho. Com a lenta ocupação da Península Ibérica por estes migrantes - pastores e agricultores - acabaram por se misturar com parte da população já aqui existente - os Iberos –, os quais anteriormente, tinham migrado de África. Deste contacto, nasceria o povo celtibero. A testar este encontro de culturas, permaneceu um importante estrato linguístico indo-europeu, reconhecido na hidronímia, na teonímia, na toponímia e na onomástica. Assim se foi potenciando o multiculturalismo europeu.

 Uma forte ligação peninsular com a bacia mediterrânica, nomeadamente com a opulenta cidade fenícia de Cartago, foi reforçada neste período. Desta relação, resultou que começaram a chegar influências orientalizantes, como os artefactos, transportados pelos mercadores gregos e fenícios que, além da preciosa cerâmica, trouxeram consigo o cultivo da oliveira e da vinha. As suas colónias na Península Ibérica promoveram ligações terrestres e marítimas, provocando uma enriquecedora troca comercial. Deste modo, promoveram o desenvolvimento dos povos autóctones, um aglomerado de tribos independentes celtas que, por vezes, se guerreavam.

Vivendo em aldeamentos fortificados - castros e citânias – as tribos celtas dos Lusitanos construíam as suas habitações, geralmente circulares, de tipo mediterrânico, no cume dos montes. A criação de cavalos de raça, preparados para a guerra, terá sido uma das suas vantagens guerreiras, juntamente com os soldados munidos de punhais e escudos redondos.

cruz celta.jpg

Por sua vez, os migrantes Celtas, dotados de uma cultura desenvolvida, trouxeram consigo para a Europa e para a Península Ibérica, uma sociedade fortemente hierarquizada, à base de clãs, compostos de famílias parentais que partilhavam um conjunto de terras agrícolas, com posse particular do gado. Esta sociedade encontrava-se ainda dividida em governantes, nobres, sacerdotes (druidas) artesãos e escravos. A mulher celta ocupava um lugar de relevo. Quanto à religião, praticada em frondosas florestas, era animista e politeísta, com vários deuses, a quem prestavam culto, ao ar livre. Sublinhe-se que alguns deuses pré- celtas, continuavam a ser cultuados na Lusitânia, como Arentio e Trebopala.

Quanto aos Lusitanos, um povo guerreiro, teve de fazer frente aos indomáveis exércitos romanos, durante várias décadas, chefiados por Viriato - assassinado à traição, em 139. Com língua e escrita própria, a partir de 41.C., após a sua derrota pelos romanos, ficariam sujeitos a uma longa e progressiva romanização, tornando-se o latim a língua oficial.

cultura celta.jpg

Do povo Lusitano também fazia parte a tribo dos Igeditanus, com a sua capital na região de Idanha-a- Velha. Note-se que, em algumas regiões do país, permanecem ainda hoje resquícios da cultura celta e pré-celta, nomeadamente, alguns nomes de povoações, tradições e costumes, folclore (caretes transmontanos), arte (os berrões) e música. Deste período, bronze final, conhecem-se ainda numerosos conjuntos de gravuras rupestres insculpidas em penedos ao ar livre, com variados motivos: símbolos solares, representações de cervídeos de estilo subnaturalista, de obscuro significado. Ainda destes tempos, existe um monólito de simbologia fálica, uma estela-menir, encontrado no Monte de S. Martinho, perto de Castelo Branco, junto à capela do santo do mesmo nome. Este documento histórico apresenta uma figura humana caçando com arco e flexa, e um cervídeo, em ambiente silvestre. Uma bela recordação deixada pelos nossos avós celtas.

florentinobeirao@hotmail.com