Sempre conseguimos juntar pais e filhos neste nosso remanso algarvio. É a primeira vez…
Vão ser poucos dias, mas dá para voltar aos tempos de meninos, rirmos com as peripécias de então, brincar com a mãe a ver se o riso lhe tira a dor de costas, irmos juntos à praia, visitar algum lugar mais interessante… Sim, as obrigações profissionais e as distâncias não nos dão muitas possibilidades de conviver deste modo…
Hoje, dia 15, também fomos à missa na Igreja Matriz de Portimão, numa homenagem e devoção à Virgem, Nossa Senhora da Assunção, que aqui é representada por uma vistosa Nossa Senhora da Conceição, cuja imagem domina todo o retábulo da capela-mor. Dá gosto olhar para esta imagem e para este conjunto de talha dourada, perdendo-nos ainda a observar aquelas lindas colunas retorcidas, onde predominam símbolos eucarísticos, mormente os cachos de uvas bem esculpidos naquele conjunto barroco bem elaborado e bem restaurado, assim como toda a Igreja. Mesmo os altares laterais apresentam belos retábulos e um deles já com a imagem do Santo João Paulo II.
É oração, sim, estar uns instantes com os cristãos de todo o mundo e é também turismo, encher os olhos de coisas belas que consolam os nossos dias diferentes.
Este escrito é também um convite a todos vocês para nos enviarem as vossas impressões de viagem. Façam o favor de colaborar!
Ao ouvir os nossos políticos e os doutos «opinadores» sobre os fogos e a realidade vêm-me à memória as doutas palavras do teólogo Reinhold Niebuhr:
“Meu Deus, concede-nos serenidade para aceitar as coisas que não podemos mudar, a coragem para mudar as coisas que podemos mudar e a sabedoria para ver a diferença entre umas e outras.”
Já perdi a esperança de os ver mudar de discurso. Já não tenho ilusões sobre a objectividade, a verdade, a coerência, ... do que dizem. Estou farto de fazerem de mim uma pessoa estúpida ou incapaz de pensar pela sua própria cabeça. Será que pensam que os portugueses ainda não saíram da menoridade? Há séculos que Kant proclamou o abandono dessa menoridade … Já não há pachorra …
O grave é que este estado de espírito é mau. Mau para mim e para a democracia. Ela desacredita-se e desacredita os agentes políticos presentes e futuros; permite generalizações abusivas porque são esses políticos e «opinadores» que ocupam o espaço público; abre caminho ao populismo e faz suspirar muitos saudosistas; sobretudo, minimiza o desejo e o empenhamento na construção de uma democracia participativa e obstaculiza o exercício de uma cidadania responsável. E, ainda mais grave, cria a ilusão de que a política e os políticos são dispensáveis.
Como rezava o teólogo, precisamos de serenidade e de ter sabedoria para ser capazes de ler as diferenças entre as coisas.