Pelas terras do mármore
Para a rubrica "PASSEIOS", o Celestino Pinheiro colabora no blogue com este texto bem gracioso e esta viagem bem apetecível, a bem do nosso mármore, até porque «O mármore precisa de ser promovido.», disse-me ele.
Conservei todo o ar familiar deste registo.AH
A convite do meu amigo Joaquim Broa e esposa Clotilde, pausamos a nossa viagem do Algarve rumo a Norte, em terras de Estremoz, Vila Viçosa e Borba. Com a inexcedível simpatia do nosso amigo Broa, tivemos a oportunidade de ficar a conhecer alguma da realidade da extração e tratamento dessa rocha que se revela tão útil nas nossas casas, que reveste as nossas igrejas e que embeleza os nossos monumentos: o mármore.
E ficamos a compreender melhor a ligeireza com que, normalmente, encaramos os materiais que fazem parte do nosso quotidiano. Quando apoiamos a mão sobre uma peça de mármore, alguma vez pensamos no esforço e na imaginação humanos que foram necessários para nos permitir esse simples gesto? Nós nunca tínhamos pensado, mas, desta vez, fomos obrigados a pensar.
E ficamos a saber da profundidade das pedreiras rumo ao ventre da mãe-terra, das variantes azuis, brancas e róseas, das enormes gruas e serras que transportam e talham o mármore e da beleza final de uma peça. Mas o mármore está em crise, e é preciso puxar pela imaginação: há quem faça restaurantes e promova concertos no ventre das pedreiras.
Depois, para rematar, um lauto jantar no Restaurante Venda Azul, com comida alentejana verdadeira (sopa de tomate, "automotoras" e carne de porco) e simpatia a rodos. E para fazer a digestão, uma visita ao castelo de Estremoz e à Rainha Santa Isabel, que se erguia esfíngica sobre o negrume da noite. Noite bem dormida no Monte dos Pensamentos, onde ainda tivemos tempo para pensar em tudo o que tínhamos visto e vivido.
Obrigado, amigos Joaquim Broa e Clotilde.
Celestino Pinheiro
NOTA: São seis fotos em galeria!