Na nossa capacidade de surpreender, mesmo em idade avançada, na nossa ânsia de comunicação com os amigos, no desejo de darmos uns aos outros um pouco do calor humano que nos revitaliza, aconteceu mais esta entrevista, fruto do trabalho do Joaquim Mendeiros, que também quer avançar para novas surpresas tecnológicas.
É um prazer imenso apresentar-vos este vídeo, não pela singeleza da oferta mas pela grandeza de ânimo que ela quer significar. Ao Colaço, que durante nove anos alimentou este ponto de encontro na Internet com o "animus60", apresentamos um grande abraço e votos de franca recuperação nesta outra batalha em que agora está envolvido. AH
Duas casas: a que foi meu berço (Cernache do Bonjardim) e a que é meu lar! A primeira com dois pisos, como acontecia em muitas da Beira Baixa. No superior a habitação, no inferior os animais ( uma espécie de aquecimento central, na altura). Na habitação, além dos quartos, sala de jantar, oficina de alfaiate, rudimentar WC, a vida fazia-se junto à lareira e a cozinha já tinha fogão a lenha com reservatório de água quente; a lareira onde, em panelas de ferro, se preparavam as viandas. Por cima,de canas, suspendiam-se os enchidos para a sua secagem: os chouriços, as farinheiras, as morcelas e e as moiras.
Era na rua que se procedia à matança do porco e à sua chamuscadela. Na parte inferior, havia dois compartimentos distintos: o curral com a pocilga do porco, a manjedoura da cabrita, o galinheiro, a coelheira e o celeiro com duas grandes arcas (a que servia de salgadeira e a do milho), o pipo do vinho, a talha do azeite e os arrumos de lenha, de batata e de fruta.
A segunda, no Paço (Aveiro) foi a quarta a ser construída, em via ainda não alcatroada. Agora tem mais oito vivendas. É uma área onde se harmoniza o urbano e o rústico, com grandes extensões de terras de cultivo.
Director de uma agência do BCP em França, vive em Estrasburgo e acaba de revelar que realizou «A minha última reunião de quadros da minha carreira no Banco BCP».
Pois que a tua jubilação permita a realização de novos sonhos, incluindo uma visita oportuna a um dos nossos encontros, como o de Portalegre em 19 de Maio.
Nos teus 65 anos, damos-te sinceros PARABÉNS, com votos de muita saúde e longa vida junto de família e amigos.
O António Escarameia, pároco de Vila Velha de Ródão, veio inscrever-se para o Encontro de Portalegre e, ao mesmo tempo, enviou-me uma prenda especial, fazendo-me lembrar pelas fotos os tempos que vivi naquela terra, onde concluí a segunda classe e metade da terceira.
Meu caro
Lá estaremos, dia 19, em Portalegre. Estes encontros fazem-nos bem, fazem-nos recuar e reviver o nosso passado, ao encontrar-nos com aqueles com quem crescemos e com quem consolidámos a nossa personalidade.
Lá estarei para abraçar, com amizade, os amigos, alguns que não vejo, há dezenas de anos.
Eu também não tenho passado muito bem.........
Agora, ao serviço de três paróquias, sentindo na pele a falta de clero, é… até cair!
Obrigado pelo teu e-mail. No sábado passado, fui dar um pequeno passeio, para desenferrujar as pernas. Aproveitei para registar algumas fotografias que são capazes de te dizerem alguma coisa. Aí vão.
Abraço para ti e família
António Escarameia
Pois, meu amigo, é verdade que estas fotos me dizem muito. Há duas ou três muito significativas. Primeiro, todas as que se referem à CERÂMICA DO AÇAFAL, onde meu pai trabalhava como carpinteiro, construindo as paletes onde se colocavam os tijolos e as telhas a secar uns dias até serem cozidas no alto forno.
O ar de abandono e degradação de todo o complexo fazem-me sofrer também, mas é um reflexo da nossa vida e da natureza, onde «nada se perde e tudo se transforma» (!!!). Aquela pequena casinha isolada não era a vivenda onde passei dias muito alegres e outros muito tristes, com a doença de minha mãe, mas era semelhante à nossa, ali ao lado do bonito solar onde vivia o dono, o Sr. Trigueiros de Aragão, filho dos condes de Idanha-a-Nova, de quem guardo gratas recordações, sobretudo pela consideração que nutria pelo meu pai.
Curiosamente, quem agora mais gosta do local é uma cegonha, que não deixa o seu ninho, seu tesouro!
Ali, naqueles terrenos onde no tempo crescia uma vinha bem tratada, ganhei eu o meu primeiro dinheiro - 25 tostões por uma semana de trabalho a colher cachos de uva. Se calhar comia mais que guardava!...
(clicar nas 6 fotos em galeria)
Depois, outra foto, a da Escola Velha e degradada da Vila, bem me fazem ouvir as recomendações do professor Benjamim, um bom homem que chegava de burro ao seu local de trabalho, e que viu em mim capacidades para estudar, insistindo com o meu pai para eu não deixar a escola e continuar para o ensino liceal. Bonito sermão, mas que corria o risco de não se concretizar pela situação económica da família.
Valeu aparecer o Seminário, esse colégio dos pobres que tantos meninos educou, alterando por completo o que seria o seu previsível futuro. O meu era decerto continuar a arte de meu pai, o mestre Aníbal.
É por isso que eu sou um dos alunos agradecidos que irei em romaria até Portalegre para lembrar esses "outros tempos" da construção da nossa personalidade, como diz o Escarameia.
Pronto, já fui ao passado. Obrigado, amigo, pelas fotos e por toda a amizade que o teu gesto significa.