(desta vez é o António Rodrigues que fala pelo Facebook e nós aproveitamos... AH)
Antonio RodriguesEstes são os campeões da època futebolística 64/65 que jogavam limpinho, limpinho e cujo lema era o seguinte: "pontapé prá frente e fé em Deus". Em cima da direita para a esquerda: os saudosos Àlvaro Antunes e Catana, Duque, Diogo, Carlos Granja (o primeiro guarda redes a defender um penalty sem luvas). E o nosso também saudoso treinador Padre Àlvaro. Em baixo e pela mesma ordem: O extremo esquerdo Antonio Ventura, cujo pontapé era um pesadelo para qualquer goleiro, os três seguintes não me recordo o nome(!), a seguir está o José Henriques e do ùltimo também me esqueci do nome.
Antonio RodriguesEsta foto era para ser partilhada com Animus Semper Antigos Alunos,mas esta gritante falta de jeito com a tecnologia fez com que fosse parar a outra caixa de correio.
Iniciamos hoje mais um estudo do nosso amigo Florentino Beirão, de grande actualidade neste quinto centenário da reforma protestante. AH
Um homem atormentado
Comemorando-se este ano o 5.º centenário (1517) do arranque da reforma protestante, iniciada por Martinho Lutero (1483-1546) na Alemanha, tentemos indagar algumas causas e consequências deste complexo acontecimento que dividiu a cristandade cristã europeia. No norte, países protestantes, e no sul, católicos.
Comecemos por tentar conhecer este frade agostinho. Nascido na Alemanha, em Vitemberg, era filho de um mineiro e entrou para um austero convento aos 22 anos em 1505, cobrindo-se aqui com um áspero hábito de lã de eremita.
Espírito atormentado pelas mazelas dos conturbados tempos do séc. XV-XVI, a sua vida conventual tornou-se um refúgio contra os males e perigos que se viviam na sociedade.
Como eremita, não lhe teria sido fácil viver dentro de um convento, ao longo de 15 anos, onde se praticavam duras penitências, em ambiente de profunda entrega à vida religiosa.
Imerso neste clima conventual, dotado de uma poderosa inteligência, imaginação e intensa sensibilidade, Lutero, interiormente, passou a sua juventude num clima de sofrimento interior. Vivendo em finais da cristandade da idade média, com cenas terríveis do Juízo Final, esculpidas nas principais fachadas das catedrais góticas, a sua imagem de Deus era a de uma figura implacável e vingadora. Face a estas representações, o frade agostinho temia e tremia pela sua salvação eterna, face a um Deus distante, castigador e severo juiz.
Esta convicção tornou-o um místico piedoso, lutando pela salvação da sua alma, através de constantes jejuns e vigílias. Em 1510, forma-se bacharel em teologia. Terminado este estudo, decidiu viajar até Roma, para junto do opulento papado de Júlio, da família dos luxuosos Bórgias, senhores de imensas riquezas.
Vindo de uma vida conventual tão austera, na cidade eterna, o frade agostinho deparou-se com a cúpula da Igreja - papa, cardeais e bispos - regalados, a viver num ambiente faustoso, carente de fé, praticante da simonia, vivendo à custa das suas prebendas do negócio da venda das indulgências. Os cristãos acreditavam piamente que, através da compra destes benefícios espirituais, lhes eram perdoados os pecados, e, além disso, podiam ajudar os defuntos a livrarem-se mais rapidamente das penas que os lançaram no atormentado purgatório.
Conhecendo de perto este ambiente apodrecido, que, segundo ele, contradizia a mensagem de Cristo, regressou ao seu convento onde se dedicou a ensinar teologia, nomeadamente os Salmos e a Carta de S. Paulo aos Romanos, em 1515 e 1516.
Baseado nestes estudos exegéticos, Lutero intuiu e acreditou que o justo apenas se poderia salvar pela Fé e não pelo fruto das suas obras. Imbuído desta crença, em 31 de outubro de 1517, afixou as suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Vitemberga, em linguagem serena, onde atacou a doutrina das indulgências, por supostamente garantirem aos cristãos falsas esperanças no seu poder espiritual. Criticava ainda o modo como a Igreja e o Papa (denominado de anticristo) viviam, dando maus exemplos, contradizendo o Evangelho de Cristo.
Esta atitude desafiadora colocaria em questão os ensinamentos e a prática das cúpulas eclesiásticas, as quais se sentiram atingidas. Face esta postura de Lutero contra Roma, embora de um modo algo precipitado, o papa Leão X, da família dos Médicis, decidiu agir rapidamente. Para tal, chamou a Roma Martinho Lutero, em 18 de abril de 1518, entregando-o a uma comissão inquisitorial onde lhe foi exigido que se retratasse, nomeadamente, na sua doutrina acerca das indulgências e da justificação dos fiéis. Deste modo, foi empurrado para uma situação de condenação, como herege. Esta reunião ficaria designada pela célebre dieta de Worms, a partir da qual, Lutero foi considerado um perigo ameaçador para a piedade tradicional dos fiéis e para a crença nos dogmas. Alegando dever de consciência individual, decidiu não se retratar do que o acusavam. Recorde-se, porém, que o frade agostinho não se encontrava sozinho na contestação à Igreja de Roma, tida por muitos, como o humanista Erasmo, Wiclef e Huss, como uma grande pecadora, a reformar. Os tempos de uma igreja dogmática, centralizadora e dominante, fruto de uma sólida cristandade medieval, começava a tremer. Ventos modernizadores, soprados pelo renascimento humanista e pelas doutrinas luteranas, realçando o valor do indivíduo, iniciaram uma tão profunda mudança de mentalidades e sócio - económicas na Europa que jamais viveria como dantes. Voltaremos ao assunto.
HOJE REGISTO A MENSAGEM. AMANHÃ AVANÇAREMOS COM O TEXTO SOBRE LUTERO. OUTROS PODERÃO COLABORAR TAMBÉM.
OBRIGADOS, FLORENTINO. AH
Meu caro
Não te dou tempo para respirares. Aí vai mais uma conversinha. espero que não te aborreça.
Nestes 500 anos após Lutero, pensei que seria bom revisitar este homem, tão desconhecido.
Face a uma Igreja sempre tão Santa e tão pecadora, alguma distância histórica dá-nos bem a conhecer e compreender como ela se encontra sempre a necessitar de reforma interior. Francisco não tem feito outra coisa na sua missão profética. Pelo que tenho lido, as tuas últimas leituras também, têm ido nessa direcção. Entrares pelo pontos escuros da Igreja de hoje. Os pecados continuam a ser sempre os mesmos ou muito semelhantes...poder e avidez. Mudam os personagens, mas as vias tortuosas continuam.
Lutero um homem sofredor com os pecados da Igreja, na complexidade do seu tempo, em mudança sócio-económica e cultural, quis contribuir para a mudança. Fiel no que acreditava e seguindo a sua consciência conseguiu dividir a Europa cristã.
Como gostei de conhecer melhor e aprofundar este homem, apaixonado pela Bíblia, partilhar tornou-se para mim um imperativo. Seria bom que esta reflexão fosse plural. Dá pano para mangas.
Um grande abraço e agradecido pela tua dádiva ao nosso Animus, sempre a crescer.
Neste dia 16 de Agosto, celebram o seu aniversário os amigos:
- Álvaro Conceição Martins, a viver na Sertã, a quem, nos seus 68 anos, desejamos longa vida, muita saúde e muitos amigos.
Contacto: tel. 933 424 447
- E ainda outro aniversariante: o Américo Nunes Peres, que, se não erramos, se encontra postado nesta foto e a quem desejamos também muitos anos de felicidade, com saúde e muitos amigos.
Penso que uma grande parte dos leitores do blogue "animus semper" são proprietários e habitam em frações autónomas de prédios urbanos submetidos ao regime da PROPRIEDADE HORIZONTAL. Por esse facto, julgo ter algum interesse definir a perspetiva histórica e a evolução da propriedade no decorrer dos tempos, a par do evoluir da sociedade vista no seu conjunto, a natureza jurídica do condomínio, no sentido de o considerar como uma modalidade de propriedade, ou se deve ser qualificado como uma propriedade especial ou, ainda, como um tipo autónomo no conjunto dos direitos reais de gozo, tanto mais que a propriedade horizontal é tratada, no nosso ordenamento jurídico, como PESSOA COLETIVA.
PERSPETIVA HISTÓRICA
De acordo com a evolução social que foi ocorrendo ao longo dos tempos, também o conceito de PROPRIEDADE se foi modificando. A apropriação, sobretudo da terra, foi evoluindo de propriedade COLETIVA para propriedade INDIVIDUAL. E compreende-se que assim tenha acontecido: na verdade, do nomadismo das populações, em que não interessava a apropriação das terras, passou-se para o sedentarismo, com as populações a formarem pequenas aldeias, pequenas povoações, havendo necessidade de dividir as terras pelas famílias, primeiro, e, depois, pelos elementos da população, individualmente considerados.
Conforme a evolução do nomadismo para o sedentarismo, também se foi acentuando o carácter individual da propriedade. De início, o Senhor da terra, embora não tivesse poderes de proprietário, podia exigir renda dos lotes de terreno que cedia aos seus vizinhos. Nessa época, relativamente à propriedade, havia aquilo que, posteriormente, foi considerada a tripartição de poderes: “ius utendi, ius fruendi e ius abutendi “ –“ direito de uso, de fruição e de disposição das coisas que pertenciam ao senhor” - .
O regime da propriedade mantém-se ainda hoje, ou seja, mantém-se o princípio da plena propriedade privada, livre e individual, como direito real maior, integrando todas as prerrogativas que se possa ter sobre determinado bem. Assim, o titular do direito de propriedade tem o poder de utilização, total ou parcial, do bem, prefere sobre todos os outros credores, pelo valor da coisa, no pagamento da dívida de que seja titular.
Na antiguidade, e como escrevi antes, o que mais interessava era a propriedade sobre a terra, sobre o solo, sendo certo que a evolução obrigou a considerar outros tipos de propriedade, a tal ponto que houve necessidade de legislar e regulamentar esses vários tipos.
A POSSE, ELEMENTO INTEGRADOR DO DIREITO DE PROPRIEDADE
Em termos de direito, este problema vem tratado, duma maneira genérica, no LIVRO III do CÓDIGO CIVIL, onde, no chamado DIREITO DAS COISAS, se regulamentam os vários tipos de propriedade – Artigos 1.251º e seguintes -.
Nesse indicado Livro, começa por se dar a noção de POSSE, como sendo “o poder que se manifesta quando alguém atua por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade ou de outro direito real”. Desta definição se pode concluir, desde já, que a propriedade das coisas só se obtém possuindo-as, - poder de as usar, poder de fruir delas e poder de dispor das mesmas. Ao legislar sobre a posse, no indicado Livro III, definem-se os caracteres da posse, a maneira de a adquirir e perder, os efeitos e a defesa, sempre da posse.
Num outro capítulo, ainda relacionado com POSSE, define-se USUCAPIÃO, como sendo “a posse do direito de propriedade ou de outros direitos reais de gozo, mantida por certo lapso de tempo, faculta ao possuidor, salvo disposição em contrário, a aquisição do direito a cujo exercício corresponde a sua atuação”.
O objetivo deste texto é dar uma ideia sobre PROPRIEDADE HORIZONTAL, pelo que não vou explanar mais sobre estes assuntos, que aflorei por entender que, ao fim e ao cabo, estão interligados. Não posso deixar de completar, no entanto, em termos gerais, como é que o Código Civil enquadra os vários direitos de propriedade, como direitos reais de gozo: PROPRIEDADE EM GERAL - AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE - PROPRIEDADE DE IMÓVEIS - PROPRIEDADE DAS ÁGUAS - COMPROPRIEDADE - PROPRIEDADE HORIZONTAL - .
INSTITUTOS CONEXOS AO DIREITO REAL DE PROPRIEDADE
Ainda ligados ao direito real de propriedade, devem ter-se em consideração outros direitos, de que se enumeram apenas as noções, tal como constam do Código Civil, como se passa a expor:
- USUFRUTO, USO E HABITAÇÃO –
USUFRUTO “é o direito de gozar temporária e plenamente uma coisa ou direito alheio sem alterar a sua forma ou substância “.
USO “consiste na faculdade de se servir de certa coisa alheia e haver os respetivos frutos, na medida das necessidades, quer do titular, quer da sua família”. “ Quando este direito se refere a casa de morada, chama-se DIREITO DE HABITAÇÃO”.
- DIREITO DE SUPERFÍCIE –
DIREITO DE SUPERFÍCIE “ consiste na faculdade de construir ou manter, perpétua ou temporariamente, uma obra em terreno alheio, ou de nele fazer ou manter plantações” .
- SERVIDÕES PREDIAIS –
SERVIDÃO PREDIAL “ é o encargo imposto num prédio em proveito exclusivo de outro prédio pertencente a dono diferente: diz-se SERVIENTE o prédio sujeito à servidão e DOMINANTE o que dela beneficia “ .
Era minha intenção escrever apenas sobre PROPRIEDADE HORIZONTAL. Abusando da paciência dos leitores – do que me desculpo - “encontrei-me” a escrever sobre assuntos que são básicos, mas que não eram necessários para o que me propunha.
Escreverei sobre a PROPRIEDADE HORIZONTAL numa segunda parte que vou preparar.
Desde há dois meses é sempre o mesmo cenário no palco dos dramas e tragédias deste PORTUGAL RURAL há muito esquecido, desprezado, desconsiderado e abandonado. A gente acorda e vê fumo. A gente olha para o chão e vê preto. A gente olha a paisagem e vê o castanho do verde queimado. A gente recorda e vê fogo e chamas em todo o lado. A gente olha para a cara das pessoas e vê tristeza e desânimo. A gente sente a impotência na alma do povo. A gente começa a sentir alguma revolta contra os muitos poderes instalados. Mas o que a gente gostava de perceber é o porquê disto tudo. A gente não se mete com ninguém. A gente é obediente e submissa. A gente só quer viver sossegadinha, em paz com o mundo, aqui no nosso canto cultivando uns legumes mais ou menos biológicos para o nosso sustento diário e ter uma reserva florestal para uma ou outra emergência. Porque é que nos acontece isto? Porquê? Triste sorte a nossa! Valha-nos Deus! Porque os homens não querem...
Quem reconhece o sr. da frente ou que está logo atrás?
Não reconheço todos, mas o Ventura dos Valhascos também faz parte do grupo. Belos tempos amigos.
Lucio LobatoLembro-me de todos, mas os nomes não me lembro. Alcains.
Mário PissarraA contar do fim: José Manuel dos Santos Eusébio,Bonifácio, João Delgado, Boaventura Calvário Antunes, João Mendonça, Silva Ou Matues (parece-me mais este) e Mendeiros.
José AndradeO ti Marcelo marcou-vos falta no encontro de Idanha... será k algum dos da foto esteve presente....?
Joaquim Mendeiros PedroMário, o último é o Constantino, já falecido e o segundo é o Lúcio. Acertaste nos restantes. Estávamos no Teixoso de boa memória, onde nos deliciávamos com as canções das polacas. Lindas, as canções e as polacas.
Jose VenturaTambém tinha essa ideia, mas...sem certeza !
Animus Semper Antigos AlunosSobre este príncipe, acho que já escrevi uma vez que o Agrupamento de Portalegre o convidou para almoçar e no fim da refeição o chefe Barata, um sénior bem conversador, senta-se com ele num tronco de pinheiro e vá de comer um cacho de uvas em conjunto. O príncipe só respondia "Yá" a tudo. E o chefe Barata, às tantas, atira: «olha lá, no Lichtenstein dois terços das pessoas são coxas?» - Yá. E vá de rir, que era o melhor remédio para esta dificuldade de comunicação. Eles vieram três do Principado e realmente dois eram coxos. A. Henriques
Jose VenturaRecordo-me de lhe batermos na perna e ele não reagir. Nós diziamos que ele tinha uma perna de pau !
Continuando a saga do Jamboree no Teixoso, no nosso tempo de escuteiros, que o Lúcio Lobato lembrou com uma foto de um grupo de Alcains de que eu e ele fazíamos parte, cá vai outra foto para o pessoal recordar. Quem se lembra?
Jose VenturaAo meu lado reconheço o Manuel Lopes Dias, Sargento Pascoal, Marques Pires, David Coelho, Castilho !
José Manteigas MartinsTambém estou aí. Foi nesse jamboree que concluímos que metade da população do Lichensteim era coxa.
Joaquim Mendeiros PedroManteigas, onde estás? Consegues indentificar algum, para além do João Mendonça, do Manuel Pereira, já falecido, do Lúcio Lobato, do Constantino, do Janela Barbeiro, do João Delgado?
Mário PissarraAo lado do João Mendonça creio que sou eu.
Na mesma rua do Museu, fomos surpreendidos por estes quadros de pintura do séc. XVI, expostos ali ao ar livre, como quem quer à força que os nossos olhos parem de olhar bugigangas e fixem estas belezas bem antigas, a adornar os nossos monumentos, neste caso o Museu da Santa Casa da Misericórdia da Lourinhã. Como quem diz: se Maomé não vai à montanha, vem a montanha a Maomé...
Destaco o nome de Mestre da Lourinhã, quadros n.º 2 e 3, que coloco por baixo para mais visibilidade. Trata-se de um pintor de influência flamenga (séc. XVI) a quem se atribuem também as pinturas do retábulo da Sé do Funchal. Este pintor, em que a figura humana e a natureza são elementos destacados no seu estilo, ainda não tem nome definido, embora alguém já lhe atribua o nome de Álvaro Pires...
S. João Evang. em Patmos S. João Baptista no Deserto
Terminamos com imagens ainda mais brilhantes do mesmo pintor na Sé do Funchal:
Políptico da Capela-mor da Sé do Funchal (1512-1517), do Mestre da Lourinhã e outros, composto por doze painéis, e que faz parte do Retábulo do altar-mor da Sé do Funchal
É o nosso grande amigo Joaquim Nogueira, que nasceu lá para os longínquos 1933 na Várzea dos Cavaleiros e aí está "pisando fuerte en la vida"!
Colaborador entre os principais da nossa associação quer no tempo (é do princípio, com o João Heitor...) quer na intensidade do trabalho (presentemente, é Vice-Presidente, encarrega-se de toda a contabilidade e é um activo colaborador do "ANIMUS SEMPER". Ah! Ainda superintende aos almoços na Parreirinha de Carnide)...
Por isso, temos muitas razões para estarmos presentes no seu dia de anos, dar-lhe os PARABÉNS e desejar-lhe muita saúde e muita alegria por tempos infindos.
Mais uma mensagem do Pires da Costa, desta vez acompanhado da sua esposa na foto, ela também a servir de corrimão a quem ele se agarra para saborear a vida! AH
«...se para subir é necessário esforço e ultrapassar muitos escolhos, é nas descidas que se dão os grandes trambolhões.»
Pego na pena, passo a outra mão pela face, fito o tecto como que à procura de lá encontrar ajuda inspiradora, paro na expectativa de que algo possa surgir de qualquer lado e que me ajude a iniciar o texto que pretendo escrever.
Procuro desatar a imaginação que parece presa por um nó que, com alguma angústia, sinto demasiado apertado .E, só muito lentamente, vou sentindo o cérebro a libertar-se e a espairecer como se nele penetrasse uma luz capaz de desbloquear o impasse criado sem justificação aparente. Finalmente, após uma espécie de paragem forçada, o pensamento começa a discorrer e, na sua correnteza, surgem, finalmente, ideias que se apresentam numa espécie de «sobe e desce» movidas por impulsos automáticos e incontroláveis como que a tentar furtar-se ao controlo da minha vontade. Saia o que sair, é tempo de começar. Subindo ou descendo, não interessa.
Forço-me a mim próprio a imaginar, a caracterizar, a definir, a escalpelizar e a localizar todas as escadas que já subi e desci ao longo da vida. Sintetizo a evocação da forma mais prosaica e bastante redutora: foram muitas e variadas.
Desde a matéria, à forma, ao tamanho, ao estilo, à localização, à segurança, à estética e à mobilidade conheci escadas de tal modo diversificadas que me conduzem à lembrança do que caracteriza o mundo dos homens e das mulheres: há semelhanças e analogias entre todos, mas nenhum ser humano é exactamente igual ao outro.
Se nos cingirmos à verdadeira função de uma escada que se preze, concluímos que ela é um tanto ilusória e merecedora de análise mais profunda e detalhada. Dentro de um conceito consuetudinário, as escadas foram feitas para subir e descer. Mas, pensando bem, elas foram imaginadas para subir. O descê-las representa apenas um recurso para retomarmos o que sempre aspiramos a fazer: subir. No espaço e na vida.
Mesmo considerando aquelas que se fazem para nos introduzirmos nos subterrâneos, o objectivo visado com a sua feitura é o subir e não o descer. Subir para a terra firme.
Discutível o princípio enunciado? Mas o que é que não é discutível no mundo dos homens? Só o indiscutível, mas este, à luz da razão e da liberdade, simplesmente não existe. Consequência do iluminismo filosófico? Seja. Mas, depois das trevas, é a luz que prevalece. Voltemos às escadas.
Subir escadas assemelha-se muito ao acto de subir na vida. Em qualquer dos casos, há sempre que ter consciência das vantagens e dos riscos que comportam todas as subidas, sejam elas de que natureza forem. É que as subidas exageradas comportam riscos cujas consequências devem ser sempre bem ponderadas, dentro do princípio simplista, mas recheado de sabedoria popular, de que quanto maior for a subida maior pode ser a queda.
E mesmo considerando o conhecido adágio contido na expressão «a descer todos os santos ajudam», não nos devemos iludir pois, em boa verdade, se para subir é necessário esforço e ultrapassar muitos escolhos, é nas descidas que se dão os grandes trambolhões.
O ser humano identifica-se, fundamentalmente, com a terra firme, visto que é nela que pode encontrar tudo o que precisa para viver. A humanidade e a terra constituem o complemento por excelência da Natureza, como que destinadas a viver num permanente abraço, tão dependentes uma da outra que, se não existisse uma intervenção recíproca no viver de cada uma delas, a vida no planeta perderia totalmente o sentido que, nesta dicotomia Terra / Homem, lhe é atribuído.
E porque assim é, o verdadeiro lugar do homem é na terra firme. Porque é inteligente e pode usar a razão, passa grande parte da sua vida a imaginar e a construir escadas de todas as formas e feitios e com os mais diversos materiais. Umas com alicerces e outras sem eles, mas todas vulneráveis de tal modo que podem sempre desmoronar-se e reduzir-se a pó na terra firme, local onde regressa sempre toda a fantasia criativa do ser humano.
No entanto, sem escadas o que seria a vida do homem? Construam-se pois escadas em abundância, repletas de materiais ou fantasias, mais destas do que daqueles, pois só a subir conseguiremos realizar sonhos e quimeras que nos hão-de conduzir à verdadeira libertação, aquela que nos ajudará a ser criadores e a viver com sentido e dignidade.
Afastemos o receio de subir e descer, mas pratiquemos estes actos com ponderação e equilíbrio, para que a subida tenha um máximo de firmeza e a descida um mínimo de segurança.
Se o leitor chegou até aqui e não se enfadou de tanta escadaria, tenho de louvá-lo e, ao mesmo tempo, pedir-lhe desculpa. Louvá-lo, pela sua paciência; pedir desculpa pelo cansaço que lhe causei com tantas subidas e descidas. Eu próprio confesso que fiquei fatigado. Porém, sem direito a indulgência, já que fui o verdadeiro pecador.
Já agora, peço-lhe que acabe a leitura, pois o que a seguir digo constitui a essência de tudo o queria transmitir.
Que todos nos compenetremos de que as escadas só desempenharão a sua função se os homens nelas souberem circular. Sem atropelos; sem empurrões; sem ultrapassagens violentas; sem rasteiras; sem pisadelas; com educação e honestidade.
Se assim for, sempre haverá uns que subirão mais do que outros, mas não virá daí mal ao mundo… Antes pelo contrário, todos poderemos beneficiar com isso, se os que podem ou conseguem subir muito alto souberem descer para ajudar os menos capazes. Até porque estes também podem ser úteis de muitas maneiras, que mais não seja para construírem os degraus que outros hão-de subir.
Evoquemos o Aleixo, o poeta algarvio :
« Tu, que tens saber profundo,
És engenheiro e vês bem.
Constrói uma ponte em que o mundo
Passe sem esmagar ninguém.»
Acrescento eu: quem diz pontes, diz escadas… As da vida ou outras.
Esta pode ser uma hipótese para uma escapadinha, aqui a 70 km de Lisboa. A Lourinhã aqui tão perto e nós não a conhecemos... E se a conhecíamos, iremos estranhar muito as novas atracções que vão interessar os turistas a partir de hoje.
Quando a visitámos, ainda estava engalanada com os enfeites de uma festa local e o nosso objectivo era sobretudo o Museu. Soubemos que era decerto a última vez que ali entrávamos, disse o funcionário, pois o Museu ia ser deslocado brevemente para novas instalações, por certo mais dignas. O espólio que ali se amontoa vai brilhar mais em espaços mais amplos. Naquele espaço, convivem as peças de um museu regional, memória das muitas actividades económicas a que se dedicavam as gentes daquela região do Oeste, e os achados paleontológicos da era dos dinossauros, que realmente precisavam de outro ambiente para se mostrarem melhor.
Das mostras das profissões antigas, muitos objectos expostos chamaram a atenção. Mas, para abreviar, lembro os elementos com que se extraía a resina. O Joaquim Nogueira é que podia dizer o nome daquelas ferramentas, onde não faltava a machadinha para tirar mais uns centímetros de casca e a garrafinha do ácido para fazer que a resina escorresse para a malga. Tive ainda a oportunidade de lembrar os nomes dos muitos instrumentos do carpinteiro, que meu pai manuseava com mestria. Mas parece que não consta nenhuma profissão que ali não se apresente, pelo que vale uma visita bem ilustrativa.
A secção dos dinossauros encontra-se muito compacta e há muitos achados que nem sequer podem aparecer por falta de espaço. Mas, para surpresa minha, estava eu a escrevinhar estas linhas quando descubro que neste 8/08/2017 se inaugura na Lourinhã uma grande mostra de 20 modelos de dinossauros em tamanho real, numa iniciativa apelidada de «Dinossauros Saem à Rua» e que ficará patente até meados de Setembro. E nos próximos dias 11, 12 e 13 de Agosto haverá mesmo muitas atracções e conferências sobre o tema.
Soubemos, entretanto, que esta exposição pelas ruas da Lourinhã é um simples aperitivo de outra exposição permanente com mais de uma centena de modelos no futuro Parque dos Dinossauros, a inaugurar em 2018 numa área de 10 hectares de um terreno onde funcionava a lixeira municipal. É aí que também será construído um edifício para exposição dos achados paleontológicos com 150 milhões de anos, uma loja e um laboratório para preparação de fósseis. É um investimento de 3,5 milhões de euros, que fará da Lourinhã uma verdadeira capital dos dinossauros.
E ficam vocês em casa!...
António Henriques
Apresento a seguir mais uma galeria de 8 ou 9 fotos, que podeis rolar, para sentirem mais o ambiente da capital dos dinossauros.
- Mons. Paulo Henriques Dias, nascido em 1970, Vigário Geral da Diocese de Portalegre-Castelo Branco; Moderador da Cúria Diocesana; Juiz Diocesano; nomeado Monsenhor com o título de "Capelão de Sua Santidade" em Setembro de 2009. É ainda pároco de meio Alentejo (9 paróquias!...). Só com muita energia e saúde pode corresponder aos compromissos assumidos...
Bom amigo, os nossos PARABÉNS! E ainda votos de muita saúde e longa vida para servir a Igreja em alegria.
Contacto: tel. 967229564
oooooooo oooooooo
- Ramiro Cristóvão Pereira, outro amigo deste grupo de antigos alunos, aqui um pouco apanhado de lado num encontro ainda do tempo do muito amigo D. António Marcelino, também hoje celebra mais uma primavera.
PARABÉNS, Ramiro, e que a Vida te sorria com muita saúde e felicidade por muitos anos, na companhia de quem mais gostas.
Mais uma reflexão pertinente e actual do António Colaço, que eu arrasto para o nosso blogue. É um texto publicado no "Expresso" em 5/08/2017. AH
REDES SOCIAIS.
MAIS DO QUE UMA MODA UM MODO DE MUDAR
Pequena contextualização.Encontro-me de férias na vila de Mação,onde há cerca de quarenta anos fiz nascer um projecto editorial que acode pelo nome de “ânimo-para tornar os dias mais leves”, influenciado pela novidade gráfica do então “offset”.E assim nasceu a revista “ânimo” que depois da edição de dez números – já guardados religiosamente pelo meu amigo Pacheco Pereira, nos seus arquivos da Marmeleira – conheceu outras formas de sobrevivência, como a intervenção na imprensa regional e, por esta, no mundo das rádios livres e televisões regionais. Destes últimos meios de intervenção, a destacar o papel central de Abrantes no processo de legalização, já que aqui tiveram lugar os três maiores encontros de rádios que durante anos persistiram e conseguiram a almejada legalização contando no último desses históricos encontros com a presença de deputados da nação. Ainda no campo das chamadas televisões piratas, a ânimo, e todos quantos com ela colaboraram, foi objecto de um processo no DIAP por emissão clandestina no 25 de Abril de 1995, algures, em Campo de Ourique, Lisboa.Tudo isto para dizer que sempre se lançou mão das novas tecnologias, não em nome de um deslumbramento bacoco,mas porque sempre soube a pouco o que com elas podia fazer-se. 2
Passo a falar na primeira pessoa porque nestes quase 40 anos que levo daquilo a que ousei apelidar de o ”animador de serviço”, o meu lema sempre foi o de que comunicar é preciso.Este breve e despretensioso puxar de galões vem a propósito da tão inesperada quanto dramática experiência vivida na passada semana com o chamado incêndio da Sertã em…Mação.Para abreviar, direi apenas que uma raiva incontida se apoderou de todos os maçanicos por percebermos que 2003 estava às portas e nada parecia fazer deter as chamas assassinas. Confesso que só há pouco me dei conta das potencialidades do uso no Facebook das transmissões de vídeo em directo. Morando no centro histórico da vila, e não querendo passar pelo susto de ter que abandonar a casa, como no passado, percebi que nada melhor do que aproximar-me o mais possível da frente de fogo que mais rapidamente poderia entrar na vila tendo decidido partilhar essa informação,em directo, através dos meus amigos na dita rede social do Facebook, e assim, mais informados, melhor poderem precaver-se para o que desse e viesse.Só quem cá esteve sabe a dimensão dessa extenuante expectativa adiada, tantas foram as situações em que o fogo ora parecia controlado ora logo se reacendia. Não quero, por agora, entrar na polémica da gestão da ANPC segundo o princípio do “deixa arder” mas não posso deixar de expressar uma palavra de total solidariedade para com o presidente da Câmara Municipal de Mação, Vasco Estrela,que tudo fez para que as coisas tomassem outro rumo, deixando transparecer a falta de confiança em muitas das medidas tomadas, por quem, de todo, não conhece o concelho.
3 Neste contexto, quero aqui reafirmar, o papel das chamadas redes sociais no tu cá tu lá com a tragédia que nos incendiou os dias. De facto, foi importante a informação que partilhamos uns com os outros e, por via da globalização, com todos os familiares espalhados pelo mundo.Demonstrámos que os telemóveis não servem só para mostrar as últimas fotos da namorada ou do cãozinho de estimação.Demonstrámos que sabemos ter opinião mesmo que alguns dos clássicos opinion makers sintam o chão a tremer porque deixaram de ser as vacas sagradas da opinião em Portugal.Acabaram-se os territórios.A sofrida partilha de alegrias e dores tornou-nos mais solidários. Mais virados para as soluções do que para os problemas. E pelos vistos os nossos testemunhos deram jeito às agendas das televisões e rádios nacionais. Sei do que falo. A partir do Mação incendiado consolidei mais a certeza de que não vivo para Facebookar, antes, Facebooko porque vivo!