Alguém que viesse doutro planeta e aterrasse no nosso país, após tomar conhecimento dos últimos acontecimentos, facilmente concluiria que tinha aterrado num mundo mágico, onde imperava a bruxaria, em vários setores da vida pública. Se não vejamos.
Uma grávida, dirigiu-se a um hospital público, na Guarda, com sinais de parto eminente, pelo que foi chamado o médico de serviço. Passada hora e meia, o homem lá apareceu, agora só para assinar o óbito do bebé. Pelos vistos, não chegando a horas, tudo se precipitou, dando como resultado a morte da criança. Os pais, muito revoltados, acionaram um inquérito ao que se havia passado, para tentarem saber as causas que explicavam aquele trágico desfecho. Quando se ia a instaurar o processo de averiguações, para se apurarem as responsabilidades, chegou-se à conclusão que os respetivos documentos, por artes mágicas, haviam desaparecido. Certamente, as bruxas da Guarda meteram-se no assunto e terão feito das suas, fazendo voar a documentação.
Virando-nos para a banca, ficámos a saber que a Autoridade Tributária, entre 2011 e 2014, terá supostamente fechado os olhos, não dando conta da saída de capitais para paraísos fiscais, na ordem dos dez mil milhões de euros. Não parece aceitável que venha agora a avançar o então ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, tentando lançar poeira nos olhos, pela não divulgação estatística destas operações.
Embora já tenha assumido as responsabilidades políticas por esta grave omissão, o povo jamais a compreenderá, sabendo que, entretanto, naqueles fatídicos anos da troika, estava a ser sujeito a grandes sacrifícios fiscais a fim de se evitar a bancarrota. O pobre a pagar os seus pesadíssimos impostos, enquanto o grupo dos mais ricos andava a caminho dos “offshores”, gozando de facilidades fiscais. Uma magia que faz desaparecer dinheiro dos bolsos dos contribuintes mais débeis, surgindo depois avultadas verbas nas contas dos mais poderosos. A exploração miserável de muitos, em proveito de alguns.
Para um país que tem uma crónica falta de capitais próprios, é pesaroso vê-los voar na vassoura das bruxas, perdendo-se o seu rasto. Como sempre, como por magia, o nome das empresas que nos vão descapitalizando, não aparece à luz do dia, encobertas pelo poder político, subordinado tantas vezes ao económico. Esta inversão de papéis tem sido um dos cancros da nossa débil e tantas vezes corrupta democracia.
Depois de tudo isto, não faltarão comissões e mais comissões de inquérito, para apurar a verdade dos factos. Também como por magia, as suas conclusões são quase sempre inconclusivas.
Mas os casos não se ficam por aqui.
Na Caixa Geral de Depósitos, a “conversata” dos SMS, a ocupar a espuma dos dias, há cerca de dois meses, promete continuar, sem fim à vista. Em vez de se indagar a quem foram emprestadas avultosas verbas que escavaram o seu buraco e para que serve a CGD, anda-se à procura duns SMS que pouco adiantarão para a resolução do problema. Julgo que o povo já percebeu o essencial.
Novamente, a falta de transparência, a pós-verdade, as perceções de cada um, tentarão, como por magia, explicar a contento de todos, o que se terá passado na CGD. Desde que paguemos com língua de palmo as nossas pesadas dívidas, a tempo e horas, aos nossos credores em Bruxelas, tudo se passará no melhor dos mundos, para os burocratas da UE.
Fartos estão eles de saber que as organizações europeias e internacionais não têm pejo em fechar os olhos ao combate à evasão fiscal e ao branqueamento de capitais. E, vontade de emenda, é atitude que não se vislumbra neste mundo de magia onde o dinheiro se eclipsa, aparecendo em incontrolados “offshores”, espalhados por esse mundo fora.
«Não fazemos parte desta Associação. Vimos só pedir-vos, se possível, notícias sobre o Sr. António Trolho. Vivemos em Moçambique, mas temos um apartamento em Massamá no mesmo prédio que ele e tivemos informação sobre o seu crítico estado de saúde. Temos o seu telemóvel pessoal, mas não achamos adequado usá-lo. Muito obrigado!
José e Ida Gonçalves»
Que fazer para ajudar estes amigos?
Falámos para o Manuel Pires Antunes, amigo próximo, e foi ele que respondeu ao pedido. Acontece que todos os que frequentam este blogue também gostarão de ficar a par da situação, da qual já falámos por duas vezes. Assim, achamos por bem transcrever as palavras do Manel, de modo a todos ficarmos também envolvidos com o António Trolho.
RESPOSTA
"Srs. Ida e José Gonçalves, Sou um dos amigos do António Trolho e antigo colega de estudos. Além disso é de uma aldeia beirã, perto da minha. Estive anteontem a falar com a mulher, Lisete, e é através dela que tenho acompanhado o seu estado de saúde. Foi operado ao coração no final de Janeiro. Parece ter corrido bem, mas uns dias depois piorou por ter apanhado uma bactéria hospitalar. Tem estado muito mal, está agora em coma induzido para não sofrer. Era para ser operado à traqueia nestes últimos dias, mas devido ao estado crítico de um pulmão não pôde ser. Tudo consequências da bactéria. A Lisete diz-me que só um milagre.... enfim, pedem-se orações para ele! A Lisete disse-me que estava muito magro.... obrigado pelo vosso interesse e vou comunicar à Lisete, que também vos conhece, com certeza. Disponham sempre. Se têm internet podem aceder ao blogue: Animussemper... vão ao Google e procuram. Vamos dando notícias lá.
Um grande abraço do Manuel Pires Antunes"
NOTA: Muita gente olha para nós. Ainda ontem tivemos 350 visualizações. Quem nos ajuda a animar estas páginas? Contamos com mais amigos repórteres. AH
DESLUMBRANTE! Foi esta a palavra que li num jornal da terra, o Diário de Notícias-Madeira. O desfile de Carnaval atraiu turistas e madeirenses. Duas horas cheias de cor, movimento, criatividade e muita beleza. Impressiona ver aquele mar de gente a olhar com regalo para outro mar de artistas. Foram 1311 participantes, e entre eles 30 turistas.
Impressiona ver tanta juventude e tanto sorriso. Nós gostámos... E lemos que este foi o Carnaval mais frequentado, com a maior taxa de ocupação hoteleira (atingiu os 81%).
O video, quase 6 minutos, quer mostrar um pouquinho da beleza que por aqui passeou. Desculpem os rudimentos técnicos. AH
COM A EXUBERÂNCIA, A LEVEZA E A GRACIOSIDADE DE UM ARTISTA
Escreve António Rodrigues, que para aqui vem pela primeira vez. AH
Eu pecador me confesso...
Como sabem, todo o católico cumpridor tem que, de vez em quando e conforme o peso na sua consciência, ir à igreja confessar-se e comungar. A minha primeira confissão não correu lá muito bem. Uns dias antes de tal acontecer, quando fazia alguma acção que eu pensava ser pecado, tomava nota no caderno das cópias e ditados da escola, para quando estivesse de joelhos, no confessionário, em frente ao confessor não me esquecesse de nenhum. Porém, quando o Padre me pergunta se já alguma vez tinha pecado por pensamentos, actos e omissões, eu se já estava nervoso, pior fiquei com tal pergunta e não fui capaz de me lembrar de um pecado que fosse, embora a lista fosse enorme, apesar dos meus nove ou dez anos. Mas, com a ajuda do Sr. Padre, a pouco e pouco, fui recordando e confessando o que tinha escrito no caderninho. - Então, meu rapaz, diz-me lá: Já alguma vez mentiste? Sim. Já alguma vez roubaste? Uma laranja, de vez em quando, para comer. E és vaidoso? Bastante. Passo bastante tempo ao espelho a fazer a marrafinha; perco muito tempo a engraxar os pés, já que não uso sapatos e além disso, todos os dias faço mais um buraco nos joelhos das calças porque agora é a moda. - E tens faltado ao respeito aos teus Pais ou a algum superior? Às vezes, Sr. Prior. E tens ajudado as velhinhas a atravessar as passadeiras? Isso não faço, não por culpa minha, mas como sabe, cá na terra, não faltam velhinhas, não há é passadeiras. - Ouvi dizer que, há dias chamaste putas às espanholas que costumam vir cá à terra fazer contrabando, é verdade? - É sim, Sr, Padre, mas a professora já me castigou, com três reguadas porque esta cena aconteceu em frente à escola e elas aproveitaram para fazer queixas que eu as tinha ofendido. Mas eu só disse que cheirava a putas, quando elas passaram por mim porque cá na nossa terra quando alguém cheira bem fazemos esse comentário, mas sem intenção de ofender e olhe que o perfume que elas usam é muito bom porque, mal atravessam a fronteira, já o cheiro se nota cá na aldeia. - Tens mais algum pecado a confessar? - Não Sr. Padre. Então reza cinco Pai Nossos e cinco Avé Marias e não voltes a pecar. Confesso que, depois de ter cumprido a penitência fiquei bastante aliviado e sem aquela carga de pecados sobre as costas. À noite, quando me deitei, depois de tirar os brinquedos, ou seja o pião, as caricas, os berlindes dos pirolitos e outros de dentro dos bolsos das calças e pô-los na boina basca que eu usava, dormi que nem um anjinho.
Já tinha pedido a colaboração de Mary Horta, a esposa do José Manteigas Martins, que, de vez em quando, aparece com o seu estro poético nas redes sociais. Desta vez, não resisti e roubei estes ECOS... AH
ECOS DE SILÊNCIO
.Sobre os céus surgiu a tempestade, desenhei-te num arco iris de cores, de fogo,de esperança e saudade...
Encontro, no silêncio crepuscular das palavras, a ternura a despertar em cada manhã....
Encontro, no silêncio das águas dum rio. o queixume das pedras a soluçarem de frio...
E és tu a sombra gentil que parou o tempo e aguardo com ansiedade a noite clara prestes a chegar...
Sobre os céus surgiu a tempestade e o eco do silêncio tornou a distância maior entre a sombra e a saudade !...
CARNAVAL DA MINHA FREGUESIA – VÁRZEA DOS CAVALEIROS
COSTUMES CARATERÍSTICOS DO MEU TEMPO
No meu último texto, escrevi sobre alguns dos aspetos mais caraterísticos da etnografia da minha freguesia de VÁRZEA DOS CAVALEIROS do concelho da SERTÃ.
Vou, hoje, continuar, descrevendo certos costumes, mais ou menos interessantes, da época, já longínqua, da minha infância. Apenas dos que me recordo, como é óbvio.
HISTÓRIA
O CARNAVAL é uma festa de origem pagã: festins, músicas estridentes, danças, disfarces e licenciosidades formavam o fundo destes regozijos.
Na Gália, havia a chamada grande festa do Inverno, marcada pelo adeus à carne, que se iniciava por um grande período de abstinência e jejum, como o nome, em latim, o indica: “carnis levale”, que formou a palavra “CARNAVAL” – “carnis” em latim significa carne e “levale” significa retirar. Era o último dia, nessa época, em que se podia comer carne, seguindo-se, depois, um rigoroso jejum, com abstinência de alimentos de origem animal.
O modelo atual da festa do Carnaval surgiu no século onze, a partir da instauração da SEMANA SANTA pela Igreja Católica, antecedida pela QUARESMA, com 40 dias de jejum ( a seguir ao Carnaval ).
O carnaval da antiguidade era marcado por festas, onde se comia, bebia e participava de alegres celebrações e busca contínua de prazeres. Durava 7 dias –entre 17 e 23 de Dezembro - nos quais até os escravos tinham liberdade para fazer o que quisessem; as restrições morais eram relaxadas. Já, nessa época, se nomeava o REI DO CARNAVAL, que comandava os cortejos pelas ruas. As fitas que amarravam os pés da estátua do deus SATURNO eram retiradas, como se a cidade o convidasse para participar nas folias. Mais tarde apareceram os bailes de máscaras e, nos cortejos, os carros alegóricos, em que se parodiavam as personalidades políticas ou outras.
A Igreja Católica aproveitou esses festejos e, no século XI como se disse, adaptou-os ao Seu Credo, aproveitando a lua cheia para a marcação do seu início. Assim, a PÁSCOA ocorre no primeiro Domingo após a indicada lua cheia que se verifica após o equinócio da primavera (hemisfério norte) ou do equinócio do outono (hemisfério sul), sendo a Sexta Feira de Paixão a que antecede o Domingo de Páscoa, ou seja decorrem 47 dias entre terça feira de Carnaval e o Domingo de Páscoa.
COSTUMES CARATERÍSTICOS
Não sendo o carnaval uma festa religiosa passava quase despercebida. No entanto, havia costumes interessantes, alguns dos quais ainda hoje perduram:
- O ENFARINHAMENTO
As raparigas enchiam “taleigas” de farinha e, às escondidas, enfarinhavam os rapazes ou deitavam-lhe caldeiros de água e fugiam. Os rapazes participavam nestas brincadeiras e “punham-se a jeito”, com risos e perseguições pelas ruas. Para não serem apanhadas, as raparigas refugiavam-se em casa das vizinhas que, propositadamente, deixavam as portas abertas ou só no trinco. Se eram alcançadas ou se se deixavam apanhar, como num dos Cânticos dos Lusíadas, era a “luta” entre sexos, que se adivinhava.
- QUINTAS FEIRAS ANTERIORES AO CARNAVAL
Festejavam-se as 4 quintas-feiras, anteriores ao Carnaval: dos RAPAZES, das RAPARIGAS, dos COMPADRES e das COMADRES.
QUINTA FEIRA DOS RAPAZES
Era a primeira das 4 referidas 5.ªs feiras, festejada com petiscos e copos. Bem comidos e bebidos, os rapazes dirigiam-se à encosta do pinhal da Cabeça Gorda e, ali, passavam à divisão das partes do BURRO pelas raparigas da povoação, com ditos cómicos, referindo defeitos ou virtudes das mesmas.
Através de um funil para ampliar o som, um rapaz do grupo, em algazarra, gritava:
“Para a menina X, por ter os seios duros e pequenos, vai a pele do burro para os aquecer e proteger”. “Para a menina Y, por ter uma farta e linda cabeleira, vai o rabo do burro para lhe sacudir as moscas”. “Para a menina Z, por coxear, vai a perna direita do burro para contrabalançar com a perna manca”. “ Para a menina X1, por se julgar superior e mais bonita, vai a cabeça do burro, para se habituar a pensar como ela. “Para a menina Y1, por estar sempre sisuda e triste, vai o zurrar do burro, para se alegrar e participar nas nossas brincadeiras”. “Para a menina Z1, por ser reinadia e brincalhona, vão os penduricalhos do burro.
A divisão do burro continuava e todas as raparigas eram contempladas. Se alguma não o era ficava muito triste, pois todas gostavam de saber o que pensavam os rapazes. Fazendo grande algazarra, os rapazes gritavam, pelo funil, que se as raparigas não tinham ficado satisfeitas com a parte que lhes coubera, que fossem à taberna da freguesia, onde estavam as partes do burro que tinham sobrado. Certo é que cada uma pensava na parte que lhe fora atribuída.
QUINTA FEIRA DAS RAPARIGAS
Na quinta feira dos rapazes, as raparigas reuniam-se em casa de uma delas, para ouvir e comentar a divisão do burro referida. Era uma gargalhada geral e as jovens deleitavam-se com as brincadeiras dos “seus rapazes”.
Era, também nessa casa que, na sua 5ª feira, se reuniam para beber aperitivos açucarados, com álcool e comer petiscos e doces. Falavam dos seus namoricos, com confidências ditas pelas mais extrovertidas - o que levava as mais tímidas a “abrirem-se” também - e era uma alegria e festa.
QUINTA FEIRA DOS COMPADRES
Na sua quinta feira, os compadres reuniam-se, em casa de um deles – em cada ano mudava a casa – e,aí, celebravam, petiscando e bebendo fruto da uva, em quantidade.
QUINTA FEIRA DAS COMADRES
Recordando o seu tempo de raparigas, as comadres faziam um lanche, com chá e torradas, reunindo-se em casa de uma delas para “tagarelar”sobre os maridos, filhos e netos, se já os havia.
ALMOÇO DE CARNAVAL
No dia de Carnaval havia rancho melhorado. Na verdade, tinham-se passado tempos difíceis e recordavam-se as situações de carência vividas durante a 2ª Grande Guerra, com “senhas” necessárias até para comprar pão. Felizmente, na minha povoação nunca faltou, pois a broa supria as dificuldades desses tempos.
Então, quando a crise foi passando, dizia-se que “no Carnaval, se come uma talhada, comem-se duas, cada um come o que tem na vontade”.
Em casa de cada família fazia-se um bruto cozido, com todos os matadores, pois as carnes de porco e chouriços de todas as categorias não faltavam, uma vez que se engordavam 1 ou mais porcos por ano e a matança tinha sido pelo Natal. As carnes eram salgadas e guardadas nas salgadeiras. Também não faltavam as hortaliças frescas – couves, feijões, cabeças de nabo – cultivadas nas hortas. Igualmente, o vinho era das videiras dos “engados” e vinhas. Nada faltava e os “emigrantes” nas cidades não faltavam e aproveitavam para abraçar os Pais e outros familiares e para “tirar a barriga de misérias”.
Este o Carnaval da minha infância/juventude, que tantas recordações me deixou pelo convívio são e saudável desses tempos. Depois do Carnaval, vinha a QUARESMA, tempo de oração e penitência, que se iniciava com a QUARTA FEIRA DE CINZAS e terminava na PÁSCOA da Ressurreição, 47 dias depois.
Com um forte abraço, desejo a todos bom Carnaval e boa Páscoa.
Deambulando pelo Funchal, pudemos observar hoje mais um motivo da calçada, apeciámos a Rua Fernão Ornelas, a mais típica, com suas árvores, largos passeios e algumas esplanadas. Observámos ainda o descanso dos pombos, junto às ruínas da cidade velha e passeámos pela Praça do Povo, bem larga e aberta à população.
Vejam esta galeria de fotos e, a seguir, ainda temos 45 segundos de video, com o Funchal ao vivo.
Este inverno tem sido muito duro para a juventude que anda ali pelos finais do terceiro quartel, princípios do quarto de século de uma vida. Desta vez, coube ao Abílio Cruz Martins ir "à faca" para conserto do fémur que, como sabemos, é um osso da coxa dos vertebrados.
A intervenção realizou-se na segunda-feira e já podemos anunciar que decorreu com sucesso, pelo que, qualquer dia, lá o teremos na Parreirinha com a respetiva bengala, para gozarmos as delícias da sua companhia.
Por enquanto, está no quarto 202 do Hospital dos Lusíadas, talvez até sexta-feira. Se quiserem saber como é, quando chegar a vossa vez, o telm dele é o 964 461 949. Rápido restabelecimento para ele e um abraço para todos.
E POR AQUI ANDO EU, NESTA ROMÂNTICA E FLORIDA ILHA
Como não tenho aqui outras colaborações, sou eu a querer alimentar a curiosidade dos amigos que não deixam de abrir o blogue à procura de novidades.
Andar a pé é o melhor meio para observar pormenores. E umas vezes ficamos deslumbrados, outras, perturbados com o que a vista alcança. Aqui perto, na Ajuda, há uma grande rotunda com a estátua que podem observar e que me deixa um pouco pensativo acerca do seu verdadeiro significado. Dizem que é um dos monumentos da Madeira de louvor ao trabalhador, uma "Homenagem da Associação da Classe dos Mestres a todos os colaboradores responsáveis pelo desenvolvimento do setor da construção civil e das obras públicas na ilha da Madeira. Erguido no ano 2004 e executado pelo escultor Ricardo Velosa". Situa-se na Praça da ASSICOM.
Será a estátua de um anjo? Visto por detrás, até me convenceu, pois não se vê a cabeça... E os anjos não precisarão de cabeça! Basta-lhes as asas para se deslocarem pelos etéreos espaços... Mas, vista de frente, a estátua aparenta um anjo sofredor, de cabeça tombada,pendurado pelos ombros, mais como crucificado do que como colaborador heróico para o desenvolvimento da construção civil desta Madeira sempre a evoluir. Coisas da arte, onde nem tudo se vê com clareza.
Hoje, descemos pela primeira vez ao centro do Funchal. Comprámos os "giros" e lá fomos nos "Horários", uma viagem de uns 15 minutos. Depois, com uma boa guia, que desde pequena calcorreia estas ruas íngremes, subimos até à Calçada do Pico para visitarmos o "Universo das Memórias", mais conhecida talvez por museu das gravatas e dos cavalos. É um edifício do séc. XIX, de traça arquitectónica digna, que a Câmara comprou para aí depositar para os curiosos (e são muitos!) todo o espólio que o Dr. João Carlos Abreu, 1.º Secretário da Cultura da Região, foi comprando ao longo das suas muitas viagens. Lá vimos uma salinha com as suas muitas gravatas e outra com centenas ou milhares de cavalos e cavalinhos, mas a variedade e riqueza das peças expostas vale bem uma visita. Muitas peças orientais, jóias, pratas, patos, máscaras... Até um fato bem conhecido da Amália Rodrigues ali está exposto.
Para me chegar ao António Colaço, até consegui tirar à socapa a foto de uma ventoinha de gravatas (não me digam que foi aqui que ele se inspirou!...), igual à exposta no Almada Fórum, que eu não posso visitar.
Este senhor, de profissão jornalista de muitos jornais, até trabalhou no Vaticano e parece que a sua amizade por João Paulo II é que conseguiu que ele se deslocasse a esta ilha quando veio a Portugal. Lá está a foto do momento!
Mas deixemos este recanto de mil memórias e desçamos outra vez ao centro, caminhando já cansados pelos empedrados escuros, mas lindos, destas ruas de basalto, admirando ainda as flores, as árvores do lugar, que nos cativam com tanta beleza. São as chamadas "fogo da floresta", de uma riqueza de cor brilhante.
Muito mais havia para dizer. Mas fiquemos hoje por aqui.
Faleceu esta manhã no Hospital de Santarém, o Padre João Luís Rosa. Filho de Francisco Rosa e Alexandrina do Carmo, nasceu a 05 de outubro de 1916 na freguesia de Souto, Abrantes. Foi ordenado Presbítero em 29.06.1940 na Sé de Castelo Branco.
Serviu a Diocese como Pároco em Rosmaninhal, Proença-a-Velha, Aldeia de Santa Margarida, Medelim, S. Miguel D’Acha, Malpica do Tejo, Póvoa de Rio de Moinhos, Caféde, Pego, Santa Margarida da Coutada, Souto e Fontes.
O velório decorrerá na Capela das Portas do Sol, em Santarém e as Exéquias fúnebres terão lugar amanhã, em Souto, sua terra natal, pelas 15:30h Acompanhemos o senhor padre João Rosa, com a nossa Oração fraterna, ao Senhor da Messe a quem serviu durante uma longa vida e que o chamou a participar na vida definitiva.
Se não falho as contas, o Joaquim Silvério Mateus celebra 68 anos, uma bonita idade!
Já tem tempo de olhar para trás a agradecer tantas maravilhas que a vida lhe proporcionou... E tem uma nova perspectiva, a do futuro, moldado com o que ele carreou até agora, que foi muito...
Aqui estamos, amigo, a dar-te os PARABÉNS! E a desejar-te que vivas feliz por muitos anos, na companhia dos familiares e dos muitos amigos que te admiram e desejam ver-te...
Contacto: tel. 968 928 351
NOTA: Hoje, 22/02, o dia seguinte ao do marido, também faz anos a esposa do Silvério, Maria da Conceição. Parabéns e votos de muita felicidade.
NOTA: Tema difícil, a que o João Lopes meteu ombros. Parabéns! Depois da clarificação de conceitos, aqui está a segunda parte, com os argumentos a favor da morte medicamente assistida e a posição daqueles que defendem a penalização da morte assistida, com a atual ou outra moldura penal.
3.1 - Dado o esclarecimento sobre a terminologia, vou passar a caracterizar, criticamente, as duas posições contrárias.
A posição a favor da mortemedicamente assistida: os defensores desta posição assestam as baterias contra a lei penal vigente, vista como desadequada aos tempos modernos, assente em preconceitos retrógrados de ordem religiosa, que coloca sob suspeita o direito à autonomia e à liberdade de cada indivíduo em decidir por si da própria vida.
O médico João Semedo, num artigo bem articulado, escreve: “ O Expresso pergunta-me por que defendo a eutanásia. E eu respondo, de forma simples e clara: porque quero continuar, como até agora, a poder decidir sobre todos os minutos da minha vida, mesmo quando ela se aproxima do fim e a única expectativa é continuar “ vivo, mas sem vida.” Pacheco Pereira, sem a emoção compreensível do testemunho anterior, mas encostado ao seu agnosticismo, afina pelo mesmo diapasão, declarando-se dono da própria vida, senhor do seu destino; em caso de doença terminal, quer ser ele a dar ou mandar desferir o golpe mortal, liberto do condicionalismo de qualquer tutela divina ou humana.
Em geral, os subscritores do Manifesto e da Petição, inspirados no exemplo dos países dotados de uma legislação mais permissiva (Suíça. Holanda, Bélgica e Luxemburgo,) e tendo em conta os inquéritos feitos em Portugal, que apontam, nalguns casos, para uma adesão à legalização da morte assistida na ordem dos 75% da população inquirida, exigem a alteração da lei, que acusam de ferir os direitos individuais à liberdade de escolha na fase terminal da vida, abusivamente se intrometendo na esfera íntima da convicção e consciência de cada um. Com efeito, que sentido faz manter o doente “encarcerado” no seu próprio corpo, devastado por um sofrimento insuportável, só porque existe uma lei que a tal suplício os obriga? - perguntam. Esgotados os recursos medicinais, cuidados paliativos inclusive, abrir de vez a porta da libertação - eis o que a dignidade humana reclama!
Claro que a despenalização não institui a eutanásia como um dever, mas como um direito de que se pode sempre abdicar. E como controlar os abusos ou os riscos de uma falta de ponderação das condições a que se deve obedecer para que ato tão grave se torne legítimo e aceitável? Semedo serena as nossas inquietações: “ Isso não vai ser possível até porque caberá a uma comissão de médicos, juristas e especialistas em ética avaliar se as condições ou requisitos são ou não cumpridos.” Dadas as sabidas carências hospitalares, aos deuses rezemos para que tal bateria de cuidados se verifique! E se o doente vier a arrepender-se do pedido formulado? A confiança do doutor João é imbatível: “ a decisão do doente é revogável a qualquer momento e estão previstos vários momentos de avaliação da sua vontade.” Consola-nos a garantia de que nada será feito de forma leviana e o importante mesmo é consagrar na lei, preto no branco, o direito a uma escolha, livre e autónoma, do doente, finalmente isento de remorsos ou de dependências espúrias de uma entidade superior e transcendente. Mesmo que a dignidade da vida tenha sido, no decurso dos anos, de várias maneiras, humilhada e ofendida, tudo se pode redimir no momento triunfal do desenlace, com cuidados e desvelos, legal e cientificamente ordenados!
Gostaria de ver realçada com igual entusiasmo a importância única da defesa das condições de uma vida digna por parte dos defensores desta posição e não tão aferrados à ideia de construir um baluarte de defesa da eutanásia, baluarte que, tantas vezes, se tem desmoronado em países que aderiram a esta solução, como a Holanda, Bélgica, Uruguai, Canadá…, países em que a legislação derrapou. A Austrália, perante a falta de rigor no cumprimento dos requisitos, recuou! Mas, enfim, a discussão ainda mal começou, e no esgrimir de argumentos, alguma luz se há-de fazer nos espíritos daqueles que, com toda a legitimidade, nos representam.
3.2. Posição daqueles que defendem a penalização da morte assistida, com a atual ou outra moldura penal
A maior parte dos médicos rejeita a “morte assistida” nas duas modalidades já referidas - uma morte programada para um certo dia e hora. para a qual se convidam familiares e amigos a fim de presenciarem, compungidos ou não, a administração do fármaco letal. Em última instância, invocam o juramento de Hipócrates e a sua visão da vida enquanto dom sagrado. “ Não darei veneno a ninguém, mesmo que mo peça, nem lhe sugerirei esta possibilidade.” Juramento tão entranhado na consciência da classe que, mesmo na liberal Holanda, muitos se recusam ( cerca de dois terços) a atender o pedido da eutanásia, reenviando o doente para os cuidados paliativos ou psicólogo quando de um doente mental se trata.
Insistem na ideia de que a vida, nas suas múltiplas dimensões, é inviolável e o sofrimento, por mais atroz e insuportável, pode sempre ser atenuado pelo recurso à rede de cuidados paliativos, que importa ampliar de modo a cobrir a totalidade da população que deles venha a necessitar. Não podendo eliminar a dor física e moral, não se arrogam o direito de eliminar o portador da própria dor - confessa um deles, que já foi bastonário, num artigo publicado no Expresso “ A eutanásia e a democracia fugitiva!. Movendo-se no plano restrito da ética natural e não colocando a questão no âmbito da religião, onde não é obrigatório situá-la, até para afastar confusões discursivas ou ideológicas, Germano de Sousa, na linha do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, escreve: “ A ética médica implica a realização de valores que encarnam os direitos que todos os seres humanos deveriam primordialmente usufruir. Entre estes está o direito a viver com dignidade. Do princípio ao fim.”
Aliviar o sofrimento físico e moral, oferecendo apoio e a tal mão amiga que o doente, trancado na solidão e desamparo, tanto aprecia, eis o que faz do médico e outros profissionais de saúde não apenas técnicos fugitivos, nas visitas rápidas e fugazes, mas seres humanos, solidários e mais ricos em humanidade.
Para finalizar, devo aludir à entrevista do P. José Nuno. Diz-nos que a morte continua a ser um tabu como era o sexo há uns anos atrás. Tem-se horror a falar desta realidade incontornável, acontecimento fulcral de todo o ser vivo. Preconiza uma reeducação para a morte, não em termos funestos de fatal destino, mas sabendo enquadrá-la no espaço vital de uma ética estoica e cristã, baseada na valorização do autodomínio e na virtude da esperança. Não se está só, no momento da passagem. Do outro lado, Alguém nos espera de braços abertos.
Fernando Pessoa, através de Ricardo Reis, canta a morte natural:” E quando entremos pela noite dentro/ Pelo nosso pé entremos.” Porém, a perspetiva cristã (postulando uma abordagem enriquecida com a novidade da Revelação divina) é bem mais otimista. Convida-nos a descortinar na morte a promessa bíblica de um verdadeiro (re)nascimento.( Outros mais competentes poderão fazê-lo para proveito de todos nós.)
Aqui chegados, diante de posições extremas, quase irredutíveis, só podemos desejar um discussão parlamentar apostada em lançar pontes e não trincheiras. É sempre possível conduzir o debate de forma serena e clarificadora, mais focado numa solução de compromisso, numa posição intermédia em que os deveres do pessoal médico se compatibilizem com os direitos do doente. A lei, sem resvalar para um facilitismo enganador, poderá tornar-se mais flexível, em consonância com os novos dados da ética e da sociologia. Mas, de tudo, o mais importante será uma visão mais positiva do sofrimento, como ocasião propícia a aproximar as pessoas. Em suma, humanizar a morte na sequência natural da vida, sem dramatismos exagerados ou sem a prosápia ou o devaneio de que somos donos absolutos de uma realidade furtiva e efémera, que, todos os dias, vai deixando cair mais um pedacinho, no chão provisório da existência. Como diz o Amiel de Torga: “Chaque jour nous laissons une partie de nous-mêmes en chemin.”
Por uns dias, andamos a distrair-nos na Pérola do Atlântico.
Passeando pela zona da Ajuda, no Funchal, uma zona bastante nova em termos de urbanização, onde os hotéis e os turistas começam a enxamear o espaço, eis que na nossa caminhada vespertina, subindo com dificuldade a encosta dos Piornais, nos sentimos a olhar para novos motivos de interesse que fogem ao nosso dia a dia.
Ruas destas, com tanta inclinação, são mesmo típicas desta terra, é a primeira constatação. Depois, é a disposição geográfica das casas e a sua própria moldura, um misto estranho de beleza pelos abundantes verdes circundantes e de colocação inesperada das habitações, coladas à montanha por aquela encosta acima, o que me faz imaginar como podem ser servidas por acessos que não vislumbro...
Lá vejo aqueles apetitosos e volumosos cachos de bananas, ali à mão de semear, e outra vegetação desconhecida que me atira mais para ambientes africanos, como nas fotos podem admirar. São pinheiros, mas não são! Serão dragoeiros? Talvez, até pela nobreza do seu tronco...
E as casinhas semeadas pelas encostas, a dizer-me como foi doloroso e brilhante a adaptação dos madeirenses às sua condições naturais, tudo nos convida a apreciar estes ambientes diferentes, a saudar-nos agora com o carinho familiar e até dos amigos que aqui viemos encontrar.
Acabo de saber, por mensagem escrita no Messenger, que o nosso amigo, José Maria Lopes, de Tinalhas, se encontra em grande sofrimento e muito apreensivo com a sua saúde, depois de ter feito uma operação ao coração no dia 10/02, que correu muito mal.
Actualmente, está quase imobilizado, com uma perna muito inchada, o que lhe provoca um martírio a fazer qualquer movimento.
Ele escreveu tudo isto mais com a intenção de justificar a sua ausência aos nossos encontros, nomeadamente ao almoço na Parreirinha de Carnide.
E nós dizemos-lhe que já foi bom ele iniciar a sua caminhada pela Internet e tentar assim contactar.
Pois, amigo, daqui vai toda a força da nossa amizade e oração, desejando as tuas melhoras e que regresses rapidamente ao nosso convívio.
AH
NOTA: Também hoje recebemos notícias tristes do António Trolho. A sua situação piorou, voltando a ser ventilado com sedação. E amanhã vai ser operado à traqueia. A Lisete, sua esposa, pede a nossa oração. AH