O Aníbal Henriques, o da Cerejeira, que há outro em Santarém (muito devotado aos vinhos também (!), chamou-me a atenção para a sua descoberta:
«Caro António Henriques,
É bom saber que a Animussemper se dedica também a outros negócios que não só a comunicação.
Encontrei esta garrafa à venda e achei curioso o que também usem o nome animus.
Abraço
Aníbal Henriques»
E fica uma pessoa com a fama manchada por artes do Asalileaks ou da mais conhecida ASAE, que nos coloca a fazer economia paralela ou subterrânea, nós que não temos tempo para nos coçar nem coçar os gatos cá da casa, (sim, eles exigem que lhe coce a cabeça!...).
A bem da verdade, convém que saibam que ainda não temos estofo para tanto. Mas, por investigação nossa, parece que esse rótulo também pode estar aliado a outro comunicador, de nome Colaço, que anda por aí a preparar uma exposição em Almada.
De qualquer modo, Aníbal, fica aqui o desafio: vamos comprar umas garrafas dessas para celebrar o Natal, para celebrar a nossa amizade ou para recordar um dos nossos próximos encontros, caso o preço seja com desconto. AH
«Na parte de trás da furgoneta, íamos os 3 jovens “escondidos” à frente dos colchões e das 3 malas de porão com o enxoval.... nunca bebi leite ou café...ninguém se queixou, pois a vida era assim mesmo.»
Entrei no Seminário do Gavião no mês de Outubro de 1944. Nesse ano, iniciaram os estudos, naquele Seminário, 42 alunos.
Nessa época, estudava-se ali desde o primeiro ao terceiro ano. Depois, ia-se para o Seminário de Alcains, onde prosseguiam os estudos até ao oitavo ano, inclusivé.
Desde o nono ano até décimo segundo, ia-se estudar para o Seminário dos Olivais, onde, em conjunto com os seminaristas do Patriarcado de Lisboa, se estudava TEOLOGIA e terminava a formação sacerdotal.
São já muito poucos os alunos desses tempos. De facto, a maior parte da gente dessa época nasceu na década de trinta e tem, agora, (os que ainda são vivos) mais de oitenta anos.
Sou dessa época – nasci em 1933 – e, nesse sentido, permito-me contar alguns dos episódios da entrada no Seminário, inclusive da minha, pois, julgo que as coisas sofreram alterações nos anos posteriores, principalmente quando da entrada da maior parte dos nossos associados, que são mais novos que eu, regra geral, 15 a 20 anos.
Sinto-me bem a conviver com a juventude da associação e constato que os mais novos me tratam com muito carinho e muita amizade.
Tenho dado alguma da minha colaboração nas mais diversas atividades da Associação, designadamente enquanto a Associação funcionou nos moldes antigos. Continuei a ser colaborador activo nos últimos anos e tem sido com muito gosto que tenho dado essa colaboração.
Devido a uma pneumonia muito grave, de que fui acometido, tive que me desligar das iniciativas da Comissão, embora não me faltasse vontade. Tenho conhecimento do interesse que foi demonstrado pelas minhas melhoras, o que sinceramente agradeço, como, aliás, já o tinha feito. Devo dizer que sobrevivi graças à minha Fé, à minha vontade de viver, à minha força anímica, ao profissionalismo e dedicação dos médicos e de todo o pessoal de enfermagem e auxiliar do Hospital Pulido Valente e, ainda e principalmente, ao carinho das minhas filhas, de todos os familiares e de todos os amigos e associados da nossa associação e aos da associação dos alunos do Colégio Nuno Álvares de Tomar. Continuo em recuperação, com fisioterapia e outros tratamentos e não tem sido fácil. Estou proibido de apanhar frio e de me engripar ou constipar.
Entrei no Seminário no tempo da segunda guerra mundial, com todas as carências desse período. Não havia ou eram muito deficientes os meios de transporte. Assim, o meu pai, o pai do Filipe (irmão do padre Lúcio) e o pai do José Francisco Martins (falecido em Angola) alugaram uma furgoneta. Na parte de trás da furgoneta íamos os 3 jovens “escondidos” à frente dos colchões e das 3 malas de porão com o enxoval.
Viajámos de noite para fugir à polícia e chegámos ao Gavião de manhã, onde fomos recebidos pelo corpo docente do Seminário, que nos aguardava.
Foi fácil a integração. Os alunos dos segundo e terceiro anos – mais ou menos 60 – foram simpáticos e inexcedíveis connosco. Para se ter uma ideia das dificuldades desse período da guerra, durante os meus cinco anos de Seminário, nunca bebi leite ou café. A nossa alimentação era à base de feijão-frade e “petingas”. Que eu saiba, nunca ninguém se queixou, pois a vida era assim mesmo.
Vou ficar por aqui hoje, pois a “prosa” já vai longa e acabei por contar o que , talvez, já soubessem.
É a minha primeira colaboração no nosso blogue. Prometo tentar colaborar com outros temas diferentes quando me sentir com mais saúde e força.
Lisboa, 30 de Novembro de 2 016.
Joaquim NOGUEIRA
NOTA: Para além de um grande "Obrigado" ao Joaquim Nogueira pelo seu testemunho, quisemos surpreender os amigos com mais uma foto - recordação do Encontro no Gavião em Maio de 2011, um jogo no meio das ruínas do que foi a Casa da nossa formação inicial.
E vasculhando no passado, o que o blogue anterior (ANIMUS60) permite, demos com mais uma conversa que conserva toda a actualidade. O sempre criativo e oportuno António Colaço entrevista os amigos Joaquim Nogueira e Joaquim Silvério, que opinam sobre esse tal encontro no Gavião e sobre a oportunidade de haver ou não uma associação. Muitos passos foram dados desde então, mas continua nas nossas mãos o futuro mais ou menos jubiloso deste grupo de antigos alunos. Como diz o Silvério, só aparecendo e fazendo grupo é que se avança. Mas o melhor é ouvir os entrevistados. E mais uma vez, obrigado, Colaço!
Ao Adérito Mateus, que neste dia 5/12 faz 58 anos, ele que nasceu em 58,
vamos hoje fazer uma continência especial, ou melhor, uma saudação especial a este militar de carreira que faz da continência o pão nosso de cada dia! (Corrige-me, Adérito, se errei!)
Parabéns, amigo, que sejas muito feliz e vivas por muitos anos!