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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

ESPERANÇA PERDIDA?

10.08.16 | asal

Uma primeira colaboração do nosso amigo António Manuel Silva, que nos ajuda a reflectir e perpectivar a nossa visão do mundo. Obrigado!

 

Esperança perdida?

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Nos últimos séculos, com o desenvolvimento científico, tecnológico e económico, as sociedades ocidentais foram interiorizando a ideia de que o progresso era irreversível e permanente. Desde a Revolução Industrial até aos nossos dias, as excepções vieram confirmar a regra. Refiro-me às duas grandes guerras, em particular, e às grandes crises mais ou menos cíclicas. O Ocidente tem sabido quase sempre dar a volta por cima. Pelo menos aparentemente.
Os ocidentais têm vivido na esperança de poderem concretizar algumas aspirações que os tornariam felizes para sempre: a aspiração ao bem-estar material, a aspiração à igualdade individual e social (entre as pessoas, entre as Nações, entre os Estados) e a aspiração à paz mundial. E mais umas tantas que, a serem concretizadas, transformariam a Terra em Céu.
As duas guerras mundiais e os inúmeros conflitos armados que foram surgindo constituíram epifenómenos, nesta perspectiva. A implosão do mundo comunista, o fim da Guerra Fria e a queda do Muro de Berlim, o aparente reconhecimento da superioridade capitalista na sua versão liberal ou neoliberal, o desenvolvimento da medicina... Tudo parecia indiciar que era desta que se iriam concretizar as mais variadas utopias sonhadas por sociólogos, políticos e pensadores mais ou menos famosos. À pergunta formulada por KANT (filósofo alemão, 1724/1804), há duzentos anos: “ Que me é lícito esperar?”, poderíamos responder: “ Tudo!”
Temos vivido na esperança. Temos.
A falta de cura para velhas doenças, as novas epidemias que se anunciam inevitáveis e sem remédios, o terrorismo global no seu esplendor total (aquele terrorismo que Salazar e Marcello anunciavam em África, hoje, faz sorrir), a falência anunciada do Estado Providência, o desemprego, o fim previsto dos combustíveis fósseis e a delapidação acelerada dos recursos naturais, o aquecimento global enfim, tudo o mais que nos salta à vista vem contribuir para a morte da esperança. Está a acontecer o contrário do esperado.
A esperança está a ser substituída (se não o foi já completamente) pelo medo, e pela contestação. O medo vem acompanhado pela ansiedade, pela angústia e pela vertigem e pode trazer consequências políticas muito graves. A contestação deixou de ser individual. Nem sequer é já de grupo. Está a tornar-se global.
Devemos olhar para a contestação com inteligência. Contestação sempre existiu e tem ajudado ao progresso humano. De certa forma é a esperança ao contrário. É uma esperança que não vai no sentido imediato da continuidade e do prolongamento do idêntico, mas uma esperança que, pela rotura e pela negatividade, procura ancorar em algum sítio, no originário mais remoto, por vezes. A contestação é a esperança desesperada daqueles que já não encontram leis e motivações para estar na história a não ser pela total destruição, por todos os meios, da realidade presente. A contestação é a esperança exasperada daqueles que desejam queimar as distâncias que separam a sua vida da do país das maravilhas, essa “terra de todos e de ninguém”. (P.e Manuel ANTUNES, 1972)

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Será possível recuperar a esperança? Eu julgo que sim. Se alguma coisa a História e a Vida me têm ensinado é que o progresso não é linear e que o ser humano tem o destino de existir em várias dimensões. Como dizia PASCAL (matemático e filósofo francês, 1623/1662) “nós não somos anjos nem animais, somos homens” e, como tal, é nessa condição que a esperança nos habita. Nós estamos feitos para caminharmos entre o optimismo e o catastrofismo. Entre o bom e o mau. Entre o muito, o pouco e o quase nada. Treinemo-nos. E todos, mas todos mesmo, deveríamos ter presente a observação de Bruno BETTELHEIM (psicólogo e pedagogo austríaco, sobrevivente dos campos nazis de Dachau e Buchenwald, 1903/1990): “Sempre que os velhos não sabem para onde vão, sentem-se perdidos os jovens”
Meus amigos, são os jovens que dão a força e a dinâmica para a mudança mas são os “velhos” que devem traçar o rumo!
Outras conversas…
Vales, 10-Agosto-2016

António Manuel M. Silva

JUSTA HOMENAGEM

10.08.16 | asal

P. José Esteves homenageado

unnamed.jpgPor intermédio do José Ventura, soube da notícia do "Diário Digital de Castelo Branco", que fala da próxima homenagem ao amigo e antigo pároco de Sobreira Formosa, P. José Esteves.

Trago para aqui a notícia pelo seu valor simbólico (quanto este homem se identificou com as pessoas e suas aspirações...) e pela relação afectiva que me liga a ele e à minha terra natal. Largo da Devesa, o da minha escola primária, em frente da qual ainda hoje se mantém altaneira aquela magnólia de lindas flores brancas que eu tanto admirava. Largo da Devesa, onde aprendi a andar de bicicleta, que se alugava ao Sr. Manuel Janeiro (se a memória não me falha!). Também se fala do Largo central da vila, onde há mais de 80 anos nos abrigamos à sombra desta estendida vegetação que não sei identificar... AH

 

 

Aqui fica a notícia:

«As obras de requalificação do Largo da Devesa e Rua do Comércio, na vila de Sobreira Formosa, estão a entrar na reta final e serão inauguradas no dia 20 de agosto, às 17h00, no decorrer dos tradicionais festejos em honra de São Tiago Maior.

Na mesma ocasião será ainda homenageado o Cónego José Esteves, que foi pároco em Sobreira Formosa de setembro de 1971 a outubro de 2005 - data da sua morte, com o descerrar de um medalhão na futura Praça Cónego José Esteves. “É da mais elementar justiça homenagear o Cónego José Esteves uma vez que, pelos mais de 35 anos ao serviço da paróquia de Sobreira Formosa, foi ator principal no desenvolvimento da freguesia em várias vertentes, ultrapassando muito para lá o serviço de sacerdote”, refere João Lobo, presidente da Câmara Municipal em comunicado enviado ao Diário Digital Castelo Branco. “Fazê-lo no Largo da Devesa é o local próprio pois o Cónego José Esteves realizou com vários sobreirenses, ao longo de 22 anos ininterruptos, as festas de São Tiago Maior precisamente neste largo. É portanto uma singela homenagem a um homem que não sendo da Sobreira se tornou sobreirense”...»