(Hoje, apresenta-se o artista, o músico, o repórter, o animador-mor de muitos encontros - António Colaço! Acabado de reportar sobre as lindas festas do Pereiro (Mação) em honra da Sr.ª da Saúde, com ruas engalanadas, corre para Abrantes para acabar o seu trabalho de artista a apresentar na exposição anunciada no título e cujo conteúdo tem a ver com as célebres tigeladas. Ainda nessa exposição, estão reservados uns minutos para a sua verve musical.
Querem mais razões para ir até Abrantes no dia 10 de Setembro, pelas 17 horas, à abertura desta Exposição comemorativa dos 100 anos de arte nesta cidade florida?
O nosso artista ainda não está cansado: vai já a caminho de Mação para as festas de Santa Maria...
NOTA: O texto seguinte foi "roubado" às suas produções nas redes sociais. AH)
«Creio que não estava nenhum visitante na Galeria Municipal! O grito que soltei de contentamento apenas assustou a minha querida amiga Paula Dias, a alma desta exposição Colectiva!...
Uff! Está superado o obstáculo que mais temia e que andei a evitar até ao último instante! Mas hoje teve mesmo de avançar. Fica só para mim. Apesar de apostar na máxima abertura dos meus processos de trabalho criativo, como, creio, devia ser apanágio de qualquer artista que se preze (sim, há alguns limites e não desconheço identificados "pudores") deixem-me ficar com este segredinho só para mim.
E a DOCE ABRANTOPIA está quase a sair do forno. Numa destas fotos dei por mim a chamar-me "o Tigelinhas" de Abrantes (dá para uma historinha em banda desenhada um destes dias!!)!
DOCE ABRANTOPIA!!!!
Uff!!!está pronto!!!!
O meu "marchand", o senhor Don João Daniel exigiu-me que não mostrasse o quadro todo até ao dia da inauguração!!! Desde quando um pobre artista deve sujeitar-se a tais exigências, hein?! Mas.....vou obedecer-lhe!!!! 2 Foi um corrupio de fotos esta tarde para celebrar o acontecimento como se verá!!! Fotos CENSURADAS, quero dizer, incompletas, CLARO!!!!
Dia 10 de Setembro, pelas 17 horas, estão todos convidados!!! Ah! Estão previstos sete minutos de improviso musical (quase) total a abrir!!!! Wow!!!!! Atenção, "agendas" televisivas!!!!Nessa data já deve ter ardido o que havia para arder!!! Façam favor de aparecer!!!
AGRADECIMENTO - Aos meus queridos amigos Paula Dias e João Daniel, da Câmara Municipal de Abrantes. O seu apoio foi decisivo. - Ao Rui Pereira, filho do senhor Manuel Pereira, da Padaria/Pastelaria Pereira, pela confiança que em mim depositaram e pela disponibilidade revelada. - Também ao meu querido amigo Pedro Gouveia, inexcedível na disponibilização do seu excelente piano (espero dar o meu melhor!) para além de todo o apoio que tem dado à actividade da Galeria. - E, claro, na pessoa do Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Abrantes, Luís Filipe Dias, o agradecimento à Câmara e sua Presidente, Maria do Céu Albuquerque, pelo honroso convite. PIM!!!
Resta-me fazer deste trabalho a homenagem a uma terra que nunca deixou de levantar a cabeça!
Bora para Mação que vêm aí as Festas de Santa Maria!!!!»
(Troquei a ordem das palavras de ontem. Acho que tenho razão...Mais episódios de muito interesse que o Fernando Leitão traz para aqui. Novamente, é o seminário do Gavião o centro dos acontecimentos, quando ainda éramos umas criancinhas. Chega a ser enternecedor ler estes textos. AH)
A bondade do Pe. Domingos
O meu pai ficara viúvo, com cinco filhos, todos menores. A situação económica na altura, nada desafogada, mesmo exercendo duas artes (alfaiate e sacristão) só permitia que fosse para casa nas férias grandes. Recordo com carinho e saudade este professor que me chamava petit cochon. Imaginem o que era dormir numa camarata só e pensar que os meus colegas estavam todos no aconchego da família. Um dia acordei com a travesseira algo elevada e descobri que escondia algumas guloseimas. Este meu professor, com este gesto, queria aligeirar o trauma da minha solidão. E para tornar menos doloroso aquele Natal levou-me, como acólito, à missa celebrada na capela particular do Dr. Pequito Rebelo, a que se seguiu um almoço requintado adequado à solenidade da quadra.
Cónego Falcão
De vez em quando lá saíamos, em passeio, para o exterior, para um campo pelado onde se jogava à bola e se fazia o magusto pelo S. Martinho. Anunciada que estava uma dessas saídas, havia que interceder junto do Vice-Reitor para que não faltasse a bola. Na sua conversação, era vezeiro o bordão “coisa” com que a malta delirava e abusava. Naquele dia quem iria pedir o esférico? Como os colegas achavam que eu era o seu menino bonito, deram-me a incumbência da petição. Ao fazê-lo, pedi a coisa para esse dia de diversão. Uma lambada assentou na minha cara e nesse dia não houve bola para ninguém. Mas simpatizava comigo. Com frequência aparecia na
sala de estudo a chamar-me para o acompanhar até ao gabinete. Lá vem mais um castigo, pensava eu. Mas não. Era para apanhar qualquer objeto caído no soalho. Na altura achava estranha a colaboração. Hoje, convivendo com artroses e artrites, não chamo ninguém para me apanhar o que cai. Recorro a uma pinça de pressão que adquiri.
O Vice-Reitor tinha um criado mudo, muito prestável, que via muitas vezes a rachar lenha e que era vítima das nossas traquinices. Para o ver irritado era, em linguagem gestual, dizer-lhe que "o irmão era ladrão e estava na prisão". Ainda hoje sei como se transmitia essa mensagem.
(Mais uma comunicação das vivências no seminário do Gavião, em que o Fernando relata que nem tudo foi só maravilhas; também fomos vítimas dos erros e defeitos dos nossos professores... AH)
O Manuel Pereira, colega de curso, (entrámos no mesmo ano no Gavião -1946) recordou, no encontro de Castelo Branco, algumas das minhas diabruras de que ele teria sido alvo e que se evaporaram da minha memória, assim como a imagem da figura de Dias da Costa. A anestesia em quatro intervenções cirúrgicas e um ameaço de AVC apagaram muitos registos. Recordo bem os teólogos que se ordenaram, com destaque para José Fernandes Tavares que foi meu monitor e que intercedeu para não ser expulso no final do ano. O meu prefeito era o Pe António Ferreira Miguel que, na avaliação final, me deu 5 a comportamento. Qual era o crime?
Corria eu como um maluco atrás do Duarte Luís num dos corredores, não obedeci à voz de Stop do Prefeito e só parámos nos sanitários, inventando ele que nos tínhamos refugiado na mesma casa de banho. Neguei tal ocorrência ao Vice-Reitor, Cónego Falcão, quando me chamou a capítulo. Foi o colega João Pedroso que, adivinhando o meu sofrimento, me aconselhou: ” - Reconheço a tua inocência, mas, se queres continuar no Seminário, vai confirmar a acusação. Com outros tem acontecido receberem nas férias a carta de expulsão”.
Assim fiz, calando a revolta interior. Mas nunca pude olhar de frente aquele Prefeito. Para ironia do destino, seria ele a substituir-me na paróquia de Oleiros, quando rumei ao Pego (Abrantes).
Desculpem a este octogenário o adolescente traquina que fui.
Mais uma vez, o Fernando Leitão está presente com as suas memórias a animar o nosso blogue. Começa hoje e vai continuar. Um amigo a falar para os amigos.
D. António Ferreira Gomes
Recordo a entrada deste Bispo no Gavião em Maio de 1948, depois de nomeado pelo Papa coadjutor com direito de sucessão. Impressionou-me o seu abraço afetuoso, à porta do Seminário, a D. Domingos Maria Frutuoso. Os dois via-os a passear na varanda, a conversar. Nesta sua permanência entre nós cruzei-me, um dia com ele, na escadaria interior e interpelou-me. Queria saber o meu nome, que ano frequentava e a naturalidade. Sobre esta prontamente precisou: “Terra de Nuno Álvares Pereira”.
Estava em Marvão quando nos deslocámos a Portalegre à sessão de despedida, rumo à diocese do Porto, onde viria a escrever a célebre carta a Salazar, com os tópicos para um encontro anunciado, que viria a ser substituído pelo exilio. No seu regresso, beijei-lhe o anel e dei-lhe as boas-vindas com o Cónego Freitas, de que era coadjutor, no Hotel de Turismo de Abrantes, primeira paragem em solo pátrio, na viagem de retorno.
Enquanto outros colegas e amigos não nos enviam as suas experiências, aqui deixo algumas fotos da nossa passagem pelo Bahrain, o que para muitos é uma viagem rara e mesmo difícil.
Para nós, que por razões familiares tivemos acesso a estas diferentes culturas, tem sido muito enriquecedor o contacto com as civilizações do Médio Oriente. Desta vez, trago para aqui algumas fotos, cujo único critério de selecção é a referência às transformações que se vão operando:
1 – Arquitectura: assistimos no Bahrain a um desenvolvimento urbanístico invulgar, com locais onde vale a pena parar a olhar para as maravilhas de certos espaços. Depois do almoço, até encontrámos os leões do meu Sporting!...
2 – Defesa da história: ao contrário do que vemos, por exemplo na Arábia Saudita, o Bahrain está a recuperar os vestígios do passado. Nomeadamente, assiste-se à recuperação de um forte muito importante no passado e onde, para nosso agrado intrínseco, vemos o nome de Inofre de Carvalho como engenheiro português citado como responsável da sua reconstrução no séc. XVI. Este forte está a ser preparado para entrar na lista dos monumentos do património mundial. A última foto é cópia de um livro antigo, onde se alude a um almoço dos portugueses na água de um modo naif.
3 – Culturalmente, também assistimos a novidades consideráveis, desde a presença da nossa fadista Mariza no novo e elegante teatro local, até a um museu cheio de interesse e com uma novíssima exposição de arte que não fica atrás do que por aqui se vê.
Estou fora de casa. Sem Internet. Apenas os dados móveis do meu smartphone me ajudam... Mas hoje lembrei-me de vos dizer como é fácil saber se há alguma coisa nova no nosso blogue. Basta escrever o vosso email na coluna da direita e todos os dias recebemos um email, e só um, a comunicar novidades. Se eu não postar nada, nada se recebe. Até breve e boas férias. AH
Fico extremamente grato ao Fernando por trazer para aqui estas memórias que já tinham escapado a muitos de nós (a começar por mim...). Mas as fotos são testemunho da esmerada educação que tivemos em Portalegre, incluindo cursos de defesa civil do território! Uma das fotos em PDF não tem a mesma qualidade que a outra. Não pude fazer melhor! AH
A batina substituída pelo macaco, o barrete pelo capacete
O António da Silva Rito (Alcaravela) ao vasculhar e ordenar memórias encontrou a 1ª foto "testemunho da nossa preparação e nobre valentia para assegurarmos a defesa civil doterritório, desconhecendo que defesa e que território estavam na mira de tais heróis". Desafia-me a descobrir-me no grupo, o que não consegui, identificando, no entanto, muitos outros colegas. Mas eu estive lá.
A 2ª foto retirei-a de um dos meus álbuns e testemunha o exercício de salvamento por escada. Foi um curso com uma parte teórica e outra prática. A primeira foi sujeita a uma prova escrita. Todo este curso foi dinamizado por um instrutor, presente na foto.
O dia dos exercícios na cidade começou com a Missa. Não foi fácil convencermos o Vice-Reitor para nos permitir avançar para a Sé devidamente perfilados e em passada militar, que resultou, mesmo sem ensaio, com grande espanto de quem íamos encontrando no percurso para a Catedral.
A nossa entrega à missão de que estávamos incumbidos foi de tal ordem que, no simulacro de incêndio, alguns colegas não se deram bem com a fumaça e foram conduzidos para o hospital.
(Achei interessante, por isso trago para aqui. Façam vocês o mesmo.) AH
«Quem supre todas as necessidades dos filhos, sem estimular a sua garra, os seus projectos e a sua capacidade de lidar com fracassos, criará deuses de pés de barro que se considerarão dotados de um falso poder ilimitado; ou criará pessoas tímidas, que poderão ser óptimas para os outros, mas raramente o serão para si mesmas, e que terão medo de correr riscos para concretizar os seus sonhos e de batalhar pelas suas conquistas. Deus, como Pai, recolhe-se no silêncio e em silêncio clama aos seres humanos: “façam as vossas escolhas”.
Quando estava na Terra, Jesus tinha um comportamento que estimulava a formação de pensadores. Não pressionava as pessoas a segui-lo. Dizia: “Quem tem sede venha a mim e beba.” Era necessário fazer uma escolha. De diversas maneiras, ele convidava o ser humano a segui-lo, mas respeitava as decisões humanas.»
Augusto Cury, in “Os segredos do Pai-Nosso”, Edit. Pergaminho, pág. 84
(Um convite a fazeres o que eu fiz... Vale a pena!)
Palmeiras, cerejeiras, nogueiras, as árvores do meu hoje.
Que é que se passa comigo? Será que isto é que é a escrita criativa? Mandam-me (não, foi só a sonhar!) escrever ao correr da pena e eu, sem pena mas com um teclado à frente, vou dizendo o que me vai na alma.
Agora é uma revoada de pássaros que me enche a cabeça, voando doidamente, chilreando, até que se anicham numa grande palmeira, ali para os lados do Gavião, terra que me traz à lembrança os anos de menino no Seminário, quando com mãos pequeninas tentava de uma só vez, sem repetir, apanhar o maior número de azeitonas para comer no lanche com a fatia de pão que nos era dada debaixo da tal palmeira dos meus sonhos. E se não eram azeitonas, era uma fatia de pão já barrada de coisa parecida com manteiga, que eu detestava (na minha casa nunca tinha entrado tal conduto…), mas que era uma delícia para os meus companheiros. Assim, para poder ferrar os dentes em tal alimento, pegava num pequeno canivete que ia raspando a manteiga para o pão dos amigos, e sempre havia muitos; quando a fatia se encontrava limpa daquela mistela, muito bem, já podia satisfazer os meus apetites…
Ali passei eu umas horas no refeitório, à espera que comesse a sopa onde eu tinha vazado a colher do óleo de fígado de bacalhau, tão difícil de tragar… E como um colega tinha sugerido que na sopa era mais fácil de engolir, lá vou eu na cantiga…. Impossível! Era melhor ficar sem sopa e sem recreio. O que me valeu é que os padres, para se verem livres deste imbróglio, resolveram que eu não precisava de tomar este intragável remédio porque já era gordinho!
Levanta-se o bando de pardais daquele oásis e arrancam em direcção ao norte… Nessa data, já eu passeava por Alcains, de guarda-pó ou de batina, jogava à bola com todo o gosto e também estudava o “hora, horae”, para além de saber o meu lugar na forma, dois a dois, consoante as alturas, pequenos à frente, mais altos atrás.
Aí, era o ti Assunção que tomava conta dos pardais, batendo em tampas de panelas para os enxotar da ala de cerejeiras que ladeavam o caminho de saída para o burgo e por onde passavam as lavadeiras para levar e trazer a nossa roupa lavadinha. E comeríamos as cerejas? Dependia da perícia do batedor, que não era lá muita, pois o tabaco e o álcool dificultavam a tarefa.
E as árvores continuam por este país fora, aquelas que o fogo ainda não consumiu.
Agora, dou comigo em sonhos na encosta da serra, numa quinta por cima do Seminário de Portalegre. Os pardais também aqui chegam, assim como os alunos do Seminário Maior e um cão a contornar uma árvore especial a precisar de atenção canina. Era uma nogueira de frutos deliciosos, dos tais que avivam a nossa memória o bastante para decorar as falas do teatro, as definições dos axiomas filosóficos ou dos princípios da moral e da teologia cristãs…
O Sr. Domingos tinha jurado, ufano, que com aquele cão as nozes estavam a salvo, que aquilo para ele era “ciência que não vem nos livros”. Mas enganou-se! Uns alunos, com algum engodo especial, abeiraram-se do cão, fizeram-se amigos e lá foram às nozes… Os pardais fugiram e o Sr. Domingos nem ouviu tal chilreada a avisá-lo.
António Henriques: Neste dia mundial da fotografia, quero mostrar uma foto especial: uma tigelada à moda da Beira, que pela primeira vez nasceu nesta casa pela mão da Antonieta, no seu bendito costume de experimentar receitas novas. E não é que saiu mesmo bem? Já provámos a filha, mais pequenina, e estava au point! Até o meu amigo António Colaço vai querer levá-la para as suas abrantopias, mas esta não sai daqui, desculpa lá.
António Colaço Lamento desiludir-vos, ó dilectos António e Antonieta mas.....o barro tem mesmo de ser BARRO PURO E DURO E NÃO ESMALTADO!!!! Repara bem nas tigelinhas que tanto tenho mostrado!!!!E depois, foi mesmo ao forno?! É assim, doce é doce mas.....da Beira tem de ser à maneira!!! O Manuel Cardoso de Proença pode dar uma ajuda! De qualquer forma exalto as benditas mãos de Antonieta que tudo fazem para trazer seu António lambuçado!!! Parabéns, outra vez!!!
António Henriques Olha que a mãe é mesmo do tal barro puro e duro, vermelho. A filha, coitadinha, foi um remedeio de última hora, para o resto da massa. E a receita é dos melhores chefes. Ficaste com inveja? Deixa lá, que um dia a Antonieta faz aqui um cozido ou outro petisco alentejano para acalmar os ânimos.
Agora acrescento: Será que o esmalte vai estragar o gosto? Com raios, isto estava tão saboroso na opinião dos muitos comensais, que eu atrevo-me a dizer “tigelada da Beira”, mesmo que falte qualquer coisa para ser «à moda da Beira»
Fernando Cardoso Leitão Miranda Eu vou celebrar o teu aniversário, fazendo as minhas tigeladas. O forno está preparado. As imagens seguem logo, bem como a história de como o doce aqui chegou. Um abraço de parabéns.
Um dia depois
Prontas a sair... Estas caçoilas vieram das Moitas (Proença-a-Nova) com tigeladas feitas pela minha tia Piedade, com que me regalava sempre que lá me deslocava ou pela festa de São Gens ou pelo casamento de algum primo. Foi ela que deu a receita à minha mulher que as faz a contento dos comensais. Nas Moitas, esta maravilha saía do forno comunitário. Estas estão prontas a sair do meu forno. Continua, António, a festejar a Vida que o dia ainda não acabou. Aquele abraço amigo.
NOTA FINAL: As caçoilas do Leitão não são esmaltadas. Curvo-me à evidência.
- Quem quiser entrar na conversa que entre. E seja bem-vindo!
Quem faz hoje anos é o Zé Pedro (965019564), amigo que não falta aos nossos encontros e que um dia me disse que ia sempre com gosto, porque estava muito agradecido pela educação que recebeu...
Agosto é mês de férias... Mas hoje, quem quiser, dê os parabéns ao rapaz!!!
Noutros tempos, escreveu muito para a ANIMUS. Vá lá, rapaz, quando apareces por aqui? AH
À moda já ida das cartas que outrora escrevíamos, espero e desejo que se encontrem bem e, sobretudo, que gozem de boa saúde. Àqueles a quem a saúde, por força do tempo e também de pequeninos vícios, for pregando partidas, desejo que a argúcia e o engenho da medicina, misturados com a dose certa dos cuidados exigidos a cada um e o amor e carinho dos que vos rodeiam, possam driblar as maleitas e assim viverem o que lhes é dado viver e sonharem o que ousarem sonhar.
Apesar do silêncio, é com enorme prazer, alegria e esperança que vou acompanhando o agora «Animus Semper». O deleite é ainda maior quando leio os textos, sejam eles notícias, memórias, mais reflexivos ou até mundanamente gastronómicos, mas onde encontro em todos eles a alegria da partilha, do (re) encontro e do convívio, do simples desfrutar da presença do outro, do transmitir de algo que outros nos ensinaram, do saborear o que também com outros aprendemos a saborear... Enfim, o desejo de construir novos laços e de cuidar de outros já edificados no desejo – ou na esperança – de que nunca seremos abandonados, de que nunca estaremos sós.
A todos um grande abraço deste centeio que apenas tenta ser feliz em seara de gente.
Depois, a reflexão
(No meio do silêncio e da solidão com que este blogue se vai cosendo, estas colaborações-surpresas enchem-nos de uma força enorme. Obrigado, Zé Centeio, por iluminares de alegria, apoio e esperança o nosso caminhar, trazendo comunhão e nova reflexão ao que aqui vai surgindo, desta vez com o António Manuel Silva). AH
A ESPERANÇA QUE DESESPERA...
“Quem planta tamareiras, não colhe tâmaras!”
(provérbio árabe)
Reza a lenda que certa vez um homem, já de provecta idade, se entretinha a plantar tamareiras no deserto quando um jovem o abordou perguntando:
- Mas por que o senhor perde tempo plantando o que não vai colher?
O homem, na sua imensa sabedoria, virou a cabeça e calmamente respondeu:
- Se todos pensassem como tu, ninguém colheria ou comeria tâmaras.
Importa acrescentar que as tamareiras, sem as atuais técnicas modernas de produção, levavam entre 80 a 100 anos até se poderem saborear os primeiros frutos.
Ao ler o texto do Tó Manuel, veio-me à memória este ditado e eu, que me havia arredado destas andanças escribas, vi-me desafiado – interpelado – pela sua reflexão a contribuir também um pouco, mesmo se com vulgaridades, para essa construção de memória coletiva de uma esperança desesperada de tanto esperar. Que o futuro não nos pertence, mas que depende certamente de nós, é frase que me acompanha e que repito com frequência, sobretudo quando em presença de audiências bem mais jovens que, no seu desespero, me dizem não valer a pena lutar porque nada muda. Embora a desesperança ou o desespero (estado onde foram quebrados todos os laços passíveis de reconstrução da esperança) me pareça sempre conter alguma ingratidão por aqueles que nos precederam, tento sempre desafiar essas audiências para a reconstrução de uma memória sem a qual não é possível compreender o presente e, ainda menos, construir o futuro. Imagino que o Tó Manel, enquanto historiador, tenha sobre isto uma outra consciência e um olhar bem mais profundo que aquele que nestas linhas transparece. Percebermos e sentirmo-nos devedores de outros que nos antecederam, compreender o legado que nos deixaram, estejamos ou não de acordo, seja ele o melhor ou o pior de uma geração, permite-nos entender o presente e ganhar consciência do nosso papel na transformação desse mesmo presente, ou seja, no desenho do futuro coletivo. Legado que a outros deixaremos. Se hoje, apesar das muitas dificuldades, desfrutamos de muita coisa, a outros o devemos e, não raras vezes, a muitas vidas.
A globalização e a ausência de referenciais (tal como na Física também na vivência quotidiana necessitamos de referenciais em relação aos quais nos situamos), aliadas a uma certa cultura onde o individualismo e o sentimento de posse são marcantes na forma como nos relacionamos com o mundo e com o outro, criaram um vazio que levará tempo a preencher e que não se fará sem convulsões. A posse, ou seja, o poder que exercemos sobre o que não nos pertence é estruturante da forma como se entendeu o progresso e a consequente exploração intensiva dos recursos naturais. A consciência de que nada nos pertence e que somos apenas herdeiros de um legado – natural, social e cultural – que, embora usufruindo dele, temos o dever de cuidar e deixar a outros, é algo que está ainda bem longe das nossas cogitações.
Este sentimento de posse radica também na ilusão antropocêntrica entre o nosso tempo (o que nos é dado viver) e o tempo histórico (período societal abarcando as causas, as transformações e os efeitos) e, ainda, o tempo do mundo (o tempo da criação e transformação natural do mundo que nos rodeia). Criamos a ilusão de que o tempo que nos é dado viver, sendo curto face ao tempo histórico e ínfimo perante o tempo do mundo, é relevante e único e que, por isso, nos dá o direito de posse. A tudo isto acresce ainda uma leitura da realidade muito eurocêntrica, ou ocidentalizada, ignorando que esta civilização é velha apenas de 3 séculos (após o iluminismo) e que outras houve antes desta com a mesma pujança, saber e valores marcantes no seu tempo e que, por razões diversas, entraram em decadência abrindo espaço a outras emergentes. Os movimentos migratórios inserem-se também nestas dinâmicas de readaptação e de reequilíbrio das sociedades na procura de uma nova ordem, seja ela qual for.
A contestação atual e global, como refere o Tó Manuel, é órfão de referências com a agravante de não garantia, no curto prazo, que dela advenham benefícios e sem se saber ao certo o que contestar. Recordemos que, apesar de nunca ter existido tanta riqueza a nível mundial, metade dessa riqueza está nas mãos de 1% da população e que dos outros 50%, apenas 5,5% estão nas mãos da grande maioria da população. Pior ainda, grande parte dessa riqueza é de natureza especulativa não correspondendo a bens efetivamente produzidos. Em 2013, os fundos de investimento e os fundos de pensões representavam cerca de 75,5% do PIB mundial, sendo crescente a tendência da sua concentração. Quando se fala em mercados é também disto que falamos. Por isso, a palavra crise assusta tanto e há quem preveja que as suas consequências serão cada vez mais devastadoras e penalizantes para os povos (pessoas). Se a isto acrescentarmos o negócio das armas e dos estupefacientes, as duas áreas de negócio que a seguir à especulação mais dinheiro movimentam, damo-nos conta de que o mundo em que vivemos é verdadeiramente explosivo. E pode acontecer a qualquer momento.
Serão estas razões suficientes para a não esperança, para a desesperança? É verdade que todas as evidências parecem apontar nesse sentido, mas creio que no meio da contestação, mesmo se algo anárquica, uma nova consciência vai despontando e será a partir dela que se erigirá uma nova esperança coletiva. É certamente uma caminhada longa, feita de avanços e recuos, de sofrimento, de desespero, de equívocos, mas onde a humanidade saberá encontrar, nessa travessia do deserto, o caminho da terra prometida.
Tal como na parábola do plantador de tamareiras e como escreve o Tó Manuel citando Bruno BETTELHEIM, cabe aos mais velhos indicarem o caminho (“Traçarem o rumo”) – plantarem as tamareiras – para que os mais novos reconheçam o esforço, saboreiem e cuidem do legado e, simultaneamente, possam transformá-lo já que são eles o futuro.
Pessoalmente, sempre me considerei uma pessoa de esperança, já que, sendo cristão, a minha vida não teria sentido sem que ela me acompanhasse. É uma esperança que radica na ressurreição e na certeza que também um dia, a caminho de Emaús, seremos reconhecidos pelos gestos, ou, numa versão mais prosaica, pelo que fomos e construímos e pela nossa capacidade de envolvermos outros nessa construção. E não apenas pelo que desejaríamos ter sido enquanto indivíduos, afastando de nós esse último cálice que é a experiência da cruz.
Tal como a Caim também um dia nos (me) será perguntado o que é feito do nosso (meu) irmão.
(Ora aqui está mais uma robusta explicação do Colaço a ter em conta: cozido para quê? pelo gosto, pelo fascínio do local, pela família (até os pequenos, calculem!...) e, quarta razão, pelo encontro... Estou quase aí, meu amigo, se alguém me acompanhar...) AH
Um alerta, antes da degustação: o meu entusiasmo pelas QUARTAS DE MAÇÃO tem única e simplesmente a ver com o meu fascínio pelos lugares a que vale a pena regressar. E quando esse regresso envolve rituais, passa palavra,deixar tudo para chegar a tempo e horas, o que quer que seja, então passa a ser uma FESTA. Em Mação temos vários restaurantes e por todos tenho consideração. Mas...rituais como os da QUARTA FEIRA HÁ COZIDINHO NO GODINHO, Paulo Godinho, desculpem-me, NÃO!
Assim sendo, mais do que um deslumbramento bacoco por a ou b, a pública divulgação visa, tão só, estimular aquilo que temos de bom,seja na gastronomia, seja noutro sector. Sempre assim foi quer na imprensa escrita de Abrantes, desde os saudosos Correio de Abrantes,Notícias de Abrantes, a saudosa Rádio Antena Livre (a LIVRE, note-se!) e a Rádio Ribatejo, para não falar nas colaborações quer com a Antena 1 e TSF, sempre assim será!!PIM! Agora, de quando em vez apetece-me puxar pelos galões!). Como deixei escrito a semana passada, venha de lá a revelação de outros locais que, porventura, se mantêm no segredo dos deuses (vês, querido Manuel António Pereira!!!) e a gente aparece! 2 Hoje a novidade foi o cozido em família. Como se demonstra na única foto "autorizada", a arte do Francisco, nos seus quase cinco anitos, foi trocar o cozidos por....miúdos, no que foi ajudado pelo Pai. Já o neto Lourenço, em estreia absoluta, apenas se ficou pela carne a condizer com a sua tenra idade!
Reencontros, muitos, de assinalar o meu querido amigo Luís Ramos, da velhinha Sopadel, e que agora trabalha por estas bandas.
Vá lá, não estagnes em casa. Há pequenas escapadas que se tornam agradáveis, até porque sempre encontramos surpresas. Porque não subir até ao Cristo –Rei em Almada?
Hoje, ao chegar, encontrámos o parque de estacionamento cheio, com um bom número de autocarros, para além de um sem-fim de matrículas estrangeiras. Ao sairmos, pelas 18 horas, ainda havia muitos carros.
O espaço circundante tem sido objecto de muitas obras, com uma ala mais dedicada à entrada solene no santuário, com música ambiente; os automóveis foram deslocados mais para a direita. Também já está acabada uma grande capela, toda revestida a verde (exigências arquitectónicas para aquele espaço?), à esquerda de quem entra e por detrás do acolhimento aos peregrinos. Igualmente estão a ser ultimadas as quatro rampas de acesso ao santuário.
Em frente da entrada principal do santuário, estende-se o largo – miradouro sobre Lisboa, bem arranjado, onde podemos olhar para a cruz alta que veio de Fátima, para uma imagem de N.ª Sr.ª do Rosário e, finalmente, é de elogiar a longa vedação em madeira, que protege os visitantes de alguma queda na encosta íngreme.
Atenção! Era grande a fila dos visitantes para irem lá acima… AH
Ofereço-vos hoje 45 segundos do "encore" que os músicos nos ofereceram no domingo passado. Que força na exibição!... Lamento o formato em que gravei este trecho - smartfone na vertical... Erros de iniciante, que não se repetirão. Vocês também podem aprender com os meus erros!!!