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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

ANIVERSÁRIOS

31.07.16 | asal

Hoje é o aniversário do octogenário Fernando Cardoso Leitão Miranda, o tal das joviais crónicas dos tempos da nossa juventude. Meu amigo, parabéns! Que Deus te abençoe... E continua a ser feliz e a espalhar felicidade. Tel.919783001

SÃO FÉRIAS

30.07.16 | asal

DA COMPORTA A TRÓIA

 

(Uma saborosa narrativa do Pires Antunes a encher as nossas páginas...)

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 O primeiro dia.

O Gervásio continua o máximo!
A abarrotar de gente atraída pelos petiscos e bons pratos...
Acabado de chegar, não podia faltar à minha estreia de verão.
Os Brejos da Carregueira ficam ali ao lado e o fim de tarde e a noite estão uma maravilha. A temperatura adaptada às noites frescas de verão. Uma volta pelo aldeamento confirma.
A Comporta comporta-se bem.

 

O segundo dia.

A brisa marítima de ontem à noite, quando dava a volta ao aldeamento, já perspectivava um bom dia …. As estrelas, constelações e tudo o mais que se observava por entre e acima dos pinheiros, forneciam uma imagem maravilhosa da noite...
A manhã, fresca, convidava-nos a um passeio pela aldeia. Naturalmente, lá fomos aos jornais e revistas.... Depois o café no já habitual Clube Recreativo da Herdade da Comporta. Uma novidade. O sr. Miguel já não estava para nos servir.... Escolheu outro rumo.
Mantiveram-se as cegonhas, cartaz desta terra. Ainda deu para uma visita cultural à exposição de fotografia e pintura .... antes do supermercado e do mercado de rua, este na usual camioneta, com toda a espécie de hortaliças e frutas.
O Folha estava fechado.... era quinta feira e já não me recordava. De maneira que fomos até à Carrasqueira (lembram-se do Cais Palafítico?). Um soberbo arroz de tomate com linguadinhos fritos. Que maravilha.... Nada melhor para um início de tarde com descanso e uma ida até à piscina do aldeamento.
Deus leve para o céu quem "legislou" o descanso.

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Ao terceiro dia....

Ele há encontros felizes. Estamos na mesma zona, comungamos da mesma amizade... Uma amizade pura de beirões de gema.
Depois de uma manhã, calcorreando os espaços típicos da aldeia, rumámos a Sol Tróia onde os amigos Andrade e Clara nos esperavam para uma petiscada. Não é o que levamos desta vida?!
O Tonho Henriques também aparece com a Antonieta. Ele há coincidências....
Aos meus amigos os agradecimentos merecidos por uma boa tarde de convívio.
Posso garantir que não bebemos Pera Manca! Mas o tinto alentejano era uma maravilha! Sem esquecer o Brutus das entradas e o rosé do jantar – Monte das Servas! Sim, porque os amigos fizeram questão de não sairmos sem esgotarmos as iguarias que aos montes por lá havia...
Só peço desculpa por não ter mergulhado na piscina olímpica....

Mpiresantunes

 

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Ainda há um quarto dia!

Às onze estava uma boa temperatura (26graus) para se iniciarem as actividades matinais. O sol bastante envergonhado não fazia prever o dia restante...
A ronda habitual pelos sítios do costume, jornais, café, compras necessárias e uma ida às lojas cujo o conteúdo tem mais ver com o turista, sobretudo com o que se pode usar com o tempo de praia... Há sempre qualquer coisa diferente que cativa... mas os preços?!
Como não podemos passar sem comer, fomos desta vez degustar o arroz de lingueirão. Lá estava o Barco do Sado, na Carrasqueira, pronto para nos servir. Maravilha!
Pois, mas o dia escureceu, caíram umas pingas e a temperatura veio para os 22 graus. Também apetece apanhar estas incertezas depois de duas semanas de imenso calor... E não param de chegar carros a estas bandas, com destaque para os carros espanhóis! Para as regiões fronteiriças, estas são as praias com melhor acessibilidade.
Estamos em grande....

NOTA: Antes da ida para férias, aproveitei uns instantes, na deslocação ao H. CUF, para entrar na Capela (Igreja) das Necessidades e visitar a imagem de N.ª S.ª das Necessidades.
À saída, o panorama que dali se observa é deslumbrante!
Nem deixem de visitar...

Um abraço.
MPiresAntunes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A PALAVRA DO NOSSO BISPO

30.07.16 | asal

MOSAICO DE ROSTOS: SINAL DE HARMONIA E PAZ - 28-7-2016

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(Aqui está a palavra do nosso bispo, sempre de leitura fácil e profunda, que respigámos da sua página do Facebook. Obrigado!)

 

Cracóvia acolhe nesta semana a XXXI Jornada Mundial da Juventude (JMJ), um dos maiores acontecimentos promovidos pela Igreja Católica e iniciados pelo Papa polaco, São João Paulo II. A abertura foi presidida pelo atual Arcebispo de Cracóvia, o cardeal Stanislaw Dziwisz, aquele que foi o secretário particular de São João Paulo II.

O programa das jornadas é muito vasto, inclui catequeses, Eucaristias, Reconciliação, encontros, visitas aos campos de concentração de Auschwitz e Birkenau passando pela cela de São Maximiliano Kolbe, a Wadowice terra natal de São João Paulo II, aos Santuários da Divina Misericórdia onde viveu a Irmã Faustina e de Nossa Senhora de Czestochowa Padroeira da Polónia, Festival da Juventude com apresentações artísticas, culturais e religiosas a partir do tema ‘Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia’, etc.

É a paz em movimento, uma festa jovem, religiosa e cultural que, de três em três anos, reúne jovens de todo o mundo, em diferentes partes do globo, em nome de Jesus. A delegação portuguesa é constituída por cerca de 7 mil pessoas, a fadista Cuca Roseta cantou na ‘LusoFesta’ no Centro de Congressos de Cracóvia e fez-se ouvir uma mensagem do treinador Fernando Santos. Depois da oração do Ângelus, no domingo passado, em Roma, o Papa Francisco fez uma saudação especial aos jovens que não podem participar nestas Jornadas Mundiais da Juventude por causa da guerra, de meios económicos e perseguição: “Dirijo um pensamento especial para os muitos jovens que não podem estar presentes em pessoa, e seguem as JMJ através da Comunicação Social. Vamos estar unidos em oração”, disse o Papa. Esta saudação de Francisco reforça o sentido da campanha lançada pela Fundação AIS, denominada “Let’s Be One” (sejamos um), que visa sensibilizar os milhares de peregrinos que estão na Polónia para as JMJ, de que há muitos outros, oriundos de diversos países, que não estão presentes por diversas razões, entre as quais, a perseguição religiosa. Na campanha da AIS, difundida sobretudo através das redes sociais, alguns destes jovens explicam as razões de não irem à Polónia, garantindo, no entanto, que estarão “todos juntos em oração” com os cerca de 2 milhões de participantes nas JMJ. E se alguns destes jovens não conseguiram viajar “por questões essencialmente económicas, outros houve que decidiram ficar nos seus países para prosseguirem o trabalho que desenvolvem e que não pode, de alguma forma, ser interrompido”.

Já antes desta semana, o Papa Francisco se lhes dirigia: “Queridos jovens das várias partes da Europa, África, América, Ásia e Oceânia! Abençoo … os vossos anseios e os vossos passos rumo a Cracóvia, para que seja uma peregrinação de fé e fraternidade. Que o Senhor Jesus vos conceda a graça de experimentar em vós mesmos esta sua palavra: «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» (Mt5, 7). Sinto um grande desejo de vos encontrar para oferecer ao mundo um novo sinal de harmonia, um mosaico de rostos diferentes, de tantas raças, línguas, povos e culturas, mas todos unidos no nome de Jesus, que é o Rosto da Misericórdia. E agora uma palavra para vós, queridos filhos e filhas da nação polaca! Sinto que é um grande dom do Senhor poder ir até junto de vós, porque sois um povo que na sua história passou por muitas provações, algumas muito duras, mas avançou com a força da fé, sustentado pela mão materna da Virgem Maria. Estou certo de que a peregrinação ao Santuário de Czestochowa será para mim uma imersão nesta fé provada, que me fará muito bem. Agradeço-vos as orações com que estais a preparar a minha visita. Agradeço aos Bispos e sacerdotes, aos religiosos e religiosas, aos fiéis leigos, especialmente às famílias, a quem idealmente entrego a Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris laetitia. A «saúde» moral e espiritual duma nação vê-se pelas suas famílias: por isso São João Paulo II tinha tanto a peito os noivos, os jovens casais e as famílias. Continuai por esta estrada!”.
Permaneçamos unidos em oração e acompanhemos o mais possível este acontecimento de fé, de paz e de alegria, alegria jovem e contagiante.

NOTÍCIA TRISTE

29.07.16 | asal

FALECIMENTO

O nosso amigo e antigo colega Carlos Pereira Mendes faleceu. Acabo de saber pela Folha Informativa dos Reformados do Banco de Portugal.
Entrou no Gavião em 1950 e era do ano do Pe. Adelino, pároco da Idanha, do Pequito Cravo, do Abílio Martins.....
Paz à sua alma.

Mpires antunes

NOTA: Mesmo tardiamente, aqui deixamos os nossos pêsames à sua família. Descanse em paz.

SÃO FÉRIAS

29.07.16 | asal

   MESMO NAS FÉRIAS

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Apesar das férias, há sempre alguém que aparece. Embora ainda não possamos contar com a presença do "mestre", este convívio tem-se realizado sem interrupções.
O Joaquim Nogueira está seguindo o seu programa de restabelecimento e vamos ter homem para continuar connosco.
Um abraço para todos.
Mpiresantunes

SERÁ AGORA A TUA VEZ?

28.07.16 | asal

Pois, pois! Vieste ver o que há de novo e nada encontraste... Que pena! Tinhas vontade de sentir o aconchego de um colega de outros tempos, os da juventude, e ainda não foi desta vez.

Eu também corro todos os dias a abrir a caixa de correio e encontro-a vazia. Nada para publicar...

Mas vai ser desta que te atreves a enviar uma mensagem, uma foto com umas palavras, até podem ser mal escritas, que eu dou um jeitinho (alinhei tantos textos dos meus alunos...). Estamos no princípio e já temos mais de 50 visualizações diárias...

Um abraço do AH

ANIVERSÁRIOS

25.07.16 | asal

É a vez de o Joaquim Mendeiros Pedro avançar mais um número nas suas primaveras. E que número! Cheio de voltas e voltinhas... Parabéns, amigo! Votos de muita felicidade. E gostamos muito de te ver por aqui! Tel. 969015114

ARREDORES DA CONSOLAÇÃO

22.07.16 | asal

PASSEAR POR ALI

Se vais passar uns dias à Praia da Consolação, tens tempo de dar umas voltas pelos arredores. Não falo já da bela e convidativa cidade de Peniche, com variadas razões para se visitar... Limito-me hoje a falar de Atouguia da Baleia, um lugar ali ao lado cheio de história. Zona de densas matas, de facilidade de acostagem antigamente, as sua populações dedicaram-se à pesca e à caça, nomeadamente aos touros, bois bravos que por ali pastavam, os quais deram nome a Touria, que se foi transformando em Touguia e Atouguia, e só mais tarde Atouguia da Baleia, com esta a entrar também na história.

A sua mais vetusta igreja, do séc. XII e XIII, a igreja de S. Leonardo, única com tal patrono em Portugal, deve-se a um punhado de francos que, por acidente marítimo, para ali foram atirados. Ali se fixaram e foram desenvolvendo o lugar, sendo mais tarde sede de concelho com o seu foral. Uma bela igreja romano-gótica, tipo igreja-salão, com três naves mas a central é muito grande. De especial, os arcos, um resto de pintura a fresco do lado direito e ainda um presépio de Machado de Castro, muito mal-tratado, que foi recuperado depois das vendas do património eclesiástico na primeira república. Ainda se vê na igreja um osso de baleia, dizendo-se que foram usados para o travejamento do telhado.

Em frente, no largo, um belo pelourinho, com as armas dos condes de Atouguia, parcialmente desfeitas e, mais abaixo, restos de um castelo. Num ponto mais alto e mais central da freguesia, ainda se admira a Igreja de N.ª Sr.ª da Conceição. Vale a pena uma visita.

 

 

ANIVERSÁRIOS

21.07.16 | asal

Hoje faz anos o José Andrade. Aqui se registam os parabéns da malta e votos de muita felicidade. O tempo cumpre-se e nós vamos com ele. Tel. 964247371.

GOLO DO ÉDER

20.07.16 | asal

O golo do Éder – relata Artur Agostinho, com letra do João Porfírio

 

Nota: tive de deslocar este trabalho para aqui, para toda a gente degustar melhor.

 

Andava eu sobre as águas, num cruzeiro no Adriático e etc. quando recebo um sms do António Henriques dizendo "o blog Animus Semper tem mensagens para ti. Vai lá ver," Pois. Mas com internet cara e ruim, só de regresso a casa fui ver. Obrigado pelos parabéns. Foi um dia do caraças. Levantar às 3,5, Aeroporto, (dou de caras com Patrocínio, de Nisa que também ia no mesmo cruzeiro). Veneza, Barco e ala que se faz tarde, Adriático abaixo.

À tardinha, enquanto sepultávamos uma caipirinha, punha-se o problema - onde ver o jogo. A empregada brasileira que punha as ditas sugeriu: "marcar uma mesa no deck das piscinas, onde há um ecrã grande, e fazer consumo". Está feito. O copo que tinha prometido pelos anos fica para lá. (Éramos um grupito de 8: eu e a Bé, 1 colega dela e a mulher, um casal do Porto que conhecemos nessas coisas da beataria e dois padres daqui, o meu prior e o irmão. Falta explicar que a excursão era as duas paróquias). Menina, marque já uma mesa com uma garrafa de champanhe. Qual? Moet e Chandom, que Portugal vai ganhar. Eu pago esta e vocês pagam o resto.
Assim foi.

Um pouco antes da hora ocupámos o lugar. Sentimo-nos mais ou menos uma península em vias de engolimento, cercada de franceses por todos os lados menos o istmo, que era o lado do ecrã, onde, menos mal, o pessoal do barco não permitia que ninguém se sentasse. Pudera, quem tinha pago era eu... Cantámos o hino com mais força que afinação e o jogo começou. O nervosinho aumentou. Atrás, um grupo de gaiatos portugueses armou uma claque com italianos, espanhóis, australianos, olhos em bico, e outros. E como gritavam, caraças! 1ª porrada no Ronaldo. Regozijo gaulês. Receio Português. 2ª porrada no dito. Aumentam os dois. Ronaldo fora. Aí a confiança deles aumentou. A nossa, paradoxalmente, também. Porrada no Cigano. Isto continua.
Tiro francês. Defende Patrício. Corta Pepe, corta Fonte, William vem atrás... segura Patrício. P... esta m... está a pôr-se cada vez mais feia e o relógio parece feito com eles.

Tempo complementar. Ai mãe... 2ª parte: Nossa Senhora dos Aflitos, ai que não aguento até ao fim. Porque é que a gente há-de ter tripas e bexiga... GOOOOOOOOOOOOOLO do "patinho feio", golo do Éder. Já está. É aguentar lá longe. Bolas, deixaram-no escapar. Patrício segura... Onde é que estão os franceses? Ao lado, é tudo território deserto. Zarparam enquanto puderam para não ouvir a retribuição às suas bocas. Olho para o écran, festa louca dos nossos. Os outros de boca aberta, olhar perdido, como quem comeu e não gostou, ou ainda não sabe bem o que aconteceu e, sobretudo, como é que aconteceu...
E foi assim como recebi uma prenda de anos de valor incalculável. Isto cá fora custa muito mais. Imagino como foi para todos os emigrantes, se para mim que estava fora há uma dúzia de horas custou o que custou e alegrou o que alegrou, imagino como terá sido para todos eles.
Conclusão final: foi um dia comprido mas muito bem passado.
O resto do cruzeiro foi o normal. Embarca, come, bebe, fala, dorme, levanta-te, sai do barco, vê o que te querem mostrar, prova o que te dão a provar, compra onde querem que compres, regressa ao barco e recomeça tudo de novo. Será que as lojas são dos donos dos barcos, ou os barcos dos donos das lojas? Dá que pensar. Por isso gosto mais do campismo, durmo onde me apetece, meto o nariz onde quero, como o que quero (se há...) e se me chateio volto para casa...
Abraço a todos e adeus até ao meu regresso.
J. CH. P

COMENTÁRIOS AOS COMENTÁRIOS

20.07.16 | asal

Nos últimos dias, tem sido um corropio de visitas ao ANIMUS SEMPER. Para quem passa por aqui despreocupadamente nem dá pelos comentários e ainda pelos comentários aos comentários. O João Porfírio, por exemplo, narra-nos coisas muito interessantes do cruzeiro onde andou a celebrar o aniversário e onde, inesperadamente, encontrou o Patrocínio.

 

PRAIA DA CONSOLAÇÃO, consola mesmo?

17.07.16 | asal

PRAIA DA CONSOLAÇÃO - escreve António Henriques

A experiência de 13 dias naquela pasmaceira dá que pensar. E, a pedido de vários colegas, aí vão as minhas impressões. Fazem parte de uma RUBRICA deste blogue que se pode chamar "NÓS AGORA".

 

1 - Primeiras impressões

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Mas o que é isto, meu Deus?! Onde é que eu vim parar? Com esta aragem fria de cortar a pele, que me obriga a vestir um blusão num dia tão bonito, com uma temperatura de verão dentro do carro, quando o deixo no pequeno parque frente à Igreja e pertinho da descida para a tal famosa praia, ainda perscruto, a norte do forte da Consolação, a extensa praia e o belo areal que se prolonga até Peniche. Mas não é este o meu destino.

Para alinhar nos intentos reais que aqui me trouxeram, olho para sul, onde, lá no fundo de uma extensa escarpa, lobrigo aquele pequeno espaço, de pedras escuras, batidas pelas fortes ondas, sem qualquer areal, para onde convergem muitos indigentes como eu e onde já se acotovelam outros mais madrugadores.

Se informação anterior não me tivesse chegado, por certo não desceria aquela extensa vereda, dividida em escadaria e rampa por um corrimão de aço onde muitos se apoiam para descer e subir. Mas eu já tinha lido muita informação sobre as potencialidades deste recanto e já tinha ouvido testemunhos verídicos sobre os poderes curativos destes ares. Por isso, ali vou eu, atrás de muitos outros trôpegos, à procura não sei se de um milagre que curasse os sinais de artroses, bicos de papagaio ou reumatismos, que a idade vai carreando.

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Aquelas pedras ásperas, irregulares, pontiagudas, informes, vão ser o meu poiso durante uns longos dias, porque o milagre não é instantâneo. Munido de uma toalha, procuro um local ainda não ocupado, onde eu possa aguentar umas horas a fio, nuns bancos toscos e mal-amanhados pelo muito uso que deles se faz. É o melhor que há e quase o único sinal de trabalho humano, pois o resto é mesmo a natureza ao natural, o que obriga os ocupantes a grande esforço e equilíbrio, quer para se deslocarem quer mesmo para se sentarem ou deitarem em materiais que me lembram camas de faquires…

Uma voz amiga ainda me aconselha a não dizer a ninguém onde estamos, pois isto não é local aconselhado a gente mais chique. O local é tosco demais e os figurantes são, na sua maioria, pelas vestimentas e gorduras que ostentam, um mundo de indigentes que não se importam de ostentar misérias. Pisa-se argila numa covinha de uma pedra, mistura-se com água do mar que uma meia

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garrafa foi buscar ali ao charco e vá de besuntar aquela mistela nas pernas desgraçadas das velhas que ali experimentam novas melhoras, indo limpá-las à água fria e salgada do mar. Mais espectacular é a posição que cada um assume: uns sentam-se, outros deitam-se acomodando-se ao piso irregular, o que é deveras vistoso, porque as barrigas até se tornam mais bojudas e brilhantes ou as mamas até crescem empurradas para o alto por pedras salientes onde se ajeitam os corpos. Outros abrem os braços como cristos crucificados, para o sol bater melhor ou para distribuir o peso do corpo por mais espaço à procura de consolo que falta à cama. Depois, é também multicolorida a paisagem e tanto surgem os que se tapam com vestes invernais como os que se destapam quase até à nudez, como aquele que, à sombra de um guarda-chuva, adormece a mostrar o traseiro ao sol baixando as calças até mostrar o que não quer!

2 – Asperezas locais

Mas isto é mesmo doloroso! De dez em dez minutos, tenho de mudar de posição ou ficar de pé; a toalha que me alivia a aspereza do assento não me satisfaz bem e anseio por uns bons chumaços, umas almofadas grossas ou um colchãozinho de ar para ficar refastelado. Tenho de comprar qualquer coisa, pois que, com o passar dos minutos, acaba-se a paciência e a carne grita por alívio… Se ao menos houvesse umas lajes lisinhas…

Entretanto, as horas vão passando sem nada para fazer senão estar ao sol ou à sombra (que as nuvens não nos largam!) à espera de melhoras nestes corpos massacrados pela vida. Curiosamente, passar horas a fio nesta praia não é o mesmo que gozar o sol nas praias do Algarve. Eu já tinha lido sobre este ambiente, mas agora experimento a novidade: passar três horas de manhã e três horas de tarde ao sol sem ficar queimado é algo que me espanta. Protector solar aqui pouca gente usa, o que faz deste um sol especial! É verdade que quase todos deixam alguma peça de roupa a cobrir o corpo, mas a suavidade deste local é mesmo incomum…

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3 – Ocupar o tempo

Horas e horas a fio, sem pôr o pé na água do mar (aconselharam-me a não me banhar no mar para não perder os efeitos benéficos da minha estadia neste saudável logradouro), sem um arealzinho apaziguante para aconchegar os corpos, como vou ocupar o tempo?

Ora, ponho a visão a observar, que essa não é tão massacrada como o sentido táctil. Olho as ondas e os surfistas em equilíbrio a deslizar pelas suas encostas, olho as pedras, donas de quase tudo, muitas delas a serem classificadas por mim como arenitos, cheios de fósseis marinhos, especialmente bivalves. Observo os circunstantes, na sua maioria gente de idade, a caminhar lentamente como quem não conhece bem o piso, muitos a coxear, outros amparados mesmo por um familiar já que o equilíbrio é débil.  O que aqui se exige mais é mesmo a prática do equilíbrio: é muito pouca a segurança em cima destas pedras tão irregulares. As pessoas sustentam-se umas às outras para não se estatelarem nas rochas. E não chega, pois já cá vieram os bombeiros tratar do desgraçado que se abraçou ao chão sem querer e ficou com um grande corte na testa!

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Olho naturalmente as pessoas, que nos seus modos de estar têm muito de figuração variegada. Vestuário bizarro, cores as mais disformes, sacos com os mais diversos objectos para passar as horas… Fatos de banho apertados, a deixar saltar cá para fora as mamas à frente e atrás, pois lá dentro não cabem tantas gorduras…

A visão é o sentido mais usado, como se vê. Mas, é sobretudo na leitura que ocupo o meu tempo. Bastaram seis dias para esgotar as 600 páginas do José Rodrigues do Santos, com uma curiosidade permanente acerca das cenas seguintes. Tristes personagens, massacrados pelas circunstâncias caóticas e desumanas que os envolveram…

4 – Os vizinhos

Com o tempo, vamo-nos habituando a conversar uns com os outros, já que, além das rochas, há um banco corrido, de pedra, ao longo de toda a praia, onde nos acotovelamos, pois é o lugar menos áspero que podemos alcançar.

Cada um fala das razões por que aqui se encontra, dos anos a fio a frequentar esta praia agreste, vetusta e desmotivante, mas desejada pelos seus efeitos terapêuticos; pergunta-se pela residência, pelas ocupações, e muitas conversas sem fim nascem com facilidade. Algumas vão mesmo a intimidades pouco aconselhadas (relações marido/mulher, promessas a N.ª Senhora que eu não faria…). Mas sobretudo são as mulheres as mais faladoras. Em grupos de três ou quatro, as conhecidas passam o tempo a falar de pratos saborosos, dos gostos gastronómicos dos maridos. Outras vezes, vêm à baila os problemas com a gordura e o peso a mais. Diga-se que são mais os gordos que ali se encontram, o que me leva a concluir, em raciocínio filosófico, que é o peso a mais que tramou a saúde destas pessoas. O que eu ando a pensar!

Há senhoras a fazer renda, cada uma com a sua técnica… Lá conseguem enfiar o guarda-sol por uma fresta entre rochas e depois fixam-no com outras pedrinhas soltas. Bem, por vezes lá vai um a voar e incomodar os vizinhos, mas ninguém se queixa. São todos gente de bem, irmanados nos objectivos que ali os trouxe, pelo que nem vale a pena alterar os ânimos pacíficos que por ali se acomodam. Você pode mesmo deixar os seus trastes, presos por uma pedra, a reservar lugar para a parte da tarde, que ninguém lhes toca ou os surripia, mesmo que os que chegam antes gostassem de ocupar aquele lugar…

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5 – Santuário terapêutico hélio-marinho

Estamos à procura de melhorar os nossos níveis de saúde naquela praia a que chamam «santuário terapêutico hélio-marinho». E já vou dizer porquê.

E quem nos orienta? Não há enfermeiros nem médicos nem qualquer técnico de saúde como vemos nas termas. Nem um simples nadador-salvador lobrigamos. Então, como se enche aquele espaço? É um simples “passa-a-palavra” que nos arrasta. Ouvimos a história dos outros e lá vamos nós. Pessoas que logo ao segundo ou terceiro dia sentem melhoras, pessoas que há mais de 30 anos ali vão em peregrinação de 15 ou 30 dias porque sem ela não vivem em saúde. São eles que nos orientam… Se bem ou mal, não sei. Apenas sei que há médicos que recomendam estes banhos de sol, mesmo na Suíça. A própria Internet, tão prolixa em certos assuntos, não diz muito sobre a Consolação.

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Conheço um livrinho (umas poucas folhas), vendido ali na Igreja por 1,50 €, que não é mais que uma súmula de uma conferência de um médico-padre sobre estes banhos de sol que curam. E ali se fala do iodo abundante em todo o ano e do sol especial daquela praia, um sol que não queima. Iodo que provém das muitas algas que dizem existir ali, sem eu as ter visto, e sol especial daquele recanto virado a sul e que não queima; e isto vivido por mim, que passava 6 a 7 horas na praia sem protector solar, embora coberto por uma leve peça de roupa. Dias de sol, de nevoeiro, de chuva, todos nos beneficiam, pelo que durante todo o ano é possível ver ali pessoas. Como já disse anteriormente, tenho ouvido e lido que a praia da Consolação é indicada sobretudo para quem sofre de artroses, artrite, “bicos de papagaio”, reumatismo, tuberculose óssea, espondiloses, asma e até mesmo úlceras de pele.

 Como ali se encontram filões de argila, há gente que, com uma pedra mais dura, pisa e repisa aquela pedra cinzenta até ficar quase em pó. Com um pouco de água, resulta uma papa líquida e barra-se o corpo na esperança de sentir os muitos efeitos anti-sépticos, anti-microbianos, anti-inflamatórios, anti-artrósicos e anti-stress que lhe são atribuídos, graças ao seu poder de absorção. Eu também o fiz, mas com argila da Fonte da Telha, mais fina e pura que aquela mistela, graças ao meu amigo Aires Vieira, grande conhecedor desta matéria e grande benfeitor de centenas de pessoas, para quem carreia sacos e saquinhos desta medicina! O uso da argila também beneficia, naturalmente, o nosso estado de saúde, mas não é o factor mais importante.

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NOTAS FINAIS

1 – Esperei quase três semanas a publicitar este texto. Queria verificar se as melhoras que senti nos meus joelhos persistiam após a minha estadia na Consolação. E é verdade: estou bem melhor! E quero voltar lá…

2 – Passei por termas vários anos e, embora tenha sido benfazeja a minha estadia, nunca me senti tão renovado nos meus achaques como agora.

3 – A Consolação é uma aldeia que se enche de gente nos meses de verão. São apenas três ou quatro os restaurantes locais, pelo que muitos vão até Peniche à procura de melhor restauração.

 4 – Em Junho, cheguei a contar 400 pessoas naqueles 200m de comprimento por 20m de largura. Não sei como será em Agosto. Os “habitués” dizem-me que não caibo lá naquele mês.

5 – As temperaturas são normalmente uns 10* mais baixas que aqui para o sul. Roupa quente precisa-se para suportar o frio e o vento.

6 - Felizmente, na própria praia existem uma boas instalações sanitárias, normalmente fornecidas de papel higiénico e papel de secar as mãos. Existe também um pequeno restaurante, da responsabilidade do Hotel Neptuno, onde se pode almoçar sem sair da praia.

7 – Não assumo qualquer responsabilidade no que aos outros acontecer. Cada um é livre de fazer e estar onde quiser.

 

António Henriques

PALAVRAS DE ESTÍMULO

14.07.16 | asal

Bons Amigos António Henriques e Mendeiros,

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Há dias, ao abrir o ANIMUS60,  encontrei as palavras certas da nossa Associação: 

 

PERSEVERANÇA....CONTINUAÇÃO!

 Com alegria e uma lágrima a  correr, quero felicitar-vos e afirmar publicamente:

Ao António,

Amigo, confidente, CONTERRÂNEO, os primeiros dias do Seminário, as viagens, mas e em primeiro lugar, recordar a escola primária, aquela estrada da aldeia para a vila, nós os dois com sete anos, por vezes dias de neve e muita chuva com uma saca e mochila! Recordas? Lá íamos ao encontro dos nossos saudosos Professores Clotilde, Flores, Lalanda!

O meu muito obrigado por quereres continuar o Blog agora denominado Animus Semper.

Ao Mendeiros,

Recordar a sua franqueza, disponibilidade, alegria, boa disposição, acolhimento, Poeta… Mas sobretudo o seu nunca DESISTIR. Um abraço sincero pela inspiração em continuar. 

Aos dois, neste ano da Misericórdia, vão igualmente as minhas fracas orações com votos de muitos anos de vida

Abílio Martins

FORÇA, JOAQUIM NOGUEIRA

14.07.16 | asal

Agora que o nosso amigo e companheiro, Joaquim Nogueira, se debate com problemas de saúde, vem à baila toda uma

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história feita de momentos altos e baixos, de esforços nem sempre portadores de bons resultados, mas sempre marcados pela tenacidade do trabalho, pela vontade de se superar e por um elevado respeito pelos valores humanos e cristãos, de que o Joaquim é exemplo.

E exemplo do que foi a sua vida até há uns anos atrás é a publicação do seu livro autobiográfico «Memórias de um beirão da zona do Pinhal», faz agora um ano. Nessa altura, o Joaquim Silvério dava notícia do evento com palavras como estas:

«...Nestes dias de grande desorientação, com poucos valores e sem referências, o Joaquim Nogueira é alguém que nos pode ligar às raízes, que pode lembrar-nos e dizer aos mais novos como era o cheiro da resina nos dias quentes do verão, como era o aroma da terra seca depois de uma chuvada, como se partilhavam e passavam os serões à volta de uma lareira nas noite frias e longas do inverno...»

Vasculhando nos arquivos, dei com um pequeno vídeo que nunca viu a luz do dia e que agora se apresenta como um testemunho de horas felizes e um querer colectivo a desejar as melhoras do nosso colega. Não esqueçam: pensar no Joaquim vai levantar-lhe a capacidade de viver.

 

RÓDÃO - escreve Pires Antunes

13.07.16 | asal

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 No último fim de semana estive na Beira Baixa, mais propriamente na Sarnadinha e Vila Velha de Ródão, onde anualmente sou convidado para um almoço realizado naquela aldeia. 

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Trago aqui este acontecimento apenas porque, aproveitando a deslocação, combinei um encontro com o Pe. António Escarameia, pároco de várias paróquias de Vila Velha de Ródão. 

O Pe. Escarameia, natural de S. Salvador da Aramenha, entrou comigo para o Gavião e, ao longo dos anos, foi um dos meus melhores amigos. Com a minha saída do seminário, perdi o contacto e, depois de décadas, encontrámo-nos em Maio, em Castelo Branco. Foi ele o organista na Eucaristia celebrada na Igreja do Valongo.
Agora voltámos a encontrar-nos no passado sábado e no domingo. Como calculas, foi um encontro para desfilarmos as muitas recordações de outros tempos. Ficámos felizes!
Junto umas fotos dos locais por onde andei: onde se realizou o almoço de sábado, do Vale Mourão (Rio Ocreza), das paisagens a partir da Estalagem Portas de Ródão e do Cais donde saem os barcos para os passeios no rio Tejo.

O almoço de domingo foi no Cais, a convite do Pe. Escarameia. 

Um abraço.
Mpiresantunes.                                                                                 

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        Portas de Ródão, em todo o seu esplendor 

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    Vale Mourão, no rio Ocreza, sem a barragem

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