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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

UMA VIDA EM TESTEMUNHO

12.10.16 | asal

UMA HISTÓRIA DE VIDA

 

A minha irmã Maria dos Prazeres, uma das Irmãzinhas de Jesus, entusiasmou-se com o blogue que o irmão edita e com ele se vai distraindo. É uma das pessoas que diariamente nos visita e nele já publiquei os seus comentários. O seu trabalho também dava para outro blogue! Mas, à falta dele, aqui deixo o seu testemunho de vida e algumas fotos que vão encantar… AH

 

Os meus últimos anosPRAZ.jpg

Ontem tive a visita do meu irmão António Henriques e ele incitou-me a escrever para o seu Blogue. Então, eu enchi-me de coragem e cá estou eu a escrever! Pouca coisa de cada vez, pois isto cansa-me muito.

Começo por contar algo da minha vida, que foi a razão de estar aqui...

Estou nas Irmãzinhas dos Pobres em Campolide, uma casa que acolhe os velhinhos, os mais pobres, sobretudo que tenham reformas pequenas.... Eu tenho uma reforma pequena, mas em princípio também não acolhem Irmãs doutras congregações.... Então eu tinha as portas todas fechadas!...

Aconteceu, no entanto, que a responsável das Irmãzinhas de Jesus era espanhola, e a responsável das Irmãzinhas do Pobres também! Então, elas se encontraram, falaram sobre a minha situação e as condições difíceis em que estava na minha congregação por causa da doença e o impossível aconteceu!...

Passado pouco tempo, a Madre de Campolide disse-me que eu poderia entrar quando quisesse...

Entrei em julho de 2014... 

Graças a Deus, desde o primeiro dia sempre me senti bem, tenho um quarto espaçoso e uma casa de banho individual.... Sinto que aqui agora é a minha casa.... Não sou privilegiada, pois todos os residentes têm as mesmas condições.... Somos 90 residentes, alguns já cá estão há mais de 20 anos.

 

 A minha doença - Parkinson....

 

Estava eu na Palestina, em Nazaré, tinha 58 anos e comecei a sentir que a minha perna direita tremia... no princípio não fiz caso .... depois fui dizendo às minhas irmãzinhas, tinha nessa altura algumas que eram enfermeiras.... fui ao neurologista e ele mandou-me fazer vários exames. Depois, quando fui saber o resultado, disseram-me que estava tudo bem.... Eu é que não me sentia muito bem, mas pronto, lá fui anPrazeres.jpgdando e tentando esquecer. Vivi assim durante 2 anos e meio, sem nenhum tratamento. Então, comecei

a sentir-me cansada e dizia: - Eu tenho Parkinson....

Depois vim para Portugal, falei com o meu irmão António e com a minha cunhada Antonieta e ela logo me marcou uma consulta particular, num neurologista muito bom. Em fins de Maio de 2005, lá vou à consulta do Dr. Mário Miguel Rosa e ainda hoje continuo com ele. Quando ele me viu entrar no seu consultório e lhe contei a minha história, «sim,

A Prazeres, as Irmãzinhas e a família quando entrou

irmã, diagnosticou muito bem, tem realmente Parkinson».

Então  chorei... Quando alguém te confirma, que hás-de fazer? Ainda tinha esperança que fosse mentira...

 

O andarilho e a cadeira de rodas…

 

Quando entrei aqui, ainda me movimentava sem apoios.... mas, passado algum tempo, comecei a ter dificuldade em andar. Então as Irmãs deram-me um andarilho de três rodas para me amparar, mas, passado algum tempo, comecei a ter cada vez mais dificuldades e caía muitas vezes com andarilho e 

tudo.

Deram-me então uma cadeira de rodas!Agora, pensei eu, isto é até ao fim da minha vida...Na última vez que fui ao médico ele receitou-me um novo medicamento e, pouco a pouco, de há um mês para cá, fui sentindo um novo equilíbrio e, saindo da cadeira de rodas, comecei outra vez a andar com andarilho, claro…. Imaginem a minha alegria!!!

 

O meu trabalho

 

PRAZ3.jpgGraças a Deus que, mesmo assim, na cadeira de rodas ou com andarilho, continuei sempre a trabalhar, as mãos e braços estavam bons... As Irmãs me encorajaram a trabalhar o barro, pois já na minha Fraternidade fazia este trabalho...

Então, as minhas Irmãzinhas de Fátima dão-me o barro e eu faço as figuras do presépio com os moldes próprios que eu tenho e, quando tenho já alguns trabalhos acabados, mando para lá para elas os cozerem... e assim vamos vivendo.

 

Os presépios

Como sou eu que organizo o meu tempo, devagarinho vou fazendo muita coisa. Já tenho aqui muitos, mas muitos presépios para a exposição! Faz-me lembrar a minha mãe que dizia: «eu não quero ir para a televisão... prefiro trabalhar.... Estás a ver aquelas que lá estão, estão à espera da morte»!

Tenho a colaboração de algumas pessoas, entre elas sobretudo o meu irmão Luís e a minha cunhada Adelina.... São eles que me trazem as lindas pedras onde colo as minhas figurinhas de barro... e também tenho a ajuda preciosa das minhas irmãzinhas que me levam e trazem de Fátima os meus Meninos Jesus e os presepinhos de barro que lá vão ser cozidos...

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A venda de Natal

 

Vai começar agora uma venda de Natal, onde se vende muita coisa ...são sobretudo trabalhos feitos à mão pelas utentes... Todos colaboram o mais que podem, embora hajam muitos que já não podem.

As pessoas vêm de fora comprar os artigos desta exposição. E eu estou a pedir que também venham cá os que estão a ler a história da minha vida.

Por exemplo, eu pago 300 euros por mês, é a minha reforma, e as Irmãs ainda me dão 50 euros para as minhas pequenas despesas. Ora eu sei que as Irmãs têm que ir pedir para que tudo isto funcione…

Graças a Deus que há muita gente boa que nos ajuda...

 

Maria dos Prazeres

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Visitámos a sua sala de trabalho, cheia de luz e flores

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