MAIS UM COLABORADOR
NEM SÓ MARVÃO NOS UNE!
MAS FOI MARVÃO QUE PROVOCOU...
A mensagem a seguir explica tudo. Da minha parte, só tenho de elogiar o gesto do Pires da Costa. É bom que haja muitos destes "atrevidos". Ficamos todos mais ricos e mais ligados uns aos outros.
Em Marvão, meu caro Pires da Costa, fica já combinado um grande abraço pelos teus poemas. Um sai já hoje e o outro animará o blogue amanhã.
«Caro Joaquim Mendeiros
Segue em anexo o que poderás ler. Vê lá para o que me havia de dar! São coisas que nos acontecem e não sabemos explicar. Dá-se o caso de eu gostar muito de poesia, mas sem ser poeta. Daí que me entretenha muitas vezes a escrevinhar uns versos, procurando dar-lhes alguma rima entre si. Sei que em termos poéticos é muito pouco, mas quem dá o que tem…lá diz o povo. Tudo resultou de um rebuscar no meus canhenhos de literatice, onde encontrei e reli o « Cruzamentos 1 » ,datado de 2005. Num repente, veio-me à ideia que poderia, a partir dali, escrevinhar qualquer coisa relacionada com o encontro dos « Antigos» a realizar, no dia 20, em Marvão. Como que num gesto de brincadeira saiu o que saiu, isto é, apareceu o « Cruzamento 2 ».
Como agora já somos amigos, não te peço desculpa pelo atrevimento deste envio, pois sou dos que alinham no diapasão: « aos amigos tudo se perdoa e nada se desculpa.»
Lê, o documento é teu e, como tal, faz dele o que quiseres, inclusive a publicação no blogue da Associação, se vires que há algum interesse nisso. Para mim, seja qual for a opção tomada, está tudo bem. Decidirás como entenderes, com toda a lógica. ANIMUS SEMPER…
Um abraço amigo do Pires da Costa»
Apenas para me cruzar contigo ... longos atalhos percorri...
CRUZAMENTOS - 1
Cruzam-se peixes nos mares,
Cruzam-se terrestres no chão,
Cruzam-se pássaros nos ares,
Cruzam-se amores na paixão.
Afastam-se de nós as venturas,
Desviam-se sem linha ou rumo.
Aproximam-se de nós as torturas,
Tudo se dissipa como o fumo.
Cruzam-se veredas, caminhos,
Cruzam-se também as estradas,
Cruzam-se insectos daninhos,
Cruzam-se as almas penadas.
Crescem em nós as distâncias,
Nascem em nós as ambições,
Flutuamos em dores e ânsias,
Inebriados com as ilusões.
Cruzam-se dores em mim,
Cruzam-se males no além,
Cruzam-se tempos sem fim,
Cruzam-se ódios no desdém.
Cruzam-se rezas nas devoções,
Cruzam-se hinos nas romarias,
Cruzam-se ainda as tentações,
Cruzam-se dores com alegrias.
Apenas para me cruzar contigo,
Agrestes, longos atalhos percorri,
Oh! mas não sei se por castigo,
Nunca te encontrei nem te vi.
Cruzam-se nos teares os fios,
Cruzam-se pernas no andar.
Cruzam-se os leitos dos rios,
Cruzam-se ventos a soprar.
Cruzam-se os anjos no Céu,
Cruzam-se nos campos as flores,
Oh! Mas, grande martírio meu,
Só não se cruzam meus amores!
Pires da Costa - 2005