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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

GOLO DO ÉDER

20.07.16 | asal

O golo do Éder – relata Artur Agostinho, com letra do João Porfírio

 

Nota: tive de deslocar este trabalho para aqui, para toda a gente degustar melhor.

 

Andava eu sobre as águas, num cruzeiro no Adriático e etc. quando recebo um sms do António Henriques dizendo "o blog Animus Semper tem mensagens para ti. Vai lá ver," Pois. Mas com internet cara e ruim, só de regresso a casa fui ver. Obrigado pelos parabéns. Foi um dia do caraças. Levantar às 3,5, Aeroporto, (dou de caras com Patrocínio, de Nisa que também ia no mesmo cruzeiro). Veneza, Barco e ala que se faz tarde, Adriático abaixo.

À tardinha, enquanto sepultávamos uma caipirinha, punha-se o problema - onde ver o jogo. A empregada brasileira que punha as ditas sugeriu: "marcar uma mesa no deck das piscinas, onde há um ecrã grande, e fazer consumo". Está feito. O copo que tinha prometido pelos anos fica para lá. (Éramos um grupito de 8: eu e a Bé, 1 colega dela e a mulher, um casal do Porto que conhecemos nessas coisas da beataria e dois padres daqui, o meu prior e o irmão. Falta explicar que a excursão era as duas paróquias). Menina, marque já uma mesa com uma garrafa de champanhe. Qual? Moet e Chandom, que Portugal vai ganhar. Eu pago esta e vocês pagam o resto.
Assim foi.

Um pouco antes da hora ocupámos o lugar. Sentimo-nos mais ou menos uma península em vias de engolimento, cercada de franceses por todos os lados menos o istmo, que era o lado do ecrã, onde, menos mal, o pessoal do barco não permitia que ninguém se sentasse. Pudera, quem tinha pago era eu... Cantámos o hino com mais força que afinação e o jogo começou. O nervosinho aumentou. Atrás, um grupo de gaiatos portugueses armou uma claque com italianos, espanhóis, australianos, olhos em bico, e outros. E como gritavam, caraças! 1ª porrada no Ronaldo. Regozijo gaulês. Receio Português. 2ª porrada no dito. Aumentam os dois. Ronaldo fora. Aí a confiança deles aumentou. A nossa, paradoxalmente, também. Porrada no Cigano. Isto continua.
Tiro francês. Defende Patrício. Corta Pepe, corta Fonte, William vem atrás... segura Patrício. P... esta m... está a pôr-se cada vez mais feia e o relógio parece feito com eles.

Tempo complementar. Ai mãe... 2ª parte: Nossa Senhora dos Aflitos, ai que não aguento até ao fim. Porque é que a gente há-de ter tripas e bexiga... GOOOOOOOOOOOOOLO do "patinho feio", golo do Éder. Já está. É aguentar lá longe. Bolas, deixaram-no escapar. Patrício segura... Onde é que estão os franceses? Ao lado, é tudo território deserto. Zarparam enquanto puderam para não ouvir a retribuição às suas bocas. Olho para o écran, festa louca dos nossos. Os outros de boca aberta, olhar perdido, como quem comeu e não gostou, ou ainda não sabe bem o que aconteceu e, sobretudo, como é que aconteceu...
E foi assim como recebi uma prenda de anos de valor incalculável. Isto cá fora custa muito mais. Imagino como foi para todos os emigrantes, se para mim que estava fora há uma dúzia de horas custou o que custou e alegrou o que alegrou, imagino como terá sido para todos eles.
Conclusão final: foi um dia comprido mas muito bem passado.
O resto do cruzeiro foi o normal. Embarca, come, bebe, fala, dorme, levanta-te, sai do barco, vê o que te querem mostrar, prova o que te dão a provar, compra onde querem que compres, regressa ao barco e recomeça tudo de novo. Será que as lojas são dos donos dos barcos, ou os barcos dos donos das lojas? Dá que pensar. Por isso gosto mais do campismo, durmo onde me apetece, meto o nariz onde quero, como o que quero (se há...) e se me chateio volto para casa...
Abraço a todos e adeus até ao meu regresso.
J. CH. P