Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

FELICIDADE HOJE

23.10.17 | asal

Aos oitenta e muitos, o Joaquim Nogueira continua a surpreender-nos, atirando para a nossa atenção estas considerações. Parabéns e obrigado. AH

Joaquim Nogueira1.jpg

 

 

FELICIDADE  NA  SOCIEDADE  CONTEMPORÂNEA

 

No texto que escrevi, em 29 de Setembro último, abordei o tema sobre  a evolução das reflexões históricas da felicidade.  Vou, agora, escrever sobre o mesmo tema na atualidade, ou seja na sociedade contemporânea, procurando responder às perguntas  : “ O QUE É A FELICIDADE ? “.”QUAL O CAMINHO PARA A ALCANÇAR?”

 

No ínterior de todo o ser humano é imanente o desejo de ser feliz, isto é, de cada um de nós procurar a alegria e o prazer que possam dar qualidade ao nosso viver quotidiano.

Nesta questão da felicidade, não se podem comparar os prazeres imediatos e momentâneos às alegrias plenas e duradouras. Todos nós temos alegrias fugazes, como por exemplo no dia do nosso aniversário, quando nos restabelecemos de uma doença grave, etc. É claro que nos sentimos felizes com estes sucessos quotidianos, sendo, porém, certo que a felicidade, no verdadeiro sentido, é mais do que essas alegrias momentâneas e passageiras. Na verdade, essas alegrias são minimizadas por tristezas que também e felizmente, são, elas, passageiras. Posso, assim, escrever que a felicidade é fugaz como fugaz é a tristeza.

Dito o que antecede, não podem ficar dúvidas que o ideal para se ser feliz, em permanência, tem que ser procurado noutra origem e não só nos momentos felizes e momentâneos da vida. Se não associarmos a esses momentos um sentido mais profundo, ligado à espiritualidade, concluiremos que a completa e total felicidade não existe.

Vou tentar ultrapassar esse dilema, escrevendo, primeiro, sobre os momentos felizes do quotidiano e, depois, sobre a procura da VERDADEIRA FELICIDADE, designadamente, tentando encontrar o caminho para a atingir.

 

OS MOMENTOS ALEGRES E FELIZES DO QUOTIDIANO

Todos nós tivemos e temos momentos alegres e felizes. Vamos ver alguns exemplos:

---  VIVO EM PAZ COMIGO PRÓPRIO E COM A MINHA FAMíLIA – Sou feliz.  Não exageremos; sou feliz, agora, neste período e logo acontece algo que me tira  a alegria. Basta uma pequena discussão ou desavença com um filho para ficar menos feliz. Fazemos as pazes e o bem-estar volta. Contudo, não deixa de ser uma alegria fugaz.

---   CONVIVO COM OS E AS AMIGAS E TUDO “CORRE” BEM. Sou feliz, porém lá vem um desaguisado e a tristeza instala-se. Conversamos, entendemo-nos e o convívio saudável restabelece-se. Pequena coisa que não deixou de ser um empecilho na “engrenagem”, indicativo de que felicidade não era absoluta.

--- TENHO TRABALHO, FAÇO O QUE GOSTO E SINTO-ME REALIZADO COM COLEGAS, AMIGOS E SUPERIORES COMPREENSIVOS. Posso dizer que sou feliz, mas não posso dizer que essa alegria seja permanente, pois uma discussão com um colega relacionada com uma coisa fútil tirou-me o sono. Fiquei menos feliz.

---   A VIDA CORRE-ME BEM, GANHO O SUFICIENTE, NADA ME FALTA. Normalmente é uma situação muito boa, mas só é assim enquanto não há uma contrariedade que estraga os meus planos e lá se vai a alegria.

---   TENHO SAÚDE E VIVO BEM COM A MINHA SITUAÇÃO. É fundamental ter saúde, ela é a base da vida: com ela pode-se procurar trabalho, ganhar dinheiro. Embora o dinheiro seja bom, deve ser apenas o suficiente para prover às nossas necessidades, designadamente para tratar as doenças. É que ter muito dinheiro, ser rico, não dá a felicidade, só por si. É frequente conhecer e ver pessoas cheias de bens materiais, inclusive de dinheiro, desesperadas e com outros problemas.

---   VIVO NUMA LOCALIDADE ONDE HÁ SEGURANÇA e isto dá-me tranquilidade. Sou feliz, mas só até ao dia em que um dos meus vizinhos for assaltado, na rua.

Estes, alguns exemplos que nos ajudam a ser felizes e muitos outros podia elencar. Certo que a vida tem tantas facetas que, dificilmente, se pode falar de felicidade plena. Podemos sentir-nos felizes com uma boa notícia, com um dos aspetos que descrevi ou outros que nos alegrem e dêm prazer, mas se esses momentos não forem acompanhados com sentimentos interiores que nos façam estar imunes aos maus acontecimentos do quotidiano,  a felicidade é, como tenho vindo a dizer, relativa e não plena e absoluta. Como adquirir, então, a FELICIDADE PLENA?

 

CAMINHO PARA ALCANÇAR A FELICIDADE PLENA E ININTERRUPTA

felicidade.jpg

Na sua Mensagem do  27º DIA MUNDIAL DA JUVENTUDE, disse o Papa Bento XVI que as alegrias do cotidiano “só têm sentido se a origem delas estiver em Deus”. “Ele é alegria infinita que não permanece fechada em si mesma, mas se expande naqueles que Ele ama e que O amam”.

Noutro passo da Sua Mensagem, diz o mesmo Papa” que alegria e amor são inseparáveis, acrescentando que o amor produz alegria e a alegria é uma forma de amor”.

A verdade é que, digo eu, os meios de comunicação social e o mundo em geral nos transmitem, na atualidade, mensagens que nos levam a procurar prazeres e alegrias imediatos, conduzindo-nos a entrar na lógica do consumo, ou seja a uma felicidade artificial.

Ora, para permanecer no prazer e na alegria verdadeiros, somos chamados a viver no AMOR E NA VERDADE. E este AMOR e esta VERDADE só são alcançados se forem vividos com e em Deus. Digo em Deus, como podia dizer num SER SUPERIOR, em Quem se acredita e que nos acompanha nos atos, mais ou menos alegres e prasenteiros, da nossa vida.

E SERÁ COM FÉ EM DEUS QUE OS PRAZERES E ALEGRIAS DEIXARÃO DE SER PASSAGEIROS E LEVARÃO A UMA FELICIDADE E  A UMA ALEGRIA VERDADEIRA, PLENA E DURADOURA.

Um abraço e a amizade do J.Nogueira

Lisboa, 23 de Outubro de 2017.    

J.NOGUEIRA

 

Escreveu o Papa Francisco que estas pequenas alegrias só têm sentido se a origem delas estiver em Deus. O Papa diz, também, que a alegria está ligada ao amor, acrescentando que “o amor produz alegria e que a alegria é uma forma de amor”.