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Animus Semper

Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Portalegre e Castelo Branco

A criação do Estado de Israel (2) 

30.04.18 | asal

Dois povos, a mesma tragédia

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Criada que foi uma nova conjuntura política, após a 2.ª guerra mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu fundar o Estado de Israel, em 14.05.1948. Após 2.000 anos de diáspora, o povo da Bíblia pode regressar à sua primitiva casa. Para trás, ficava uma longa história, repleta de uma esperança trágica. Só que, felizes por este jubiloso regresso, logo se iniciou um novo calvário que permanece até aos dias de hoje.

Em finais da 2ª guerra mundial, alguns judeus, escapando ao genocídio que causou seis milhões de mortos (Shoah) nos campos de extermínio nazi, começaram a chegar à Palestina. Outros dirigiram-se para as américas. Esta movimentação (Êxodo 1947) seria abortada pelos ingleses em Gaza, reenviando-os para a Europa, com o repúdio geral.

Perante esta trágica situação, gerou-se um movimento solidário internacional que exigia a criação do Estado de Israel. Este apelo seria acolhido por Truman, presidente da USA, que contou com a luz verde da ONU- resolução 181-, em 01.09.1947. Esta decisão levou a que a Palestina fosse dividida em três partes, sob controlo internacional: Estado de Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Para os judeus 55%, e 44% para os palestinianos. Belém e Jerusalém foram declarados território internacional. Esta divisão seria sempre rejeitada pelos muçulmanos. Com duas religiões e dois povos a disputar o mesmo espaço, ficavam criadas as condições objetivas para permanentes conflitos. O prenúncio conflitual aconteceu logo entre 1945-1947, registando-se sabotagens e violência contra militares ingleses, por parte de organizações paramilitares extremistas judaicas. Da Inglaterra, destruída pela guerra, choveram também clamores pelo regresso dos seus soldados, em serviço na Palestina.

Vejamos então, como, até hoje, tem evoluído o conflito pela posse deste exíguo território que acolheu o Estado de Israel, expulsando muitos palestinianos, que revoltados, foram expulsos para os denominados “campos de refugiados”, criados em 1949.

Tenha-se em conta que, logo em 15.05.1948, algumas horas após a proclamação oficial da independência do povo hebreu, uma coligação de cinco armadas árabes – Egipto, Iraque, Síria, Líbano e Transjordânia fustigaram o Estado de Israel. Dias depois, em 29 de maio, os judeus sofreriam um novo revés. Mas, melhor equipados, logo em novembro, acabaram por recuperar os territórios perdidos que lhes tinham sido entregues pela ONU. Não satisfeitos, os judeus acabaram por conquistar metade das regiões inicialmente atribuídas aos palestinianos, como o Neguev, a Galileia e o espaço até Gaza e ainda a parte este de Jerusalém, incluído o Muro das Lamentações. O preço deste conflito para Israel seria muito elevado, com 5.700 mortos. Para os habitantes da Palestina, resultou também numa grande tragédia, uma vez que 700 mil acabaram por ser expulsos das suas terras. Feridas nunca saradas, entre estes povos.

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Chegados a 05.06.1967, um novo conflito arrastou judeus e muçulmanos para uma nova guerra, conhecida pela “Guerra dos seis dias”, comandada pelo general Ariel Sharon. Deste confronto, Israel saiu de novo vitorioso, ocupando a Faixa de Gaza, a Península do Sinai, a Cisjordânia e as colinas de Golã, na Síria, quadruplicando o seu espaço territorial. Quem não deu luz verde a esta invasão foi o Conselho de Segurança da ONU que condenou a anexação destes territórios pela força das armas. Decretou ainda que Israel se retirasse dos territórios ocupados. Tal imposição ficaria em letra morta, com o beneplácito da aliada USA. Não só não deixaram os territórios ocupados, como Israel foi aqui construindo colonatos, sempre contra as decisões da ONU. Como resultado, meio milhão de palestinianos tiveram que deixar estes territórios, procurando refúgio nos campos para refugiados, em condições miseráveis. O Egito, por sua vez, não digerindo bem a anterior ocupação do seu território, tentou reavê-lo, com apoio da Síria e da Rússia, declarando guerra a Israel. Este conflito rebentou em 06.10. 1973 e ficaria conhecido por Yom Kippur.

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Como resultado, foi a reconquista do Sinai e dos montes Golã, territórios ocupados por Israel em 1967. Através de um acordo de paz, em 1979,este situação ficaria  sanada. Em 09.06.1982, Israel, sob o comando de Ariel Sharon, tentou neutralizar a OLP, bombardeando as suas posições em Beirute, no Líbano, para este país se tornar vassalo de Israel. O saldo desta agressão foram 7.000 mortos e 5.800 feridos. Esta aventura só favoreceu o Hez-bollah, movimento terrorista xiita, financiado pelo Irão. Ultimamente, D. Trump veio lançar mais petróleo para esta fogueira, com a proclamação de Jerusalém, como capital de Israel. A tragédia continua. Até quando?

florentinobeirao@hotmail.com